Terminou assim, nas mãos do
sistema dominante, um mês de ira e revolta genuínas, na América e também na
Europa, contra o racismo e, em alguns casos, contra o neoliberalismo e o
capitalismo.
José Goulão | AbrilAbril | opinião
Os chefes da chamada «Comuna de
Seattle», uma das expressões decorrentes dos grandes protestos que atravessaram
os Estados Unidos contra o assassínio pela polícia do cidadão negro George Floyd,
pediram aos seguidores para desmontarem as tendas, regressarem a casa e
apoiarem a campanha de Joe Biden e do Partido Democrata para as eleições
presidenciais de Novembro.
Terminou assim, nas mãos do
sistema dominante, um mês de ira e revolta genuínas, na América e também na
Europa, contra o racismo e, em alguns casos, contra o neoliberalismo em
particular e o capitalismo em
geral. Como era de prever, para que tudo continue na mesma –
ou pior.
Dezenas de milhares de pessoas,
talvez centenas de milhares, dos dois lados do Atlântico, exprimiram durante
semanas, de maneira autêntica e pacífica, o seu repúdio por um comportamento
assassino assumido por um símbolo institucional de uma sociedade criminosa como
é a que aceita funcionar com base na discriminação da cor da pele, da
segregação sistemática e violenta entre os que possuem quase tudo e os que têm
acesso a pouco mais do que nada.