quinta-feira, 30 de julho de 2020

Nem Trump nem Biden realmente importam para a China ou a Rússia

#Original em inglês, traduzido para português do Brasil

 Finian Cunningham* | Strategic Culture Fundation

Bem, de acordo com a campanha de Trump, o rival democrata Joe Biden é o candidato a quem os líderes chineses estão torcendo para vencer a eleição presidencial em novembro. "Beijing Biden" ou "Sleepy Joe" seria um presente para a China.

Por sua vez, tentando enganar o candidato republicano, a campanha de Biden pinta Trump como sendo “suave” com a China e tendo sido “jogado” por colegas chineses sobre comércio, pandemia de coroa e alegações sobre direitos humanos.

Biden, ex-vice-presidente das administrações anteriores de Obama, prometeu impor mais sanções à China por alegações de violação de direitos. Ele afirma ser aquele que "se levantará" a Pequim se for eleito para a Casa Branca dentro de três meses.

Na semana passada, Biden declarou que estava "notificando o Kremlin e outros [China]" de que se eleito para a presidência imporia "custos substanciais e duradouros" àqueles que supostamente interferem na política dos EUA. Isso é conversa de guerra baseada em propaganda intelectual inútil.

Enquanto isso, Trump afirma que ninguém é mais difícil do que ele quando se trata de lidar com a China (e a Rússia).

Dada a política imprudente do governo Trump de aumentar a hostilidade contra a China nos últimos meses, isso levanta a questão: como um futuro governo de Biden poderia começar a ser ainda mais agressivo - antes de entrar em guerra?

As relações entre Washington e Pequim caíram em seus piores níveis desde a detenção histórica iniciada pelo presidente Richard Nixon no início dos anos 1970. A espiral descendente precipitada ocorreu sob a vigilância do presidente Trump. Então, como exatamente um possível presidente Biden poderia tornar o relacionamento mais contraditório?

A verdade é que Trump e Biden são igualmente vulneráveis ​​às críticas partidárias domésticas sobre suas respectivas relações com a China. A abordagem tardia que os dois estão tentando projetar é marcada por hipocrisia risível.

Hillary Clinton prepara os EUA para uma contestação da eleição presidencial

Dupla convidada, em 13 de Julho de 2020, no Daily Show (Comedy Central), Hillary Clinton defendeu o voto através da Internet. Segundo ela, é o único meio de permitir a jovens afro-americanos e hispânicos votar face à falta de vontade das administrações de certos estados. 

Ela rejeitou, com um sacudir das costas da mão, as objeções a uma possível manipulação digital no site Internet da eleição e garantiu que esse meio é confiável.

Segundo ela, o voto através da Internet torna a derrota de Donald Trump inexorável. Além disso, ela se questionou sobre sua possível recusa em deixar a Casa Branca; uma opção que devemos considerar e para a qual «devemos nos preparar».

Voltairenet.org

O culto ao egoísmo está matando os EUA

*

A direita transformou o comportamento irresponsável em um princípio fundamental

Paul Krugman | Carta Maior* 

A resposta americana ao coronavírus tem sido um projeto perde-perde.

O governo Trump e governadores como Ron DeSantis, da Flórida, insistiram que não havia contradição entre crescimento econômico e o controle da pandemia, e estavam certos – mas não da forma que imaginavam.

A reabertura prematura levou a um aumento de infecções: em números ajustados à população, a taxa de americanos morrendo atualmente de Covid-19 é cerca de 15 vezes a da União Europeia ou do Canadá. No entanto, a recuperação em forma de "foguete" prometida por Donald Trump se espatifou e está em chamas: o crescimento do emprego parece ter estagnado ou estar sendo revertido, especialmente nos estados que relaxaram de forma mais agressiva as medidas de distanciamento social, e as primeiras indicações apontam que a economia dos EUA está ficando para trás das economias das principais nações europeias.

Estamos, portanto, fracassando tristemente tanto na frente epidemiológica quanto na econômica. Mas por quê?

A primeira razão é que Trump e seus aliados estavam tão ansiosos para ver crescer o número de empregos que ignoraram tanto os riscos de infecção quanto a forma como uma ressurgência da pandemia minaria a economia. Como eu e outros dissemos, eles não passaram no teste do marshmallow, sacrificando o futuro porque não se dispuseram a ter um pouco de paciência.

