quarta-feira, 30 de setembro de 2020

A China posiciona Sun Tzu para vencer a Guerra dos Chips

Pepe Escobar [*]

Vamos directos ao assunto: com ou sem a força destruidora de uma sanção, a China simplesmente não será expulsa do mercado global de semicondutores.

A quantidade real de chips que a Huawei tem em stock para o seu negócio de smart phones pode ficar como uma questão em aberto.

Mas o ponto mais importante é que nos próximos anos – recordar que o Made in China 2025 continua em vigor – os chineses fabricarão o equipamento necessário para produzir chips de 5 nm ( nanómetros ) de qualidade equivalente ou mesmo melhor do que os provenientes de Formosa, Coreia do Sul e Japão.

Conversas com peritos em TI da Rússia, da ASEAN e da Huawei revelam os contornos básicos do roteiro pela frente.

Eles explicam que o que poderia ser descrito como uma limitação da física quântica está a impedir um movimento constante dos chips de 5nm para 3nm. Isto significa que os próximos grandes avanços podem vir de outros materiais semicondutores e outras técnicas. Assim, a China, neste aspecto, está praticamente ao mesmo nível de investigação que Formosa, Coreia do Sul e Japão.

Além disso, não existe nenhuma lacuna de conhecimento – ou um problema de comunicação – entre os engenheiros chineses e os de Formosa. E o modus operandi predominante continua a ser a porta giratória.

Os grandes avanços da China envolvem uma comutação crucial do silício para o carbono. A investigação chinesa está totalmente empenhada nela e está quase pronta para transpor o seu trabalho de laboratório para a produção industrial.

Em paralelo, os chineses estão a actualizar o procedimento de foto-litografia privilegiada pelos EUA a fim de obter chips nanométricos para um novo procedimento não foto-litográfico capaz de produzir chips mais pequenos e mais baratos.

Tanto quanto as empresas chinesas, avançando, estarão a comprar todas as fases possíveis do negócio de manufacturação de chips tendo em vista, qualquer que seja o custo, que isto prosseguirá em paralelo com empresas de topo dos EUA em semicondutores, como a Qualcomm, que não vão impor limitações para contornar sanções e continuam a fornecer chips à Huawei. Este já é o caso da Intel e da AMD.

China confirma detenção de ativistas pró-democracia que tentaram fugir

Pequim, 30 set 2020 (Lusa) -- A China confirmou hoje oficialmente a detenção, em agosto passado, de 12 ativistas pró-democracia que tentavam fugir de Hong Kong, a bordo de uma embarcação, em direção a Taiwan.

Os 12 ativistas pró-democracia, que incluem o estudante universitário Tsz Lun Kok, com dupla nacionalidade chinesa e portuguesa, foram detidos em 23 de agosto pela guarda costeira chinesa, por suspeita de "travessia ilegal", quando se dirigiam de barco para Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo político.

O grupo foi intercetado a cerca de 70 quilómetros a sudeste de Hong Kong e foi entregue às forças policiais de Shenzhen, no território continental chinês.

Desde então, o paradeiro destes ativistas no sistema jurídico chinês era incerto, com os respetivos advogados a relataram dificuldades em estabelecer contacto com os detidos.

As famílias dos ativistas também manifestaram preocupação face às escassas informações sobre o destino dos detidos.

"Luanda Leaks": Conclusões da CMVM seguem para a Justiça portuguesa

Supervisor dos mercados em Portugal instaurou ações de supervisão a nove auditores no seguimento do caso "Luanda Leaks", envolvendo alegados esquemas de Isabel dos Santos. Conclusões serão enviadas ao Ministério Público.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de Portugal instaurou 10 ações de supervisão a nove auditores e encontrou matéria que será participada à Justiça portuguesa. Quatro averiguações já foram dadas como terminadas, mas outras cinco estão ainda a decorrer.

