domingo, 17 de maio de 2020

Como a biossegurança está possibilitando o neo-feudalismo digital



O mestre pensador italiano Giorgio Agamben tem estado na vanguarda - controversa - examinando que novo paradigma pode estar emergindo de nossa atual pandemia.

Recentemente, ele chamou a atenção  para um livro extraordinário publicado há sete anos que já apresentava tudo.

Em Tempetes Microbiennes, Patrick Zylberman, professor de História da Saúde em Paris, detalhou o complexo processo pelo qual a segurança da saúde, até agora à margem das estratégias políticas, estava entrando no centro do palco no início dos anos 2000. A OMS já havia estabelecido o precedente em 2005, alertando sobre "50 milhões de mortes" em todo o mundo causadas pela entrada da gripe suína. No pior cenário projetado para uma pandemia, Zylberman previu que o "terror sanitário" seria usado como um instrumento de governação.

Esse cenário de pior caso foi reformulado enquanto falamos. A noção de um confinamento obrigatório generalizado não se justifica por nenhuma justificativa médica ou pesquisa epidemiológica importante quando se trata de combater uma pandemia. Ainda assim, isso foi consagrado como a política hegemónica - com o inevitável corolário de inúmeras massas mergulhadas no desemprego. Tudo isso baseado em modelos matemáticos fracassados ​​e delirantes do tipo Imperial College, impostos por poderosos grupos de pressão que vão do Fórum Económico Mundial (WEF) à Conferência de Segurança de Munique.

Entre com o Dr. Richard Hatchett, um ex-membro do Conselho de Segurança Nacional durante o primeiro governo Bush Jr., que já recomendava o confinamento obrigatório de toda a população em 2001. Hatchett agora dirige a Coligação de Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), uma entidade muito poderosa que coordena o investimento global em vacinas e muito acolhedora com a Big Pharma. O CEPI é uma criação do WEF em conjunto com a Fundação Bill e Melinda Gates.

Fundamentalmente, Hatchett considera a luta contra o Covid-19 como uma "guerra" . A terminologia - adotada por todos, do presidente Trump ao presidente Macron - revela o jogo. Ela remonta à - o que mais - a guerra global ao terror (GWOT), como anunciada solenemente em setembro de 2001 pelo próprio Donald "Known Unknowns" Rumsfeld.

Rumsfeld, crucialmente, tinha sido o presidente  da gigante de biotecnologia Gilead. Depois do 11 de setembro, no Pentágono, ele se ocupou com o objetivo de diminuir a distinção entre civis e militares no que diz respeito ao GWOT. Foi quando o "confinamento obrigatório generalizado" foi conceituado, com Hatchett entre os principais atores.

Por mais que se tratasse de um conceito militarizado das Grandes Farmas, não tinha nada a ver com saúde pública. O que importava era a militarização da sociedade americana a ser adotada em resposta ao bioterrorismo - na época atribuída automaticamente a uma al-Qaeda esquálida e privada de tecnologia.

A versão atual deste projeto - estamos em “guerra” e todos os civis devem ficar em casa - assume a forma do que Alexander Dugin definiu como ditadura médico-militar.

Hatchett faz parte do grupo, ao lado de onipresente Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), muito próximo da OMS, WEF e da Fundação Bill e Melinda Gates, e Robert Redfield, diretor da US capítulo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Outras aplicações incorporadas no projeto incluirão vigilância digital abrangente, vendida como monitoramento de saúde. Já implementada na narrativa atual está a demonização ininterrupta da China, "culpada" de todas as coisas relacionadas a Covid-19. Isso é herdado de outro jogo de guerra testado e comprovado - o esquema Red Dawn.

Saúde mental é poder desrespeitar normas


Julga-se que ser são é aderir ao normal — mas a tentativa de segurança permanente é o que adoece. Recorrer à dor e à angústia, inconformar-se e arriscar são elementos essenciais para a reconstrução contínua de uma vida saudável

Túlio Coimbra | Outras Palavras

Simão Bacamarte, O Alienista de Machado de Assis, acreditava que a ciência tinha o poder de estabelecer de forma absoluta a linha que dividia a normalidade da loucura. Médico respeitado, viajou pela Europa e pelo Brasil e resolveu voltar para a sua cidade natal, Itaguaí, onde criou o manicômio Casa Verde.

