terça-feira, 18 de agosto de 2020

Macau em contacto com farmacêuticas para aquisição de vacina contra a Covid-19


As autoridades de Macau estão em comunicação com seis fabricantes de uma vacina contra a Covid-19. As negociações ainda estão numa fase preliminar, pois o Governo quer saber as condições de aquisição e os componentes utilizados nestas vacinas que ainda estão em fase de desenvolvimento. Em relação aos recentes casos registados em Shenzhen, os Serviços de Saúde asseguraram que a situação está controlada e que não coloca em causa os vistos de Guangdong no final do mês.

O Governo iniciou negociações com seis empresas farmacêuticas que estão a trabalhar no desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, revelou ontem Leong Iek Hou em conferência de imprensa. A coordenadora do Núcleo de Prevenção e Vigilância da Doença explicou que ainda não há resultados sobre a eficácia das vacinas em desenvolvimento e que os contactos do Governo têm como objectivo saber os componentes utilizados e as condições de aquisição no futuro.

“Começámos as negociações com empresas farmacêuticas e fabricantes através de cartas e videoconferência. As reuniões estão relacionadas com questões de aquisição de vacinas por parte do Governo, mas temos de esperar até à conclusão dos testes clínicos para saber a eficácia das vacinas”, disse Leong Iek Hou em conferência de imprensa. 

Questionada sobre os nomes das empresas que estão em contacto com o Governo, a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Vigilância da Doença referiu apenas que são “seis fabricantes de vacinas, três da China e três internacionais”, e frisou que as autoridades têm “contactado com todos os laboratórios que estão a trabalhar no desenvolvimento de uma vacina”. Já em relação ao teor das reuniões, Leong Iek Hou revelou que as autoridades têm questionado as referidas empresas “sobre o ponto de situação da vacina e que componentes estão a utilizar”. 

Na conferência de imprensa, Leong Iek Hou frisou que o Governo só irá adquirir uma vacina que tenha concluído a terceira fase de ensaios clínicos e que seja confirmada como segura e eficaz. Recorde-se que a imprensa chinesa avançou ontem que tinha sido aprovada a primeira patente de uma candidata a vacina contra a Covid-19, que poderá ser produzida em massa brevemente. “Para o uso comum de uma vacina são precisas três fases de ensaio clínico. A vacina de Hong Kong ainda está na fase de ensaios clínicos, por exemplo, e ainda não há indicação clara de quais são as vacinas eficazes, temos de tomar como referência os dados objectivos da terceira fase. Temos de esperar pela conclusão da terceira fase de ensaio clínico para proceder a aquisição”.

Confrontada com os recentes casos de infecção registados na cidade Shenzhen, a representante dos Serviços de Saúde garantiu que Macau não equaciona implementar medidas de quarentena obrigatória aos visitantes da província de Guangdong com visto de turista a partir do dia 26 de Agosto. Leong Iek Hou assinalou que estão a ser realizados testes de ácido nucleico em massa na cidade de Shenzhen depois de casos confirmados no último fim-de-semana em trabalhadores de um supermercado. “A situação de Guangdong é uma situação controlada. As autoridades têm tomado muitas medidas. Ainda faltam duas semanas para 26 de Agosto. Se a situação não vier a agravar-se, os vistos [de Guangdong] vão manter-se.”

Sobre a possibilidade de substituir os testes de ácido nucleico por testes ao sangue, Leong Iek Hou explicou que análise ao sangue é mais demorada porque “depende de anticorpos”. “Os testes através do sangue dependem dos anticorpos e necessitamos de algum tempo. Tal como a febre do dengue, que precisa de três a cinco dias para ter anticorpos, o processo demora mais tempo para obter resultados do que o teste de ácido nucleico. No início do aparecimento dos sintomas podemos utilizar o teste de ácido nucleico para saber se a pessoa foi infectada. Não me parece que o teste através do sangue seja tão eficaz”, concluiu.


Corredores para Aeroporto de Hong Kong custaram 8,5 milhões de patacas

As autoridades de Macau gastaram um total de 8,5 milhões de patacas com a criação de corredores especiais até ao Aeroporto Internacional de Hong Kong para permitir o regresso de residentes e a saída de pessoas retidas durante a pandemia, disse Lau Fong Chi, chefe de divisão de relações públicas da Direcção dos Serviços de Turismo (DST).

A representante da DST revelou também que a despesa com os hotéis designados para observação médica foi de 42 milhões de patacas e que não há planos para avançar com uma terceira operação do género, depois de uma com recurso a autocarros e outra através de uma ligação marítima, ambas directas ao aeroporto internacional da região vizinha.

“As operações foram eficazes e custaram quatro milhões de patacas em relação ao corredor especial de autocarros, inclusive os autocarros fretados no Aeroporto de Hong Kong, nomeadamente o transporte de bagagem. Sobre o transporte marítimo para o Aeroporto Internacional de Hong Kong tivemos de destacar pessoal para os respectivos serviços. No total, estes serviços custaram 4,5 milhões de patacas. Os quatro milhões foram gastos nos autocarros do corredor especial na primeira fase em que os veículos podiam ir até à zona reservada do aeroporto de Hong Kong buscar os residentes, ou seja, não estão contabilizados os serviços especiais de ida para Hong Kong”, indicou Lau Fong Chi, acrescentando depois a razão pela qual as autoridades não equacionam a criação de um terceiro corredor especial. 

Lau Fong Chi justificou a decisão com o facto de o Aeroporto de Macau assegurar ligações internacionais, com destino à Europa, com escalas em Seul e Taipei. “Actualmente, não há uma terceira operação porque constatamos que as companhias de viagem têm oferecido um serviço de transportes para os residentes com voos com escala em Seul e Taipé com destino à Europa e EUA”. 

Na actualização dos números, Lau Fong Chi afirmou que há 1.375 pessoas a cumprir quarentena nos hotéis designados, sendo 32 residentes, 558 trabalhadores não-residentes e 785 turistas. Questionado sobre as despesas do Governo com os hotéis designados para observação médica, a representante da DST referiu que “as despesas dos hotéis designados para observação médica foram até ao momento de 42 milhões de patacas”.

Eduardo Santiago | Ponto Final (mo)

Na imagem: Leong Iek Hou / Foto: Eduardo Martins

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