quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Portugal | Porque não?


Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião

Tenho lido, por aqui, inúmeros textos sobre a Festa do Avante!. Uns dramáticos, outros piadéticos, outros provocatórios. Mas todos eles expressando ódio à festa.

Compreendo os receios de muita gente, até porque o "sucesso" do nosso combate inicial à pandemia se baseou no medo inculcado nas pessoas. Mas distingo esse compreensível receio da campanha orquestrada que, a pretexto da pandemia, explora esse medo para tentar acabar com a festa ou, mais precisamente, com aqueles que a organizam. Coloque-se, então, a questão ao contrário: porque não organizar a Festa?

A densidade estabelecida para a ocupação do espaço é igual à que foi utilizada para a ocupação das praias. Os concertos têm, como os inúmeros festivais que têm vindo a ser organizados, lugares definidos mantendo regras de afastamento. Os restaurantes, todos ao ar livre, seguem as regras impostas para os milhares de restaurantes a funcionar no país.

O espaço do livro terá uma organização não muito diferente da das feiras do livro do Porto e de Lisboa. A lotação do recinto não é muito diferente do número de bilhetes já vendidos para o circuito de Fórmula 1 do Algarve. Os espaços para o cinema e para o teatro seguem as regras das salas de espetáculo - embora sejam ao ar livre. Foram definidos, como acontece nos espaços comerciais e nas empresas (com a agravante de, neste caso, serem espaços fechados), percursos de circulação e medidas sanitárias de proteção. Então porque não organizar a festa?!

Na verdade, os que peroram contra a festa não estão preocupados com a possível propagação do vírus (veja-se como aplaudem a abertura aos turistas ingleses, sem qualquer controlo de saúde à entrada...). O que gostariam era que a tentação securitária permitisse suspender a democracia.

E há uns chatos duns comunistas que resistem a isso e insistem em dizer (e praticar!) que não baixam a guarda quando, em nome da pandemia, alguns procuram pôr direitos (políticos, sociais, económicos e culturais) em causa.

*Engenheiro

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