"Há já matéria para contencioso contraordenacional, e haverá mesmo indícios da prática de crimes, pelo que é provável que aconteçam comunicações ao Ministério Público em alguns casos", escreve esta quarta-feira (30.09) o semanário português Expresso.

Entre os destaques na atividade de supervisão a auditores no ciclo 2019/2020, divulgados esta quarta-feira pela CMVM, figura "a supervisão sobre nove auditores, envolvendo 27 entidades auditadas e 84 dossiês de auditoria, no seguimento das notícias veiculadas nos meios de comunicação social sobre o caso denominado "Luanda Leaks", envolvendo alegados esquemas financeiros da empresária angolana Isabel dos Santos.

De acordo com o relatório "Resultados Globais do Sistema de Controlo de Qualidade da Auditoria", citado pela agência Lusa, as ações de supervisão às 27 entidades "tiveram como objetivo avaliar se os auditores cumpriram com todos os seus deveres" no que se refere "à prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo" e "à conformidade do trabalho realizado com as normas profissionais e disposições legais e regulamentares aplicáveis no que diz respeito a saldos e transações com partes relacionadas".

Angola | UNITA lança farpas ao Presidente João Lourenço

A maquilhagem da Presidência está a ficar esborratada. É a conclusão da UNITA. Para o maior partido da oposição em Angola, o adiamento das autárquicas é apenas um exemplo do "desrespeito" aos interesses da nação.

Para a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o desenvolvimento do país depende da descentralização. Não há volta a dar. Adiar as primeiras eleições autárquicas em Angola significa, por isso, adiar esse desenvolvimento e menosprezar os interesses nacionais, segundo o partido da oposição.

As eleições foram adiadas "'sine die' pelo Presidente da República, alegando razões ligadas à Covid-19", afirmou a deputada da UNITA Navita Ngolo, esta terça-feira (29.09), durante uma conferência de imprensa, no dia em se assinalam 28 anos desde as primeiras eleições gerais no país. "Neste quesito [das autarquias], mais uma vez, o titular do poder executivo faltou com a palavra e desrespeitou a opinião que lhe foi gratuitamente emitida pelo Conselho da República, muito antes do surgimento da Covid-19, revelando falta de vontade política e submissão do interesse nacional aos interesses de um grupo", disse

A UNITA está convicta de que a implementação das autarquias acelerará o desenvolvimento das comunidades e impulsionará a economia nacional, ao mesmo tempo em que os cidadãos poderão interagir mais diretamente com os seus governantes.

Este mês, o Presidente João Lourenço disse que "não há culpados" pelo adiamento das autárquicas. Mas a UNITA aponta diretamente o dedo ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), de João Lourenço.

"O pacote das autarquias não termina porque a maioria parlamentar de que é presidente o general João Manuel Gonçalves Lourenço recusa-se a agendar a discussão e aprovação de uma das mais importantes matérias, a Lei da Institucionalização das autarquias", sublinhou a segunda vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA.

Avenidas Macky Sall e Muhammadu Buhari geram polémica em Bissau

Decisão das autoridades de atribuir os nomes dos Presidentes do Senegal e da Nigéria a duas avenidas da capital guineense causa controvérsia. Ruas foram batizadas a 24 de setembro. Sociedade civil critica a iniciativa.

As críticas sucedem-se desde que as duas avenidas foram inauguradas com os nomes dos Presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria, Muhammadu Buhari, no dia 24 de setembro, por ocasião das celebrações dos 47 anos da independência da Guiné-Bissau.

Cidadãos comuns e várias figuras públicas e analistas políticos questionam como é que se pode ter nomeado duas avenidas em homenagem a pessoas que não têm uma ligação histórica com a Guiné-Bissau.

O analista político Rui Landim critica particularmente que se tenha atribuído a uma avenida o nome de Macky Sall, uma vez que, a seu ver, o chefe de Estado senegalês terá contribuído para a instabilidade recente no país.