Certamente há bastante verdade nessa explicação. Mas há mais fatores nessa história.

O fim do confinamento de deus -- Boaventura

Teologia cartesiana quis torná-lo “transcendente”. Mas se foi Espinosa quem o compreendeu, ele é tão mundano como a natureza e seus próximos — sacrificados todos no altar do dinheiro e do poder. Eclosão do vírus denuncia este suplício

Boaventura de Sousa Santos | Outras Palavras

Deus parece estar confinado. Pelo menos, desde que no século XVII se impôs a separação absoluta entre a natureza, enquanto res extensa, e os seres humanos, enquanto res cogitans. A prova da existência de deus está na mente humana, porque só ela pode conceber um ser perfeitíssimo, infinito. Sendo imperfeita, a mente humana só é capaz de tal concepção porque alguém a inscreveu nela. Esse alguém é deus. A natureza é incapaz de uma tal concepção, e aí reside a sua incomensurável inferioridade em relação à mente própria dos humanos. Com a demonstração da existência de deus ficou provada a impossibilidade da co-existência com ele no mesmo mundo. Deus é do “outro mundo”, o seu “reino não é deste mundo”. Deus é a transcendência.

Assim começou o confinamento de deus. Se até então já era difícil comunicar directamente com ele, daí em diante tornou-se impossível. Só os místicos o conseguiriam fazer, e sempre com altos custos pessoais. No mesmo processo em que deus foi humanizado, foi também desnaturalizado e, com ele, os seres humanos que o conceberam. E como não conseguem ser mente sem ser corpo natural, ao mesmo tempo que provaram a existência de deus, os seres humanos deixaram de o entender e deixaram de se entender entre si. Assim se desumanizaram. A humanização de deus redundou na desumanização dos seres humanos. O homo economicus (o homem económico) do capitalismo nascente, tal como o quase contemporâneo homo lupus homini (o homem lobo do homem) de Hobbes, são a expressão desta desumanização do humano. O ser competitivo, centrado no seu interesse individual, é um ser anti-social que vê nos semelhantes (nunca iguais) potenciais inimigos, e que só faz filantropia se dela resultar benefício próprio.

A incompreensão abissal do ser divino permitiu aos humanos dizer de deus tudo o que queriam e consoante as conveniências. A teologia sofreu então uma transformação qualitativa. Passou a tentar resolver o mal-entendido cartesiano, multiplicando as mediações que humanizavam falsamente deus. As ficções do “deus feito homem” ou o “corpo de deus” foram levadas ao paroxismo. O nazareno cruxificado do século XVIII barroco é um espetáculo visceral de primeira ordem, o espetáculo de um corpo cuja máxima exaltação é a mortificação e a morte. A economia da morte, em que o colonialismo e a escravatura prosperavam, encontrava nessas imagens um espelho cruel e um consolo desesperado. A exuberância das imagens escondia eficazmente as ficções teológicas. Escondia sobretudo as consequências trágicas dessas ficções, tal como muito antes as tinha vivido o jovem nazareno, ao concluir na cruz que nenhuma ambulância divina o viria salvar e afastar dele aquele “cálice”.

Portugal com mais 255 casos e dois mortos pela Covid-19

No total, o nosso país contabiliza 50.868 infeções confirmadas e 1.727 óbitos

Portugal registou, nas últimas 24 horas, 255 casos (um aumento de 0,50%) e dois mortos (uma variação de 0,12%) devido à Covid-19, revela o mais recente boletim epidemiológico divulgado esta quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Dos novos casos, 176 concentram-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, ou seja, 69%. No total, o nosso país contabiliza 50.868 infeções confirmadas e 1.727 óbitos

Quanto a recuperados, há 36.140 casos - mais 265 do que ontem. Há ainda 403 casos internados, sendo que, destes, 42 estão em Unidades de Cuidados Intensivos. 

Por regiões, Lisboa e Vale do Tejo contabilizou já 25.939 infeções e 596 óbitos. Em número de casos, segue-se o Norte, com 18.626 e 828 mortos. 

