Desde que a acumulação do capital
constituiu o centrode poder, uma classe capitalista substituiu a velha
monarquia, impedindo a existência efetiva de um regime democrático de formação
e desenvolvimento da cidadania. Para institucionalizar o poder centralizado
criou os Bancos e demais organismos financeiros, que regem o capital segundo os
mesquinhos interesses da elite capitalista.
Neste confronto, de uma classe
rica contra a outra que é pobre e dependente da política escolhida pela elite
para se perpetuar no poder, e se fortaleceu dando origem ao imperialismo que
estende o centro de poder da elite a todo o planeta. Por meio de guerras
invadiu as nações mais frágeis colonizando-as, com a acumulação do capital
roubado às colonias desenvolveu universidades e instituições que permitiram
centralizar o conhecimento científico e tecnológico, assim como a produção
industrial geradora de empregos e recursos para o mais rápido desenvolvimento
material de centros urbanos. Dessa forma têm tentado dominar a cultura e a
formação mental de todos os povos para que não possam criar soluções de vida e
progresso pessoal e coletivo com autonomia. Tenta impor, portanto, que dependam
em tudo do interesse dos mais ricos e por eles sejam escravizados fatalmente.
Dialeticamente é impossível
subjugar a mente de todos os pobres que dependem materialmente do regime
capitalista imposto ao mundo colonizado! Há muitas formas de transmissão de
cultura e formação dos cidadãos que ultrapassam a forma escolástica de
pensamento que vem da Idade Média, assim como as mais modernas emissões através
de livros, revistas, cartazes públicos, televisão e todos os recursos da
comunicação social existentes. Permanece ativa a cutura tradicional transmitida
pelas famílias, as crenças arraigadas em coletividades, as filosofias de vida
transmitidas oralmente pelos mais idosos, os textos e registos de pensadores em
todos os países, o chamado “bom senso” que os mais pobres cultivam no seu
relacionamento com povos e natureza, e cresce no planeta a resistência cultural
à dependência imposta pelo capital – revoluções abriram caminho para o
socialismo e a independência nacional, aí estão a China, o Vietnam, Cuba,
Coreia e Laos, e os que sobreviveram à União Soviétca e criticamente defendem a
sua revolução, em comunidades e organizações políticas, e as conquistas
proporcionadas à humanidade em geral. É a face dialética da História, oposta à
perversa e oportunista defesa do poder capitalista que escraviza e mata os que
dele dependem.
Crise imperialista
Somente o desespero da crise do
sistema explica o surgimento de figuras tão desprezíveis – pela falta de ética,
de senso comum, de formação moral, de sentimentos humanos, – nos mais elevados
poderes políticos do mundo capitalista. Esses “bonecos de ventríloquo”, com
altos salários, representam o triste papel da falência de inteligência e
sensibilidade humanas na elite poderosa. Mentem com a maior desfaçatez,
organizam formas de morticínios beneficiando do surgimento de virus e da
irregular distribuição de alimentos e proteção à saúde, exibem o lado pérfido e
repugnante de seres depravados, e ao mesmo tempo apresentam a incapacidade da
elite a que pertencem de governar sociedades pacíficas. É, mais uma vez, a face
dialética da História, que permite reconhecer que o caminho certo depende da
distribuição igualitária das condições de vida e desenvolvimento dos povos
construtores.
O egoísmo mata!
As pessoas inseguras tornam-se
egoistas para se defenderem. Nesta condição têm dificudades em participar do
convívio social. Na medida em que amadurecem, podem corrigir esta fragilidade
tornando-se conscientes ou passam a agir com um forma de “generosidade” que
acentua a distância com os outros “considerados seus inferiores”. São opções do
individualismo gerado pela educação viciada em proteção declarada. “Mal
educados” e “alienados”, para deixar claro. A auto-consciência é a única forma
de superação das inseguranças pessoais e da condição de respeitar os outros que
compoem o coletivo. Assim, torna-se possível a troca de experiências e a
solidariedade. É a classe mais pobre na humanidade que preserva esta
capacidade.
História do capitalismo
O sistema capitalista, se
evoluisse dando espaço igualitário a todo o conjunto social, daria origem ao
socialismo, mas antes teria de criar um Estado de Direito ou Estado Social, em
que as propriedades são coletivas, geridas pelo Estado, que pode entregar a
empresários que desenvolvem a produção e às famílias para moradia, garantindo a
subsistência igualitária de todos e a sua formação. Assim, ficariam banidas
todas as formas de egoísmo que se transformam em exploração dos trabalhadores.
A fase do sistema neo-liberal, no
entanto, acentuou a exploração dos trabalhadores e das nações dependentes, para
fortalecer o sistema monetário que está nas mão de uma elite internacional que
controla o mercado, as empresas multinacionais, o transporte internacional, os
bancos e mantém os organismo da ONU. Esta elite supra nacional, que é liderada
pelos Estados Unidos da América, tem agido como um império que abusa da sua
condição de superioridade acentuada pelo domínio militar. Esta fase,
neo-liberal, foi preparada em universidades norte-americanas na década de 70 –
pelos “Chicago Boys”, – e aplicadas nos países desenvolvidos como a Inglaterra
no governo de Thatcher, e nos em desenvolvimento, como o Chile por Pinochet,
para expandir-se, depois, por toda a região dita Ocidental, dependente do
capitalismo.
O sistema socialista iniciado
pela União Soviética, foi vítima de uma permanente perseguição das forças militares
e da comunicação social do capitalismo (que manteve a “guerra fria” desde o
final da Segunda Guerra até a década de 90 quando foi dissolvida a URSS),
sobrevivendo apenas na China, Vietnam, Laos, Coreia e Cuba sob boicotes
internacionais e continuas ameaças através de organismos internacionais.
A pandemia do coronavírus
Diante da ação do coronavírus
SARS-2, a
China e os demais países socialistas puderam defender as suas populações graças
à organização dos recursos médicos e a disciplina mantida pela estrutura de
poder do Estado, além de levarem a solidariedade a outros países desenvolvidos
mas incompetentes para defenderem a sua população. Ficou demonstrada a falência
do capitalismo que tem por meta principal defender o capital e não os humanos.
Aparentemente tornou-se clara a
necessidade de criar nos Estados capitalistas os serviços sociais competentes
para atender gratuitamente toda a população. Será o passo para estabelecer os
direitos humanos e de cidadania com igualdade, como a democracia impõe. Não
será fácil, exatamente devido à ganância dos que detêm o poder do capital, ao
medo que têm da sabedoria dos mais pobres que não querem ser escravos.
Assistimos indignados à inanição
política de organismos internacionais formados para manter a paz e o respeito
entre os povos enquanto o imperialismo agride povos e nega o direito à
soberania nacional. Assistimos constrangidos à revelação cotidiana de
governantes que nada entendem das funções públicas que deveriam coordenar e
revelam a sua escolada ignorância aos que usam o “bom senso” para encontrar
soluções que parecem óbvias.
Só não mergulhamos no caos dessa
pandemia por que existem cada vez mais resistentes que assumem papeis
inovadores para salvar vidas, para reorganizar serviços públicos, para fortalecer
a Soberania dos povos e nações
Há caminhos para se chegar à
democracia, a partir da solidariedade de todos os que defendem verdadeiramente
a humanidade e a natureza.
*Zillah Branco -- Cientista
Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile,
Portugal e Cabo Verde.