Num balanço divulgado nesta
sexta-feira, a ENSP-NOVA diz que dois meses após o início do confinamento se
confirmavam desigualdades crescentes em saúde, com os mais desfavorecidos com
maiores dificuldades em se protegerem
A pandemia do novo coronavírus, que
provoca a doença covid-19, afetou especialmente os grupos mais desfavorecidos e
mais pobres, e as gerações em idade ativa foram as que sofreram maior impacto
da crise, indica o Barómetro Covid-19.
O "Barómetro Covid-19: Opinião
Social - Conhecer, Decidir, Agir. Os Portugueses, a Covid-19 e as Respostas do
Serviço Nacional de Saúde" é uma iniciativa da Escola Nacional de Saúde
Pública (ENSP-NOVA) e consiste num questionário 'online' que, desde março,
monitoriza a perceção dos portugueses perante a pandemia.
Num balanço divulgado nesta
sexta-feira, a ENSP-NOVA diz que dois meses após o início do confinamento se
confirmavam desigualdades crescentes em saúde, com os mais desfavorecidos com
maiores dificuldades em se protegerem.
"São as pessoas com baixos
rendimentos e baixa escolaridade as que mais reportaram ter dificuldades em
comprar máscaras, não ter tido consultas médicas quando necessitaram e é também
esta a população mais afetada pela perda de rendimento", segundo a análise
do Barómetro hoje divulgada, que "mostrou claramente um agravamento das
desigualdades, com uma em cada quatro pessoas que ganham menos de 650 euros
(agregado familiar) a reportar perder totalmente o seu rendimento".
Ao contrário, nas categorias de
rendimentos superiores a 2500 euros, apenas 6% das pessoas perderam o
rendimento, diz Sónia Dias, coordenadora do Barómetro, citada no comunicado.
Na altura do desconfinamento,
segundo o documento, o que sobressaiu foi que as gerações em idade ativa, até
aos 45 anos, foram as que sofreram maior impacto, sendo o grupo etário mais
afetado pela suspensão da atividade profissional, com a perda de rendimentos
mais significativa e que mais tem de trabalhar no local de trabalho.
Segundo a análise desde março do
Barómetro, que teve 190 mil respostas ao longo do tempo, as primeiras semanas
de confinamento confirmaram a adesão das pessoas a essa situação e mostrou os
receios de haver escassez de bens de primeira necessidade. Depois começaram a
surgir preocupações sobre a perda de rendimentos e sentimentos de ansiedade,
agitação e tristeza, segundo Sónia Dias.
No acesso aos cuidados de saúde o
Barómetro confirmou que nas primeiras semanas de confinamento uma percentagem
significativa de pessoas disse não ter as consultas médicas que precisava, uma
tendência que se inverteu a partir da primeira fase de desconfinamento.
Com o passar do tempo também
aumentou a confiança das pessoas na capacidade de resposta dos serviços de
saúde à covid-19, mas baixou a expectativa de a vida voltar ao normal num tempo
curto.
Segundo o documento, o número de
pessoas que esperavam que a sua vida voltasse ao normal dentro de um a três
meses "baixou consideravelmente ao longo do tempo, passando de 60% para
20%.
Adicionalmente, o número de
pessoas que julgam que demorará mais de três meses, ou que não sabem quanto
tempo demorará para que a vida volte ao normal, teve um aumento de cerca de
75%, diz-se também no documento hoje divulgado.
Expresso | Lusa
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