Marcelo Rebelo de Sousa, tão dado
a percepções quando se tratou da Festa do Avante!, não percepciona que o que
afecta a imagem de Portugal é acobertar sob o chapéu da «liberdade» quem
pretende que a cidadania seja uma opção individual e não um dever colectivo.
«Mesmo quando não parece, estou
sempre a defender o PSD». As palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, que cito de
cor, vieram-me à memória por estes dias a propósito de duas «polémicas»
alimentadas pela e na comunicação social dominante: a contestação à realização
da Festa do Avante! e o alegado direito à objecção de consciência na frequência
da disciplina Cidadania e Desenvolvimento.
No primeiro caso, MRS começou por dizer que só falaria do assunto após serem conhecidos os critérios definidos pela DGS para a realização da Festa; voltou ao tema para criticar o pretenso atraso na divulgação dos ditos critérios; repisou na questão mais duas ou três vezes para manifestar desacordo com o PCP e a DGS devido a…. uma percepção! Disse o primeiro magistrado da nação, referindo-se a uma iniciativa política – porque é isso que a Festa do Avante! é na sua essência – que o problema da sua realização não estava no facto de estar «bem organizada ou mal organizada», mas sim na percepção que «uma parte da opinião pública tem em relação ao acontecimento».
Enquanto isso, MRS recebeu em Belém os dois primeiros subscritores do abaixo-assinado “Em defesa das liberdades de educação” e deu conta do facto numa breve nota publicada na página oficial da Presidência da República sob o elucidativo título “Liberdade de educação”.
Neste caso não houve comentários nem percepções do PR sobre o apoio de figuras públicas da sua família política ao pai que impediu os dois filhos de frequentarem as aulas de Cidadania e Desenvolvimento, disciplina obrigatória, e rejeitou todas as propostas que lhe foram feitas para evitar o chumbo dos seus educandos.
Não houve comentários nem percepções apesar das mentiras veiculadas sobre o assunto, como chamar à disciplina “sexualidade, género e interculturalidade”, como fez Nuno Melo; dizer que houve um despacho ministerial a «chumbar dois alunos», o que é falso; ou omitir que a lei do Estatuto do Aluno e Ética Escola, que rege a questão das faltas injustificadas, é do governo Passos Coelho e foi promulgada por Cavaco Silva, ambos signatários do manifesto.
MRS, tão dado a percepções quando se tratou da Festa do Avante!, não percepciona que o que afecta a imagem de Portugal é acobertar sob o chapéu da «liberdade» quem pretende que a cidadania seja uma opção individual e não um dever colectivo.
Não sendo dada a percepções, palpita-me que isto é o que parece.
O original encontra-se aqui
http://www.avante.pt/pt/2441/opiniao/160571/Percepções.htm
http://www.avante.pt/pt/2441/opiniao/160571/Percepções.htm
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