Agências humanitárias tentam
contato com grupos armados
A ação cada vez mais intensa de grupos armados no norte de Moçambique deslocou mais de 310 mil pessoas e gerou uma situação de crise humanitária urgente. O situação é considerada grave e obrigou o Programa Alimentar Mundial (PAM) a traçar uma megaoperação para atender aos deslocados internos espalhados por ilhas e pelo interior das províncias da região.
Os rebeldes tomaram o porto estratégico de Mocímboa da Praia há seis semanas. Confrontos entre combatentes - que se dizem alinhados com o "Estado islâmico” - e as forças governamentais têm obrigado um número imenso de residentes a fugir. "O conflito e a violência deixam pessoas sem acesso a alimentos e a meios de subsistência", disse Antonella D'Aprile, representante do PAM na região.
O PAM está a trabalhar com o Governo de Moçambique e outras agências de ajuda para conseguir alimentos e abastecer os deslocados utilizando barcos e camiões. Em breve, o programa das Nações Unidas espera que aviões e helicópteros estejam disponíveis.
Segundo os técnicos que trabalham
"A situação é extremamente volátil e perigosa, mas nós conseguimos localizar grandes números de deslocados e distribuir alimentos a 200 mil pessoas no mês passado. Esperamos chegar a cerca de 300 mil este mês", informa Castro.
Como chegar às pessoas?
D'Aprile salienta que a crescente
insegurança e falta de infraestruturas dificultam ainda mais os trabalhos das
agências humanitárias porque os agentes não conseguem chegar perto das pessoas
que necessitam ajuda. ''Agora com Covid-
O acesso e a comunicação com o perímetro do porto de Mocimboa da Praia e cidades circundantes, incluindo Palma, foi cortado. As equipas de segurança das Nações Unidas estão a tentar iniciar contato com os grupos armados a fim de "negociar o acesso às comunidades famintas”, disse Castro.
Segundo o PAM, a ameaça da fome aumentou no norte de Moçambique como um todo. As comunidades tiveram acesso a alimentos e rendimentos interrompidos. A expectativa dos técnicos da Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome é de que os níveis de insegurança alimentar se mantenham no ano que vem.
Conforme dados do PAM, a província de Cabo Delgado já tinha a segunda taxa mais alta de desnutrição crónica de Moçambique, com mais de metade das crianças com menos de 5 anos cronicamente subnutrida. Qualquer choque adicional poderia agravar a situação - especialmente para mulheres e crianças.
O conflito já matou mais de 1.500 pessoas desde o seu início em 2017 e o aumento da violência.
Deutsche Welle | AP, mp
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