"Não há avenida Luís Cabral, Umaro Djaló, Constantino Teixeira, Nino Vieira [todos combatentes da liberdade da pátria] e tantos outros", lembra o analista, que tece duras críticas a quem trouxe "alguém que tem tudo contra a Guiné-Bissau e é pago para ter conspirado e instigado o golpe de Estado no país. "O que Macky Sall quer", conclui Rui Landim, é a "dominação da Guiné-Bissau pelo Senegal."

A Guerra dos Farrapos e o Massacre dos Lanceiros Negros

Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* | Porto Alegre | Brasil 

A Revolução Farroupilha (1835-1845) eclodiu, no Brasil, na Província de São Pedro (RS), durante a Regência Una do Padre Diogo Antônio Feijó (1784-1843). Considerada a mais longa guerra civil, que a história brasileira registra, ocorreram 59 vitórias para cada lado e 3,4 mil óbitos. Às margens do Rio Jaguarão, na manhã de 11 de setembro de 1836, a República Rio-Grandense foi proclamada, no Campo dos Menezes, pelo Gen. Antônio de Souza Netto (1803-1866).  

Com o epíteto de “República das Carretas“, dado pelo folclorista e historiador Barbosa Lessa (1929-2002), ela tinha como característica a instabilidade devido às constantes mudanças da sede do governo farroupilha.  Quando a segurança da capital  era ameaçada  pela aproximação das tropas imperiais, eram tomadas medidas para que se efetivasse a sua transferência. Em virtude disso, a novel República teve, com caráter oficial, três capitais: Piratini, Caçapava e Alegrete.

Causas

Na época, o Rio Grande do Sul estava bastante prejudicado, principalmente, no aspecto econômico, devido aos altos impostos taxados, pelo império, sobre o charque (carne seca) que alimentava a escravaria de outras províncias, sendo o nosso principal produto econômico. Havia também elevados impostos em relação ao couro e à propriedade rural. É importante que se destaque: o charque gaúcho estava sendo preterido pelo governo imperial que preferia comprar o produzido na região platina devido ao seu menor preço e por considerá-lo de melhor qualidade. Diante do centralismo político do governo imperial e do persistente descaso em atender às reivindicações, de caráter econômico e político da província gaúcha, esta se rebelou, iniciando uma longa guerra civil. 

A Maçonaria

Em 18 de setembro de 1835, Bento Gonçalves da Silva (1788-1847) abriu a reunião na Loja Maçônica Filantropia e Liberdade, na qual, ele e outros líderes, definiram a data do início da Revolução Farroupilha, que ocorreu com a invasão da Capital, pela Ponte da Azenha - na época de madeira - na madrugada de 20 de setembro de 1835. Estavam presentes nesta reunião: José Gomes Jardim (1774-1854), Onofre Pires (1799-1844), Pedro Boticário (1799-1850), Vicente da Fontoura (1807-1860), Paulino da Fontoura (1800-1843), Antônio de Souza Neto (1803-1866) e Domingos José de Almeida (1797-1871). Esta loja, que se situava na atual Vigário José Inácio, funcionava como um “Gabinete de Leitura”, visando a desviar a atenção dos opositores à Ordem Maçônica.

Nesta primeira loja maçônica, de Porto Alegre, era impresso o jornal O Continentino (1831-1833), que defendia os ideais liberais.  Este periódico faz parte do acervo raro do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom), assim como outros títulos significativos da Imprensa, da época, que se encontrava divida entre legalistas (conservadores) e liberais (moderados e exaltados). Os liberais exaltados (radicais) defendiam o ideal republicano e combatiam a monarquia. Nesta loja, também, havia uma escola das primeiras letras.

