domingo, 5 de janeiro de 2020

Assassínio de Soleimani: o que pode acontecer a seguir?


The Saker

Primeiro, um rápido resumo da situação

Precisamos começar por resumir rapidamente o que acaba de acontecer:

1. O general Soleimani estava em Bagdad numa visita oficial para acompanhar o funeral dos iraquianos assassinados pelos EUA no dia 29
2. Os EUA agora assumiram oficialmente a responsabilidade por este assassinato
3. O Supremo Líder iraniano, aiatola Ali Khamenei declarou oficialmente que "Contudo, uma severa retaliação aguarda os criminosos que pintaram as suas mãos corruptas com o sangue dele e dos seus companheiros martirizados ontem à noite"

Os EUA colocam-se a si próprios – e ao Irão – em apuros

Os iranianos simplesmente não tiveram outra escolha senão declarar que haverá uma retaliação. Existem alguns problemas básicos com o que acontece a seguir. Vamos examiná-los um por um:

1. Primeiro, é bastante óbvio a partir dos disparates da agitação de bandeiras nos EUA que o Tio Shmuel [1] está "bloqueado e embriagado" por acções e reacções ainda mais machas. De facto, o secretário Esper basicamente descreveu os EUA no que eu chamaria de uma "super-reacção de encurralamento" ao declarar que "o jogo mudou" e que os EUA tomarão "acção antecipativa" sempre que se sintam ameaçados. Portanto, os iranianos têm de assumir que os EUA super-reagirão a qualquer coisas que mesmo remotamente se pareça a uma retaliação iraniana.

2. Não menos alarmante é que isto cria as condições absolutamente perfeitas para uma falsa bandeira como o " USS Liberty ". Exactamente agora, os israelenses tornaram-se pelo menos um grande perigo para os soldados e instalações dos EUA por todo o Médio Oriente, tal como os próprios iranianos. Como? Simples! Disparam um míssil/torpedo/mina a qualquer navio da US Navy e culpam o Irão. Todos nós sabemos que se isto acontecer as elites políticas dos EUA farão o que fizeram da última vez que isto aconteceu: deixam soldados dos EUA morrerem e protegem Israel a todo custo (leia sobre o USS Liberty se não sabe acerca disto).

3. Também há um risco muito real de "retaliações espontâneas" de outras partes (não o Irão ou seus aliados). De facto, na sua mensagem o aiatola Ali Khamenei declarou especificamente que "o martir Suleimani é uma face internacional para a Resistência e todos os amantes da Resistência partilham um anseio de retaliação pelo seu sangue. Todos os amigos – bem como todos os inimigos – agora devem saber que o caminho do Combate e Resistência continuará com duplicação da vontade e que a vitória final está decididamente a aguardar quem combate neste caminho". Ele está certo, Soleimani era amado e reverenciado por muitas pessoas em todo o globo, algumas das quais podem decidir vingar a sua morte. Isto significa que podemos muito bem ver alguma espécie de retaliação a qual, naturalmente, será atribuída ao Irão mas que poder não ser o resultado de quaisquer acções iranianas.

4. Finalmente, se os iranianos decidissem não retaliar, então podemos estar absolutamente certos de que o Tio Shmuel verá isto como uma prova da sua putativa "invencibilidade" e considerará que é uma licença para empenhar-se em acções ainda mais provocatórias.

Se examinarmos estes quatro factores em conjunto teremos de chegar à conclusão de que o Irão TEM de retaliar e TEM de fazê-lo publicamente.

Porquê?

Porque quer os iranianos retaliem ou não, é quase garantido que sofrerão outro ataque dos EUA em retaliação a qualquer coisa que se pareça a uma retaliação, esteja o Irão envolvido ou não.

O capitalismo em guerra sobre os escombros da Líbia


A realidade da situação da Líbia está para lá do que possam conceber as imaginações mais treinadas em tentar perceber os sentidos dos desenvolvimentos na arena internacional.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

A herança caótica deixada pela agressão da NATO contra a Líbia e que se aprofunda há quase nove anos está a degenerar numa situação aterradora de guerras cruzadas, motivadas por múltiplos interesses, capaz de fazer explodir alianças político-militares, afinidades religiosas e relações institucionais – com repercussões em todo o panorama internacional. O início, no dia de Natal, da transferência de terroristas da Al-Qaeda da Síria para território líbio, de modo a reforçar as forças do governo de Tripoli reconhecido pela ONU e a União Europeia, é apenas um dos muitos movimentos em curso na sombra dos holofotes mediáticos. E a Turquia acaba de aprovar o envio de tropas regulares para a Líbia.

