quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Portugal | Covid-19 “dá jeito” para “despachar” os mais velhos

Quanto mais casos acontecem mais alastra a “crença” popular da ineficiência da Segurança Social e dos lares/depósitos de idosos para tratar e cuidar devidamente os idosos que têm à sua responsabilidade, não os protegendo devidamente, principalmente nesta fase de pandemia. E ainda que a situação de “despachar” os mais velhos até “dá jeito” em vários aspetos.

Um deles é a poupança em cuidados de saúde a prestar-lhes, por mais alguns anos. Outro será na poupança do pagamento mensal da reforma/pensão. Quantos são nestas circunstâncias? 

Quando se souber é uma questão de fazer contas… Certo é que há os que dizem que a “voz do povo é sábia”... Mas também há os que dizem amiúde que as “vozes de burro não chegam ao céu”. 

E ao céu irão chegar os idosos que estão a ser "despachados"? Julgamos que sim, afinal este país está cada vez mais infernal.

Da TSF a notícia, para ler e pensar. Não dói nada. 

Redação PG

Portugal tem 44 surtos activos em lares e 705 idosos infetados

A região de Lisboa e Vale do Tejo tem 23 surtos nos lares

Portugal tem 44 surtos ativos de Covid-19 em lares de idosos, que afetam 705 utentes, dos quais 114 estão internados nos hospitais, divulgou a ministra da Saúde.

Segundo Marta Temido, os surtos de Covid-19 que mais preocupam as instituições de saúde são os 44 que se encontram ativos nos 64 lares de idosos e que obrigou ao internamento de 114 pessoas, entre os 705 infetados.

Geograficamente, a região de Lisboa e Vale do Tejo tem 23 desses surtos nos lares, seguindo-se 17 equipamentos residenciais para idosos do Norte, dois no Centro e outros dois no Alentejo.

Entre os surtos ativos nos vários lares para idosos, Marta Temido afirmou que os mais preocupantes "correspondem as instituições que têm maiores fragilidades organizacionais" e que estas "merecem da saúde a maior atenção" e para as quais foram "afetadas equipas do SNS para reforçarem os meios humanos".

Portugal contabiliza esta quarta-feira mais três mortos relacionados com a Covid-19 e 802 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.

As três mortes foram registadas na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde também se verifica o maior número de infeções e o maior aumento diário.

O número de internamentos continuou a subir nas últimas 24 horas, registando-se mais 25, num total de 571 doentes internados com Covid-19.

Segundo a DGS, os internamentos nas unidades de cuidados intensivos também aumentaram, sendo agora 77, mais sete do que na terça-feira.

TSF | Lusa | Imagem: © Octavio Passos/Global Imagens

Portugal | Escola secundária manda 21 turmas para ensino à distância em Palmela

Alunos de 21 turmas do 11.º e 12.º anos da Secundária de Palmela estão, desde terça-feira à tarde, em ensino à distância. A mudança de regime terá sido determinada pela falta de assistentes operacionais.

De acordo com um comunicado da diretora do estabelecimento, Isabel Ramada, na página do Facebook da secundária, na terça-feira, pouco antes da meia-noite, a escola teve de fechar um dos seus blocos depois de um assistente operacional ter testado positivo para a covid-19. O delegado de saúde terá mandado para casa em isolamento profilático outros cinco funcionários que estiveram em contacto mais próximo com o caso positivo na sua última semana ao serviço (7 a 11 de setembro). Estão todos assintomáticos e a aguardar a realização do teste, explica a diretora.

"A escola tem vários assistentes operacionais de atestado médico e ainda sem substituição e hoje, terça-feira, alguns não se apresentaram ao serviço devido ao plenário dos autocarros TST", lê-se no comunicado. Os restantes funcionários asseguraram o funcionamento das 8 às 16 horas mas a partir dessa hora sem assistentes para assegurar "a higienização dos espaços nem a segurança dos corredores" as atividades letivas terminaram às 15 e 40 horas. "Como as 48 turmas da escola não cabem nas salas de aula dos corredores que conseguimos manter em funcionamento foi necessário selecionar algumas turmas para transitarem para regime não presencial (à distância). Escolhemos as turmas de anos de alunos com mais autonomia e que já têm alguma experiência neste regime de ensino" - as do 11.º e 12.º anos.

Isabel Ramada acredita que os alunos possam regressar às aulas presenciais a partir de segunda-feira, dia 28.

Portugal | Mais 802 infetados e três mortes por covid-19

Há mais 802 casos e três novas mortes por covid-19 em Portugal. Ao todo, contam-se 70.465 infetados e 1928 vítimas mortais. Mais de 46 mil doentes já recuperaram.

O número de novos infetados, que na terça-feira foi de 463, salda-se hoje em 802, revela o boletim diário da Direção-Geral da Saúde. Há mais 483 doentes ativos face a ontem, de um total de 22.247, e mais 316 doentes recuperados (de 46.290).

Dos novos casos, 437 foram registados na região de Lisboa e Vale do Tejo (que contabiliza 36.078), o que representa 54% do total de infetados. Segue-se o Norte, com mais 240 casos, de 25.339. No Centro, há mais 73 infetados (em 5760), no Alentejo mais 19 (em 1371) e no Algarve mais 28 (1450). O arquipélago da Madeira soma mais dois infetados, de um total de 210, e nos Açores há mais três casos, elevando o quadro global para 257.

Face ao último balanço, morreram em Portugal mais três pessoas com covid-19, elevando para 1928 o número total de mortes por covid-19. Todas as vítimas - três homens com 80 anos ou mais - registaram-se em Lisboa e Vale do Tejo.

