quarta-feira, 30 de setembro de 2020

A China posiciona Sun Tzu para vencer a Guerra dos Chips

Pepe Escobar [*]

Vamos directos ao assunto: com ou sem a força destruidora de uma sanção, a China simplesmente não será expulsa do mercado global de semicondutores.

A quantidade real de chips que a Huawei tem em stock para o seu negócio de smart phones pode ficar como uma questão em aberto.

Mas o ponto mais importante é que nos próximos anos – recordar que o Made in China 2025 continua em vigor – os chineses fabricarão o equipamento necessário para produzir chips de 5 nm ( nanómetros ) de qualidade equivalente ou mesmo melhor do que os provenientes de Formosa, Coreia do Sul e Japão.

Conversas com peritos em TI da Rússia, da ASEAN e da Huawei revelam os contornos básicos do roteiro pela frente.

Eles explicam que o que poderia ser descrito como uma limitação da física quântica está a impedir um movimento constante dos chips de 5nm para 3nm. Isto significa que os próximos grandes avanços podem vir de outros materiais semicondutores e outras técnicas. Assim, a China, neste aspecto, está praticamente ao mesmo nível de investigação que Formosa, Coreia do Sul e Japão.

Além disso, não existe nenhuma lacuna de conhecimento – ou um problema de comunicação – entre os engenheiros chineses e os de Formosa. E o modus operandi predominante continua a ser a porta giratória.

Os grandes avanços da China envolvem uma comutação crucial do silício para o carbono. A investigação chinesa está totalmente empenhada nela e está quase pronta para transpor o seu trabalho de laboratório para a produção industrial.

Em paralelo, os chineses estão a actualizar o procedimento de foto-litografia privilegiada pelos EUA a fim de obter chips nanométricos para um novo procedimento não foto-litográfico capaz de produzir chips mais pequenos e mais baratos.

Tanto quanto as empresas chinesas, avançando, estarão a comprar todas as fases possíveis do negócio de manufacturação de chips tendo em vista, qualquer que seja o custo, que isto prosseguirá em paralelo com empresas de topo dos EUA em semicondutores, como a Qualcomm, que não vão impor limitações para contornar sanções e continuam a fornecer chips à Huawei. Este já é o caso da Intel e da AMD.

China confirma detenção de ativistas pró-democracia que tentaram fugir

Pequim, 30 set 2020 (Lusa) -- A China confirmou hoje oficialmente a detenção, em agosto passado, de 12 ativistas pró-democracia que tentavam fugir de Hong Kong, a bordo de uma embarcação, em direção a Taiwan.

Os 12 ativistas pró-democracia, que incluem o estudante universitário Tsz Lun Kok, com dupla nacionalidade chinesa e portuguesa, foram detidos em 23 de agosto pela guarda costeira chinesa, por suspeita de "travessia ilegal", quando se dirigiam de barco para Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo político.

O grupo foi intercetado a cerca de 70 quilómetros a sudeste de Hong Kong e foi entregue às forças policiais de Shenzhen, no território continental chinês.

Desde então, o paradeiro destes ativistas no sistema jurídico chinês era incerto, com os respetivos advogados a relataram dificuldades em estabelecer contacto com os detidos.

As famílias dos ativistas também manifestaram preocupação face às escassas informações sobre o destino dos detidos.

"Luanda Leaks": Conclusões da CMVM seguem para a Justiça portuguesa

Supervisor dos mercados em Portugal instaurou ações de supervisão a nove auditores no seguimento do caso "Luanda Leaks", envolvendo alegados esquemas de Isabel dos Santos. Conclusões serão enviadas ao Ministério Público.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de Portugal instaurou 10 ações de supervisão a nove auditores e encontrou matéria que será participada à Justiça portuguesa. Quatro averiguações já foram dadas como terminadas, mas outras cinco estão ainda a decorrer.

"Há já matéria para contencioso contraordenacional, e haverá mesmo indícios da prática de crimes, pelo que é provável que aconteçam comunicações ao Ministério Público em alguns casos", escreve esta quarta-feira (30.09) o semanário português Expresso.

Entre os destaques na atividade de supervisão a auditores no ciclo 2019/2020, divulgados esta quarta-feira pela CMVM, figura "a supervisão sobre nove auditores, envolvendo 27 entidades auditadas e 84 dossiês de auditoria, no seguimento das notícias veiculadas nos meios de comunicação social sobre o caso denominado "Luanda Leaks", envolvendo alegados esquemas financeiros da empresária angolana Isabel dos Santos.

De acordo com o relatório "Resultados Globais do Sistema de Controlo de Qualidade da Auditoria", citado pela agência Lusa, as ações de supervisão às 27 entidades "tiveram como objetivo avaliar se os auditores cumpriram com todos os seus deveres" no que se refere "à prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo" e "à conformidade do trabalho realizado com as normas profissionais e disposições legais e regulamentares aplicáveis no que diz respeito a saldos e transações com partes relacionadas".

Angola | UNITA lança farpas ao Presidente João Lourenço

A maquilhagem da Presidência está a ficar esborratada. É a conclusão da UNITA. Para o maior partido da oposição em Angola, o adiamento das autárquicas é apenas um exemplo do "desrespeito" aos interesses da nação.

Para a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o desenvolvimento do país depende da descentralização. Não há volta a dar. Adiar as primeiras eleições autárquicas em Angola significa, por isso, adiar esse desenvolvimento e menosprezar os interesses nacionais, segundo o partido da oposição.

As eleições foram adiadas "'sine die' pelo Presidente da República, alegando razões ligadas à Covid-19", afirmou a deputada da UNITA Navita Ngolo, esta terça-feira (29.09), durante uma conferência de imprensa, no dia em se assinalam 28 anos desde as primeiras eleições gerais no país. "Neste quesito [das autarquias], mais uma vez, o titular do poder executivo faltou com a palavra e desrespeitou a opinião que lhe foi gratuitamente emitida pelo Conselho da República, muito antes do surgimento da Covid-19, revelando falta de vontade política e submissão do interesse nacional aos interesses de um grupo", disse

A UNITA está convicta de que a implementação das autarquias acelerará o desenvolvimento das comunidades e impulsionará a economia nacional, ao mesmo tempo em que os cidadãos poderão interagir mais diretamente com os seus governantes.

Este mês, o Presidente João Lourenço disse que "não há culpados" pelo adiamento das autárquicas. Mas a UNITA aponta diretamente o dedo ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), de João Lourenço.

"O pacote das autarquias não termina porque a maioria parlamentar de que é presidente o general João Manuel Gonçalves Lourenço recusa-se a agendar a discussão e aprovação de uma das mais importantes matérias, a Lei da Institucionalização das autarquias", sublinhou a segunda vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA.

Avenidas Macky Sall e Muhammadu Buhari geram polémica em Bissau

Decisão das autoridades de atribuir os nomes dos Presidentes do Senegal e da Nigéria a duas avenidas da capital guineense causa controvérsia. Ruas foram batizadas a 24 de setembro. Sociedade civil critica a iniciativa.

As críticas sucedem-se desde que as duas avenidas foram inauguradas com os nomes dos Presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria, Muhammadu Buhari, no dia 24 de setembro, por ocasião das celebrações dos 47 anos da independência da Guiné-Bissau.

Cidadãos comuns e várias figuras públicas e analistas políticos questionam como é que se pode ter nomeado duas avenidas em homenagem a pessoas que não têm uma ligação histórica com a Guiné-Bissau.