O Centro do país tem um total de 4.435 infeções e 252 óbitos, enquanto o Algarve conta 878 casos confirmados do novo coronavírus e 15 mortes. 

Por fim, o Alentejo soma 717 casos e 21 vítimas mortais. 

Nas Regiões Autónomas, os Açores contam 167 infeções e 15 óbitos. A Madeira contabiliza 106 casos confirmados e nenhuma vítima. 

Desde 1 de janeiro de 2020, Portugal já teve um total de 440.046 casos suspeitos. 

Consulte os mapas da evolução da pandemia do novo coronavírus em Portugal e no resto do Mundo.

[Notícia atualizada às 12h59]

Notícias ao Minuto | Imagem: © Getty Images

Portugal | Porque há racismo no homicídio de Bruno Candé?

Pedro Tadeu | TSF | opinião

O assassinato do ator Bruno Candé Marques foi um crime racista. Porquê?...

É verdade que, pelo que se lê nos relatos jornalísticos, a motivação próxima que levou um homem de 80 anos a disparar quatro tiros no ator negro nada parece ter a ver com racismo: foi o desfecho terrível de uma briga, com vários dias, por causa de uma cadela.

Não faço a mínima ideia quem tinha razão nessa discussão, não faço a mínima ideia como ela se iniciou, não faço a mínima ideia como escalou para o nível de violência que resultou em morte sangrenta no meio da via pública de Moscavide. Aparentemente ninguém sabe ou, pelo menos, não encontrei, nos vários trabalhos jornalísticos a que tive acesso, uma descrição pormenorizada dessa centelha de ira que deflagrou o crime fatal.

Sei que um relato, em comunicado, da família do ator informa que durante as primeiras discussões o futuro assassino utilizou várias vezes o insulto racista como arma de arremesso contra o seu oponente.

Ao trazer para a altercação a ideia de associar à cor da pele do seu antagonista uma hipotética deformação de carácter, como se fosse uma característica inata a todos os que têm o mesmo tom de pele, o homicida de Bruno Candé Marques, factualmente, acrescentou ao ódio pelo individuo com quem discutia não sei o quê sobre uma cadela, um preconceito racial contra os negros em geral - e isso é, como é óbvio, racismo.

O assassino talvez não tenha disparado quatro balas no corpo de Bruno Candé Marques por ele ser negro, mas usou a negritude do ator para o ferir psicologicamente durante a subida da tensão nervosa que o levou a cometer homicídio e, por isso, o quadro completo do crime não pode ser desenhado sem lhe acrescentar essa tinta estigmatizadora do racismo, que envenena a paz das nossas sociedades.

Portugal | Desemprego aumenta, governo cuida do grande capital

Desemprego, desemprego, desemprego, a cair sempre sobre os mesmos: os trabalhadores. Grande percentagem dessas vítimas nem vai ter direito a subsídio de desemprego – porque o sistema funciona assim, porque existem entidades patronais e um Estado Injusto e Cruel que se borrifa para os trabalhadores, a populaça.

Corrupção, corrupção, corrupção. Sabemos que não foi, nem é, só Ricardo Salgado adepto e dono da corrupção. Não sabemos porque optou alguém, com responsabilidades governativas, a preparar e concluir o “negócio” do Novo Banco com o fundo Lone Star. Um mau negócio para os portugueses pagantes eternos das falcatruas de grandes capitalistas, de grandes gestores/economistas, de grandes banqueiros, de grandes políticos… Todos eles são grandes enquanto o povoléu é pequenino e mirrado, anémico, devido a tanta roubalheira desses grandes ladrões que impunemente passam a vida nos “golpes e nos “cambalachos” que causam a vida negra aos portugueses, eternos pagantes.

Sindicalistas revelam porque têm tantas insónias: "Estamos muito preocupados", afirmou Isabel Camarinha, líder da CGTP.  "Assustados", acrescentou Lucinda Dâmaso, presidente da UGT.

"Há um perigo muito objectivo de aumento do desemprego", disse António Saraiva, líder da CIP… O Patrão Saraiva dorme que nem um pedregulho. Subiu na vida à custa de…? O que é que isso interessa!