Inveterado defensor do rigor científico, dizia ele “a ciência é o meu emprego”. Advogava que a divisão entre a razão e o desvario era fruto de uma linha clara, de tal modo que incumbia a ele, cientista circunspecto, separar os loucos da população sã da cidade.

Com o desenrolar do enredo, todos aqueles que desviavam da sanidade esperada, que apresentavam uma falha de caráter, que carregavam agruras e sofrimentos, terminavam por ser internados no manicômio Casa Verde.

Quando quase a totalidade da cidade estava internada no hospício, ele percebe que havia algo de errado com sua teoria, e assim resolve invertê-la, postulando, ao contrário, que na verdade eram aqueles que tinham a personalidade em perfeita conformidade com o esperado — que portavam o equilíbrio perfeito e concatenado de suas funções — que eram os loucos. Seguindo essa linha à risca, as internações novamente se intensificaram, até o ponto em que ele se frustra, percebendo mais uma vez que havia equívocos em sua doutrina.

Por fim, percebe que era ele o único que tinha as faculdades psíquicas intocadas, balanceadas e em perfeito funcionamento. Conclui, de uma vez por todas, que só podia ser ele o único louco da cidade. Fiel à Razão, resolve se internar na Casa Verde, onde morre só.

Portugal | A nova austeridade


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Tivemos tempos em que as incertezas e as dúvidas imperam; dúvidas e incertezas sobre a vida social, política e económica. Contudo, existem algumas certezas, sendo o regresso da austeridade uma delas.

A propagação do vírus e a subsequente paralisação das economias já está a ter um forte impacto nas mesmas. Como se sabe, nesta história tão bem conhecida, os responsáveis ficarão impunes (o dinheiro fala sempre mais alto) e serão os mais pobres e os remediados a pagar a factura.

Assim sendo, espera-se o regresso da tão malfadada austeridade que se traduzirá na receita do costume: mais impostos para quem já os paga, menos rendimentos para quem trabalha. Paralelamente, não seria de rejeitar a possibilidade de novas privatizações, sobretudo quando os Estados forem chamados a pagar as dívidas que contraíram na sequência da epidemia. 

Creio que a nova austeridade pode vir acompanhada pelo recrudescimento e fortalecimento da extrema-direita. Com essa nova austeridade, virá o desespero de tempos recentes - o desespero aliado a uma ignorância que nem a gestão desastrosa da epidemia adoptada por Trump ou Bolsonaro ajudará a mitigar.

Se os governos, sobretudo os verdadeiramente democratas, falharem, caindo novamente nas malhas apertadas da austeridade, espera-se o pior, do ponto de vista político, designadamente com o enfraquecimento, já em curso, das democracias.

Portugal | A pandemia da ignorância a propósito do “marxismo cultural”


José Pacheco Pereira* | opinião

Às vezes nem vale a pena bater no ceguinho, porque para bater em ceguinhos em Portugal arranja-se sempre uma multidão. De preferência quando o ceguinho já está mesmo ceguinho, porque mesmo só com um olho, o estilo reverencial abunda e o país é muito pequeno para haver independência crítica. E então se for anónima a pancada, os praticantes são mais que muitos.

Mas a ignorância atrevida, essa, sim, merece azorrague, até porque nos dias de hoje, de pensamento mais do que exíguo, a coisa tende a pegar-se pelas “redes sociais”, o adubo ideal da ignorância. Temos de suportar duas pandemias, a da ignorância e a do vírus. Convenhamos que é demais. Nestas alturas, tenho um surto de pedantismo incontrolável. Bom, não sei bem se a classificação de pedantismo é a melhor, mas que por lá anda, tenho a certeza.

Vem isto a propósito do actual uso e abuso da expressão “marxismo cultural”, muito comum hoje à direita mas também usada muitas vezes erradamente à esquerda, que, na sua globalidade, é cada vez menos marxista, mas ainda não deu por ela. Porém, o uso à direita é uma espécie de vilipêndio e insulto e, em muitos comentadores de direita, é comum para caracterizar uma espécie de polvo omnipresente, que lhes rouba as artes, as letras, o jornalismo, algumas universidades, as ciências sociais, a comunicação social, a educação e o ensino, e os obriga a refugiar-se nos espaços “livres” dos colégios da Opus Dei, no Observador, nos blogues de direita, na Universidade Católica, nos lobbies ideológicos empresariais com acesso à comunicação, nalgumas fundações, nalguns articulistas, na imprensa económica, etc. Para bunker contra o “marxismo cultural” já parece muito espaçoso, mas eles acham-no apertadinho.