O analista político Rui Landim critica particularmente que se tenha atribuído a uma avenida o nome de Macky Sall, uma vez que, a seu ver, o chefe de Estado senegalês terá contribuído para a instabilidade recente no país.

"Não há avenida Luís Cabral, Umaro Djaló, Constantino Teixeira, Nino Vieira [todos combatentes da liberdade da pátria] e tantos outros", lembra o analista, que tece duras críticas a quem trouxe "alguém que tem tudo contra a Guiné-Bissau e é pago para ter conspirado e instigado o golpe de Estado no país. "O que Macky Sall quer", conclui Rui Landim, é a "dominação da Guiné-Bissau pelo Senegal."

A Guerra dos Farrapos e o Massacre dos Lanceiros Negros

Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* | Porto Alegre | Brasil 

A Revolução Farroupilha (1835-1845) eclodiu, no Brasil, na Província de São Pedro (RS), durante a Regência Una do Padre Diogo Antônio Feijó (1784-1843). Considerada a mais longa guerra civil, que a história brasileira registra, ocorreram 59 vitórias para cada lado e 3,4 mil óbitos. Às margens do Rio Jaguarão, na manhã de 11 de setembro de 1836, a República Rio-Grandense foi proclamada, no Campo dos Menezes, pelo Gen. Antônio de Souza Netto (1803-1866).  

Com o epíteto de “República das Carretas“, dado pelo folclorista e historiador Barbosa Lessa (1929-2002), ela tinha como característica a instabilidade devido às constantes mudanças da sede do governo farroupilha.  Quando a segurança da capital  era ameaçada  pela aproximação das tropas imperiais, eram tomadas medidas para que se efetivasse a sua transferência. Em virtude disso, a novel República teve, com caráter oficial, três capitais: Piratini, Caçapava e Alegrete.

Causas

Na época, o Rio Grande do Sul estava bastante prejudicado, principalmente, no aspecto econômico, devido aos altos impostos taxados, pelo império, sobre o charque (carne seca) que alimentava a escravaria de outras províncias, sendo o nosso principal produto econômico. Havia também elevados impostos em relação ao couro e à propriedade rural. É importante que se destaque: o charque gaúcho estava sendo preterido pelo governo imperial que preferia comprar o produzido na região platina devido ao seu menor preço e por considerá-lo de melhor qualidade. Diante do centralismo político do governo imperial e do persistente descaso em atender às reivindicações, de caráter econômico e político da província gaúcha, esta se rebelou, iniciando uma longa guerra civil. 

A Maçonaria

Em 18 de setembro de 1835, Bento Gonçalves da Silva (1788-1847) abriu a reunião na Loja Maçônica Filantropia e Liberdade, na qual, ele e outros líderes, definiram a data do início da Revolução Farroupilha, que ocorreu com a invasão da Capital, pela Ponte da Azenha - na época de madeira - na madrugada de 20 de setembro de 1835. Estavam presentes nesta reunião: José Gomes Jardim (1774-1854), Onofre Pires (1799-1844), Pedro Boticário (1799-1850), Vicente da Fontoura (1807-1860), Paulino da Fontoura (1800-1843), Antônio de Souza Neto (1803-1866) e Domingos José de Almeida (1797-1871). Esta loja, que se situava na atual Vigário José Inácio, funcionava como um “Gabinete de Leitura”, visando a desviar a atenção dos opositores à Ordem Maçônica.

Nesta primeira loja maçônica, de Porto Alegre, era impresso o jornal O Continentino (1831-1833), que defendia os ideais liberais.  Este periódico faz parte do acervo raro do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom), assim como outros títulos significativos da Imprensa, da época, que se encontrava divida entre legalistas (conservadores) e liberais (moderados e exaltados). Os liberais exaltados (radicais) defendiam o ideal republicano e combatiam a monarquia. Nesta loja, também, havia uma escola das primeiras letras.

Conforme os jornalistas Carlos Reverbel (1912-1997) e Elmar Bones, no livro “Luiz Rossetti: o editor sem rosto”, na província gaúcha, circularam, no período de 1827 a 1850, em torno de 61 jornais, sendo que 37 circularam em Rio Grande, incluindo os órgãos oficiais da República Rio- Grandense: O Povo (Piratini / 1838-1839 e Caçapava /1839 -1840); O Americano (1842 a 1843 - Alegrete) e Estrella do Sul (1843 - Alegrete).

Brasil | Jairo Nicolau: ''Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita''

Para o cientista político Jairo Nicolau, oposição combate o presidente de modo equivocado ao não entender seu eleitorado, especialmente aquele situado na periferia das grandes metrópoles

Afonso Benites e Felipe Betim | Carta Maior

Nos últimos dois anos, o cientista político e professor Jairo Nicolau (Nova Friburgo, RJ, 1964) se dedicou a estudar quem são as pessoas que elegeram Jair Bolsonaro presidente da República. Com base em pesquisas eleitorais e nos resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, conseguiu fazer uma radiografia do eleitorado. Descobriu o tamanho da força do antipetismo, reforçou a importância da comunicação feita pelo WhatsApp em uma disputa com novas regras e percebeu que nem só extremistas apoiam o polêmico presidente brasileiro. Parte dessas conclusões estão em sua mais nova obra: O Brasil dobrou à direita. O livro será lançado no dia 5 de outubro, pela editora Zahar.

Em entrevista ao EL PAÍS por videoconferência, Nicolau destacou que a oposição tem combatido Bolsonaro de maneira equivocada, insistindo em dizer que seus eleitores seriam fascistas ou extremistas, enquanto que a maioria deles não é. “Parte realmente é formada por pessoas de extrema direita, mas grande parte é de pessoas comuns que vê nele um mito, que tem enorme identidade com ele, que tem admiração por ele”, diz. Nesse sentido, ele vê paralelos entre o atual presidente e o antigo, seu antagonista político Luiz Inácio Lula da Silva. “O bolsonarismo mexeu com a política brasileira de uma maneira muito forte (...) Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita”.

Para esse pesquisador de temas como reforma política e comportamentos eleitorais na FGV Rio, a oposição não conseguiu entender que o presidente tem conseguido ganhar as metrópoles e, principalmente, os pobres que nelas vivem. Por esta razão, não precisa avançar sobre o Nordeste, tradicional reduto eleitoral petista. “Bolsonaro não precisa do Nordeste. Ele foi um fenômeno urbano dos grandes centros e poderá ser novamente. Não precisa invadir a cidadela petista para ganhar uma eleição”.

Portugal está perante "um furacão" e só o SNS não chega, avisa bastonário

O bastonário da Ordem dos Médicos afirmou hoje que Portugal está perante "um furacão" e que será "extraordinariamente difícil" lutar contra ele "apenas com o Serviço Nacional de Saúde", referindo-se à luta contra a pandemia.

“Estamos perante um furacão, de maior ou menor intensidade, e como é que nós podemos lutar contra este furacão apenas com o Serviço Nacional de Saúde? É extraordinariamente difícil", disse Miguel Guimarães na conferência online "Saúde Interrompida: o impacto da pandemia nos doentes não covid-19".

Apesar de o SNS ter capacidade de resposta e ser "um belíssimo serviço público, sobretudo quando comparado com outros países europeus, tem limitações".

"Já tinha limitações antes da pandemia, agora acentuaram-se", disse, exemplificando: "eu tenho um cobertor que não consegue tapar-me completamente, se eu puxo o cobertor para os pés, destapo a cabeça, se puxar para a cabeça, destapo os pés".