O número de internamentos regista um aumento: há agora mais 25 pessoas em enfermaria (total de 571) e mais sete em unidades de cuidados intensivos (77).

Sob vigilância, estão 40.765 pessoas, mais 347 por comparação a terça-feira.

Rita Salcedas | Jornal de Notícias

Portugal e Guiné-Bissau já estão a negociar próximo programa de cooperação

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse hoje que Portugal e a Guiné-Bissau já estão a negociar o próximo programa de cooperação entre os dois países para o período entre 2021 e 2025.

"Nós estamos, neste momento, a negociar o próximo programa de cooperação, visto que o atual termina em dezembro deste ano. Estamos já a trabalhar no próximo programa para o período entre 2021 e 2025", afirmou Augusto Santos Silva.

O ministro falava aos jornalistas após aterrar no aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, para realizar uma visita de trabalho e participar nas cerimónias de celebração dos 47 anos da independência da Guiné-Bissau, declarada em 24 de setembro de 1973.

"O atual programa de cooperação tem corrido excelentemente e às vezes uma coisa que as pessoas não têm a perceção devida ao longo destes últimos cinco anos, entre 2015 e 2020, é que a execução foi sempre superior ao que estava previsto", salientou.

Tráfico de drogas: Diretor de Fronteiras guineense aguarda decisão judicial

O chefe dos Serviços de Migração e Fronteiras da Guiné-Bissau foi ouvido hoje (15.09) pelo Ministério Público sobre alegado envolvimento no tráfico de droga. Alassana Djaló espera decisão para saber se continua detido.

O caso em que o diretor-geral dos Serviços de Migração e Fronteiras é acusado de envolvimento remonta ao mês de março deste ano. Na altura, Alassana Djaló, enquanto diretor dos serviços de investigação criminal da Guarda Nacional (GN), teria dado ordens para a retirada da posse da Polícia Judiciária (PJ) de mais de 80 cápsulas de cocaína.

O material havia sido apreendido a um cidadão nacional, no Aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau. O cidadão também foi libertado por ordem da GN, e a PJ acredita que as cápsulas foram adulteradas. Alassana Djaló foi detido na semana passada.

Esta terça-feira (15.09), o oficial do Ministério do Interior foi ouvido na Vara Crime do Ministério Público, por algumas horas, e depois mandado diretamente para outra audição, pelo juiz de instrução criminal (JIC), no Tribunal Regional de Bissau. A justiça deve decidir se o acusado segue ou não detido.

Combate ao tráfico

Entretanto, desde que se instalaram no país, as atuais autoridades guineenses elegeram o combate ao tráfico de drogas como uma das prioridades para a governação. Mas, em declarações à DW África, o analista político Mariano Pina duvida da determinação das autoridades guineenses em combater o tráfico.

"Não sei se é uma determinação do Governo em combater a droga ou não, mas a verdade é que se é uma determinação, começou tardiamente, porque logo que o Presidente (da República) tomou posse, indultou um dos prisioneiros, uma das pessoas que foram apreendidas com droga, julgada e condenada e que estava nos calabouços da Guiné-Bissau, e um estrangeiro, acima de tudo", aponta Pina.

Apesar da detenção do diretor-geral de Migração e Fronteiras, o secretário-executivo do Observatório Guineense da Droga e Toxicodependência, Abílio Có Júnior, afirma que as atuais autoridades não estão em condições de combater o tráfico de drogas no país.

Para Có Júnior, "as autoridades que têm o papel de combater o tráfico, estão, ao que tudo indica, envolvidas no tráfico de drogas". "É o exemplo claro da detenção do diretor da migração e fronteiras", afirma.

Outras medidas

No entanto, o analista político Mariano Pina defende que outras medidas políticas sejam tomadas sobre o caso Alassana Djaló: "Penso que devia ser demitido o ministro do Interior e todos os responsáveis do Ministério do Interior. As autoridades deviam ter tomado medidas logo no início, não agora".

No mesmo dia em que foi detido pela PJ, na sexta-feira, 11 de setembro, Alassana Djaló foi igualmente suspensodas funções, por tempo indeterminado.

O ministro do Interior, Botche Candé, justificou a decisão por necessidade de "imprimir dinâmica” na Direção dos Serviços de Migração e Fronteiras.

Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche Welle

Leia em Deutsche Welle:

Ruth Monteiro: "Quem assumiu o poder na Guiné-Bissau está estreitamente ligado ao tráfico de droga"

Moçambique | Verbas para as populações vulneráveis podem estar a ser desviadas

O Centro de Integridade Pública (CIP) alerta para o risco de corrupção na atribuição de subsídios às populações carenciadas em Moçambique. Há pessoas a receber apoios em duplicado e cidadãos à espera há vários anos.

O Centro de Integridade Pública (CIP) teme que as verbas destinadas à proteção social, no âmbito da Covid-19, não estejam a chegar "na totalidade" aos beneficiários mais carenciados. A organização não-governamental (ONG) tem conhecimento de vários casos de má gestão na atribuição do subsídio social básico no distrito de Matutuíne, na província de Maputo, sul do país.

A ONG esteve no terreno a investigar a atribuição de apoios financeiros às populações e encontrou casos de cidadãos que não recebiam ajuda há seis meses. A DW África falou com a investigadora do CIP Celeste Banze, uma das autoras do relatório elaborado pela organização no final da visita ao distrito.

DW África: A que se deve este atraso na atribuição de apoios aos cidadãos mais carenciados?