A realidade da situação da Líbia está para lá do que possam conceber as imaginações mais treinadas em tentar perceber os sentidos dos desenvolvimentos na arena internacional. Habituada às notícias quase rotineiras relacionadas com os movimentos migratórios nas costas líbias e aos altos e baixos da guerra das tropas do governo de Benghazi contra as forças do executivo de Tripoli, a opinião pública mundial não faz a menor ideia do que está a acontecer. E do que pode vir a suceder de um momento para o outro.

A Líbia deixada pela guerra de destruição conduzida pela aliança entre a NATO e grupos terroristas islâmicos do universo Al-Qaeda/Isis tem actualmente três governos, além de um xadrez de zonas de influência controladas por milícias armadas correspondentes a facções tribais, tendências religiosas ou simples negócios de oportunidade, à cabeça dos quais estão o contrabando de petróleo e o tráfico de seres humanos.

 Haftar, à frente das tropas do chamado «Exército Nacional Líbio»; e um governo instalado no hotel Rixos, em Tripoli, formado pela Irmandade Muçulmana e do qual se diz que ninguém reconhece mas tem muitos apoios.

Nos últimos meses, a ofensiva das tropas do marechal Haftar chegou às imediações de Tripoli mas não conseguiu tomar a capital, apesar dos sangrentos bombardeamentos. Nos bastidores desta guerra diz-se que nenhum dos beligerantes está em condições de levar a melhor, esgotando-se num conflito sem solução à vista.

Portugal | PCP condena ataque dos EUA e desafia Governo a "condenar ato de guerra"


O PCP condenou hoje a morte do general iraquiano Qassem Soleimani e desafiou o Governo português a "condenar de forma clara este ato de guerra e escalada de provocação", exigindo também a retirada das tropas portuguesas no Iraque.

"O PCP condena os ataques militares no Iraque e o assassinato de um dos mais altos responsáveis militares do Irão perpetrados pelos EUA, o que constitui um inequívoco ato de guerra cujos desenvolvimentos podem ter consequências profundamente negativas para os povos do Médio Oriente e repercussões em todo o mundo", lê-se numa nota de imprensa hoje divulgada.

Na nota, os comunistas desafiam o Governo português a, "de forma clara, condenar este ato de guerra e escalada de provocação, sob pena de se tornar cúmplice dos crimes de guerra de Trump e Netanyahu e associar ainda mais Portugal às políticas incendiárias e criminosas do imperialismo".

No comunicado, o PCP diz que "este ataque militar representa um gravíssimo passo na escalada de tensão, provocação e agressão protagonizada pelos EUA e Israel no Médio Oriente -- em que se integra a violação pelos EUA do 'Acordo Nuclear sobre o Irão' e a ofensiva contra este país --, visando impor a hegemonia do imperialismo norte-americano em toda a região".

Portugal | Jovem estudante morto em Bragança. Cabo Verde quer clarificação “cabal”

Luís Giovani, assassinado por energumenos em Bragança
“Se tivesse outra origem não haveria comoção?"

José Soeiro, Isabel Moreira e Edite Estrela pedem justiça para Giovani, um jovem cabo-verdiano de 21 anos espancado numa rua de Bragança e que acabou por morrer, ao fim de 10 dias, internado no hospital.

Luis Giovani dos Santos Rodrigues, de 21 anos, foi espancado numa rua de Bragança, no dia 21 de dezembro, depois de uma saída à noite. Dez dias depois, quando a maioria das pessoas se despedia de 2019, o jovem cabo-verdiano sucumbia aos ferimentos, acabando por morrer sem chegar a 2020.

De acordo com o jornal luxemburguês Contacto, Giovani vivia há dois meses em Portugal, para onde veio estudar. No dia 21, decidiu sair à noite com três amigos. Tudo correu tranquilamente à hora da saída. Depois de um empurrão no espaço noturno, um grupo, alegadamente, já conhecido por dar problemas, fez uma espera aos cabo-verdianos e espancaram o mais velho destes.

Giovani terá pedido para pararem e, mesmo antes de acabar a frase, levado uma paulada na cabeça.

O grupo fugiu do local, Giovani ainda caminhou alguns metros para acabou por cair, já inconsciente. Foi transportado pelo INEM para o Hospital de Braga e, posteriormente, transferido para o Hospital de Santo António, no Porto, onde viria a morrer no dia 31 de dezembro.

