Governo moçambicano não pondera
solicitar às Nações Unidas envio de uma força para ajudar a combater os
insurgentes
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, afirmou esta terça-feira (29.09) que Moçambique não equaciona solicitar, neste momento, o envio de uma força da ONU para ajudar o país a combater os alegados grupos jihadistas, no norte do país. Os ataques já resultaram em cerca de mil mortos e 250 mil deslocados internos.
"Não sei, nem sei se de facto seria a melhor prática agora, neste momento, trazer uma força das Nações Unidas. Eu creio que os nossos jovens [membros das Forças de Defesa e Segurança] que se encontram no terreno de operações estão a trabalhar", disse Verónica Macamo, citada pela Rádio Moçambique.
A chefe da diplomacia moçambicana
reconheceu, no entanto, que a situação
"Não nos parece que haja problemas de falta de força ou de capacidade da parte dos nossos jovens militares ou polícias. Nos parece que, efetivamente, é a complexidade do terreno, mas que eles vão ganhando terreno, vão se esforçando e sentimos que os resultados estão aí", concluiu a ministra.
ONU não tem papel ofensivo
Em declarações à DW África sobre o posicionamento do Governo, o analista Fernando Lima observa que as Nações Unidas habitualmente não têm qualquer papel ofensivo, são forças de manutenção de paz. E não é este o atual cenário no teatro de operações, acrescenta o jornalista.
"Há uma situação que exige um 'proativismo' das forças no teatro de operações, que não pode ser a presença de uma força de manutenção de paz."
Fernando Lima lembra que o Governo tem tido uma atitude muito contida em relação aos pedidos de apoios que faz internacionalmente, nomeadamente junto da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e mais recentemente da União Europeia (UE), em termos de questões logísticas.
"A perspetiva do Governo de
Moçambique é contar sobretudo com as capacidades locais, não obstante não
desprezar apoio material do exterior, significa meios financeiros ou meios
logísticos para combater a violência
Combater o terrorismo sem ajuda externa?
Mas será que as Forças de Defesa
e Segurança (FDS) moçambicanas estariam capacitadas para combater o terrorismo
"A resposta não pode ser sim ou não", afirma Fernando Lima, porque "ainda este ano a [reação] das Forças Armadas às ofensivas dos seus inimigos foi muito desastrada e foi consubstanciada na destruição e ocupação de algumas vilas de Cabo Delgado".
Contudo, mais recentemente,
recorda ainda Fernando Lima, a resposta, quer das Forças Armadas de Moçambique,
quer dos seus aliados externos, nomeadamente a força
mercenária, parece demonstrar "mais equilíbrio nos combates que
se têm desenrolado
Há cerca de duas semanas,
Moçambique solicitou apoio logístico à UE para ajudar a combater os alegados
jihadistas
"Temos que criar mais condições de segurança no norte de Moçambique, mas também mais condições de crescimento económico equitativo sustentável de apoio a população. Nós estamos disponíveis para apoiar Moçambique a combater o terrorismo. Vamos ver quais são os pedidos em concreto de Moçambique", anunciou o diplomata.
Leonel Matias (Maputo) | Deutsche Welle
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"MOÇAMBIQUE A RETALHOS" - https://paginaglobal.blogspot.com/2020/09/mocambique-retalhos.html
"A SOMALIZÇÃO DE ÁFRICA" - https://paginaglobal.blogspot.com/2020/09/a-somalizacao-de-africa.html
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