Nuno Melo escreveu recentemente um artigo com o título sugestivo de “A supremacia do marxismo cultural”, que é um bom exemplo de quem não percebe nada do que está a falar. Começa com uma citação de Marx, aquilo a que ele chama a “lição” que a esquerda aprendeu:

“As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, porque a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, a sua força intelectual dominante.”

Muito bem. A frase quer dizer exactamente o contrário do que ele pretende. Quer ele dizer que é o proletariado a “classe dominante” nos dias de hoje e que é por isso que a “força intelectual dominante” é o marxismo? Interessante, ele vai certamente explicar-me quando é que houve mudança de “força material dominante”, ou seja, quando é que houve uma revolução. Na interpretação de Marx, são escritos como o de Melo que revelam a “força intelectual dominante”, ou seja, a da burguesia.

Covid-19 | Mais 15 mortes, 226 infetados e 814 recuperados em Portugal


Portugal registou, nas últimas 24 horas, mais 15 vítimas mortais por covid-19. No sábado, o número de óbitos tinha sido 13. No total, o novo coronavírus já matou 1218 pessoas no país.

De acordo com o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) enviado este domingo, há mais 15 mortes por covid-19 em Portugal. Desde o início da pandemia, o novo coronavírus já matou 1218 cidadãos.

Em relação ao número de infetados, houve um aumento de 226 doentes nas últimas 24 horas (inferior ao número de ontem, de 227). O número total de pessoas que contraíram SARS-Cov-2 é, assim, de 29036.

De sublinhar ainda que os internados voltaram a baixar: são agora 649, menos oito do que ontem (657). Nos cuidados intensivos estão menos sete pacientes (108 no total).

Foram registadas, nas últimas 24 horas, mais 814 recuperações. Há, agora, 4636 pessoas consideradas curadas desde o início do surto em Portugal.

No que toca às regiões, o Norte permanece como o mais afetado pelo vírus: são 693 (mais nove) mortes e 16352 (mais 70) doentes. Segue-se Lisboa e Vale do Tejo com 273 (mais seis) vítimas mortais e 8235 (mais 138) infetados e o Centro com 221 mortes (as mesmas de ontem) e 3626 (mais 17) pessoas com o novo coronavírus.

No Algarve, registam-se 15 mortes (as mesmas de ontem) e 356 (também os mesmos) infetados. No Alentejo mantém-se apenas um óbito e 242 (mais um) infetados.

O concelho de Lisboa é o que regista mais casos no país (1938, com mais 19), seguido de Vila Nova de Gaia (1479, com mais quatro), Porto (1317, com mais três), Matosinhos (1233, os mesmos de ontem) e Braga (com os mesmos 1153).


Desde o início do surto, morreram 624 (mais seis) mulheres e 594 (mais nove) homens, a maior parte deles com mais de 80 anos.

Tiago Rodrigues | Jornal de Notícias

Portugal | Proteção ou abandono?


Inês Cardoso | Jornal de Notícias | opinião

Não temos respostas únicas ou seguras, mas é tempo de refletirmos sobre como lidamos com o novo coronavírus sem deixar que ele mate a presença e o contacto de proximidade com aqueles que queremos proteger, particularmente os mais velhos.

É um caminho novo, que se faz a apalpar terreno, mas à medida que os dias passam torna-se particularmente penoso ver a imensa solidão a que muitos idosos estão expostos.

Não se trata apenas de quem vive em lares ou outras respostas institucionais. Há pessoas de 70 e 80 anos, ativas e habituadas a uma vida preenchida, que há dois meses não veem filhos e netos. Acontecerá em meio urbano, mas mais ainda nalguns ambientes rurais, quando as famílias estão separadas por centenas de quilómetros e à distância física se juntaram as barreiras psicológicas.

Nos tempos de incerteza que cruzamos, todas as reações são legítimas e compreensíveis. Mas importa refletir que o afastamento absoluto, única forma de prevenir o risco de covid, acarreta outros danos. Mais difíceis de medir, mas corrosivos. Os especialistas têm vindo a apontar sugestões concretas para um convívio em segurança. Um piquenique ou uma mesa colocada num quintal ou pátio são opções para refeições em família, sem que isso implique expor os outros a riscos. Há cuidados a ter, claro, mas nenhum é impeditivo de retomar contacto.