Entretanto, a PSP identificou dois suspeitos, mas ninguém foi detido. A investigação continua, mas o caso está a gerar polémica. Nas redes sociais, muitas são as vozes que se levantam a pedir justiça e que apontam o dedo às autoridades, comunicação social e sociedade em geral por não haver uma “comoção nacional” com este caso de violência e homicídio.

José Soeiro do Bloco de Esquerda é um dos exemplos. “Um caso gravíssimo de agressão e homicídio, que do que aqui se pode ler [no jornal Contacto] é em tudo nojento, mas que não está nas primeiras páginas dos jornais nem nos destaques das televisões. Pergunto: se Giovani tivesse outra origem, não haveria já uma comoção nacional generalizada, comentadores empolados e uma onda mediática de choque e indignação?”, escreveu o deputado bloquista no Facebook.

Isabel Moreira também já se manifestou quanto ao caso. “Temos mesmo de saber tudo o que aconteceu . Não é normal que se tenha dado tão pouca relevância a esta história pavorosa. E claro que queremos saber das possíveis motivações racistas (quem não põe essa hipótese?)”, lê-se na publicação feita pela parlamentar socialista no Facebook.

Por sua vez, Edite Estrela, pede, através de uma pergunta, que se encontre os responsáveis pelo homicídio do jovem: “Quem lhe quis roubar o sorriso e o futuro?”

Recorde-se que este sábado, o embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, pediu a clarificação "cabal" das circunstâncias da morte do estudante cabo-verdiano.

Notícias ao Minuto

Presidente de Cabo Verde tem acompanhado o caso
Cabo Verde quer clarificação "cabal" da morte de estudante em Bragança

O embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, pediu hoje a clarificação "cabal" das circunstâncias da morte de um estudante cabo-verdiano após ferimentos graves sofridos numa agressão em Bragança, em 21 de dezembro.

Em comunicado, a Embaixada de Cabo de Verde em Portugal refere que Eurico Monteiro está a "acompanhar de perto as investigações e os seus desenvolvimentos", com vista a "clarificar-se de forma cabal as circunstâncias da morte e determinar-se as eventuais responsabilidades".

No dia 21 de dezembro passado, o estudante cabo-verdiano do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) Luís Giovani dos Santos Rodrigues terá sido agredido em Bragança.

Transportado para o Hospital de Santo António, no Porto, o jovem estudante, de 21 anos, acabou por morrer no dia 31 de dezembro, segundo o comunicado da Embaixada de Cabo Verde em Lisboa.

O comunicado refere que a Embaixada entrou em contacto com o Comando de Bragança da Polícia de Segurança Pública (PSP) "para recolher informações, que lhe foram prontamente prestadas, com as limitações compreensíveis na circunstância".

"O processo foi encaminhado à Polícia Judiciária para o competente tratamento. Foi ordenada também a realização da autópsia para se conhecer com precisão a causa da morte", esclarece ainda a Embaixada, que sublinha estar a apoiar a família da vítima.

"O embaixador falou com o senhor secretário de Estado do Ensino Superior de Portugal, Prof. Sobrinho Teixeira, a este propósito, tendo recebido deste votos de pesar pela ocorrência", lê-se.

Luís Giovani era natural da ilha cabo-verdiana do Fogo, tendo o município de Mosteiros publicado uma nota sobre a sua morte, recordando que tinha viajado em outubro para Bragança, "para seguir o curso de Design de Jogos Digitais" no IPB.

"Giovani era um dos mais promissores artistas de Mosteiros, tendo-se destacado na banda Beatz Boys, um grupo integrado por jovens formados pela paróquia de Nossa Senhora da Ajuda e artistas oriundos do agrupamento De Martins", lê-se na mesma mensagem da Câmara Municipal dos Mosteiros.

Notícias ao Minuto | Lusa

Portugal | A violência contra os médicos


A violência contra os médicos no exercício da sua profissão é um sintoma de uma doença. Chama-se degradação social.

João Araújo Correia* | Público | opinião

Hoje, durante o pequeno-almoço, a televisão dava a notícia de mais dois casos de violência extrema contra médicos, em Moscavide e Setúbal. Sou um internista com 60 anos, que ainda não interiorizei, e no domingo estarei de urgência durante 24h. A minha mulher insiste em que devo deixar de fazer urgência, conforme a lei permite. Ao ouvir a notícia, começo a pensar que ela tem razão.

A violência contra os médicos no exercício da sua profissão é um sintoma de uma doença. Chama-se degradação social. Estes dois últimos governos não provocaram a enfermidade, mas deram as condições propícias para que ela se manifestasse e esteja a alastrar de forma avassaladora!