Conforme os jornalistas Carlos Reverbel (1912-1997) e Elmar Bones, no livro “Luiz Rossetti: o editor sem rosto”, na província gaúcha, circularam, no período de 1827 a 1850, em torno de 61 jornais, sendo que 37 circularam em Rio Grande, incluindo os órgãos oficiais da República Rio- Grandense: O Povo (Piratini / 1838-1839 e Caçapava /1839 -1840); O Americano (1842 a 1843 - Alegrete) e Estrella do Sul (1843 - Alegrete).

Brasil | Jairo Nicolau: ''Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita''

Para o cientista político Jairo Nicolau, oposição combate o presidente de modo equivocado ao não entender seu eleitorado, especialmente aquele situado na periferia das grandes metrópoles

Afonso Benites e Felipe Betim | Carta Maior

Nos últimos dois anos, o cientista político e professor Jairo Nicolau (Nova Friburgo, RJ, 1964) se dedicou a estudar quem são as pessoas que elegeram Jair Bolsonaro presidente da República. Com base em pesquisas eleitorais e nos resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, conseguiu fazer uma radiografia do eleitorado. Descobriu o tamanho da força do antipetismo, reforçou a importância da comunicação feita pelo WhatsApp em uma disputa com novas regras e percebeu que nem só extremistas apoiam o polêmico presidente brasileiro. Parte dessas conclusões estão em sua mais nova obra: O Brasil dobrou à direita. O livro será lançado no dia 5 de outubro, pela editora Zahar.

Em entrevista ao EL PAÍS por videoconferência, Nicolau destacou que a oposição tem combatido Bolsonaro de maneira equivocada, insistindo em dizer que seus eleitores seriam fascistas ou extremistas, enquanto que a maioria deles não é. “Parte realmente é formada por pessoas de extrema direita, mas grande parte é de pessoas comuns que vê nele um mito, que tem enorme identidade com ele, que tem admiração por ele”, diz. Nesse sentido, ele vê paralelos entre o atual presidente e o antigo, seu antagonista político Luiz Inácio Lula da Silva. “O bolsonarismo mexeu com a política brasileira de uma maneira muito forte (...) Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita”.

Para esse pesquisador de temas como reforma política e comportamentos eleitorais na FGV Rio, a oposição não conseguiu entender que o presidente tem conseguido ganhar as metrópoles e, principalmente, os pobres que nelas vivem. Por esta razão, não precisa avançar sobre o Nordeste, tradicional reduto eleitoral petista. “Bolsonaro não precisa do Nordeste. Ele foi um fenômeno urbano dos grandes centros e poderá ser novamente. Não precisa invadir a cidadela petista para ganhar uma eleição”.

Portugal está perante "um furacão" e só o SNS não chega, avisa bastonário

O bastonário da Ordem dos Médicos afirmou hoje que Portugal está perante "um furacão" e que será "extraordinariamente difícil" lutar contra ele "apenas com o Serviço Nacional de Saúde", referindo-se à luta contra a pandemia.

“Estamos perante um furacão, de maior ou menor intensidade, e como é que nós podemos lutar contra este furacão apenas com o Serviço Nacional de Saúde? É extraordinariamente difícil", disse Miguel Guimarães na conferência online "Saúde Interrompida: o impacto da pandemia nos doentes não covid-19".

Apesar de o SNS ter capacidade de resposta e ser "um belíssimo serviço público, sobretudo quando comparado com outros países europeus, tem limitações".

"Já tinha limitações antes da pandemia, agora acentuaram-se", disse, exemplificando: "eu tenho um cobertor que não consegue tapar-me completamente, se eu puxo o cobertor para os pés, destapo a cabeça, se puxar para a cabeça, destapo os pés".

"Foi o que aconteceu na primeira fase da pandemia, ou seja, para tentarmos tapar a cabeça e responder à pandemia, responder à covid-19, destapamos os doentes não covid", sustentou.

Há mais oito mortos e 825 novos casos de Covid-19 em Portugal

A Direção-Geral da Saúde partilhou o novo balanço epidemiológico de evolução da Covid-19 em Portugal.