Celeste Banze (CB): O CIP recebeu a denúncia de que havia indícios de má gestão dos fundos do Instituto Nacional de Ação Social (INAS) em Matutuíne. Fomos lá para averiguar e o que nós percebemos é o que acontece em todo o país. O INAS, por ser o parente pobre do Orçamento do Estado no setor social, tem muitas carências. Uma delas é não ter recursos humanos suficientes para garantir que as suas atividades ao nível local sejam implementadas no tempo necessário.

Por exemplo, os beneficiários do programa de Subsídio Social Básico deveriam receber mensalmente o subsídio. O que acontece é que há sempre atrasos. O que fomos constatar em Matutuíne é que há até seis meses de atraso. Quando estivemos lá, percebemos que só na semana anterior é que tinham ido para lá os técnicos do INAS da província de Maputo para poder pagar o subsídio [referente] a três meses. Ainda iam ficar a dever [outros] três meses.

Insurgência ameaça segurança alimentar em Moçambique

Agências humanitárias tentam contato com grupos armados em Cabo Delgado para que ajuda chegue às vítimas do conflito. Programa da ONU quer iniciar megaoperação para abastecer deslocados e população em risco.

A ação cada vez mais intensa de grupos armados no norte de Moçambique deslocou mais de 310 mil pessoas e gerou uma situação de crise humanitária urgente. O situação é considerada grave e obrigou o Programa Alimentar Mundial (PAM) a traçar uma megaoperação para atender aos deslocados internos espalhados por ilhas e pelo interior das províncias da região.

Os rebeldes tomaram o porto estratégico de Mocímboa da Praia há seis semanas. Confrontos entre combatentes - que se dizem alinhados com o "Estado islâmico” - e as forças governamentais têm obrigado um número imenso de residentes a fugir. "O conflito e a violência deixam pessoas sem acesso a alimentos e a meios de subsistência", disse Antonella D'Aprile, representante do PAM na região.

O PAM está a trabalhar com o Governo de Moçambique e outras agências de ajuda para conseguir alimentos e abastecer os deslocados utilizando barcos e camiões. Em breve, o programa das Nações Unidas espera que aviões e helicópteros estejam disponíveis.

Segundo os técnicos que trabalham em Cabo Delgado, uma operação de emergência de tal envergadura não estava prevista no orçamento. "Precisamos de 4,7 milhões de dólares por mês para alimentar os mais vulneráveis", disse a agência AP, Lola Castro, diretora do PAM para a África Austral.

"A situação é extremamente volátil e perigosa, mas nós conseguimos localizar grandes números de deslocados e distribuir alimentos a 200 mil pessoas no mês passado. Esperamos chegar a cerca de 300 mil este mês", informa Castro.

Sindicato dos jornalistas lamenta "recuo" na liberdade de imprensa em Angola

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos manifesta-se preocupado com o "afrouxar da abertura" nos média públicos e lamenta a "suspensão" do canal SIC Notícias no país.

"Não há dúvidas de que a sociedade, do modo geral, e a própria classe jornalística vai sentindo já um recolhimento, ou se quisermos um afrouxar da abertura que os media públicos vinham tendo desde o início do consulado do novo Governo", afirmou esta quarta-feira (23.09) o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, em entrevista à agência noticiosa Lusa.

Para o dirigente sindical, os sinais de recuos da liberdade de imprensa "são evidentes", referindo que a "ausência de órgãos públicos na cobertura das últimas manifestações explicou exatamente as suspeitas que vamos tendo em relação a um sistemático recuo que vamos assistindo".

Manifestações sobre a morte do médico angolano Sílvio Dala, alegadamente em esquadra policial após detenção por não usar máscara facial, aconteceram praticamente em todo o país, sem que os órgãos de comunicação social públicos tivessem noticiado estes eventos.

"Porque não se explica que não tenham feito a cobertura das manifestações que foi um facto de interesse público, não só pela morte do médico, mas também de outras pessoas em que envolveu a polícia nacional", observou Teixeira Cândido.

Independentistas de Cabinda denunciam ataque com seis mortos

Cinco militares e um civil morreram na segunda-feira na sequência de uma operação lançada pelas Forças Armadas Angolanas, anunciou a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC).

Segundo um comunicado divulgado esta terça-feira (22.09), assinado pelo porta-voz do Estado Maior das FAC, António do Rosário Luciano, o ataque contra o campo do movimento independentista na aldeia de Tando-Bocoto aconteceu cerca das 21:30 e foi "vigorosamente reprimido" pelos cabindenses, tendo resultado em seis mortes, dois soldados das FAC, três das Forças Armadas Angolanas e um civil.

O comunicado refere que os soldados angolanos deixaram para trás três armas do tipo Ak-47.

O incidente aconteceu algumas horas após a FLEC-FAC, que reivindica a independência daquela província angolana, ter proposto às Nações Unidas a realização de uma cimeira para relançar o processo de paz, por ocasião da 75.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Jerónimo: “Marcelo foi mais o Presidente dos poderosos do que dos trabalhadores”

Em entrevista à Antena 1, o líder comunista admite não votar a favor do novo Orçamento de Estado, e acusa Marcelo de “branquear o PSD” para atingir um bloco central. Revela ainda que o partido está a preparar um documento sobre toda a polémica mediática do Avante!. E não abre o jogo quanto ao futuro da liderança

S poderá não contar com o PCP para aprovar o Orçamento de Estado para 2021. A garantia é de Jerónimo de Sousa, em entrevista à Antena 1: “No momento em que esse orçamento [for] mais do mesmo - o benefício dos mesmos do costume, o prejuízo para quem trabalha ou trabalhou, para a maioria dos pequenos e médios empresários - eu pergunto: como é que podem exigir do PCP um voto a favor de um documento que reflicta opções de classe e do lado dos poderosos?”

O secretário-geral comunista ressalva que ainda não são conhecidos os conteúdos do OE e não vai fazer um “julgamento precipitado”, mas avisa: “este é um momento de opções”.

Ora, para Jerónimo as opções de Marcelo Rebelo de Sousa têm sido claras: está a “procurar branquear o PSD” com o objetivo “formal ou informal” de garantir um bloco central. “O Presidente da República tem uma visão um bocado elástica da Constituição”, acusou, dando como exemplo a legislação laboral passada no Parlamento.

“Em momento decisivos em que o PR foi chamado a pronunciar-se, muitas vezes ficou do lado de lá - do seu lado, no fundo. Tem a sua opção política, ideológica, e não foi capaz de dar corpo, substância e realização [aos princípios da Presidência da República].” E é perentório: Marcelo não foi o Presidente de todos os portugueses, “foi mais o Presidente dos poderosos do que dos trabalhadores.”

O líder comunista foi também questionado sobre a Festa do Avante!, e revelou que o partido está a pensar fazer um dossiê sobre o processo de manipulação que os comunistas consideram ter cercado o evento. “Com a festa do Avante procurou-se registar a esperança de que é possível aos portugueses não serem prisioneiros do medo. Foram-nos feitas exigências nunca pedidas a mais ninguém mas conseguimos”, concluiu o secretário-geral do PCP, que continuou sem desvendar o seu futuro no partido.

João Ferreira, o candidato presidencial, "é um quadro de grande valor" do partido, mas isso não significa que esteja na linha de sucessão, até porque "não existe um problema de gerações no PCP".

Expresso

Portugal | Sargentos denunciam «pressão e chantagem inaceitáveis»

A Associação Nacional de Sargentos (ANS) alerta, em comunicado, para o facto de que o RAMMFA «desestabiliza o espírito de corpo e coloca em causa a coesão e a disciplina nas Forças Armadas».

A ANS sustenta esta opinião «no conhecimento de inúmeros factos e queixas», para além de «pedidos de apoio por parte de militares que estão a ser alvo de autênticos actos de chantagem e formas de pressão absolutamente inaceitáveis». Trata-se de «militares que, por razões que lhes assistem, não concordam com os respectivos níveis de avaliação e que de uma forma correcta e leal reclamam ao abrigo da legislação», mas que «raramente vêm qualquer correcção ser produzida pelos respectivos avaliadores. Entretanto, se «recorrem ao mecanismo legal do “Recurso Hierárquico”, são invariavelmente aconselhados, em “conversas informais que nunca existiram”, a desistir de tal intento sob pena de poderem vir a ser ainda mais penalizados em futuros períodos de avaliação, ou de serem alvo de transferências por se tornarem indesejáveis nas unidades em que prestam serviço, ou de serem excluídos de uma qualquer missão», sublinha o comunicado.

Estas situações, segundo a ANS, embora «transversais aos diversos postos da categoria» têm maior incidência sobre os primeiros-sargentos.

Por fim, o comunicado da associação alerta para «ameaças e formas de “utilização punitiva”» do Regulamento da Avaliação do Mérito dos Militares das Forças Armadas (RAMMFA), que se estendem «inclusivamente à desconfiança de alguns chefes sobre decisões de médicos que decidem atribuir períodos de baixa médica a militares, pondo em causa não apenas a autoridade técnica, a competência e a ética do clínico, mas, sobretudo, a lealdade, a correcção, a seriedade e a própria dignidade do militar» e critica ainda a «demora excessiva na resposta a requerimentos e exposições endereçados aos respectivos chefes de ramo», existindo situações «com mais de um ano sem resposta».

AbrilAbril

Leia em AbrilAbril:

Militares reclamam direitos

Covid-19 destapa necessidades de pessoal nas escolas

Portugal | Enfermeiros integrados nas equipas de saúde pública sem direitos

Desde Março que a maioria destes enfermeiros trabalha sete dias por semana, dez horas por dia, sem os dias de descanso e folga previstos na legislação, denuncia o SEP.

A estas unidades de Saúde Pública estão alocados apenas um terço dos enfermeiros necessários e, se nada for feito, haverá um agravamento deste cenário, alerta o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN) em comunicado.

Para além de serem responsáveis por desenvolver todos os contactos com os cidadãos sob vigilância activa (doentes Covid-19) e os que estão em isolamento profiláctico (suspeitos), estes profissionais devem também desencadear as visitas a equipamentos de saúde de natureza variada, intervir em eventos desportivos que entretanto aconteçam, entre outras obrigações.

«É absolutamente necessário o reforço das equipas, preferencialmente [...] com enfermeiros especialistas em Saúde Pública, cumprindo, assim, a legislação que determina que enfermeiros com estas competências deverão ser alocados a estas unidades», pode ler-se em nota.

AbrilAbril | Imagem: Fernando Veludo / Lusa

O imperialismo destrói a humanidade

A fase do sistema neo-liberal, no entanto, acentuou a exploração dos trabalhadores e das nações dependentes, para fortalecer o sistema monetário que está nas mão de uma elite internacional que controla o mercado, as empresas multinacionais, o transporte internacional, os bancos e mantém os organismo da ONU.

Zillah Branco* | opinião  

Os estudiosos da História comprovaram as antigas teorias da evolução do sistema econômico e social através dos tempos com as alternâncias dialéticas. Nos últimos milênios assistiu-se à substituição da monarquia no poder das nações pela pressão do desenvolvimento criativo da humanidade que elaborou um sistema com a meta democrática (utópica ainda hoje) para atender as necessidades dos cidadãos de forma igualitária.

Desde que a acumulação do capital constituiu o centrode poder, uma classe capitalista substituiu a velha monarquia, impedindo a existência efetiva de um regime democrático de formação e desenvolvimento da cidadania. Para institucionalizar o poder centralizado criou os Bancos e demais organismos financeiros, que regem o capital segundo os mesquinhos interesses da elite capitalista.

Neste confronto, de uma classe rica contra a outra que é pobre e dependente da política escolhida pela elite para se perpetuar no poder, e se fortaleceu dando origem ao imperialismo que estende o centro de poder da elite a todo o planeta. Por meio de guerras invadiu as nações mais frágeis colonizando-as, com a acumulação do capital roubado às colonias desenvolveu universidades e instituições que permitiram centralizar o conhecimento científico e tecnológico, assim como a produção industrial geradora de empregos e recursos para o mais rápido desenvolvimento material de centros urbanos. Dessa forma têm tentado dominar a cultura e a formação mental de todos os povos para que não possam criar soluções de vida e progresso pessoal e coletivo com autonomia. Tenta impor, portanto, que dependam em tudo do interesse dos mais ricos e por eles sejam escravizados fatalmente.

Dialeticamente é impossível subjugar a mente de todos os pobres que dependem materialmente do regime capitalista imposto ao mundo colonizado! Há muitas formas de transmissão de cultura e formação dos cidadãos que ultrapassam a forma escolástica de pensamento que vem da Idade Média, assim como as mais modernas emissões através de livros, revistas, cartazes públicos, televisão e todos os recursos da comunicação social existentes. Permanece ativa a cutura tradicional transmitida pelas famílias, as crenças arraigadas em coletividades, as filosofias de vida transmitidas oralmente pelos mais idosos, os textos e registos de pensadores em todos os países, o chamado “bom senso” que os mais pobres cultivam no seu relacionamento com povos e natureza, e cresce no planeta a resistência cultural à dependência imposta pelo capital – revoluções abriram caminho para o socialismo e a independência nacional, aí estão a China, o Vietnam, Cuba, Coreia e Laos, e os que sobreviveram à União Soviétca e criticamente defendem a sua revolução, em comunidades e organizações políticas, e as conquistas proporcionadas à humanidade em geral. É a face dialética da História, oposta à perversa e oportunista defesa do poder capitalista que escraviza e mata os que dele dependem.

Crise imperialista

Somente o desespero da crise do sistema explica o surgimento de figuras tão desprezíveis – pela falta de ética, de senso comum, de formação moral, de sentimentos humanos, – nos mais elevados poderes políticos do mundo capitalista. Esses “bonecos de ventríloquo”, com altos salários, representam o triste papel da falência de inteligência e sensibilidade humanas na elite poderosa. Mentem com a maior desfaçatez, organizam formas de morticínios beneficiando do surgimento de virus e da irregular distribuição de alimentos e proteção à saúde, exibem o lado pérfido e repugnante de seres depravados, e ao mesmo tempo apresentam a incapacidade da elite a que pertencem de governar sociedades pacíficas. É, mais uma vez, a face dialética da História, que permite reconhecer que o caminho certo depende da distribuição igualitária das condições de vida e desenvolvimento dos povos construtores.

O egoísmo mata!

As pessoas inseguras tornam-se egoistas para se defenderem. Nesta condição têm dificudades em participar do convívio social. Na medida em que amadurecem, podem corrigir esta fragilidade tornando-se conscientes ou passam a agir com um forma de “generosidade” que acentua a distância com os outros “considerados seus inferiores”. São opções do individualismo gerado pela educação viciada em proteção declarada. “Mal educados” e “alienados”, para deixar claro. A auto-consciência é a única forma de superação das inseguranças pessoais e da condição de respeitar os outros que compoem o coletivo. Assim, torna-se possível a troca de experiências e a solidariedade. É a classe mais pobre na humanidade que preserva esta capacidade.

História do capitalismo

O sistema capitalista, se evoluisse dando espaço igualitário a todo o conjunto social, daria origem ao socialismo, mas antes teria de criar um Estado de Direito ou Estado Social, em que as propriedades são coletivas, geridas pelo Estado, que pode entregar a empresários que desenvolvem a produção e às famílias para moradia, garantindo a subsistência igualitária de todos e a sua formação. Assim, ficariam banidas todas as formas de egoísmo que se transformam em exploração dos trabalhadores.

A fase do sistema neo-liberal, no entanto, acentuou a exploração dos trabalhadores e das nações dependentes, para fortalecer o sistema monetário que está nas mão de uma elite internacional que controla o mercado, as empresas multinacionais, o transporte internacional, os bancos e mantém os organismo da ONU. Esta elite supra nacional, que é liderada pelos Estados Unidos da América, tem agido como um império que abusa da sua condição de superioridade acentuada pelo domínio militar. Esta fase, neo-liberal, foi preparada em universidades norte-americanas na década de 70 – pelos “Chicago Boys”, – e aplicadas nos países desenvolvidos como a Inglaterra no governo de Thatcher, e nos em desenvolvimento, como o Chile por Pinochet, para expandir-se, depois, por toda a região dita Ocidental, dependente do capitalismo.

O sistema socialista iniciado pela União Soviética, foi vítima de uma permanente perseguição das forças militares e da comunicação social do capitalismo (que manteve a “guerra fria” desde o final da Segunda Guerra até a década de 90 quando foi dissolvida a URSS), sobrevivendo apenas na China, Vietnam, Laos, Coreia e Cuba sob boicotes internacionais e continuas ameaças através de organismos internacionais.

A pandemia do coronavírus

Diante da ação do coronavírus SARS-2, a China e os demais países socialistas puderam defender as suas populações graças à organização dos recursos médicos e a disciplina mantida pela estrutura de poder do Estado, além de levarem a solidariedade a outros países desenvolvidos mas incompetentes para defenderem a sua população. Ficou demonstrada a falência do capitalismo que tem por meta principal defender o capital e não os humanos.

Aparentemente tornou-se clara a necessidade de criar nos Estados capitalistas os serviços sociais competentes para atender gratuitamente toda a população. Será o passo para estabelecer os direitos humanos e de cidadania com igualdade, como a democracia impõe. Não será fácil, exatamente devido à ganância dos que detêm o poder do capital, ao medo que têm da sabedoria dos mais pobres que não querem ser escravos.

Assistimos indignados à inanição política de organismos internacionais formados para manter a paz e o respeito entre os povos enquanto o imperialismo agride povos e nega o direito à soberania nacional. Assistimos constrangidos à revelação cotidiana de governantes que nada entendem das funções públicas que deveriam coordenar e revelam a sua escolada ignorância aos que usam o “bom senso” para encontrar soluções que parecem óbvias.

Só não mergulhamos no caos dessa pandemia por que existem cada vez mais resistentes que assumem papeis inovadores para salvar vidas, para reorganizar serviços públicos, para fortalecer a Soberania dos povos e nações

Há caminhos para se chegar à democracia, a partir da solidariedade de todos os que defendem verdadeiramente a humanidade e a natureza.

*Zillah Branco -- Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.

A extradição de Julian Assange prejudicaria a liberdade de expressão -- Lula

#Publicado em português do Brasil

Luiz Inácio Lula da Silva* | Carta Maior

Em breve, os tribunais britânicos decidirão o destino do jornalista australiano Julian Assange, um homem que foi injustamente acusado de criminoso. Assange não cometeu nenhum crime. Ele é um campeão da causa da liberdade.

O Reino Unido dirá se aceita ou nega o pedido de extradição de Assange para os Estados Unidos, onde enfrentará 18 acusações movidas contra ele pelo governo daquele país. Se for extraditado, Assange, 49, pode ser julgado e condenado a até 175 anos de prisão, o equivalente a uma prisão perpétua.

Devemos evitar que esse ultraje aconteça. Apelo a todos aqueles comprometidos com a causa da liberdade de expressão, em todos os cantos do mundo, a se juntarem a mim em um esforço internacional para defender a inocência de Assange e exigir sua libertação imediata.

Esta é a primeira vez na história dos Estados Unidos que um jornalista é indiciado sob a Lei de Espionagem por publicar informações verdadeiras. O mundo sabe, porém, que Assange nunca espionou os EUA. O que ele fez foi publicar documentos que recebeu de Chelsea Manning, analista de inteligência do Exército dos EUA, que serviu no Iraque e no Afeganistão. Manning foi julgada, condenada e sentenciada a sete anos de prisão. Ela agora já cumpriu sua pena.

Todos nós sabemos por que o governo dos Estados Unidos quer se vingar de Assange. Em parceria com o New York Times, El País, Le Monde, The Guardian e Der Spiegel, Assange revelou as atrocidades e crimes de guerra, cometidos pelos EUA, durante as invasões do Iraque e Afeganistão e as torturas a que foram submetidos os prisioneiros de Guantánamo.

O mundo também se lembra do aterrorizante vídeo publicado por Assange, gravado de um helicóptero militar, mostrando soldados norte-americanos metralhando as ruas de Bagdá - aparentemente por puro prazer - e matando 12 civis desarmados, entre eles dois jornalistas da agência de notícias Reuters.

Além de todos esses motivos, os brasileiros têm uma dívida adicional com Assange. Arquivos publicados em sua página do WikiLeaks revelaram conversas ocorridas em 2009 entre aqueles que estariam posteriormente no governo Temer - que em 2016 depôs o governo Dilma - e altos funcionários do Departamento de Estado sobre questões relacionadas à privatização do petróleo em águas profundas do Brasil depósitos.

Foi pela leitura dos documentos revelados por Assange que os brasileiros souberam da relação entre o homem que mais tarde seria ministro das Relações Exteriores no governo Temer, José Serra, e executivos das gigantes petrolíferas norte-americanas ExxonMobile e Chevron.

A acusação adotada pela administração Trump para justificar as alegações contra Assange - que ele tentou ajudar Manning a hackear computadores do governo - é perigosa e falsa.

É falsa porque o único esforço que Assange fez foi tentar proteger a identidade de sua fonte, o que é um direito e uma obrigação de todos os jornalistas. É perigoso porque aconselhar fontes sobre como evitar a prisão é algo que todo jornalista investigativo ético faz. Criminalizar isso é colocar em perigo jornalistas de todos os lugares.

Quando Jair Bolsonaro tentou acusar o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, por exemplo, no início deste ano, de denunciar a corrupção que levou à minha detenção e prisão ilegal, o governo brasileiro estava copiando essa nova e perigosa teoria usada pelos EUA contra Assange.

Todas as pessoas e instituições comprometidas com a liberdade de expressão, e não apenas a grande mídia com a qual o WikiLeaks compartilhou os segredos de Washington, agora têm uma tarefa essencial: exigir a libertação imediata de Assange.

Sabemos que as acusações contra Assange representam um atentado direto aos direitos garantidos pela primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de imprensa e expressão. Sabemos que os tratados entre os EUA e o Reino Unido proíbem a extradição de pessoas acusadas de crimes políticos.

Os riscos de que Assange seja extraditado, no entanto, são reais. Ninguém que acredita na democracia pode permitir que alguém que deu uma contribuição tão importante à causa da liberdade seja punido por isso. Assange, repito, é um campeão da democracia e deve ser libertado imediatamente.

*Luiz Inácio Lula da Silva foi presidente do Brasil de 2002 a 2010

*Publicado originalmente em 'The Guardian' | Tradução de César Locatelli

Imagem: Julian Assange é levado ao tribunal em Londres em maio de 2019 (Matt Dunham/AP)

Mike Pompeo no Brasil: submissão e risco de guerra

#Publicado em português do Brasil

Em Roraima, secretário de Estado dos EUA reitera ameaças à Venezuela e faz campanha para reeleição de Trump. Irresponsabilidade e subserviência do bolsonarismo poderão transformar América Latina em novo Oriente Médio

Marcelo Zero* | Outras Palavras

Os quatro cavaleiros do Apocalipse são a Peste, a Morte, a Fome e a Guerra. Três já cavalgam há muito com Bolsonaro.

Graças à indiferença e à incompetência de um governo sociopático, a Peste e a Morte fazem a festa entre nós, especialmente entre os mais pobres.

Rumamos céleres para 150 mil mortos, ante um presidente que ri da tragédia e recomenda o falso milagre da cloroquina. Há um Apocalipse Sanitário no Brasil.

E a morte não é só de seres humanos. Em nome do lucro de poucos, são eliminados, com fogo, animais, plantas e ecossistemas inteiros. O Brasil de Bolsonaro é um assassino do clima e da natureza. Temos também um Apocalipse Ambiental.

A Fome, após ter sido eliminada nos governos do PT, também já voltou a fincar raízes no Brasil. Há carestia e desabastecimento de produtos básicos. O governo Bolsonaro extinguiu ou fragilizou as políticas públicas que apoiavam agricultura familiar, a produção para o mercado interno e a estocagem de alimentos.

O PT criou o Fome Zero. Bolsonaro criou o Alimento Zero.

Só falta agora o fim do auxílio emergencial, proposto pelo Congresso, para que o Cavaleiro da Fome, da Pobreza e da Desigualdade gere um Apocalipse Social.

Só estava ausente, portanto, o Cavaleiro da Guerra.

Não mais.

El chegou em 18/9 ao Brasil. Mais especificamente em Roraima. Trata-se de Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA.

Ele vem ao Brasil, e também à Colômbia e à Guiana, para tentar inviabilizar as eleições na Venezuela e investir em um conflito regional de consequências imprevisíveis.

Essas eleições, das quais participarão todas as forças políticas responsáveis da Venezuela e que contarão com observadores da ONU e da UE, se constituem na única aposta viável e pacífica para resolver o grave conflito interno do nosso vizinho. Só as rejeita o fantoche Guaidó.

Entretanto, os EUA de Trump, secundado pelo seu cão de guarda regional, o Brasil de Bolsonaro e Araújo, preferem apostar na inviabilização da via pacífica e constitucional e na desestabilização, pela força da Guerra, convencional ou híbrida, do regime de Maduro.

Essa aposta irresponsável, que pode transformar a América do Sul em um novo Oriente Médio, contraria frontalmente a nossa Constituição, que consagra princípios básicos como o da solução pacífica das controvérsias e o da não-intervenção, bem como uma bela e longa tradição diplomática de uso do nosso soft power em favor da paz e da integração regional.

Lula era um grande líder da paz, do diálogo, da integração. Bolsonaro é um capacho que serve ao Cavaleiro da Guerra.

A visita de Pompeo, nessas condições, é um tapa na cara da nossa soberania. Mais um entre tantos outros do capitão que bate continência para a bandeira dos EUA.

Assim, temos também, com Bolsonaro e Araújo, um Apocalipse da nossa Soberania. Uma vassalagem vergonhosa, nunca vista na história do país.

Tudo o que o Brasil construiu em política externa, e não foi pouco, está sendo destruído por mentecaptos e terraplanistas ideológicos, que cultuam armas, violência, ignorância e Trump. Não necessariamente nessa ordem. São os milicianos da dependência.

No fundo, trata-se da morte do Brasil independente e soberano.

Neste grande apocalipse bolsonarista, que mata gente, sonhos, direitos, democracia, plantas, animais, clima e tudo mais que vê pela frente, essa morte do Brasil é a que mais dói.

*Marcelo Zero -- É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI)

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Brasil | Bolsonaro: Um farsante nas Nações Unidas

#Publicado em português do Brasil

“O temido discurso de abertura nas Nações Unidas não decepcionou: a mentira predominou em praticamente todas as declarações”, escreve a jurista Carol Proner* sobre o pronunciamento de Jair Bolsonaro na ONU. “Bolsonaro nos envergonhou mais uma vez, nos humilhou diante de chefes de Estado e de autoridades de todo o mundo”

Esta é a grande semana da diplomacia mundial, que celebra os 75 anos de existência da Organização das Nações Unidas, entidade criada para a promoção da paz, a cooperação internacional e a contenção das guerras. Se, de lá pra cá, é verdade que o mundo não viveu uma nova guerra mundial, também não significa que tenha sido um lugar pacífico.

Os conflitos e as catástrofes humanitárias prosseguem por outros meios: da guerra do Vietnam às ocupações africanas, passando por ditaduras militares com forte ingerência externa, intervenções “ditas” humanitárias, revoluções coloridas e golpes de novo tipo, formas inéditas de conflito prosperam sem cessar e comprometem a vida de milhares de seres humanos.