A degradação social é um fenómeno de corrosão progressiva, que temos dificuldade em reconhecer, até se tornar evidente que o nível de civilização baixou irremediavelmente. Nunca há um único culpado. Há um crescente laxismo, em que vamos aceitando o inaceitável. Na televisão, a vulgaridade é catapultada ao estrelato. Todos acreditam que o estatuto social se mede pelos bens, que se exibem sem despudor. A inteligência é confundida com a esperteza. Ninguém lê um livro ou dá valor a um intelectual.

Portugal | BE não vai votar a favor do Orçamento do Estado para 2020


Catarina Martins anunciou que o Bloco de Esquerda não vai votar a favor do OE2020, mas assegurou que as negociações com o Governo continuam.

O Bloco de Esquerda vai abster-se ou votar contra o Orçamento do Estado. O anúncio foi feito, na tarde de sábado, por Catarina Martins.

"A mesa nacional do Bloco considera que não há condições para votar favoravelmente a proposta do Orçamento do Estado apresentada pelo Governo", afirmou a coordenadora do Bloco de Esquerda, frisando que, "no entanto, estão em curso ainda negociações entre o Bloco de Esquerda e o Governo, o PS e achou [a mesa nacional] por bem não interromper o processo negocial".

Catarina Martins recordou que existe uma "situação particular em que a abstenção do Bloco de Esquerda chega para viabilizar o OE". Assim, "não é preciso fazer ponderações muito mais alargadas", afirma, salvaguardando que o partido considera "muito importante que um OE seja um OE negociado à esquerda com todos os partidos de esquerda".

O Bloco aguarda para verificar se, ainda antes de sexta-feira, "há algum caminho possível para matérias orçamentais fundamentais que o BE propõe". "Se houver esse caminho o BE poderá abster-se e viabilizar o Orçamento. Se estas negociações não derem esse caminho necessário, o BE votará contra o OE2020", alertou a coordenadora do Bloco.

Inês André Figueiredo | TSF | Imagem: © Mário Cruz/Lusa

Comentário associado
Teatro... tem o mesmo efeito votar favoravelmente a abster-se, ao ponto de uma abstenção ser um voto a favor. Aquilo que ela diz não é que irá votar contra, ou que mantendo-se este orçamento vota contra, fazendo depender o voto favorável de negociações. Limita-se a dizer que não vai votar a favor o que é hipócrita já que o que ela está também a dizer é que votaram favoravelmente através da abstenção

Embaixada dos EUA em Lisboa emite alerta de segurança para cidadãos


A embaixada dos Estados Unidos em Lisboa emitiu hoje um alerta de segurança aos cidadãos norte-americanos em Portugal por causa do aumento da tensão no Médio Oriente, após a morte do general iraniano Qassem Soleimani em Bagdade.

No alerta, difundido online, a missão diplomática dos Estados Unidos na capital portuguesa assinala que o "aumento de tensão no Médio Oriente pode resultar e riscos de segurança acrescidos para os cidadãos norte-americanos no estrangeiro" e aconselha os norte-americanos em Portugal a manterem uma postura discreta, redobrarem a atenção em locais frequentados por turistas, reverem os planos pessoais de segurança e a manterem os documentos de viagem atualizados e acessíveis.

A Embaixada adianta que continuará a acompanhar a situação de segurança e fornecerá informações adicionais se tal se revelar necessário.

O comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani, morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o aeroporto internacional de Bagdade que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos.

Guerra dos EUA pela dominação global



Nota do autor 

O texto a seguir foi apresentado na Sociedade de Defesa dos Direitos Civis e da Dignidade Humana (GBM), Berlim, de 10 a 11 de dezembro de 2003, e na Universidade Humboldt, Berlim, em 12 de dezembro de 2003.

Escrito 16 anos atrás, após a invasão do Iraque liderada pelos EUA (março a abril de 2003), o artigo identifica "a próxima fase da guerra liderada pelos EUA", incluindo a intenção de Washington de travar uma guerra contra o Irã. Também se concentra no plano de Tel Aviv de "criar um Grande Israel", o que equivale a destruir a Palestina. 

Ele aborda a questão de "Bandeiras Falsas" e o papel da mídia na divulgação de propaganda de guerra. 

Dezesseis anos depois, a agenda militar hegemônica da América atingiu um limiar perigoso: o assassinato do general Soleimani do IRGC, ordenado por Donald Trump em 2 de janeiro de 2020, equivale a um Ato de Guerra contra o Irã.