O boletim epidemiológico desta quarta-feira indica que Portugal registou, nas últimas 24 horas, mais oito vítimas mortais e mais 825 infetados com Covid-19. No total, desde que a pandemia chegou ao país, foram contabilizados 1.971 óbitos e 75.542 casos da doença provocada pelo novo coronavírus. 

Comparativamente a terça-feira, há uma variação de 0,41% no número de óbitos e de 1,10% no número de novos casos. 

O relatório divulgado pelas autoridades de saúde revela ainda que, nas últimas 24 horas, foram contabilizados mais 480 casos ativos de Covid-19, num total de 25.041. 

Quanto ao número de recuperados, há hoje 48.530, o que traduz um aumento de 337 pacientes recuperados. 

Esta quarta-feira, 666 pessoas estão internadas em unidades hospitalares (mais cinco) e 105 são acompanhadas pelas equipas de cuidados intensivos (mais seis). 

O difícil empreendimento do voto de esquerda lúcido

A questão da soberania nacional, de que o Presidente da República numa república laica deve ser o garante, é tema ausente que só emerge nas entrelinhas das respostas dos candidatos a outros temas.

Manuel Augusto Araújo | AbrilAbril

Percorrer as redes sociais e os comentários às notícias sobre as eleições presidenciais e dos três candidatos do arco do centro-esquerda à esquerda é um exercício com algumas curiosidades, não inesperadas para os mais atentos, reveladoras da generalizada degradação da capacidade crítica que a comunicação social e as redes sociais promovem, homogeneizando opiniões que raramente ultrapassam as aparências que se geram para ocultar as duras realidades que acoitam. Tudo funciona preso à teia das percepções que se plantam para criar imagens trabalhadas pelos photoshops mentais controlados pelos algoritmos ao serviço do pensamento dominante. Analisar os argumentos a favor de alguns dos candidatos e a ausência de temas que deveriam ser de primeira linha é altamente revelador.

A primeira nota vai para as candidatas femininas serem altamente beneficiadas pela sua condição de mulheres, como se isso de ser mulher fosse alguma qualificação especial ou selo de garantia do que quer que seja, a começar por uma maior sensibilidade para os problemas sociais e a acabar na discriminação das minorias. Não pode todo o mundo e ninguém estar esquecido das variegadas margaretes thatcheres na longa galeria de mulheres de grande rudeza, que isto de ser mulher em nada se diferencia de ser homem no que toca à defesa dos interesses do capital.

Saltando sobre esse pormenor, que é um por-maior com reflexos ao riscar a cruz no boletim de voto, o mais chocante nas discussões e comentários, tanto dos encartados como os de café, dá-se o caso de a questão que deveria ser a principal a colocar a um candidato a Presidente da República estar completamente ausente ou ser um resíduo tão residual, passe o pleonasmo, que nem por ela se dá nos argumentários aduzidos em milhares de contribuições favoráveis a qualquer um dos três candidatos: a questão da soberania nacional, de que o Presidente da República numa república laica deve ser o primeiro garante.

É tema ausente, que só emerge nas entrelinhas ou se percepciona nas tomadas de posição e respostas dos candidatos a outros temas. Sintomaticamente, na primeira entrevista feita a um desses candidatos por um canal de televisão supostamente de serviço público à soberania nacional, foi dito nada. É questão que para o entrevistador não existe, provavelmente nem sabe o que é, normalidade no estado actual do jornalismo em que a esmagadora maioria dos jornalistas são uma entidade abstracta que não existe, leia-se de Pierre Bourdieu Sobre a Televisão para se ficar a perceber esse estado da arte. Não se proferiu uma palavra sobre soberania nacional como nada se disse de outros itens de relevo para o exercício do cargo, ficando-se por um entretém de lanas caprinas, banalidades dos lugares comuns das questões verdadeiramente falsas ou falsamente verdadeiras pré-digeridas para dar uma imagem da candidata que é a que ela tem vindo a construir com a sua presença avençada num canal de televisão onde tanto mostra como oculta o que na realidade é e o que defende. Uma verdadeira artista, talento não é coisa escassa por aquelas paragens.

"Cada um no seu lugar", responde Jerónimo a apelos sucessivos de Marcelo

O secretário-geral do PCP avisou esta terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa que "tudo tem limites" quanto aos poderes presidenciais face aos sucessivos apelos para a viabilização do Orçamento do Estado de 2021 pela esquerda ou pelo PSD

"Cada qual no seu lugar.  O Presidente da República tem um papel importante, com os poderes que detém, mesmo até de acompanhar, incentivar, dar respostas a alguns problemas, mas tudo tem limites", afirmou Jerónimo de Sousa à margem da visita a uma exposição, ao ar livre, sobre os 50 anos da CGTP, em Lisboa.

Depois de ouvir em dias sucessivos apelos de Marcelo Rebelo de Sousa para que a esquerda viabilize o Orçamento do Governo do PS e depois também ao PSD, Jerónimo de Sousa afirmou aos jornalistas que é "uma expressão muito equívoca".

Como se quisesse "estabelecer um conflito entre o que diz e a Assembleia da República", disse, para tirar uma conclusão que pode ser lida como um aviso a Marcelo sobre os poderes de cada órgão, à luz da Constituição.

"À Assembleia da República o que é da Assembleia da República. Ao Presidente da República o que é do Presidente da República", acentuou.

Jerónimo de Sousa tentou explicar esta posição "um pouco contraditória" de Marcelo, de que "tanto faz com estes ou com aqueles" a aprovação do Orçamento com o papel de que o acusa de "branqueamento do PSD" e na alegada tentativa de formação de um bloco central com o PS.

O PCP anunciou a candidatura do eurodeputado João Ferreira como candidato às eleições presidenciais de 2021.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Presidência da República

O fétido e longo esgoto das eleições nos EUA

Porque a abordagem do Expresso Curto vem à cabeça no Curto de hoje, com Donald Trump e Joe Biden no primeiro debate das eleições presidenciais norte-americanas de 2020, em Cleveland, no Ohio, não vamos dar muito mais para esse esgoto de mentecaptos do império do mal em falência. 

A verdade é como o azeite, vem sempre ao cimo, por tal o que vimos é a aceleração de pretensos presidentes à Casa Branca monstruosamente néscios, aloucados, os piores da humanidade. A degradação do império já há muito que está em marcha e só uma massiva estupidificação dos eleitores e não eleitores, dos norte-americanos, explica que desde há muito venham a eleger para a presidência sujeitos medíocres, imbecis, paranóicos, carregados de evidentes sintomas de doenças mentais que compulsivamente estão a afetar todo o planeta, quase todos os países e quase todos os povos. O império EUA, além de estar a saque também está na lama, numa enorme poça de merda que progressivamente tem vindo a salpicar toda a humanidade. Urge a mudança positiva que abula aquele Estado Sargeta.

Do Curto salientamos outras prosas sobre nós por cá. Joana Pereira Bastos, do Expresso balsemista, deixa matéria. Vá ler. Não dói nada.

Bom dia e goze o sol enquanto pode. Quantos terão morrido hoje por covid-19? A morte está a ganhar balanço e os mais idosos ou vulneráveis estão a ser agarrados e levados. Dá jeito ao “sistema”. Menos despesa. Os Novos Bancos & Capangas agradecem. O corruptos também. Assim têm mais fundo de maneio para as falcatruas...

Encurtamos aqui. Siga o Curto. Bom dia.

MM | PG

Esgoto Trump | O debate Trump-Biden na imprensa mundial

“Um nível de desprezo nunca visto”, “insultos, palavrões e poucas ideias”, “o pior de sempre”

A acrimónia entre os dois candidatos à Casa Branca no primeiro de três debates é destacada em vários pontos do globo. Alguns jornais carregam nas críticas ao Presidente em funções, enquanto outros também apontam o dedo ao candidato democrata

“Escárnio e mentiras de Trump adensam caos em primeiro debate”, escreve o jornal “The New York Times” (NYT) em grande destaque no seu site. Sobre o embate inaugural entre os candidatos à presidência dos EUA, com eleições marcadas para 3 de novembro, o diário norte-americano destaca ainda que o candidato democrata, Joe Biden, chamou “palhaço” ao republicano Donald Trump, que disputa a sua reeleição. O tom sobre o duelo verbal da madrugada desta quarta-feira é consensual na imprensa de vários pontos do globo.

A performance de Trump é descrita como “vulcânica” e “repleta de mentiras”, tendo o Presidente recorrido a “táticas ao estilo ‘bulldozer’” e recusado “condenar a supremacia branca”, acrescenta. O NYT descreve ainda que ambos protagonizaram “um nível de desprezo acre um pelo outro nunca visto na política americana moderna”.

O jornal “The Washington Post” (WP) acusa Trump de “mergulhar o debate numa quezília inflamada”. Biden disse que o Presidente tornou os EUA um país “mais dividido”, enquanto “Trump o interrompia e lançava insultos”, acrescenta. Também a recusa do Presidente em condenar os supremacistas brancos merece destaque no WP num “debate marcado por disputas sobre raça”. “A querela esmagou um debate que mostrou diferenças substantivas entre Trump e Biden sobre as crises convergentes da nação. As interjeições e a chacota do Presidente levaram o moderador Chris Wallace a pedir-lhe repetidamente que respeitasse as regras previamente acordadas”, escreve ainda o “Post”.

Os também americanos “USA Today” e “The Wall Street Journal” (WSJ) adotam um tom mais moderado na descrição do debate. O WSJ recorda que Biden classificou Trump como “o pior Presidente que a América alguma vez teve” e que Trump declarou ter feito mais em 47 meses como Presidente do que Biden em 47 anos como senador.

Em Espanha, o “El País” titula “O caos e os ataques pessoais marcam o primeiro debate entre Trump e Biden”, enquanto o “El Mundo” destaca duas frases da contenda: “Não tens nada de esperto” (disse Trump a Biden) e “Não te calas, homem?” (disse Biden a Trump).

Em França, o “Le Monde” escreve que “Trump torpedeia o seu primeiro debate com Biden” e o “Le Figaro” opta por: “Biden resiste aos ataques de Trump”.

O italiano “Corriere della Sera” não hesita em qualificar este como “o pior debate de sempre”, com “insultos, palavrões e poucas ideias”. O “La Repubblica” também refere os “repetidos insultos e interrupções”, destacando o momento em que Trump rejeita qualquer sinal de inteligência em Biden e este lhe chama “mentiroso”.

O britânico “The Guardian” fala em “cenas caóticas”, “insultos” e “ânimos exaltados”. O “Daily Mail” escreve que “Trump e Biden gritam um por cima do outro, enquanto o moderador perde o controlo” do debate.

Na China, o “Global Times” descreve o debate como o “epítome do caos e da acentuada divisão social” nos EUA. Já na Rússia, um dos países visados no primeiro encontro entre os candidatos, nem a agência oficial de notícias TASS nem o jornal “The Moscow Times” têm, para já, artigos disponíveis sobre o assunto.

“Folha de S. Paulo” titula “Em debate caótico, Biden manda Trump calar a boca e critica desmatamento no Brasil”. O jornal “O Globo” também destaca a referência ao país mas, em vez de “caótico”, usa o adjetivo “agressivo” para qualificar o debate.

Expresso

Imagem: Donald Trump e Joe Biden no primeiro debate das eleições presidenciais norte-americanas de 2020, em Cleveland, no Ohio // Jim Lo Scalzo

*Alteração do título por PG

Leia mais em Expresso

Mais lidas da semana