Importa ainda recordar que proteger os mais velhos pressupõe ouvi-los. Na ânsia de decidirmos por eles, acabamos por os menorizar e desrespeitar. Proteger não é decidir por alguém que tem plena capacidade para o fazer. Poderia parecer muito cómodo manter os grupos de risco isolados até que haja uma vacina. Mas seria uma absurda restrição da sua liberdade e vontade. Os nossos pais e avós precisam de particular cuidado, mas não que os infantilizemos. Ou que os abandonemos meses a fio, fechados numa redoma que não escolheram.

* Diretora-adjunta

Rússia regista 9.709 novos casos e total ultrapassa os 280 mil contágios


Número de vítimas mortais causadas pela Covid-19 ascende a 2.631

As autoridades russas anunciaram que foram detetados 9.709 novos casos desde ontem, refere a CNN. A Rússia ultrapassou desta forma os 280 mil casos confirmados - contabiliza 281.752. Em termos mundiais, o gigante do leste da Europa só fica atrás dos Estados Unidos que totaliza 1,4 milhões de pessoas infetadas com o coronavírus. 

Nas últimas 24 horas morreram mais 94 pessoas, o que aumenta para 2.631 o número de óbitos na Rússia desde o início da pandemia. 

Moscovo, a capital russa, é a cidade mais atingida pelo vírus no país. Mais de metade dos casos e das mortes registados verificaram-se em Moscovo. 

No entanto, o coronavírus está agora a propagar-se por outras cidades e regiões da Rússia. O sistema de saúde russo está em crise e as discrepâncias entre os hospitais e clínicas de Moscovo e as unidades de saúde em muitas cidades e regiões do país são notórias. 

Na passada segunda-feira, Vladimir Putin já tinha alertado os líderes regionais do país para o agravamento da situação, afirmando que estes teriam de decidir se pretendem manter as medidas de confinamento ou se querem começar a reabrir a economia. 

"Temos um país grande. A situação epidemiológica varia entre as regiões. Tivemos isto em conta anteriormente, e agora na próxima etapa temos de agir de forma ainda mais cuidadosa e específica", frisou o presidente russo então.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Getty Images

Homens presos por questionarem gestão da Covid-19 pelo Governo da Hungria


Dois homens foram detidos e interrogados durante horas na Hungria esta semana por criticarem a gestão do Governo em relação à pandemia do novo coronavírus, que provoca a covid-19, segundo a agência de notícias EFE.

As prisões, descritas pelos críticos do Executivo ultranacionalista húngaro como uma tentativa de intimidação, ocorreram devido à aplicação de uma lei recente que pune com prisão a disseminação de informações "alarmistas" sobre o vírus.

"És um déspota cruel. Mas não esqueça que, até agora, todos os ditadores caíram", foi um dos comentários publicados na rede social Facebook por András Kusinkszki, de 64 anos, preso na terça-feira.

János Csóka-Szücs, membro do partido Momentum (oposição) e que foi preso na quarta-feira, relembrou, numa das suas mensagens publicadas na mesma rede social, uma manifestação contra o Governo e acrescentou que o hospital em sua cidade esvaziou mais de 1.100 camas para atender pacientes do covi-19.

Ambos foram detidos com um dia de intervalo e o momento de suas detenções foi registado pela polícia húngara, que divulgou os vídeos na Internet.

As mensagens publicadas pelos dois críticos foram vistas e partilhadas por apenas dezenas de pessoas.

A polícia agiu, em ambos os casos, sob a suspeita de que os detidos haviam violado a lei que proíbe a divulgação de informações alarmistas.

No entanto, o Ministério Público da Hungria determinou que nenhum crime foi cometido.

Segundo dados oficiais da polícia, as autoridades estão a investigar 87 casos de possível delito de "alarmismo".

A oposição e as organizações não-governamentais (ONG) afirmam que essas prisões servem apenas para intimidar os cidadãos e, assim, minimizar as críticas ao Governo do primeiro-ministro ultranacionalista, Viktor Orbán.

O Parlamento húngaro, no qual o partido Fidesz (de Orbán) possui uma maioria de dois terços, concedeu ao Governo poderes especiais em março para administrar a crise do novo coronavírus, sem especificar por quanto tempo.

O pacote legal inclui uma emenda que prevê penas de até cinco anos de prisão por espalhar informações "falsas" ou "alarmistas" que dificultam ou impossibilitam a luta contra a pandemia.