A iminência de uma nova guerra fria como ameaça à sobrevivência humana esteve entre os destaques na abertura da ONU, dados os sinais cada vez mais hostis no contexto das guerras comerciais e na corrida armamentista entre as grandes potencias. Mas a tônica deste aniversário não poderia ser outra se não a da pandemia da Covid-19.

O Secretario Geral, Antonio Guterres, destacando o desafio das soluções multilaterais e cooperativas para lidar com a pandemia, ressaltou o fracasso do populismo e do nacionalismo. Aliás, o discurso oficial da entidade parecia sob medida para os Estados Unidos e para o Brasil, ou diretamente para Trump e Bolsonaro, governantes que ostentam o macabro pódio de primeiro e segundo lugar na responsabilidade pelas mortes por Covid-19.

A violação do dever de proteger a população já vem sendo apontada, por relatores e organismos da ONU, como em franco descumprimento pelo Brasil, em especial a vida e a saúde das populações mais vulneráveis. Como já comentamos em outra oportunidade, são mais de 50 denúncias em órgãos internacionais contra o atual governo, e o país será alvo, em breve tempo, de uma avalanche de relatórios desabonadores que trarão consequências em cascata para a imagem e a economia do Brasil.

Alguns efeitos já vêm sendo sentidos, mesmo antes da conclusão dos relatórios oficiais. Produtores brasileiros já enfrentam dificuldades em comprovar o cumprimento dos critérios ambientais, sociais e de governança. Até mesmo setores do agronegócio se queixaram, em carta recente enviada a Bolsonaro (com copia a Mourão, aos ministros da agricultura, do meio ambiente e da ciência e tecnologia, e até mesmo para embaixadas de países europeus), alertando para os riscos no descontrole na proteção ambiental. Entre as ações propostas pela JBS, Klabin, Natura, Unilever, entre outras empresas, esta a “intensificação de ações de fiscalização e punição dos responsáveis por órgãos como o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e a Funai”. É no mínimo curioso que, num país como o Brasil, o agronegócio chegue ao ponto de pedir fiscalização do Ibama e da  Funai.

E Jair Bolsonaro, como responde diante do mundo?

O temido discurso de abertura nas Nações Unidas não decepcionou: a mentira predominou em praticamente todas as declarações. Porém, algumas mentiras foram mais ultrajantes que outras. É espantosa a coragem de dizer que o enfrentamento à Covid-19 foi da forma correta, combinando preocupação com a vida e com o desemprego. E os eventuais maus resultados? Responsabilidade delegada aos governadores e prefeitos. E quanto aos problemas meio-ambientais, os incêndios da Amazônia e do Pantanal, Bolsonaro jura que fiscaliza, combate, protege e atribuiu, como culpa pelas queimadas, aos hábitos vitais dos caboclos e dos índios. Talvez o único momento em que tenha dito à verdade foi quando admitiu a ampliação do uso da hidroxicloroquina no trato da Covid e da subalternidade explícita aos Estados Unidos no trato com a Venezuela, ambas práticas que colocam em risco a vida da população.

Pois bem, Bolsonaro nos envergonhou mais uma vez, nos humilhou diante de chefes de Estado e de autoridades de todo o mundo. E sem as salvaguardas imperialistas que dá a Donald Trump o direito de fazer pouco da ONU, o Brasil pagará caro.

*Carol Proner - - Doutora em Direito, professora da UFRJ, diretora do Instituo Joaquín Herrera Flores – IJHF

Pátria Latina

Imagem: Presidente da República Jair Bolsonaro, durante gravação de discurso para a 75ª Assembleia Geral da ONU. 22/09/2020 (Foto: Marcos Corrêa/PR)

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Brasil ajoelhado aos pés dos EUA

Bolívia | Evo Morales pede unidade para lutar contra a direita neoliberal

#Publicado em português do Brasil

Buenos Aires (Prensa Latina) O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, fez um apelo à unidade do povo hoje frente às eleições de 18 de outubro para lutar contra as facções de direita que detêm o poder no país.

Diante da tentativa de unidade da direita, autores de 20 anos de neoliberalismo, fazemos um apelo por uma maior unidade da classe trabalhadora, da classe média e dos empresários, destacou Morales em sua conta no Twitter.

Insistiu também na necessidade de alinhar-se com o Movimento pelo Socialismo (MAS), que afirmou ser a única organização política ‘com visão de país e experiência de gestão que garanta uma saída para a crise econômica’.

Morales, refugiada na Argentina após o golpe de novembro de 2019, faz este apelo apenas um dia depois de a presidente do governo de fato, Jeanine Áñez, renunciar à sua candidatura nas eleições gerais de 18 de outubro.

A golpista garantiu em um vídeo – publicado em sua conta no Twitter – que tomou essa decisão ‘pelo bem maior’, para evitar uma dispersão do bloco oposto ao MAS que favoreceria uma vitória daquele movimento no primeiro turno.

A priori, dizem os especialistas, os partidários de Áñez se juntarão às fileiras do ex-presidente Carlos Mesa (de 17 de outubro de 2003 a 9 de junho de 2005), que até ontem ocupava o segundo lugar nas pesquisas, atrás do candidato do MAIS Luis Arce.

Mesa, que concorre às eleições para o grupo político Comunidad Ciudadana, apoiou o golpe na Bolívia, embora sempre tenha mantido divergências com Áñez.

Após a retirada da candidatura de Áñez, havia sete candidatos à presidência da Bolívia: Arce, Mesa, Luis Fernando Camacho (Acreditamos), Jorge Quiroga (Liberdade e Democracia), María de la Cruz Bayá (Ação Democrática Nacionalista), Feliciano Mamani (Ação Nacional Boliviana) e Chi Hyun Chung (Frente pela Vitória).

Pátria Latina

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