"Foi o que aconteceu na primeira fase da pandemia, ou seja, para tentarmos tapar a cabeça e responder à pandemia, responder à covid-19, destapamos os doentes não covid", sustentou.

Há mais oito mortos e 825 novos casos de Covid-19 em Portugal

A Direção-Geral da Saúde partilhou o novo balanço epidemiológico de evolução da Covid-19 em Portugal.

O boletim epidemiológico desta quarta-feira indica que Portugal registou, nas últimas 24 horas, mais oito vítimas mortais e mais 825 infetados com Covid-19. No total, desde que a pandemia chegou ao país, foram contabilizados 1.971 óbitos e 75.542 casos da doença provocada pelo novo coronavírus. 

Comparativamente a terça-feira, há uma variação de 0,41% no número de óbitos e de 1,10% no número de novos casos. 

O relatório divulgado pelas autoridades de saúde revela ainda que, nas últimas 24 horas, foram contabilizados mais 480 casos ativos de Covid-19, num total de 25.041. 

Quanto ao número de recuperados, há hoje 48.530, o que traduz um aumento de 337 pacientes recuperados. 

Esta quarta-feira, 666 pessoas estão internadas em unidades hospitalares (mais cinco) e 105 são acompanhadas pelas equipas de cuidados intensivos (mais seis). 

O difícil empreendimento do voto de esquerda lúcido

A questão da soberania nacional, de que o Presidente da República numa república laica deve ser o garante, é tema ausente que só emerge nas entrelinhas das respostas dos candidatos a outros temas.

Manuel Augusto Araújo | AbrilAbril

Percorrer as redes sociais e os comentários às notícias sobre as eleições presidenciais e dos três candidatos do arco do centro-esquerda à esquerda é um exercício com algumas curiosidades, não inesperadas para os mais atentos, reveladoras da generalizada degradação da capacidade crítica que a comunicação social e as redes sociais promovem, homogeneizando opiniões que raramente ultrapassam as aparências que se geram para ocultar as duras realidades que acoitam. Tudo funciona preso à teia das percepções que se plantam para criar imagens trabalhadas pelos photoshops mentais controlados pelos algoritmos ao serviço do pensamento dominante. Analisar os argumentos a favor de alguns dos candidatos e a ausência de temas que deveriam ser de primeira linha é altamente revelador.

A primeira nota vai para as candidatas femininas serem altamente beneficiadas pela sua condição de mulheres, como se isso de ser mulher fosse alguma qualificação especial ou selo de garantia do que quer que seja, a começar por uma maior sensibilidade para os problemas sociais e a acabar na discriminação das minorias. Não pode todo o mundo e ninguém estar esquecido das variegadas margaretes thatcheres na longa galeria de mulheres de grande rudeza, que isto de ser mulher em nada se diferencia de ser homem no que toca à defesa dos interesses do capital.

Saltando sobre esse pormenor, que é um por-maior com reflexos ao riscar a cruz no boletim de voto, o mais chocante nas discussões e comentários, tanto dos encartados como os de café, dá-se o caso de a questão que deveria ser a principal a colocar a um candidato a Presidente da República estar completamente ausente ou ser um resíduo tão residual, passe o pleonasmo, que nem por ela se dá nos argumentários aduzidos em milhares de contribuições favoráveis a qualquer um dos três candidatos: a questão da soberania nacional, de que o Presidente da República numa república laica deve ser o primeiro garante.

É tema ausente, que só emerge nas entrelinhas ou se percepciona nas tomadas de posição e respostas dos candidatos a outros temas. Sintomaticamente, na primeira entrevista feita a um desses candidatos por um canal de televisão supostamente de serviço público à soberania nacional, foi dito nada. É questão que para o entrevistador não existe, provavelmente nem sabe o que é, normalidade no estado actual do jornalismo em que a esmagadora maioria dos jornalistas são uma entidade abstracta que não existe, leia-se de Pierre Bourdieu Sobre a Televisão para se ficar a perceber esse estado da arte. Não se proferiu uma palavra sobre soberania nacional como nada se disse de outros itens de relevo para o exercício do cargo, ficando-se por um entretém de lanas caprinas, banalidades dos lugares comuns das questões verdadeiramente falsas ou falsamente verdadeiras pré-digeridas para dar uma imagem da candidata que é a que ela tem vindo a construir com a sua presença avençada num canal de televisão onde tanto mostra como oculta o que na realidade é e o que defende. Uma verdadeira artista, talento não é coisa escassa por aquelas paragens.

"Cada um no seu lugar", responde Jerónimo a apelos sucessivos de Marcelo

O secretário-geral do PCP avisou esta terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa que "tudo tem limites" quanto aos poderes presidenciais face aos sucessivos apelos para a viabilização do Orçamento do Estado de 2021 pela esquerda ou pelo PSD

"Cada qual no seu lugar.  O Presidente da República tem um papel importante, com os poderes que detém, mesmo até de acompanhar, incentivar, dar respostas a alguns problemas, mas tudo tem limites", afirmou Jerónimo de Sousa à margem da visita a uma exposição, ao ar livre, sobre os 50 anos da CGTP, em Lisboa.

Depois de ouvir em dias sucessivos apelos de Marcelo Rebelo de Sousa para que a esquerda viabilize o Orçamento do Governo do PS e depois também ao PSD, Jerónimo de Sousa afirmou aos jornalistas que é "uma expressão muito equívoca".

Como se quisesse "estabelecer um conflito entre o que diz e a Assembleia da República", disse, para tirar uma conclusão que pode ser lida como um aviso a Marcelo sobre os poderes de cada órgão, à luz da Constituição.

"À Assembleia da República o que é da Assembleia da República. Ao Presidente da República o que é do Presidente da República", acentuou.

Jerónimo de Sousa tentou explicar esta posição "um pouco contraditória" de Marcelo, de que "tanto faz com estes ou com aqueles" a aprovação do Orçamento com o papel de que o acusa de "branqueamento do PSD" e na alegada tentativa de formação de um bloco central com o PS.

O PCP anunciou a candidatura do eurodeputado João Ferreira como candidato às eleições presidenciais de 2021.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Presidência da República

O fétido e longo esgoto das eleições nos EUA

Porque a abordagem do Expresso Curto vem à cabeça no Curto de hoje, com Donald Trump e Joe Biden no primeiro debate das eleições presidenciais norte-americanas de 2020, em Cleveland, no Ohio, não vamos dar muito mais para esse esgoto de mentecaptos do império do mal em falência. 

A verdade é como o azeite, vem sempre ao cimo, por tal o que vimos é a aceleração de pretensos presidentes à Casa Branca monstruosamente néscios, aloucados, os piores da humanidade. A degradação do império já há muito que está em marcha e só uma massiva estupidificação dos eleitores e não eleitores, dos norte-americanos, explica que desde há muito venham a eleger para a presidência sujeitos medíocres, imbecis, paranóicos, carregados de evidentes sintomas de doenças mentais que compulsivamente estão a afetar todo o planeta, quase todos os países e quase todos os povos. O império EUA, além de estar a saque também está na lama, numa enorme poça de merda que progressivamente tem vindo a salpicar toda a humanidade. Urge a mudança positiva que abula aquele Estado Sargeta.

Do Curto salientamos outras prosas sobre nós por cá. Joana Pereira Bastos, do Expresso balsemista, deixa matéria. Vá ler. Não dói nada.

Bom dia e goze o sol enquanto pode. Quantos terão morrido hoje por covid-19? A morte está a ganhar balanço e os mais idosos ou vulneráveis estão a ser agarrados e levados. Dá jeito ao “sistema”. Menos despesa. Os Novos Bancos & Capangas agradecem. O corruptos também. Assim têm mais fundo de maneio para as falcatruas...

Encurtamos aqui. Siga o Curto. Bom dia.

MM | PG

Esgoto Trump | O debate Trump-Biden na imprensa mundial

“Um nível de desprezo nunca visto”, “insultos, palavrões e poucas ideias”, “o pior de sempre”

A acrimónia entre os dois candidatos à Casa Branca no primeiro de três debates é destacada em vários pontos do globo. Alguns jornais carregam nas críticas ao Presidente em funções, enquanto outros também apontam o dedo ao candidato democrata

“Escárnio e mentiras de Trump adensam caos em primeiro debate”, escreve o jornal “The New York Times” (NYT) em grande destaque no seu site. Sobre o embate inaugural entre os candidatos à presidência dos EUA, com eleições marcadas para 3 de novembro, o diário norte-americano destaca ainda que o candidato democrata, Joe Biden, chamou “palhaço” ao republicano Donald Trump, que disputa a sua reeleição. O tom sobre o duelo verbal da madrugada desta quarta-feira é consensual na imprensa de vários pontos do globo.

A performance de Trump é descrita como “vulcânica” e “repleta de mentiras”, tendo o Presidente recorrido a “táticas ao estilo ‘bulldozer’” e recusado “condenar a supremacia branca”, acrescenta. O NYT descreve ainda que ambos protagonizaram “um nível de desprezo acre um pelo outro nunca visto na política americana moderna”.

O jornal “The Washington Post” (WP) acusa Trump de “mergulhar o debate numa quezília inflamada”. Biden disse que o Presidente tornou os EUA um país “mais dividido”, enquanto “Trump o interrompia e lançava insultos”, acrescenta. Também a recusa do Presidente em condenar os supremacistas brancos merece destaque no WP num “debate marcado por disputas sobre raça”. “A querela esmagou um debate que mostrou diferenças substantivas entre Trump e Biden sobre as crises convergentes da nação. As interjeições e a chacota do Presidente levaram o moderador Chris Wallace a pedir-lhe repetidamente que respeitasse as regras previamente acordadas”, escreve ainda o “Post”.

Os também americanos “USA Today” e “The Wall Street Journal” (WSJ) adotam um tom mais moderado na descrição do debate. O WSJ recorda que Biden classificou Trump como “o pior Presidente que a América alguma vez teve” e que Trump declarou ter feito mais em 47 meses como Presidente do que Biden em 47 anos como senador.

Em Espanha, o “El País” titula “O caos e os ataques pessoais marcam o primeiro debate entre Trump e Biden”, enquanto o “El Mundo” destaca duas frases da contenda: “Não tens nada de esperto” (disse Trump a Biden) e “Não te calas, homem?” (disse Biden a Trump).

Em França, o “Le Monde” escreve que “Trump torpedeia o seu primeiro debate com Biden” e o “Le Figaro” opta por: “Biden resiste aos ataques de Trump”.

O italiano “Corriere della Sera” não hesita em qualificar este como “o pior debate de sempre”, com “insultos, palavrões e poucas ideias”. O “La Repubblica” também refere os “repetidos insultos e interrupções”, destacando o momento em que Trump rejeita qualquer sinal de inteligência em Biden e este lhe chama “mentiroso”.

O britânico “The Guardian” fala em “cenas caóticas”, “insultos” e “ânimos exaltados”. O “Daily Mail” escreve que “Trump e Biden gritam um por cima do outro, enquanto o moderador perde o controlo” do debate.

Na China, o “Global Times” descreve o debate como o “epítome do caos e da acentuada divisão social” nos EUA. Já na Rússia, um dos países visados no primeiro encontro entre os candidatos, nem a agência oficial de notícias TASS nem o jornal “The Moscow Times” têm, para já, artigos disponíveis sobre o assunto.

“Folha de S. Paulo” titula “Em debate caótico, Biden manda Trump calar a boca e critica desmatamento no Brasil”. O jornal “O Globo” também destaca a referência ao país mas, em vez de “caótico”, usa o adjetivo “agressivo” para qualificar o debate.

Expresso

Imagem: Donald Trump e Joe Biden no primeiro debate das eleições presidenciais norte-americanas de 2020, em Cleveland, no Ohio // Jim Lo Scalzo

*Alteração do título por PG

Leia mais em Expresso

terça-feira, 29 de setembro de 2020

É hora de promover diálogo sério e produtivo…

…para salvaguardar o Estado de Direito Democrático de Timor Leste

Roger Rafael Soares* | opinião

Mais do que falar, é preciso atitude e agir! Um Estado forte é aquele que dispõe de instituições fortes. Tal importância é sublinhada por Francis Fukuyama, na sua obra intitulada "A Construção de Estados, Governação e Ordem Mundial no Século XXI, em que argumenta que o desenvolvimento de um Estado deve passar essencialmente por promover a sua força, ou seja, a sua capacidade estatal em manter a lei e a ordem no seu território. Pois só com um Estado forte é possível assegurar o bom desempenho das suas funções a que se compromete, ou seja, é eficiente no compromisso das suas funções. 

A existência de um nível adequado de capacidade institucional significa que as estruturas administrativas estão revestidas dos recursos necessários para implementar, rever e monitorar reformas. E assim se alcançarão os resultados tão esperados. É efetivamente crucial que desenvolvamos as capacidades institucionais do nosso Estado. Mas também considero muito determinante as nossas capacidades e esforços individuais, quer no âmbito pessoal, quer no âmbito profissional, para que possamos garantir um desenvolvimento autossustentado da nossa Nação a todos os níveis. 

Como podemos desenvolver as capacidades institucionais, sem revertermos as nossas contribuições e esforços individuais nesse processo de desenvolvimento e enriquecimento institucional. Concordo plenamente com a afirmação de Karl Popper, filósofo, em que este argumenta que "a miséria humana é o problema mais urgente de uma política pública racional e que a felicidade deve ser deixada aos nossos esforços individuais" - citada por Brito dos Santos. Dessa forma, os valores de uma sociedade são importantes, pelos quais irão nortear as nossas ações, atitudes, a capacidade de decidir sobre o "bem" ou o "mal".

Português mordido por crocodilo em praia de Timor-Leste

Díli, 29 set 2020 (Lusa) -- Um cidadão português foi mordido no domingo por um crocodilo numa praia na zona de Baucau, norte de Timor-Leste, quando estava com um amigo a fazer pesca submarina, contou o próprio à Lusa.

"Pelo tamanho que tinha, talvez uns três metros, se ele quisesse tinha-me levado", disse à Lusa Fernando Madeira, que relatou ter ferimentos nas costas e no braço.

"É um milagre inexplicável não ter sido mais grave e que deve servir de lição para outros e de alerta para a necessidade de que se tomem medidas para garantir a segurança das pessoas", explicou.

O ataque ocorreu a cerca de 200 metros da costa numa zona de recife de coral onde estava com um amigo a fazer pesca submarina na manhã de domingo, na zona de Bunduras, a cerca de 45 minutos de barco da principal praia de Baucau, Wataboo.

"As águas estavam límpidas e o mar estava calmo. Tínhamos visto uma tartaruga e diz-se que nestas condições não surgem crocodilos. Falámos com pescadores da zona que dizem que também não costuma haver ali crocodilos", explicou.

Madeira explica que a dado momento sentiu um "choque muito grande nas costas" e, quando se virou, ainda conseguiu ver o corpo do crocodilo a afastar-se.

"Começámos a nadar para terra, usámos um pano para estancar o sangue e depois viajámos até Baucau onde fui logo ao hospital, tendo regressado ontem [segunda-feira] para tratamentos", referiu.

Investimentos em Timor-Leste não têm priorizado combate à pobreza

Díli, 29 set 2020 (Lusa) -- A responsável do PNUD em Timor-Leste considerou hoje que os investimentos que o Governo timorense tem feito não têm dado prioridade ao combate à pobreza, que afeta quase metade da população, sendo essencial concretizar as políticas anunciadas.

"Timor-Leste tem apenas 1,3 milhões de habitantes e quando vemos o tipo de investimento que tem sido gasto, pensaríamos que as pessoas deveriam estar em condições mais confortáveis. Mas isso ainda não ocorreu", disse à Lusa a responsável do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Timor-Leste, Munkhtuya Altangerel.

"Precisamos, comunidade internacional e Governo, de ter uma conversa honesta, e não apenas contornar o assunto. Isso requer confiança entre a comunidade internacional e com o Governo", considerou.

Em entrevista à Lusa, Munkhtuya Altangerel analisou o contexto do desenvolvimento de Timor-Leste, numa altura em que apesar de um amplo investimento público nas últimas duas décadas o país continua a manter indicadores de pobreza elevados.

"Sim, é preciso investimento. Quando olhamos para a forma como o orçamento do Estado está alocado, não vemos que este tipo de investimento esteja a ter prioridade", referiu.

"Na política económica que o Governo desenvolveu, vemos que o dinheiro e recursos devem ser direcionados para as pessoas. Isso é um bom compromisso, mas em termos de garantir que esse compromisso se traduza em dinheiro e ações concretas, muito mais tem de ser feito", sustentou.

"Irmandade duvidosa" na SADC dificultará intervenção em Cabo Delgado?

MOÇAMBIQUE

Recusa ao Malawi de navegação no rio Chire e recusa em discutir exploração conjunta do gás com a Tanzânia são alguns motivos que podem dificultar o apoio da SADC no combate à insurgência em Cabo Delgado, diz analista.

Há muito tempo que diversos setores defendem e têm pressionado por uma intervenção militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) no conflito armado em Cabo Delgado, norte de Moçambique. Finalmente em finais de agosto, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, confirmou tal pretensão da organização regional, mas sem avançar detalhes.

Sobre a demora ou hesitação da SADC em intervir o analista alemão Andre Thomashausen lembra que entre os "países irmãos" há muita divisão. O Malawi não tem boas relações com Moçambique, porque Moçambique recusa-lhe o direito de navegação no rio Chire. E o vizinho do norte, a Tanzânia, tem um contencioso muito sério com Moçambique, porque metade da jazida de gás encontra-se em águas territoriais da Tanzânia e há muitos anos Moçambique recusa-se a discutir uma zona de exploração conjunta ou medidas que possam corresponder a essa realidade. Então, esses dois países iriam se opôr a uma intervenção da SADC.

Moçambique | Apelos ao fim da violência após novas ameaças de Nhongo

Várias confissões religiosas apelam ao fim da violência no centro de Moçambique, numa altura em que se intensificam os ataques na região, após ameaças de Mariano Nhongo, líder da autoproclamada Junta Militar da RENAMO. 

Mariano Nhongo ameaçou destruir camiões e paralisar a fábrica de açúcar no posto administrativo de Mafambisse, em resposta a uma alegada perseguição à sua família pelas tropas governamentais. Quase duas semanas depois das ameaças, houve novos ataques na região. 

Duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas num ataque armado no posto administrativo de Dombe, no domingo à tarde. A polícia desconfia que a autoria seja do grupo de Mariano Nhongo. 

"Um grupo de homens armados que se presume ser da autoproclamada Junta Militar a RENAMO atacou quatro viaturas, tendo resultado em dois óbitos locais e cinco feridos graves", disse Mateus Mindú, porta-voz da polícia na província de Manica.

Na madrugada de domingo (27.09) para segunda-feira (28.09), houve registo de um novo ataque ao longo da EN1, mas até agora, a polícia não avançou pormenores sobre o incidente.

Moçambique não vai pedir ajuda à ONU para combater insurgentes

Governo moçambicano não pondera solicitar às Nações Unidas envio de uma força para ajudar a combater os insurgentes em Cabo Delgado. "Proativismo" que situação exige não é de uma força de manutenção de paz, diz analista.

A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, afirmou esta terça-feira (29.09) que Moçambique não equaciona solicitar, neste momento, o envio de uma força da ONU para ajudar o país a combater os alegados grupos jihadistas, no norte do país. Os ataques já resultaram em cerca de mil mortos e 250 mil deslocados internos.

"Não sei, nem sei se de facto seria a melhor prática agora, neste momento, trazer uma força das Nações Unidas. Eu creio que os nossos jovens [membros das Forças de Defesa e Segurança] que se encontram no terreno de operações estão a trabalhar", disse Verónica Macamo, citada pela Rádio Moçambique. 

A chefe da diplomacia moçambicana reconheceu, no entanto, que a situação em Cabo Delgado é complexa. "O terrorismo é uma coisa muito complicada, sobretudo estamos a falar de Cabo Delgado com aquele relevo, com aquela mata densa", disse.

"Não nos parece que haja problemas de falta de força ou de capacidade da parte dos nossos jovens militares ou polícias. Nos parece que, efetivamente, é a complexidade do terreno, mas que eles vão ganhando terreno, vão se esforçando e sentimos que os resultados estão aí", concluiu a ministra.

A “SOMALIZAÇÃO DE ÁFRICA”

Martinho Júnior, Luanda 

A SOMÁLIA É UMA DAS ESCOLAS DE DESAGREGAÇÃO, DE CAOS E DE TERRORISMO...

Desde a própria origem do império, quando a expansão foi a “conquista do oeste selvagem”, que a cultura anglo-saxónica implantada nos Estados Unidos foi moldada no sentido da necessidade de haver um inimigo e por isso, quando se esgotou o espaço a oeste à custa do genocídio dos povos autóctones, os seus vizinhos a sul, que estavam mesmo ali à mão, começaram a sofrer as consequências…

As histórias do México, do Haiti, de Porto Rico, de Cuba, por tabela até da longínqua Filipinas, estão marcadas pelas expansivas agressões “no ultramar”: nessa época a forja do império transvasou as primeiras forças de “intervenção”, já “fora da esquadria” da “conquista do oeste selvagem”, ou seja, muito para além dela – México e os arquipélagos, marcando o fim da colonização espanhola!...

A saga não parou, persistindo a dialética do poder dominante que tão lucrativos resultados comprovadamente garantia: em relação aos outros povos “do ultramar” jamais deixou de se afirmar pela sua barbaridade, sucedendo-se os crimes contra a humanidade, por que sempre havia um inimigo a abater, na maior parte dos casos, aqueles que estavam ali mesmo à mão e quantas vezes sem o saber, em estado de prontidão para o sacrifício.

Essa mentalidade foi também inerente aos impérios coloniais, persistiu durante as duas Grandes Guerras Mundiais e, quando houve a oportunidade para a paz global, inventou-se o combate ao comunismo sob o rótulo cínico da “Guerra Fria”, a fim de escamotear a realidade da IIIª Guerra Mundial contra o Sul Global que perdura com alicerces neocoloniais impressos até na vassalagem da Europa por via da NATO e duma União Europeia exclusivista e elitista!

Na Somália, durante as décadas de 70 e 80 do século XX e tendo como pano de fundo os interesses externos que disputavam influência no “Corno de África”, houve a antecipação “espontânea” da aplicação da doutrina Bush na esteira do que persistiu desde a época do expansionismo, a doutrina Rumsfeld/Cebrowski: desestabilização, caos e terrorismo para os “condenados da Terra”!... (https://afrocentricidade.files.wordpress.com/2012/06/os-condenados-da-terra-frantz-fanon.pdf).

O “modelo” que está hoje a ser aplicado em larga escala ao continente teve também uma das primeiras “escolas” na Somália, desde finais do século XIX com a colonização: acabado o inimigo comunista e o espectro artificioso da “Guerra Fria”, a dialética dominante gerou artificiosamente outro inimigo com todas as “transversalidades” que isso implicava, transformando os “freedom fighters” da ocasião neoliberal do tandem Reagan / Thatcher, em terroristas islâmicos radicais por via da Al Qaeda e dos seus sucedâneos, pois eram eles que estavam ali mesmo à mão, a partir dos vínculos gerados pelo petróleo na Arábia Saudita, sua “naturalmente” coligada e parceira em tão subversivos propósitos de relacionamento global!...

A proximidade do desmantelado Iémen (que até parece um processo siamês ao da Somália) e a posição geoestratégica do Corno de África propiciou o resto!

A Somália teve uma trajectória indexada à artificiosa metamorfose do grande camaleão que, ao agudizarem-se contraditórios na sequência da derrota na guerra pela posse de Ogaden (contra a Etiópia e seus aliados socialistas), foi derivando para a compulsória instalação do caos, da desagregação e do terrorismo.

A partir da “escola” da Somália gerada em paralelo à “escola” do Sudão, está em curso “A SOMALIZAÇÃO DE ÁFRICA”!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/09/17/desde-aquel-11-de-septiembre-de-1973/https://paginaglobal.blogspot.com/2020/09/africa-pantano-neocolonial.html).

Portugal | Mais seis mortos e 688 novos casos de covid-19

Esta terça-feira, Portugal regista mais seis óbitos associados à covid-19, mais 688 novas infeções e mais dois internamentos. Em 24 horas recuperaram mais 309 doentes.

Cinco vítimas mortais ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo e outra registou-se na região Centro. São quatro mulheres e um homem com 80 ou mais anos e outro homem entre os 70-79 anos.

Portugal contabiliza no total 74717 casos confirmados de covid-19 desde o início da pandemia (mais 688 em 24 horas) e 1963 óbitos (mais seis), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.

O Norte tem mais 160 infeções (26735), o Centro mais 16 (6076), a região de Lisboa e Vale do Tejo mais 478 (38294), o Alentejo mais cinco (1499), Algarve mais 22 (1622), Açores mais duas (269) e Madeira mais cinco (222).

Há 24561 casos ativos (mais 373) e 44231 (mais 60) sob vigilância das autoridades de saúde. No total, 48193 doentes (mais 309) já conseguiram recuperar da doença causada pelo SARS-CoV-2.

Estão internados 661 doentes infetados (mais dois) e há 99 em unidades de cuidados intensivos (mais um).

Sandra Alves | Jornal de Notícias | Imagem: Rui Oliveira/Global Imagens

Portugal | Solução para os estudantes ou para as unidades hoteleiras?

AbrilAbril | editorial

O aumento do número de camas apresentado pelo Governo esconde a crónica insuficiência de residências estudantis e é uma solução frágil para este problema de alojamento.

O Governo anunciou recentemente uma oferta de mais de 18 mil camas para os estudantes que este ano regressam ou ingressam, pela primeira vez, no Ensino Superior. Um número que, comparado com os dados do ano passado, indica um aumento de cerca de 16% do número de camas.

O que à primeira vista poderia parecer um dado positivo para os estudantes que procuram uma oferta de alojamento a preço acessível, esconde uma opção política reiterada de não resolução do problema de fundo.

As medidas de prevenção da Covid-19 no Ensino Superior obrigaram a uma redução generalizada de camas disponíveis na rede pública, desde logo com o fim dos quartos duplos.

Face a esta diminuição, a resposta do Governo passou pela tentativa de reposição do número de camas através de protocolos com a Movijovem e várias estruturas representativas das grandes unidades hoteleiras, sendo através deles que se consegue o aumento do número de camas neste novo ano lectivo.

Neste contexto, torna-se mais evidente que este aumento esconde, na verdade, a crónica insuficiência de residências estudantis e é uma solução frágil para o problema do alojamento.

A resposta que o Governo enceta não vem resolver o problema de fundo que é a reduzida oferta pública e as débeis condições da actual rede de residências públicas, uma vez que mesmo com uma oferta de 18 mil camas, o número de estudantes deslocados continua a ser bem superior, situando-se em cerca de 42 mil estudantes.

Nem mesmo com a adopção do Plano Nacional de Alojamento no Ensino Superior (PNAES), em 2018, que visava em quatro anos um aumento de cerca de quatro mil camas, o Governo conseguiu resolver esta lacuna.

Pelo contrário, a medida agora divulgada visa utilizar os estudantes como ferramenta de auxílio aos grandes grupos hoteleiros de forma a salvaguardar os lucros que estavam ameaçados com a crise no sector, em vez de investir na construção de residências.

Tendo em conta que os estudantes bolseiros têm acesso prioritário a estas camas, resta saber quem vai pagar os 285 euros anunciados como valor para o alojamento em hotéis e pousadas, uma vez que os montantes pagos por estes alunos são muito inferiores.

Efacec: Empresa de Isabel dos Santos tenta impugnar nacionalização

A Winterfell, empresa de Isabel dos Santos que controlava a Efacec, apresentou ação de impugnação da decisão do Governo português de nacionalizar as suas ações na companhia. Empresa fala em violação de preceitos legais.

Num comunicado divulgado esta terça-feira (29.09), a Winterfell refere que, "nos fundamentos desta ação", são apresentados dez argumentos de que a nacionalização da Efacec - empresa portuguesa que opera nos setores da energia, engenharia e mobilidade - terá alegadamente violado "um conjunto de preceitos legais”. 

Na nota, a empresa Winterfell informa que, "na sequência da publicação no Diário da República de 02 de julho de 2020 do decreto-lei n.º 33-A/2020, dentro do prazo legal competente e na qualidade de expropriada, apresentou no dia 25 de setembro, junto do Supremo Tribunal Administrativo, uma ação de impugnação do ato administrativo e da decisão do Governo de nacionalizar as suas ações na Efacec". 

O facto de "apenas as ações da Winterfell" (representativas de 71,73% do capital social) terem sido nacionalizadas, "e não as dos demais acionistas", é a primeira justificação apontada, sustentando a Winterfell que a Efacec não foi, por isso, "verdadeiramente nacionalizada, ao contrário do que foi anunciado publicamente". 

Outro dos motivos na base da ação de impugnação é que "o ato de nacionalização assumiu um caráter meramente temporário, pois neste caso as ações nacionalizadas serão de imediato revendidas a privados", enquanto "os restantes 28,27% permanecem na titularidade dos outros atuais acionistas, sem alteração alguma". 

Angola | ONG denuncia violência policial contra manifestantes

A polícia angolana confirma que reteve 13 participantes da marcha do desemprego em Luanda, no fim de semana, mas nega agressões. ONG Friends of Angola exige abertura de investigação para responsabilizar os responsáveis.

A Organização Não Governamental (ONG) Friends of Angola recebeu denúncias de detenções e agressões na marcha do desemprego em Luanda, ocorrida no sábado (26.09). A polícia angolana negou as agressões e informou que reteve 13 pessoas, que foram posteriormente libertadas.

Segundo a Friends of Angola, vários cidadãos que aderiram às manifestações na capital angolana alegam ter sido agredidos por supostos agentes da Polícia Nacional. Entre os feridos, está um elemento daquela organização, que terá sido "submetido a uma tortura física" e ficado com o telemóvel apreendido.

O porta-voz do comando provincial de Luanda negou quaisquer atos de violência por parte da polícia, confirmando, no entanto, terem sido levados para a esquadra 13 manifestantes. "Não foram detidos, foram retidos. Foram levados, porque impediram o trânsito, fizeram barreiras e arremessaram objetos", afirmou à agência de notícias Lusa.

Nestor Goubel garantiu que ninguém foi agredido e que não houve feridos entre manifestantes ou polícias. "A manifestação é um direito de cidadania e nós respeitamos. Nós fizemos o nosso trabalho e foi um belo exemplo de democracia. As pessoas foram levadas à esquadra, tivemos uma conversa pedagógica e foram libertadas", acrescentou o responsável.

Bissau na linha vermelha do combate ao branqueamento de capitais

O presidente da Célula Nacional de Tratamento de Informações Financeiras, Justino Sá, afirmou que a Guiné-Bissau encontra-se em linha vermelha, em termos de combate ao branqueamento de Capitais e financiamento ao terrorismo á nível sub-regional, pelo que é urgente o envolvimento das entidades ligadas à matéria, no sentido de tornar o país mais seguro.

Este responsável fez esta chamada de atenção esta segunda-feira, 28 de setembro de 2020, na abertura do workshop virtual de sensibilização para a pré-avaliação mútua da Guiné-Bissau, na qual explicou que a avaliação deveria acontecer no mês de agosto, mas devido à pandemia de COVID – 19 não se realizou, tendo sido adiada para o mês de janeiro do próximo ano.

Explicou ainda que a Guiné-Bissau vai ser submetida a uma avaliação nacional dos riscos de branqueamento de capitais e de financiamento do terrorismo pelo Grupo de Ação Financeira (GAFI), pela primeira vez, no mês de janeiro de 2021.

“Constatamos que há uma dificuldade em termos da apropriação por parte das entidades da Guiné-Bissau sobre o branqueamento de capitais e de financiamento do terrorismo. Achamos por bem que temos que organizar uma formação para as pessoas ligadas às entidades de luta contra este fenômeno, no sentido de estarem à altura dos avaliadores que virão no mês de janeiro. É neste quadro que organizamos este seminário para apetrechá-las de conhecimentos e de matérias para poderem estar à altura de defender a Guiné-Bissau, para que o país possa ter uma boa classificação no cômputo geral” explicou Justino Sá.

Estado chamado a acabar com violência no contexto de feitiçaria

GUINÉ-BISSAU

Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) regista 49 mortes, nos últimos dois anos, de indivíduos acusados de prática de feitiçaria. Sociedade civil apela à intervenção do Estado para sensibilizar as comunidades.

Segundo a denúncia da Liga Guineense dos Direitos Humanos, o último caso aconteceu a 11 de setembro deste ano: uma cidadã de mais de 50 anos foi "brutalmente assassinada" por um grupo de populares, no sul da Guiné-Bissau, acusada de prática de feitiçaria. O corpo da vítima, de acordo a denúncia da Liga, foi "profanado" e alguns órgãos "amputados".

Este está longe de ser o primeiro caso do género. O fenómeno é antigo e, apesar das denúncias das organizações de diretos humanos, a situação continua na mesma. "Nessas aldeias [onde acontecem os atos] não há segurança para as pessoas, francamente não há", lamenta Justo Braima Camará, presidente do Movimento da Sociedade Civil da Região de Quínara, no sul do país, que considera a situação preocupante.

"Estamos a pedir às autoridades locais para que multipliquem os elementos de segurança, para poder garantir segurança às populações que vivem nessas aldeias", apela.

Cabo Verde regista mais duas mortes na Praia e 46 novos casos positivos

Cabo Verde contabilizou hoje (28) mais duas mortes na Praia provocadas pela covid-19, passando a ter um total de 59 óbitos associados à doença, e mais 46 novos casos positivos, informou o diretor Nacional de Saúde. A situaçao, segundo alertam observadores atentos, é mais complicada do que se pensa, poraunto agora acontecem mortes de doentes com mais regularidades, principalmente em Santiago.

Segundo a Lusa, no habitual ponto de situação da doença no país, Artur Correia informou que os dois óbitos aconteceram no Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia, e são dois homens, de 85 e 93 anos.

Nas últimas 24 horas, o país registou mais 46 novos casos positivos de covid-19, dos quais 42 no concelho da Praia, elevando para 5.817 casos acumulados desde 19 de março no país.

De domingo para esta segunda-feira, as autoridades de saúde deram alta a mais 103 doentes, acrescentou o diretor nacional, passando o país a ter um acumulado de 5.134 pessoas dadas como recuperadas (88%).

Cabo Verde tem neste momento 622 casos ativos da doença, ainda segundo o porta-voz do Ministério da Saúde, a que se juntam a dois transferidos para os seus países.

Covid-19: PR de Cabo Verde alerta que 2021 pode ainda ser pior

Jorge Carlos Fonseca pede um "exercício mais efetivo" das autoridades no combate à Covid-19 na Praia, alertando que 2021 pode ser ainda pior em termos económicos. Governo fala em "massificação dos testes" à Covid-19.

A posição do Presidente cabo-verdiano e do Governo surge após reunião do Conselho da República, esta segunda-feira (28.09), que analisou a situação epidemiológica do arquipélago, quando o país regista um acumulado de 5.817 casos diagnosticados em seis meses e 59 mortos.

"Se não baixarmos [o nível de transmissão da doença], não conseguiremos retomar minimamente a economia, não poderemos iniciar a cooperação económica e as perspetivas - os cabo-verdianos têm de ter essa noção - não são boas (…). Não alterando este quadro, 2021 será um ano ainda bem mais difícil do que o de 2020", enfatizou Jorge Carlos Fonseca. 

Face às consequências económicas e sociais que o país desde já antecipa, o chefe de Estado defendeu que é possível fazer uma "reflexão" sobre um "consenso nacional" para a recuperação do país, envolvendo partidos, sindicatos e agentes económicos. Mas isto pode ser feito apenas depois do atual ciclo eleitoral, que além das autárquicas de 25 de outubro ainda prevê eleições legislativas e presidenciais em 2021. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Assange e a miséria do jornalismo

José Goulão | AbrilAbril | opinião

O silêncio guardado pela comunicação social corporativa em relação ao linchamento judicial de Julian Assange e da liberdade de informação que está a decorrer em Londres testemunha o estado de miséria a que chegou o jornalismo dominante, capturado pelos grandes interesses minoritários e elitistas que controlam o mundo.

Perante a mascarada de justiça que prossegue num tribunal de Old Bailey para crucificar o homem que contribuiu para demonstrar alguns dos mais incontestáveis crimes contra a humanidade que têm vindo a ser cometidos em nome da democracia, das liberdades e dos direitos humanos, evaporam-se os mais básicos princípios deontológicos e as mais elementares normas éticas de uma profissão que é essencial para a dignidade de qualquer ser humano, sob qualquer sistema político e em qualquer lugar do mundo. O martírio de Assange é relatado e desmontado apenas por jornalistas e comentadores submetidos a uma espécie de clandestinidade mediática, barrados pelo muro espesso de silêncio, manipulação e mentira montado pelos proprietários dos meios de informação dominantes e alimentado pelas suas hierarquias de mercenários.

Vingança e intimidação

Em termos formais, o que está em causa no julgamento do fundador do website WikiLeaks em Londres é um pedido de extradição apresentado pela justiça norte-americana para que Assange venha a ser julgado nos Estados Unidos por uma panóplia de supostos crimes, os mais sonantes dos quais são a espionagem e a conspiração. A seriedade do processo é tal que a sentença do julgamento em território norte-americano é conhecida por antecipação: 175 anos de reclusão. Sem dúvida, um caso de viciação em que o resultado é divulgado antes de se iniciar o jogo.

Na prática, estamos perante a um assalto vingativo contra alguém que expôs os crimes e os métodos de propaganda suja praticados pelos Estados Unidos e muitos dos seus aliados – designadamente através das guerras sem fim – para gerirem a pretendida globalização imperial e neoliberal; e testemunhamos um assalto desapiedado contra a liberdade de informação através da intimidação dos jornalistas que levam a sério o seu ofício, doa a quem doer.

O julgamento do pedido de extradição apresentado pelos Estados Unidos é mais uma etapa de um caminho repleto de atrocidades processuais contra Assange, a começar por um caso de alegado assédio sexual praticado na Suécia e que foi – como está hoje provado – totalmente montado pela polícia sueca, certamente não apenas por iniciativa própria. Um percurso que prosseguiu com o penoso refúgio de anos na Embaixada do Equador em Londres, a traição do governo deste país chefiado pelo colaborador da CIA Lenin Moreno e o posterior internamento, em condições insalubres, na prisão de Belmarsh na capital britânica, por suposta falta a uma audiência de um tribunal. Uma prisão onde Julian Assange é submetido a «tortura psicológica», como denunciou o relator especial das Nações Unidas sobre a tortura, Nils Metzer – sem que isso tenha sido suficiente para soltar a verve do secretário-geral da organização sobre a gravidade do assunto.

Eleições EUA 2020: o que dizem as sondagens


Nos estados que podem vir a ser decisivos para a eleição do próximo Presidente dos EUA, Joe Biden leva vantagem sobre Donald Trump. Mas os especialistas chamam a atenção para a pouca frequência das sondagens e para as amostras reduzidas nos sítios mais importantes.

O campeonato das sondagens nos EUA já era difícil de ganhar antes das eleições presidenciais de 2016, mas a aparente hecatombe nas previsões desse ano afectou ainda mais a credibilidade das empresas que se dedicam a essa tarefa.

De pouco vale recordar que a maioria das sondagens nacionais, há quatro anos, acertou quase em cheio: a média apontava para uma vantagem de 3,3 pontos percentuais de Hillary Clinton sobre Donald Trump na contagem do voto popular, e a candidata do Partido Democrata obteve mais quase três milhões de votos do que o seu adversário do Partido Republicano – o equivalente a 2,2 pontos percentuais.

New York Times: Trump não pagou impostos em 10 dos últimos 15 anos

O jornal norte-americano teve acesso ao historial fiscal de Donald Trump ao longo de mais de duas décadas e revela que o atual presidente dos EUA tem centenas de milhões de dólares em dívidas a vencer e durante muitos anos não pagou impostos por declarar mais perdas que ganho

A investigação revelada este domingo pelo New York Times refere que o presidente dos EUA pagou 750 dólares em impostos federais no ano em que venceu as eleições (2016) e outros 750 dólares no primeiro ano na Casa Branca. Em 10 dos 15 anos anteriores, Donald Trump não pagou qualquer imposto ao governo federal, principalmente porque declarou ter perdido muito mais dinheiro do que aquele que ganhara.

O jornal norte-americano teve acesso aos dados tributários de mais de duas décadas do presidente, colocados em sigilo durante anos. O levantamento não inclui impostos entregues por Trump em 2018 e 2019, mas os documentos - que o magnata tentou arduamente manter em privado - são suficientes para lhe traçar um perfil completamente diferente daquele que foi vendido aos americanos, bem longe do empresário multimilionário de sucesso.

Início da pandemia em Portugal teve origem genética no Norte de Itália

O arranque da pandemia em Portugal foi marcado por uma variante genética com origem no norte de Itália, que deu origem a 3800 infeções no Norte do país.

A informação foi revelada pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, esta segunda-feira, na conferência de imprensa sobre a evolução da covid-19 em Portugal, com base nos primeiros resultados do estudo genético que está a ser desenvolvido pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA).

João Paulo Gomes, coordenador do estudo, acrescentou que esta "variante genética é proveniente da região da Lombardia, terá entrado em Portugal no dia 20 de fevereiro na região Norte/Centro, na zona industrial e se terá disseminado de uma forma não passível de ser detetada pelas autoridades de saúde pública durante dez dias".

Eram já "3800 casos a meio de abril", revelou. Nesta altura, "um em cada quatro casos foram causados por esta variante genética específica", explicou João Paulo Gomes.

Os resultados completos do "Estudo da diversidade genética do novo coronavírus SARS-CoV-2 em Portugal", que já analisou 1785 sequências do genoma do novo coronavírus, serão divulgados dentro de duas a três semanas.

Portugal | Mais quatro mortos e 425 novos casos de covid-19


Nas últimas 24 horas, Portugal ultrapassou os 74 mil casos de covid-19, com 425 novas infeções. Há mais quatro óbitos e mais 24 doentes internados. Mais 237 doentes recuperaram.

Portugal regista, esta segunda-feira, um total de 1957 mortes de covid-19 e 74029 casos positivos, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde. Doentes recuperados são agora 47884.

Três dos quatro novos óbitos assinalados ocorreram na região Norte e um na região de Lisboa e Vale do Tejo - são três mulheres com 80 ou mais anos e um homem entre 70-79 anos.

A região de Lisboa contabiliza mais 188 infeções e a região Norte tem 168 novos casos. O Centro contabiliza mais 43 casos, o Alentejo mais sete e o Algarve mais 19. Açores e Madeira não registam novas infeções.

Nas últimas 24 horas foram internados mais 24 doentes com covid-19 (659 no total) e há mais nove em unidades de cuidados intensivos (98).

Há 44171 contactos sob vigilância das autoridades de saúde (menos 103) e 24188 casos ativos (mais 184).

Na comparação semanal dos novos casos por concelhos, destaque para o aumento de 467 casos em Lisboa (6517 no total), de 339 casos em Sintra (5441), de 179 em Loures (3092), de 124 na Amadora (3038) e 121 em Vila Nova de Gaia (2275).

Sandra Alves | Jornal de Notícias | Imagem: Pedro Correia/Global Imagens

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