Sete oficiais do Exército e um
polícia foram detidos pela justiça militar congolesa, acusados de envolvimento
nos massacres cometidos na região do Kasai, em 2016. À época, milhares de deslocados
refugiaram-se em Angola.
De acordo com a agência noticiosa
France-Presse, uma comissão rogatória do Ministério Público Militar do Kasai-Central instruiu
o Ministério Público a interrogar 16 oficiais atualmente destacados nas
províncias de Kivu Norte (a que pertence Beni) e Ituri pela sua participação em
massacres cometidos no Kasai-Central.
Após o interrogatório, "sete
destes agentes foram detidos desde 22 de julho", tendo o responsável do Ministério
Público Militar de Kivu Norte apontado um coronel da polícia que também foi
detido em 7 de agosto.
"São suspeitos de participar
nos massacres da população no Kasai-Central entre 2016 e 2017. Mas, nesta fase,
existe uma presunção de inocência. A justiça militar deteve-os para não
dificultar a investigação", afirmou uma fonte do departamento da justiça
militar do Kasai-Central, citada pela France-Presse.
A região do Kasai-Central,
no sudoeste da RDC, foi palco, entre 2016 e 2017, de um conflito violento que
começou após a morte, em 12 de agosto de 2016, do líder tribal Kamuina
Nsapu.
Os responsáveis detidos são
acusados de ter fornecido uniformes da polícia ao exército, dirigir operações
contra civis e esconder corpos em valas comuns.
Em junho de 2018, um relatório de
especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) referia que os confrontos
entre milicianos Kamuina Nsapu e as forças de segurança, apoiadas, segundo o
documento, pelas milícias Bana Mura, é de mais de três mil mortes e 1,4 milhões
de deslocados - muitos dos quais buscaram abrigo em Angola.
Atrocidades
Os investigadores da ONU, que
então foram autorizados a visitar a RDC, afirmaram, num relatório, que
"algumas das atrocidades cometidas pelas forças de defesa e segurança,
milícias Bana Mura e milícias Kamuina Nsapu constituem crimes contra a humanidade
ou crimes de guerra, bem como violações dos direitos humanos".
Segundo o relatório, os ataques
por parte das forças de defesa e segurança, das milícias Kamuina Nsapu e Bana
Mura, "foram realizados contra a população civil de forma generalizada e
sistemática, como política de Estado ou de organização que tinha como fim tais
ataques".
Esses factos constituem crimes
contra a humanidade, de acordo com especialistas, que citaram assassínios,
violações, escravidão - inclusive sexual -, perseguição e outros atos
desumanos.
A sueca Zaida Catalan e o
norte-americano Michael Sharp, dois peritos da ONU que investigavam a
existência de valas comuns no Kasai-Central, foram mortos na região.
Deutsche Welle | Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário