quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O imperialismo destrói a humanidade

A fase do sistema neo-liberal, no entanto, acentuou a exploração dos trabalhadores e das nações dependentes, para fortalecer o sistema monetário que está nas mão de uma elite internacional que controla o mercado, as empresas multinacionais, o transporte internacional, os bancos e mantém os organismo da ONU.

Zillah Branco* | opinião  

Os estudiosos da História comprovaram as antigas teorias da evolução do sistema econômico e social através dos tempos com as alternâncias dialéticas. Nos últimos milênios assistiu-se à substituição da monarquia no poder das nações pela pressão do desenvolvimento criativo da humanidade que elaborou um sistema com a meta democrática (utópica ainda hoje) para atender as necessidades dos cidadãos de forma igualitária.

Desde que a acumulação do capital constituiu o centrode poder, uma classe capitalista substituiu a velha monarquia, impedindo a existência efetiva de um regime democrático de formação e desenvolvimento da cidadania. Para institucionalizar o poder centralizado criou os Bancos e demais organismos financeiros, que regem o capital segundo os mesquinhos interesses da elite capitalista.

Neste confronto, de uma classe rica contra a outra que é pobre e dependente da política escolhida pela elite para se perpetuar no poder, e se fortaleceu dando origem ao imperialismo que estende o centro de poder da elite a todo o planeta. Por meio de guerras invadiu as nações mais frágeis colonizando-as, com a acumulação do capital roubado às colonias desenvolveu universidades e instituições que permitiram centralizar o conhecimento científico e tecnológico, assim como a produção industrial geradora de empregos e recursos para o mais rápido desenvolvimento material de centros urbanos. Dessa forma têm tentado dominar a cultura e a formação mental de todos os povos para que não possam criar soluções de vida e progresso pessoal e coletivo com autonomia. Tenta impor, portanto, que dependam em tudo do interesse dos mais ricos e por eles sejam escravizados fatalmente.

Dialeticamente é impossível subjugar a mente de todos os pobres que dependem materialmente do regime capitalista imposto ao mundo colonizado! Há muitas formas de transmissão de cultura e formação dos cidadãos que ultrapassam a forma escolástica de pensamento que vem da Idade Média, assim como as mais modernas emissões através de livros, revistas, cartazes públicos, televisão e todos os recursos da comunicação social existentes. Permanece ativa a cutura tradicional transmitida pelas famílias, as crenças arraigadas em coletividades, as filosofias de vida transmitidas oralmente pelos mais idosos, os textos e registos de pensadores em todos os países, o chamado “bom senso” que os mais pobres cultivam no seu relacionamento com povos e natureza, e cresce no planeta a resistência cultural à dependência imposta pelo capital – revoluções abriram caminho para o socialismo e a independência nacional, aí estão a China, o Vietnam, Cuba, Coreia e Laos, e os que sobreviveram à União Soviétca e criticamente defendem a sua revolução, em comunidades e organizações políticas, e as conquistas proporcionadas à humanidade em geral. É a face dialética da História, oposta à perversa e oportunista defesa do poder capitalista que escraviza e mata os que dele dependem.

Crise imperialista

Somente o desespero da crise do sistema explica o surgimento de figuras tão desprezíveis – pela falta de ética, de senso comum, de formação moral, de sentimentos humanos, – nos mais elevados poderes políticos do mundo capitalista. Esses “bonecos de ventríloquo”, com altos salários, representam o triste papel da falência de inteligência e sensibilidade humanas na elite poderosa. Mentem com a maior desfaçatez, organizam formas de morticínios beneficiando do surgimento de virus e da irregular distribuição de alimentos e proteção à saúde, exibem o lado pérfido e repugnante de seres depravados, e ao mesmo tempo apresentam a incapacidade da elite a que pertencem de governar sociedades pacíficas. É, mais uma vez, a face dialética da História, que permite reconhecer que o caminho certo depende da distribuição igualitária das condições de vida e desenvolvimento dos povos construtores.

O egoísmo mata!

As pessoas inseguras tornam-se egoistas para se defenderem. Nesta condição têm dificudades em participar do convívio social. Na medida em que amadurecem, podem corrigir esta fragilidade tornando-se conscientes ou passam a agir com um forma de “generosidade” que acentua a distância com os outros “considerados seus inferiores”. São opções do individualismo gerado pela educação viciada em proteção declarada. “Mal educados” e “alienados”, para deixar claro. A auto-consciência é a única forma de superação das inseguranças pessoais e da condição de respeitar os outros que compoem o coletivo. Assim, torna-se possível a troca de experiências e a solidariedade. É a classe mais pobre na humanidade que preserva esta capacidade.

História do capitalismo

O sistema capitalista, se evoluisse dando espaço igualitário a todo o conjunto social, daria origem ao socialismo, mas antes teria de criar um Estado de Direito ou Estado Social, em que as propriedades são coletivas, geridas pelo Estado, que pode entregar a empresários que desenvolvem a produção e às famílias para moradia, garantindo a subsistência igualitária de todos e a sua formação. Assim, ficariam banidas todas as formas de egoísmo que se transformam em exploração dos trabalhadores.

A fase do sistema neo-liberal, no entanto, acentuou a exploração dos trabalhadores e das nações dependentes, para fortalecer o sistema monetário que está nas mão de uma elite internacional que controla o mercado, as empresas multinacionais, o transporte internacional, os bancos e mantém os organismo da ONU. Esta elite supra nacional, que é liderada pelos Estados Unidos da América, tem agido como um império que abusa da sua condição de superioridade acentuada pelo domínio militar. Esta fase, neo-liberal, foi preparada em universidades norte-americanas na década de 70 – pelos “Chicago Boys”, – e aplicadas nos países desenvolvidos como a Inglaterra no governo de Thatcher, e nos em desenvolvimento, como o Chile por Pinochet, para expandir-se, depois, por toda a região dita Ocidental, dependente do capitalismo.

O sistema socialista iniciado pela União Soviética, foi vítima de uma permanente perseguição das forças militares e da comunicação social do capitalismo (que manteve a “guerra fria” desde o final da Segunda Guerra até a década de 90 quando foi dissolvida a URSS), sobrevivendo apenas na China, Vietnam, Laos, Coreia e Cuba sob boicotes internacionais e continuas ameaças através de organismos internacionais.

A pandemia do coronavírus

Diante da ação do coronavírus SARS-2, a China e os demais países socialistas puderam defender as suas populações graças à organização dos recursos médicos e a disciplina mantida pela estrutura de poder do Estado, além de levarem a solidariedade a outros países desenvolvidos mas incompetentes para defenderem a sua população. Ficou demonstrada a falência do capitalismo que tem por meta principal defender o capital e não os humanos.

Aparentemente tornou-se clara a necessidade de criar nos Estados capitalistas os serviços sociais competentes para atender gratuitamente toda a população. Será o passo para estabelecer os direitos humanos e de cidadania com igualdade, como a democracia impõe. Não será fácil, exatamente devido à ganância dos que detêm o poder do capital, ao medo que têm da sabedoria dos mais pobres que não querem ser escravos.

Assistimos indignados à inanição política de organismos internacionais formados para manter a paz e o respeito entre os povos enquanto o imperialismo agride povos e nega o direito à soberania nacional. Assistimos constrangidos à revelação cotidiana de governantes que nada entendem das funções públicas que deveriam coordenar e revelam a sua escolada ignorância aos que usam o “bom senso” para encontrar soluções que parecem óbvias.

Só não mergulhamos no caos dessa pandemia por que existem cada vez mais resistentes que assumem papeis inovadores para salvar vidas, para reorganizar serviços públicos, para fortalecer a Soberania dos povos e nações

Há caminhos para se chegar à democracia, a partir da solidariedade de todos os que defendem verdadeiramente a humanidade e a natureza.

*Zillah Branco -- Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.

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