Ministro da Defesa responsabiliza PSD pelo "prejuízo" no processo das contrapartidas dos aviões C-295
João
Gomes Cravinho passa a responsabilidade das críticas que o Tribunal de Contas
lhe fez para o ex-ministro da Economia Álvaro Santos Pereira.
O ministro
da Defesa, João Gomes Cravinho, justificou esta terça-feira a revogação do
contrato de contrapartidas com a Airbus Defense & Space - que vendeu à
Força Aérea Portuguesa 12 aviões táticos C-295 - com os erros cometidos pelo
Governo anterior, do PSD e do CDS.
No dia em que o Tribunal de Contas (TC) publicou um relatório a criticar a ação de ambos os governos, Gomes Cravinho atacou a ação de Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia que, em 2012, renegociou o contrato de contrapartidas com a empresa fornecedora e que, de acordo com o TC, lesou o Estado em €9,25 milhões nesse processo. "Nós o que fizemos foi correr atrás do prejuízo, e no final de 2018 fizemos a melhor negociação possível para o Estado portutuguês. As circunstâncias não eram favoráveis, em virtude da renegciação do contrato feito em 2012". Álvaro Santos Pereira, atualmente a desempenhar funções na OCDE, disse à SIC estar de "consciência tranquila".
Apesar
de o TC fazer críticas à opção de Gomes Cravinho - que segundo o tribunal não
acautelou os interesses do Estado quando converteu as contrapartidas num
contrato de manutenção dos aviões - o ministro da Defesa disse na manhã desta
terça-feira que "o TC fez um bom trabalho e o processo segurá o seu
caminho".
O
Tribunal de Contas assumiu a necessidade de enviar o relatório para o
Ministério Público, de modo a “precisar a responsabilidade pelas eventuais
infrações financeiras assinaladas, o que será apurado em processo autónomo”. No
caso da "ilegalidade" encontrada na renegociação das contrapartidas
por parte do ministro Álvaro Santos Pereira, o TC escreve no relatório que o
DCIAP não viu indícios de motivo para procedimento criminal. No entanto, não
afastou a responsabilidade civil ou financeira.
O
ministro a Defesa afirmou ainda que as "contrapartidas não são uma
história feliz para o estado português. Portugal não benficiou grandemente dos
contratos de contrapartidas pela aquisição de material militar", disse aos
jornalistas num evento onde apresentou drones para vigilância dos fogos.
De
acordo com o TC, a transformação das contrapartidas em manutenção “integra um
significativo agravamento financeiro para o Estado Português do custo de
manutenção das aeronaves C-295 e benefícios contratuais de grande monta para a
Airbus Defence & Space, os quais, não violando expressamente norma legal
aplicável, evidenciam uma posição negocial e uma negociação desvantajosa para o
Estado, com consequências negativas para os interesses do mesmo”.
A
transformação de contrapartidas em 1060 horas de voo adicionais, segundo o
documento do TC, é um mecanismo que “conduz à não inscrição em orçamento da
compensação devida ao Estado como receita e da dedução para pagamento da
manutenção das aeronaves como despesa, o que consubstancia violação dos
princípios orçamentais”. O Ministério da Defesa contesta a conclusão e o
ministro Gomes Cravinho alega, em resposta ao tribunal, que tal “não configura um
instrumento gerador de despesa ou de responsabilidades financeiras diretas ou
indiretas para a Força Aérea”.
As
polémicas contrapartidas que estiveram em causa entre 2006 e 2019 e que foram
apenas parcialmente concretizadas, estavam relacionadas sobretudo com a
indústria aeronáutica, e o principal projeto era a conversão da Salvador
Caetano
Vítor Matos | Expresso | Imagem: Manuel de Almeida / Lusa
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