quarta-feira, 29 de julho de 2020

Visão estratégica de Costa Silva é uma “manta de retalhos contraditória”

O documento Costa Silva: uma manta de retalhos contraditória e sem coerência que ignora o país real

A “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030” que o governo encomendou a Costa Silva é um extenso documento, repetitivo, com os chavões da moda, em que é manifesta a preocupação de referir tudo para contentar todos mas em que, não existindo qualquer priorização, se fica sem saber o que verdadeiramente o autor defende. Ignora o país real, que para Costa Silva não é o país em que os portugueses vivem mas um país em que ao Estado competiria unicamente servir, financiar e capitalizar as empresas privadas, nomeadamente as em sérias dificuldades.

O documento de Costa Silva, é um extenso documento (tem 142 paginas), de difícil leitura, em que se encontram repetidas várias vezes as mesmas afirmações, com a utilização de chavões que estão agora na moda (a revolução na robótica, a inteligência artificial, o Big Data parece ser para ele a solução milagrosa que resolveria todos os problemas do país quando não é capaz de apresentar soluções), em que as contradições entre o que se afirmou anteriormente e o que se diz depois são frequentes, em que é manifesta a preocupação de referir tudo para contentar todos, mas que depois, como não é possível fazer tudo (não há nenhuma avaliação custos/benefícios), nem qualquer priorização por onde começar fica-se sem saber o que verdadeiramente o seu autor defende. É um verdadeiro “conto de fadas” que ignora o país real, e é se levado a pensar que o país que Costa Silva fala não é o país em que os portugueses vivem. É isso que vamos mostrar seguidamente pois o espaço é limitado.

Logo no inicio, na “Introdução” , em relação a “Reindustrialização do país”, que Costa Pinto diz defender, afirma que ela terá de ser “baseada nos reforço do cluster das energias renováveis, no lançamento do cluster do hidrogénio, no desenvolvimento da bioeconomia sustentável, com a valorização da biomassa florestal e marinha , e com o desenvolvimento sustentável de alguns recurso minerais estratégicos” (pág. 5). Fora destes “clusters” parece que, para Costa Silva, a reindustrialização não é possível. E isto apesar de referir a “Reconversão industrial”, que parece também defender, “ligada à reorganização das cadeias logísticas e de produção” (pág. 5). Também na página seguinte (6) reconhece que “a reorganização das cadeias de produção industrial e das cadeias logísticas é um objetivo crucial para o relançamento e recuperação da economia portuguesa e europeia”. Mas isto, se fosse feito, não levaria também à reindustrialização através da produção no país de bens e matérias primas que agora são importadas? É uma questão para reflexão do leitor. Depois, na pág. 70, Costa Silva enumera aquilo que designa por “EIXOS ESTRATÉGICOS” para a recuperação económica de Portugal e que são, segundo ele, sete a saber: (1) Uma rede de infraestruturas indispensáveis; ; (2) A qualificação da população , a aceleração da transição digital, e infraestruturas digitais; (3) Reforço do setor saúde (não é o mesmo que SNS); (4) A reindustrialização do país com os clusters de recursos minerais estratégicos, energias renováveis, hidrogénio , biomassa sustentável e o cluster do mar (sem isto não haveria reindustrialização, insistindo no mesmo erro); (6) Reconversão industrial com reorientação das cadeias logísticas e de abastecimento, a fabricação de máquinas e equipamentos e economia circular (para Costa Silva, isto não é reindustrialização do país); (7) Transição energética e a eletrificação da economia; (8) A coesão do território , com a inclusão do interior na economia, e a dinamização da agricultura e da floresta; (9) Um novo programa para as cidades e mobilidade sustentável; (1) Cultura, serviços e comercio.

Eugénio Rosa  | O Diário.info

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