O secretário de Defesa dos EUA, Mark T. Esper, descreveu como uma "ação defensiva decisiva", confirmando que a operação ordenada por Donald Trump havia sido realizada pelo Pentágono. "O jogo mudou", disse o secretário de Defesa Esper.  

Como reverter a maré da guerra?

Minar com força o aparato de propaganda da mídia que procura justificar “guerras humanitárias” sob a bandeira da responsabilidade de proteger (R2P).

Acuse todos os criminosos de alto cargo, incluindo o POTUS, bem como todo o aparato do Congresso que presta homenagem às guerras lideradas pelos EUA.

Alveje os poderosos interesses econômicos  que sustentam a guerra americana sem fronteiras,  incluindo Wall Street, Big Oil e o Complexo Industrial Militar

Como restaurar a democracia? 

“Para reverter a maré da guerra, as bases militares devem ser fechadas, a máquina de guerra (ou seja, a produção de sistemas avançados de armas como armas de destruição em massa) deve ser parada e o crescente estado policial deve ser desmantelado. Em geral, devemos reverter as reformas do “mercado livre”, desmantelar as instituições do capitalismo global e desarmar os mercados financeiros.

A luta deve ser ampla e democrática, abrangendo todos os setores da sociedade em todos os níveis, em todos os países, unindo-se em um grande impulso: trabalhadores, agricultores, produtores independentes, pequenas empresas, profissionais, artistas, funcionários públicos, membros do clero, estudantes e intelectuais.

Os movimentos anti-guerra e anti-globalização devem ser integrados em um único movimento mundial. As pessoas devem estar unidas entre os setores, os grupos de “questão única” devem dar as mãos em um entendimento comum e coletivo sobre como a Nova Ordem Mundial destrói e empobrece. ”(M. Chossudovsky, dezembro de 2003)

Não é tarefa fácil. Derrubar o projeto hegemônico.

Mudança de regime na América? 

Michel Chossudovsky , 4 de janeiro de 2020

O APODRECIMENTO DO IMPÉRIO EUA


Desde há décadas o imperialismo manda assassinar aqueles que em todo o mundo parecem ameaçar os seus interesses. Estadistas como Lumumba no Congo e Omar Torrijos no Panamá caíram vítimas das tramas dos serviços secretos estado-unidenses.

As tentativas de assassínio de Fidel Castro precisariam de uma base de dados para serem listadas, pois foram às centenas. Até agora, todos esses crimes eram cometidos de modo encoberto. Os métodos utilizados eram sempre camuflados e a CIA, na sua linguagem característica, procurava ter uma "negação plausível" para isentar-se de responsabilidades. 

Agora, com o assassínio do general Soleimani, tudo isto mudou. Assim, vemos o chefe de Estado da potência imperial assumir publicamente a responsabilidade de ter sido o mandante do crime. Isto é inédito – indica o grau de deterioração moral do governo dos EUA. Ele já se comporta descaradamente como gangster.

Resistir.info

Anatomia da próxima recessão global


Aos desequilíbrios financeiros já conhecidos, somam-se três prováveis choques de abastecimento – todos gestados pelos EUA. Agora, de nada adiantará inundar de dinheiro os mercados. Das entranhas de uma crise, pode surgir outra maior

Noriel Roubini | Outras Palavras |  Tradução: Antonio Martins | Imagem: Robert Cenedella, Pence on Earth (2017), detalhe

Há três choque negativos de abastecimento que poderiam desencadear uma recessão global em torno de 2020. Todos refletem fatores políticos que envolvem relações internacionais. Dois envolvem a China, e os Estados Unidos estão no centro de todos. Mais importante: nenhum deles pode ser aplacado pelas ferramentas tradicionais de política macroeconômica contracíclica.

O primeiro choque potencial deriva da guerra comercial e monetária entre Estados Unidos e China, que ampliou-se no mês passado, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou impor tarifas adicionais às exportações chinesas e rotulou formalmente a China como “manipuladora de moedas”. O segundo diz respeito à guerra fria de lenta maturação entre EUA e China sobre tecnologia. É uma rivalidade com todas as marcas de “Armadilha de Tucídides”. A China e os EUA disputam entre si o domínio sobre as indústrias do futuro: inteligência artificial (IA), robótica, 5G e outras. Os EUA incluíram a gigante chinesa Huawei em sua lista de companhias estrangeiras que representam, supostamente, uma ameaça à segurança nacional. Embora a Huawei tenha se beneficiado de exceções temporárias, que lhe permitem continuar usando componentes norte-americanos, o governo Trump anunciou, esta semana, que está acrescentando 46 parceiras da Huawei à lista.

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