A comissária europeia para os Valores e Transparência, Vera Jourová, prometeu na quinta-feira que a Comissão Europeia irá vigiar se a Hungria remove progressivamente as restrições para conter a pandemia.

Notícias ao Minuto | Lusa

Leia em Notícias ao Minuto:

Morreram 87 pessoas em Espanha. Número mais baixo dos últimos dois meses


Foram detetados 652 novos casos nas últimas 24 horas. Ao contrário do que acontece habitualmente, Pedro Sánchez antecipou-se ao Ministério da Saúde na divulgação do balanço mais recente.

Foi o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, quem deu a conhecer os últimos dados sobre a evolução da pandemia de Covid-19 em Espanha. O El País avança que Sánchez comunicou os dados durante uma reunião por videoconferência com os presidentes dos governos autónomos. O primeiro-ministro revelou que nas últimas 24 horas morreram 87 pessoas, o número diário mais baixo dos últimos dois meses. De recordar que este sábado o Ministério da Saúde tinha dado conta da morte de 102 pessoas. 

Algum tempo depois de Pedro Sánchez ter anunciado os dados mais recentes da situação em Espanha, o Ministério da Saúde publicou os números na sua conta de Twitter. 

No espaço de 24 foram diagnosticados 652 novos casos, o que eleva o número de casos de infeção desde o início do surto de coronavírus para 231.350. Quanto ao número total de mortes, situa-se agora nas 27.650. Espanha totaliza 149.576 pacientes recuperados.

Nesta altura estão hospitalizadas 125.110 pessoas (uma subida de 327 internamentos face a ontem). 11.528 pacientes encontram-se nas unidades de cuidados intensivos (mais 28 do que este sábado). 

A Comunidade de Madrid é a região mais afetada pelo coronavírus. Soma 66.338 casos positivos, embora tenha registado apenas seis novos casos nas últimas 24 horas. A Catalunha perfaz agora um total de 55.824 casos de contágio, tendo sido diagnosticados mais 116 casos desde ontem. 

[Notícia atualizada às 10h42]

Notícias ao Minuto | Imagem: © Reuters/Susana Vera

"A Hungria já não é uma democracia"

O ditador húngaro Orbán avança perante a inércia da UE
Governo Orbán aproveita a pandemia para assumir poderes emergentes por prazo indeterminado, em choque frontal com os valores da UE. Especialista húngaro em direito analisa perigos da nova lei e possibilidades de revogá-la.

Em 30 de março, o Parlamento húngaro, dominado pelo partido Fidesz, do primeiro-ministro Vitkor Orbán, aprovou um projeto de lei concedendo ao governo poderes de emergência.

Pouco mais tarde, a assim chamada "lei de capacitação" foi ratificada, permitindo ao PM governar por decreto, a fim de conter a pandemia de covid-19. Ela não tem prazo de prescrição e possibilita ao Executivo passar facilmente por cima do Parlamento.

Em meados de abril, o Parlamento Europeu divulgou uma declaração afirmando que as novas medidas na Hungria são "incompatíveis com os valores europeus". A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, ameaçou Budapeste com uma ação legal.

Orbán insiste que a lei é essencial à reação do governo à pandemia, e até ao momento Bruxelas não tomou medidas legais. Nesta quinta-feira (14/05), a comissária da UE para Valores e Transparência, Vera Jourová, reiterou que a Comissão Europeia está apreensiva e avalia diariamente "se podemos adotar ações legais".

Boris Johnson está desmascarado


O fiasco do governo britânico na crise do coronavírus fica cada vez mais óbvio. E com o novo líder trabalhista Keir Starmer, a oposição tem finalmente alguém capaz de expor as falhas do primeiro-ministro, opina Birgit Maass.

Deu quase pena ver Boris Johnson se contorcendo sob as perguntas do homem que há poucas semanas ocupa a presidência do Partido Trabalhista britânico: "Nós temos o maior número de mortes da Europa e o segundo maior do mundo: como, em nome dos céus, se pôde chegar a isso?", inquiriu Keir Starmer.

O novo líder oposicionista é cortês, claro e toca precisamente o cerne da questão: o Reino Unido decidiu-se tarde demais a impor toques de recolher; está atrasado com os testes e a vigilância do novo coronavírus; negligencia o pessoal de enfermagem nos hospitais e lares para idosos, não lhes disponibilizando suficientes vestes protetoras.