Desemprego aumenta mas os ricos vão ficar ainda mais ricos. É sempre assim que acontece. Porque será? Não sabe? Mas olhe que devia saber!

Aqui temos a prosa e intervenientes no Expresso Curto de hoje. Não queremos pôr mais na escrita. Há interesses de temas diversos neste Curto que, segundo Cândido da Silva, o autor, trata de “Tudo (e mais alguma coisa)”. Depois de lerem concluam se falta algo ao “tudo” anunciado… Claro que falta. O jornalista não é a senhora Fátima, essa é que faz milagres. Sabem que há também muitos jornalistas à míngua? Precários, explorados nesses grandes grupos da média pomposa e tantas vezes esclavagista daqueles que amam a profissão e que a ela, se necessário, até dão a camisa. Ainda há profissionais assim. Cada vez menos profissionais desses, mas, como diz quem quem sabe: “desses ainda existem uns quantos e umas quantas”.

Bom dia, se conseguirem. O Curto, a seguir.

FS | PG

Portugal | Novo Banco – A saga continua

Paula Santos* | Plataforma | opinião

A receita do capitalismo para os desmandos da banca é pôr o povo a pagar. Nos vários processos de falências de bancos em Portugal, os prejuízos são nacionalizados e os bancos limpos são entregues aos privados.

A recente venda de património do Novo Banco a preço de saldo, quando há bem pouco tempo o Estado tinha transferido 850 milhões de euros, revela mais uma vez que são os trabalhadores e o povo a suportar a gestão danosa da banca.

O Novo Banco terá vendido 13 mil imóveis avaliados em 631 milhões de euros pelo valor de 364 milhões de euros, o que em qualquer parte do mundo seria um péssimo negócio. O comprador foi um fundo, que ninguém sabe quem está por detrás, com ligações às Ilhas Caimão. Mas a situação é ainda mais grave quando tudo indica que poderá ter sido o próprio banco a emprestar o dinheiro para a concretização da operação e que será o Fundo de Resolução a cobrir o prejuízo. Poderemos estar perante um caso de polícia e de um crime económico contra o Estado.

"O Governo PS deixa evidente a sua natureza de classe. Quando estão em confronto os interesses do capital e dos trabalhadores, opta sempre pela salvaguarda do capital"

No Projeto de Resolução n.º 471/XIV/1.ª, do PCP, que recomenda ao Governo a reversão da alienação do Novo Banco, a sua transferência para a esfera pública e o apoio especializado às micro, pequenas e médias empresas, de maio de 2020, já denunciávamos o facto de o Governo entregar “a um banco mais 850 milhões de euros para pagar vendas de imóveis e outros ativos ao desbarato (sem que se conheçam os adquirentes, cuja relação direta ou indireta com partes associadas à Lone Star ou a antigos acionistas do BES/GES não está posta de parte)”.

Não é despiciente referir que esta transferência ocorreu no período de combate ao surto epidémico, em que milhares de trabalhadores viram os seus salários cortados por via do lay-off, muitos ficaram sem qualquer rendimento e muitos perderam o posto de trabalho. Mais uma vez o Governo PS deixa evidente a sua natureza de classe. Quando estão em confronto os interesses do capital e dos trabalhadores, opta sempre pela salvaguarda do capital e dos grupos económicos em detrimento da defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo.

Este é mais um episódio que só vem dar razão à proposta do PCP de integração do Novo Banco no sistema público bancário, que possa contribuir para o apoio às famílias e ao aparelho produtivo, em particular às micro, pequenas e médias empresas. No Projeto de Resolução supra identificado afirmámos: “Se é o Estado quem paga as contas do Novo Banco, deve ser o Estado a controlar os seus destinos”.

Quando o Governo decidiu vender o Novo Banco à Lone Star ao desbarato, alertámos que isso teria consequências lesivas do interesse público. Está agora demonstrada que a privatização do Novo Banco foi um erro e que os custos podem ultrapassar os 10 mil milhões de euros ao erário público.

É importante que se apurem os factos e as responsabilidades sobre tudo isto. Mas a questão de fundo que está colocada e a única solução para a salvaguarda da estabilidade do sistema financeiro e para a firmação do interesse nacional, recuperando uma alavanca da economia é o controlo público do Novo Banco.

*Deputada do Partido Comunista Português (PCP) – Portugal

A nova ordem mundial segundo Pequim

#Escrito e publicado em português do Brasil

Ascensão da China a potência mundial já é realidade há muitos anos, mas não está claro até onde vão as pretensões hegemônicas do gigante asiático, e que papel ele vai reivindicar para si.

Em outubro de 2017, durante o 19º congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o presidente Xi Jinping declarou que uma nova era havia se iniciado para a China, a qual, "dia após dia, se aproxima do centro do palco mundial".

Mas o que seria uma ordem mundial com a China no centro? "Minha impressão é que as próprias forças políticas em Pequim não sabem exatamente o que querem. Eu diria que elas experimentam segundo Deng Xiaoping", comenta o cientista político alemão Gu Xuewu.

O líder político Xiaoping (1904-1997), que introduziu as reformas econômicas na China na década de 80, cunhou o slogan "Atravessar o rio tateando, pedra após pedra".

Essa incerteza se manifesta também no debate – complexo e cheio de nuances –sobre o papel da China no mundo, conduzido pelos intelectuais do país. A gama das discussões vai desde a aceitação da atual ordem mundial até a ideia de que a China é uma nação predestinada, e o mundo inteiro deve se submeter a sua vontade.

A palavra final em todos os debates na China é sempre do partido, que não tem a ordem mundial como prioridade, analisa o ex-embaixador da Alemanha no país asiático Volker Stanzel. "Ou seja, não há um interesse primário numa ordem mundial reformulada ou no funcionamento da atual ordem mundial, mas em que a China possa se mover no mundo de modo que sejam implementáveis as pretensões do Partido Comunista, as quais servem à manutenção do poder."

Covid-19 | Uma segunda onda é inevitável

#Escrito e publicado em português do Brasil

Uma próxima onda do novo coronavírus certamente virá, inclusive na Europa. Ela não poderá ser evitada: será, na melhor das hipóteses, atenuada. A pandemia é agora ainda mais perigosa do que era no primeiro dia.

Fabian Schmidt | Deutsche Welle | opinião

Muitos países em todo o mundo reagiram à pandemia logo no início, com medidas rigorosas de bloqueio e um rastreamento consistente das cadeias de infecção. E foram bem sucedidos em fazê-lo.

Nesses países, a curva de infecção, que inicialmente havia subido exponencialmente, foi interrompida. As novas infecções estão agora em baixa. 

Exemplos disso são China, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Taiwan, além de alguns Estados-membros da União Europeia. 

Após as experiências dramáticas dos últimos seis meses, foi possível manter os sistemas de saúde funcionando em quase todas as partes e fazer a economia funcionar novamente, apesar dos sérios reveses enfrentados.

Mas o lento retorno à normalidade em alguns países não pode nos levar ao descuido. A pandemia ainda está longe de ter passado no mundo. Pelo contrário: a curva das novas infecções globais continua a crescer exponencialmente. 

Portanto, dia após dia há cada vez mais pessoas recém-infectadas – e não menos. 

A pandemia é agora ainda mais perigosa do que era no primeiro dia.

Primeira fatalidade por Coronavirus nos acampamentos saharauis

Apesar das medidas extraordinárias de contenção implementadas pelas autoridades saharauis nos campos de refugiados, o coranavírus conseguiu entrar.

A ameaça de disseminação em massa pode causar uma catástrofe de saúde  numa população vulnerável de mais de 170.000 pessoas.

As  condições de saúde preexistentes nos campos são gravemente preocupantes e podem tornar este surto particularmente perigoso.  Cinquenta e dois por cento das mulheres que vivem nos campos são anêmicas, mais de onze por cento dos adultos têm diabetes e seis por cento vivem com doença celíaca, a maior prevalência do mundo.

Segundo o diretor da Oxfam na Argélia, Haissam Minkara: “Estas são as notícias que as pessoas aqui temem.  Os refugiados saharauis estão deslocados há 45 anos no duro deserto  argelino, onde a comida e a água são incrivelmente escassas e muitos sofrem de vulnerabilidades pré-existentes.  A infraestrutura de saúde nos campos é muito frágil para lidar com a catástrofe potencial que o COVID-19 pode trazer.

“A crise dos refugiados saharauis é negligenciada pela comunidade internacional há mais de quatro décadas e agora os riscos não podem ser maiores.  Organizações como a Oxfam estão a mobilizar recursos, mas não será suficiente.  A comunidade internacional deve apoiar as autoridades e agências locais a lidar com esse surto ou o resultado pode ser catastrófico ”, disse Minkara.

Apesar do surgimento desses casos, os esforços de prevenção das autoridades de saúde saharauis estão a conseguir registrar o menor número de COVIDs 19 nos países da União Africana.

Segundo Jira Bulai, Ministra da Saúde, no Twitter, existem 4 casos confirmados, dos quais um faleceu.  “A nossa situação de vulnerabilidade  obriga-nos a redobrar os nossos esforços para continuar o nosso caminho”, acrescenta Jira Bulahi.

Estamos a aguardar informações para confirmar a possível existência de mais falecidos.

PUSL

Palestina | O discurso da desesperança

#Escrito e publicado em português do Brasil

Como o pessimismo palestino poderia provocar uma rebelião muito necessária

O maior desafio da Palestina não é o fato de as pessoas não se considerarem um fator na libertação de sua própria terra e sim a incapacidade da sua liderança em reconhecer o imenso potencial de energia dos palestinos em toda a parte para um enfoque anticolonial, centrado e estratégico, uma campanha de libertação.

Ramzy Baroud [*]

Numa recente discussão televisiva, um respeitado jornalista pró-Palestina declarou que se alguma vez ocorrer uma mudança ou transformação positiva na trágica saga palestina, não seria agora, pois seria necessário uma geração completamente nova para conseguir uma mudança de paradigma... Tão inócua como possa parecer, a declaração incomodou-me muito. Escutei essa frase uma e outra vez, frequentemente reiterada por intelectuais bem-intencionados, cujas experiências ao investigar e escrever sobre o chamado 'conflito israelo-palestino' podem ter levado alguns deles ao pessimismo, se não a desesperança. O 'discurso da desesperança' é, talvez, compreensível se alguém examina a realidade tangível e desagradável sobre o terreno: a ocupação israelense cada vez mais arraigada, a anexação planejada da terra palestina ocupada na Cisjordânia, a vergonhosa normalização árabe com Israel, o silêncio ensurdecedor da comunidade internacional e a inutilidade da liderança palestina. Endossar essa lógica não é apenas contraproducente, é também a-histórico. Ao longo da história cada grande conquista que trouxe liberdade e um pouco de justiça a qualquer nação se realizou apesar de probabilidades aparentemente insuperáveis. De fato, quem teria pensado que o povo argelino fosse capaz de derrotar o colonialismo francês quando suas ferramentas de libertação eram tão rudimentares em comparação com os incríveis poderes do exército francês e seus aliados? A mesma noção se aplica a muitas outras experiências históricas modernas, desde o Vietnã até a África do Sul, desde a Índia até Cuba.

A Palestina não é a exceção. Entretanto, o "discurso da desesperança" não é tão inocente quanto parece. Ele se deve a persistente incapacidade de reconhecer a centralidade do povo palestino, ou qualquer outra pessoa, para o caso, em sua própria história. Ademais, supõe que o povo palestino é, francamente, ineficaz. Curiosamente, quando muitas nações ainda estavam lidando com o conceito de identidade nacional, o povo palestino já havia desenvolvido um sentido refinado de identidade coletiva moderna e consciência nacional. As greves gerais de massas e a desobediência civil que desafiam o imperialismo britânico e os assentamentos sionistas começaram há quase um século, culminando na greve geral de seis meses de duração de 1936. Desde então, a resistência popular, que está vinculada a um sentido definido de identidade nacional, tem sido um elemento básico na história palestina. Foi uma característica destacada na Primeira Intifada, o levantamento popular de 1987. O fato de que a pátria palestina se perdiesse, apesar da maior consciência das massas palestinas nesse momento, não é indicativo da capacidade do povo palestino para afetar os resultados políticos.

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