Demissão foi entregue por carta
ao líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, que já a aceitou.
Abel Matos Santos demitiu-se da
comissão executiva do CDS. A notícia está a ser avançada pela RTP,
que afirma que a demissão foi entregue por carta ao líder do partido, Francisco
Rodrigues dos Santos. Ao Notícias ao Minuto, o novo presidente do CDS confirma
o pedido de demissão de Matos Santos, a qual já aceitou.
A demissão do centrista acontece
depois de terem vindo a público afirmações polémicas proferidas no Facebook entre
2012 e 2015.
Numa dessas afirmações, Abel
Matos Santos apelidara de “agiota dos judeus” o cônsul de Portugal em
Bordéus, Aristides Sousa Mendes, que ajudou a salvar milhares de judeus durante
a II Guerra Mundial. Noutras, elogiara Salazar e a PIDE.
Apesar de a recém eleita direção ter
desvalorizado a polémica numa primeira fase, as críticas persistiram,
inclusivamente dentro do partido. Pires de Lima, recorde-se, chegou mesmo a
desafiar o novo líder do CDS a retirar a confiança política a Matos
Santos.
Na resposta, a comissão executiva
defendeu, numa nota enviada aos jornalistas na sexta-feira , que o CDS é
“um partido humanista, personalista, profundamente tributário dos princípios
democráticos, da obediência ao primado da dignidade da pessoa humana, da tolerância,
e do respeito pelos povos”, e que “não há espaço para o racismo, para a
xenofobia, para o anti-semitismo, para a intolerância ou para
qualquer saudosismo de regimes que não assentem na liberdade”. Abel Matos
Santos “é também um reflexo desse espírito” e as declarações que vieram
agora a público têm apenas o objetivo de "prejudicar" o
partido, lia-se na nota.
“Sobre as suas afirmações antigas
[de Abel Matos Santos], algumas com mais de 10 anos, agora repristinadas apenas
com o firme propósito de prejudicar todo o CDS, a forma pública como se
distanciou do rótulo ignóbil que lhe quiseram colar é já clarificadora: a
direcção do CDS regista a mensagem cristalina que dirigiu hoje
pessoalmente à Comunidade Israelita de Lisboa, na qual reafirma o seu empenho
em honrar a história do povo judeu e a memória dolorosa do Holocausto”,
defendeu o partido liderado por Francisco Rodrigues dos Santos.
Abel Matos Santos, recorde-se, é
o rosto da Tendência Esperança em Movimento [TEM], movimento que fez oposição
interna a Assunção Cristas. Concorreu à liderança do CDS, mas acabou por
desistir da 'corrida' para apoiar aquele que viria a ser eleito presidente do
partido. Viria depois a ser um dos escolhidos para integrar a comissão
executiva do CDS, numa tentativa de agregar na direção as várias
sensibilidades internas.
Melissa Lopes | Notícias ao
Minuto
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- CDS. Um dos novos dirigentes
elogiou a PIDE e Salazar. E acusou Aristides Sousa Mendes de ser "agiota
de judeus"