Rui Sá* | Jornal de Notícias |
opinião
Tenho lido, por aqui, inúmeros
textos sobre a Festa do Avante!. Uns dramáticos, outros piadéticos, outros
provocatórios. Mas todos eles expressando ódio à festa.
Compreendo os receios de muita
gente, até porque o "sucesso" do nosso combate inicial à pandemia se
baseou no medo inculcado nas pessoas. Mas distingo esse compreensível receio da
campanha orquestrada que, a pretexto da pandemia, explora esse medo para tentar
acabar com a festa ou, mais precisamente, com aqueles que a organizam.
Coloque-se, então, a questão ao contrário: porque não organizar a Festa?
A densidade estabelecida para a
ocupação do espaço é igual à que foi utilizada para a ocupação das praias. Os
concertos têm, como os inúmeros festivais que têm vindo a ser organizados,
lugares definidos mantendo regras de afastamento. Os restaurantes, todos ao ar
livre, seguem as regras impostas para os milhares de restaurantes a funcionar
no país.
O espaço do livro terá uma
organização não muito diferente da das feiras do livro do Porto e de Lisboa. A
lotação do recinto não é muito diferente do número de bilhetes já vendidos para
o circuito de Fórmula 1 do Algarve. Os espaços para o cinema e para o teatro
seguem as regras das salas de espetáculo - embora sejam ao ar livre. Foram
definidos, como acontece nos espaços comerciais e nas empresas (com a agravante
de, neste caso, serem espaços fechados), percursos de circulação e medidas
sanitárias de proteção. Então porque não organizar a festa?!
Na verdade, os que peroram contra
a festa não estão preocupados com a possível propagação do vírus (veja-se como
aplaudem a abertura aos turistas ingleses, sem qualquer controlo de saúde à
entrada...). O que gostariam era que a tentação securitária permitisse
suspender a democracia.
E há uns chatos duns comunistas
que resistem a isso e insistem em dizer (e praticar!) que não baixam a guarda
quando, em nome da pandemia, alguns procuram pôr direitos (políticos, sociais,
económicos e culturais) em causa.
*Engenheiro
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