É cedo demais para comparações internacionais, as cifras ainda não são definitivas, defende-se Johnson, evocando o "bom e sólido bom senso britânico". Mas de nada adiantou, as perguntas de Starmer lembravam um interrogatório, afinal, ele aprendeu o ofício em seus tempos de procurador-geral. Dentro de poucos minutos, expôs as fraquezas do PM conservador na convenção semanal Prime Minister's Questions.

Merkel destaca importância da imprensa crítica em tempos de pandemia


Chanceler federal alemã diz que, em uma democracia, jornalistas devem poder confrontar governos com criticismo. Sociedade precisa de informação confiável e ser capaz de distinguir a verdade da mentira, afirma.

Merkel pede tolerância com opiniões diferentes, mas também um olhar crítico para as próprias opiniões

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, destacou neste sábado (16/05) a importância da liberdade de imprensa – e de uma imprensa crítica – para o funcionamento da democracia, especialmente nos tempos atuais, quando o mundo enfrenta uma pandemia.

"Os jornalistas devem poder ter um olhar crítico sobre um governo e todos os atores políticos", disse a chefe de governo em seu podcast em vídeo semanal, que neste sábado marca os 75 anos da publicação do primeiro jornal após o fim da Segunda Guerra Mundial e do nazismo.

A transformação das sociedades por ocasião do Covid-19 anuncia a militarização da Europa


Thierry Meyssan*

Reproduzimos uma conversa entre Thierry Meyssan e um grupo de estudantes. Aí, ele explica que as respostas políticas ao Covid-19 não são do foro médico. Um grupo transnacional, parcialmente identificável, aproveitou a ocasião fornecida pela epidemia para tentar impor uma transformação profunda das sociedades europeias, tal como utilizou os atentados do 11 de Setembro de 2001 para transformar os Estados Unidos. Ainda temos tempo para nos opormos à programada hierarquização do mundo.

Pergunta : Na sua opinião, quem fabricou o Covid-19?

Thierry Meyssan: A minha análise é exclusivamente política. Eu não me pronuncio sobre questões médicas, mas unicamente sobre decisões políticas.

Uma epidemia é em geral um fenómeno natural, mas pode também ser um acto de guerra. O Governo chinês pediu publicamente aos EUA para esclarecer, de forma cabal, o incidente acontecido no seu laboratório militar de Fort Detrick, enquanto o Governo dos Estados Unidos pediu a mesma transparência em relação ao laboratório de Wuhan. É claro, nenhum dos dois Estados aceitou abrir os seus laboratórios a verificações. Não é má vontade, mas uma medida militar. Ficaremos, portanto, por aqui.

No entanto, isso não tem importância porque, com o tempo decorrido, estas duas hipóteses parecem estar erradas: nenhuma destas duas potências controla esse vírus. Do ponto de vista militar, não é uma arma, mas, sim um flagelo.

Portanto, não excluí que este vírus possa ter escapado de forma desastrada de um desses laboratórios ?

Isso é uma hipótese, mas não nos conduz a nada. Devemos excluir a possibilidade de uma sabotagem porque isso não aproveitaria a ninguém. A outra possibilidade é que se trate de um acidente. Neste caso, há indivíduos que são culpados. Isso não significa descartar a responsabilidade dos Estados.

Como avalia as reacções políticas sobre a epidemia ?

O papel dos dirigentes políticos é o de proteger a sua população. Para isso, eles devem preparar os seus países em tempo normal de forma a poder reagir aquando de crises futuras. Ora, o Ocidente evoluiu de tal maneira que esta missão foi perdida de vista. Hoje em dia, os eleitores exigem que os Estados custem o menos possível e que o pessoal político os administre como às grandes empresas. Por conseguinte, já não há actualmente dirigentes políticos ocidentais que enxerguem mais longe do que a ponta do seu nariz. Homens como Vladimir Putin ou Xi Jinping são qualificados de «ditadores» unicamente porque têm uma visão estratégia da sua função, representando assim uma escola de pensamento que os Ocidentais julgam ultrapassada.

