domingo, 20 de setembro de 2020

Por uma Europa Livre de Armas Nucleares

Declaração da Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos em apoio da criação de uma Europa Livre de Armas Nucleares

11 de Setembro de 2020

«A WFSW apoia o apelo ao fim da modernização de todas as armas nucleares e seus vectores; insta os governos europeus não signatários do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares a que reconsiderem a sua posição e adoptem o Tratado tão cedo quanto possível. A Federação Mundial de Trabalhadores Científicos apela a todas as organizações europeias filiadas a fazerem campanha por uma Europa livre de armas nucleares e pela abolição de armas nucleares no plano mundial.»

A Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos (World Federation of Scientific Workers – WFSW) saúda e adere à iniciativa tomada por um grupo de activistas amantes da paz e ONG’s que entendem a necessidade de consciencializar os nossos concidadãos da ameaça iminente de um conflito armado nuclear que coloca em risco a sobrevivência da vida no planeta. As tendências actuais no desenvolvimento de equilíbrios geopolíticos não são um bom presságio de um futuro melhor. Os ponteiros do Relógio do Juízo Final, um símbolo que representa a probabilidade de uma catástrofe global provocada pelo homem, nunca estiveram tão perto da “meia-noite” como estão hoje. Na verdade, desde o suposto fim da chamada “guerra fria” no ano de 1991, quando o relógio foi acertado nos 17 minutos para as 12 horas, apenas uma vez os ponteiros foram atrasados, e em apenas 60 segundos. Foi em 2010 no seguimento da assinatura pelos EUA e pela Federação Russa do Tratado Novo Início (New Start Treaty). Desde então os ponteiros do relógio simbólico têm avançado constantemente para a meia-noite e estão agora a meros 100 segundos de distância.

Embora nos dias actuais a guerra nuclear e as alterações climáticas sejam geralmente aceites como as maiores ameaças à sobrevivência da nossa espécie na Terra, a emergência de novas tecnologias desestabilizadoras numa série de campos críticos como a inteligência artificial, o espaço, a hipersónica e a biologia contribuem para uma perigosa e multifacetada instabilidade global. Na verdade, enfrentamos uma crescente ameaça de guerra de informação e outras tecnologias disruptivas.

No que diz respeito às armas nucleares, a situação tem piorado constantemente após a retirada dos EUA do Tratado ABM em 2002 e do Tratado INF em vigor a partir de 2 de Agosto de 2019. O único tratado de controlo e redução de armas nucleares que permanece em vigor hoje em dia é o New Start Deal, que expira em Fevereiro de 2021 a menos que os signatários - EUA e Rússia - cheguem a acordo sobre a opção de prorrogação de até cinco anos prevista no Tratado. Um acordo parece hoje altamente duvidoso.

Portanto, é de importância decisiva apelar a todas as mulheres e homens cujo futuro está em jogo a que se mobilizem contra forças belicistas que, seja sob que disfarce for, estão no controlo de poderes instituídos, independentemente de onde se situem ou de quem representem.

A WFSW tem uma longa tradição de apoiar o envolvimento de trabalhadores científicos e suas associações em favor da Paz, independentemente da sua filiação na Federação. Nos anos que se seguiram à segunda guerra mundial um número significativo de cientistas proeminentes, incluindo o primeiro presidente da WFSW, Frédéric Joliot-Curie, foram instrumentais para revelar o poder destrutivo e as consequências do uso de armas atómicas como meio de guerra.

O papel dos trabalhadores científicos era então e continua a ser de particular importância na promoção de uma clara consciência dos perigos associados à acumulação e sofisticação de arsenais nucleares, através de uma interação diligente e inteligente com o público em geral.

Tal como foi sublinhado num recente editorial da revista Nature pedindo aos investigadores “que libertem o mundo das armas nucleares” deve reconhecer-se como tarefa urgente a de estabelecer uma rede global de investigadores especializados em diferentes aspectos da ciência e tecnologia nuclear. Uma tal rede poderia desempenhar um papel consultivo junto dos governos signatários do Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPNW).

No que diz respeito à Europa, o estacionamento de armas nucleares e veículos de lançamento deveria ser banido. Não garantem a segurança dos cidadãos europeus, antes aumentam riscos que não estão preparados para enfrentar por meio da diminuição do chamado limiar nuclear. No campo nuclear um aspecto da corrida armamentista em curso é a modernização dos explosivos e meios de lançamento associados. Está em andamento o projecto e teste de dispositivos de menor dimensão e mais furtivos, bem como de meios hipersónicos de lançamento.

A WFSW apoia o apelo ao fim da modernização de todas as armas nucleares e seus vectores; insta os governos europeus não signatários do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares a que reconsiderem a sua posição e adoptem o Tratado tão cedo quanto possível. A Federação Mundial de Trabalhadores Científicos apela a todas as organizações europeias filiadas a fazerem campanha por uma Europa livre de armas nucleares e pela abolição de armas nucleares no plano mundial.

Secretariado Internacional da WFSW | em O Diário.info

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