Sete templos da Igreja Universal
do Reino de Deus ficam nas mãos do Instituto Nacional de Assuntos Religiosos
enquanto decorre o processo-crime por alegada associação criminosa, fraude e
exportação ilícita de capitais.
A Procuradoria-Geral da República
(PGR) angolana apreendeu esta sexta-feira (14.08) sete templos da Igreja
Universal do Reino de Deus em Luanda pela alegada prática dos crimes de
associação criminosa, fraude fiscal e exportação ilícita de capitais.
Segundo uma nota da PGR enviada à
agência de notícias Lusa, foram apreendidas as catedrais de Alvalade,
Maculusso, Morro Bento, Patriota, Benfica, Cazenga e Viana, sendo instituído
como fiel depositário o Instituto Nacional de Assuntos Religiosos, enquanto decorre
o processo-crime junto do Serviço de Investigação Criminal.
As tensões da IURD em Angola
arrastam-se desde novembro, quando um grupo de dissidentes se afastou da
direção brasileira e culminou com a tomada de templos, em junho, pela ala
reformista, entretanto constituída numa Comissão de Reforma em Angola, com
troca de acusações mútuas relativas à prática de atos ilícitos.
O conflito deu origem à abertura
de processos-crime na PGR de Angola e subiu à esfera diplomática, com o
Presidente brasileiro Jair Bolsonaro a pedir ao seu homólogo João Lourenço
garantias de proteção dos pastores brasileiros e do património da Igreja, com o
chefe de Estado angolano a prometer um "tratamento adequado" do
assunto na justiça.
A Comissão de Reforma destituiu,
em finais de julho, a direção e elegeu novos membros, pondo igualmente fim aos
serviços dos missionários brasileiros, decisões publicadas numa ata que a IURD
Angola diz ser ilícita.
Conflito interno continua
Num comunicado assinado pelo
bispo António Ferraz, a IURD
Angola prometeu adotar todas as medidas para reagir à publicação
ilícita da ata, que foi publicada no Diário da República de 24 de julho, e pôr
"cobro à atuação ilícita daqueles que se intitulam agora de 'Comissão de
Reforma da IURD".
Segundo o Diário da República de
24 de julho, na assembleia extraordinária a Comissão de Reforma da IURD Angola
decidiu destituir o corpo de direção da IURD Angola liderada pelo bispo
Honorilton Gonçalves "por violação sistemática dos estatutos e direitos
dos membros da IURD em Angola".
"Discriminação racional e
violação de normas estatutárias, imposição e coação a castração ou vasectomia
aos pastores e abuso de confiança na gestão dos recursos financeiros e
patrimoniais" da IURD Angola constituem algumas das razões da destituição.
Na assembleia extraordinária, a
Comissão de Reforma da IURD Angola elegeu como seu coordenador o bispo Valente
Bizerra Luís e decidiu também "por unanimidade, dar por findo o serviço
eclesiástico pela IURD Angola dos missionários brasileiros em todo o território
angolano".
A ata publicada em Diário da
República assinala que os membros conferiram poderes à Comissão de Reforma da
IURD Angola para gerir todos os programas eclesiásticos televisivos,
radiofónicos, de imprensa e plataformas digitais da IURD Angola.
Em resposta, o bispo António
Ferraz afirmou que o grupo de dissidentes, promotores da Comissão de Reforma da
IURD Angola, "não constitui os legítimos representantes" referindo
que alguns foram expulsos devido à prática de "atos ilícitos e à violação
do código de conduta da igreja".
Deutsche Welle | Lusa
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