Perante uma crise, os dirigentes políticos devem agir. No caso dos Ocidentais, este momento é para eles um imprevisto. Nunca se prepararam para isto. Eles foram escolhidos pela sua capacidade de fazer sonhar com os amanhãs que cantam, não pelo sangue frio, pela sua adaptabilidade e a sua autoridade. Muitos de entre eles são simplesmente pessoas representativas dos seus eleitores não tendo, portanto, nenhuma dessas qualidades. Tomam, pois, as medidas mais drásticas de maneira a que não se possa acusá-los de não ter feito quase tudo.

Ora, neste caso, eles encontraram um perito, o Professor Neil Ferguson, do Imperial College London, que os persuadiu que a “Grande Ceifeira” chegava : meio milhão de mortos em França, mais ainda no Reino Unido, mais do dobro nos Estados Unidos. Sendo as suas profecias 2.500 vezes superiores às taxas de mortalidade na China. Ora, este estatístico têm o hábito de profetizar calamidades sem ter medo de exagerar. Por exemplo, previra que a gripe aviária mataria 65.000 Britânicos quando ela não provocou mais do que 457 mortes [1]. Felizmente, ele acaba de ser despedido do SAGE por Boris Johnson, mas, entretanto, o mal está feito [2].

Em pânico, o pessoal político ocidental enfileirou portanto atrás dos conselhos de uma autoridade de saúde internacional. Considerando a OMS, justamente, que esta epidemia não era a sua prioridade em comparação com outras doenças muito mais mortais, viraram-se para o CEPI, do qual todos eles conhecem o director, o Doutor Richard Hatchett. Encontraram-se com ele no Fórum Económico de Davos, ou na Conferência de Segurança de Munique. Num dia ou noutro, todos foram por ele abordados a fim de financiar a indústria de vacinas.

Acontece que este Senhor, quando trabalhava na Casa Branca, foi um dos dois autores da componente sanitária do projecto político de Donald Rumsfeld para o mundo [3]. Em 2001, este planificou (planejou-br) uma divisão geográfica da economia mundial. As matérias-primas seriam exploradas nas zonas instáveis, os produtos transformados fabricados nos Estados estáveis (entre os quais a Rússia e a China) e o armamento apenas nos EUA. Convinha, portanto, militarizar a sociedade dos EUA e transferir a maioria dos trabalhadores para as empresas de armamento. Em 2005, Rumsfeld encarregou o Dr. Hatchett de conceber um plano de confinamento obrigatório em casa para toda a população dos EUA. Este deveria ser activado durante um ataque bioterrorista comparável ao perpetrado no Congresso e contra os grandes média (mídia-br) com antraz (ou carbúnculo) em 2001.

Foi este plano que o Doutor Richard Hatchett tirou da sua gaveta e que ele apresentou aos dirigentes ocidentais que lhe pediam os seus conselhos. É preciso compreender bem que o confinamento obrigatório generalizado jamais existiu. Não tem qualquer relação com o isolamento de doentes. Não é, de forma alguma, uma medida médica, mas um meio de transformar as sociedades. A China nunca o usou, nem durante a epidemia de H1N1 [4], nem durante a do SRAS [5], nem durante a de Covid-19 [6]. O confinamento da cidade de Wuhan, no início de 2020, foi uma medida política do governo central a fim de retomar em mãos esta província mal dirigida pelo Poder local, não uma medida médica.

Nenhuma obra de epidemiologia no mundo jamais abordou o confinamento generalizado obrigatório e ainda menos o aconselhou.

Em Itália, um oponente do confinamento colocado num hospital psiquiátrico


Na Sicília, em Ravanusa, Dario Musso, um homem de 33 anos, circulou de carro na sua cidade com um megafone para acordar os seus concidadãos ao grito de «A pandemia não é grave! Saiam, tirem as vossas máscaras! Abram as lojas!»

Todas as testemunhas afirmam que ele estava perfeitamente são de espírito, simplesmente revoltado.

Os carabineiros prenderam-no. Ele foi enviado para um hospital psiquiátrico, amarrado a uma cama durante 4 dias, alimentado em gota a gota através de um catéter e colocado sob sedação.

O hospital recusa fornecer informações.

O artigo 21 da Constituição Italiana dispõe: «Todo o cidadão tem o direito de manifestar livremente o seu pensamento através da palavra, por escrito e por qualquer outro meio de difusão». O artigo 32: «Ninguém pode ser forçado a um determinado tratamento de saúde, a não ser por uma disposição da Lei. A Lei não pode, em caso algum, violar os limites impostos pelo respeito da pessoa humana».

Voltairenet.org | Tradução Alva

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