domingo, 21 de fevereiro de 2021

DOS "BRINDES" QUE A EUROPA NOS DÁ! - IV

Martinho Júnior, Luanda   

PARTICULARMENTE DESDE A DESTRUIÇÃO DA LÍBIA, HÁ DEZ ANOS, QUE ERA PREVISÍVEL QUE A ONDA DE CAOS, TERRORISMO E DESAGREGAÇÃO EM ÁFRICA VIESSE A CRESCER...

SABÍAMO-LO TAMBÉM POR QUE 50 ANOS ANTES DESSA DATA, AVIÕES DA NATO BOMBARDEAVAM NA BAIXA DE CASSANJE, NA REGIÃO ONDE SE ENCONTRA CAFUNFO, A MESMA CAFUNFO QUE OS DAS “REVOLUÇÕES COLORIDAS” QUEREM TRANSFORMAR NUMA “PRAÇA MAIDAN” APONTADA AO PODER EM LUANDA!...

A AFRONTA CRESCERÁ NO CAMINHO DAS ELEIÇÕES PREVISTAS PARA 2022, COM AS INGERÊNCIAS FASCISTÓIDES DA UNIÃO EUROPEIA NO SEU PIOR ESTILO COLONIAL!

MERCENÁRIOS NÃO FALTAM EM 2021 E 2022, NA ESTEIRA DA GUERRA DOS DIAMANTES DE SANGUE DE SAVIMBI ENTRE 1992 E 2002!

“BRINDES” É QUE NÃO FALTAM, MAS SÓ ELES PARECEM IGNORAR QUE SÃO MILHÕES OS QUE ELES ESTÃO DESDE UM PASSADO DE LARGAS DÉCADAS, A COMBATER, QUANDO SE TRATA DE MANTER UMA ANGOLA UNA E INDIVISÍVEL, CONFORME À CONSTITUIÇÃO DE 2010, “DE CABINDA AO CUNENE E DO MAR AO LESTE”!

MJ -- LUANDA, 14 DE FEVEREIRO DE 2021

IMAGEM:

HÁ 60 ANOS AVIÕES DA NATO BOMBARDEAVAM EM ANGOLA – I – 1 – Com a NATO na Líbia, África devia fazer uma retrospectiva relativamente ao quadro de operações em que ao longo de sua história armas dessa organização militar foram empregues por seus componentes, de acordo com seus interesses particulares e em função das oportunidades históricas que tiveram.

Desse modo, as novas gerações teriam muito mais cuidado nos relacionamentos e não embarcariam de ânimo leve nos seus contactos internacionais, em especial com aqueles que têm transportado tantos agravos para com África.

https://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/ha-50-anos-avioes-da-nato-bombardeavam.html

O MOMENTO É VISTO ASSIM PELO JORNALISTA VETERANO ARTUR QUEIROZ:


 Memória de Uma Traição Fracassada

 Artur Queiroz, Luanda

O tempo dos frutos maduros teve antes o perfume das flores e a vida florida só é possível, porque antes tivemos a terra em repouso, as plumas de cacimbo que o vento leva até poisarem nos capinzais ressequidos. Depois a chuva, a flor e o fruto. A natureza tem essa marca. Mas nós, que somos também natureza, nascemos, crescemos e morremos. Não voltamos a florir nem frutificar. Em compensação temos a memória e com ela podemos estar hoje no tempo das gajajas maduras e amanhã no cacimbo mais cinzento.

O Estado angolano gastou milhões para silenciar o banditismo mediático que ameaçava afogar o país e os titulares dos seus órgãos de soberania nas mais repugnantes calúnias. Houve tempo que eu ajudei a defender os nossos valores e a nossa gente, nas páginas do Jornal de Angola. Editoriais claros e directos punham em sentido os atacantes. Como o centro dos ataques estava em Lisboa, denunciei as elites portuguesas analfabetas e corruptas, que estimulavam e acobertavam as intrigas e calúnias contra Angola.

Escrevi e publiquei dezenas de textos nesse combate. Um dia (depois de 2017) o responsável máximo do jornal foi ao canal português SIC (extorsão e chantagem, segundo Gaspar Santos, do GRECIMA) e disse que eu era anti-português, mas com ele, isso tinha acabado. Sim, sou visceralmente contra os corruptos e analfabetos, que pertencem às elites portuguesas, porém nunca fiz chantagens nem extorsões. Os meus textos estavam incluídos no salário que a empresa Edições Novembro me pagava. Tenho imensa pena que hoje ninguém faça o que eu fiz durante sete anos. Adiante.

A necessidade de aprovar uma Constituição da República que substituísse aquela que estava em vigor no período de transição, levou à recolha de vários projectos constitucionais. Foram aceites quatro e imediatamente colocados à discussão pública. Muitos meses depois, analisadas as contribuições, tudo foi plasmado num único texto, levado à discussão no plenário da Assembleia Nacional. Concluídas as discussões, o texto final foi aprovado e baixou à comissão especializada. Foram introduzidas mais contribuições e, por fim, a Constituição da República foi aprovada e entrou em vigor. Na hora da votação, os deputados da UNITA (meia dúzia de gatos pingados) não se abstiveram, não votaram contra nem a favor. Deixaram as cadeiras vazias, numa atitude anti-democrática sem precedentes.

A minha memória desta época regista um pormenor importantíssimo. Durante semanas ou mesmo meses, a UNITA exigia que na Constituição da República constasse a expressão “Povos Angolanos” e não “Povo Angolano” como está lá. Alguns legisladores, inclusive do MPLA, achavam que, para facilitar as coisas e dar um brinde à UNITA, o melhor era aceitar “Povos Angolanos”. Lá está. Escrevi dois textos de opinião nos quais lembrava aos mais distraídos que em Angola temos um só Povo e somos uma só Nação. Aceitar a expressão “Povos Angolanos” seria institucionalizar o tribalismo na Constituição da República. A traição da UNITA foi derrotada!

Os “simulambucos” da FLEC usam argumentos falsos e delirantes para violarem o Artigo 5° número 6 da Constituição da República: “o território angolano é indivisível, inviolável e inalienável, sendo energicamente combatida qualquer acção de desmembramento ou de separação de suas parcelas, não podendo ser alienada parte alguma do território nacional ou dos direitos de soberania que sobre ele o Estado exerce”.

Os “protectorados”, usando argumentos ainda mais falsos que os “flecs”, cometem o mesmo crime, que em muitos países é designado por Alta Traição à Pátria e castigado com a pena máxima. Imaginem que o texto constitucional referia “Povos Angolanos”. O crime ficava legitimado. E, finalmente, as potências que estão por trás da UNITA e seus satélites, conseguiam balcanizar ou atomizar a República de Angola, como sempre quiseram. Conseguiram enterrar o socialismo e acabar com a “república popular”. Mais cedências, põem em risco a soberania nacional e a integridade territorial, pelas quais milhares de angolanos se bateram e deram as suas vidas.

Infelizmente, o Código Penal e o Código do Processo Penal que agora entraram em vigor passam ao lado deste magno problema. Tive ocasião de ouvir opiniões de Penalistas de grande valor, um da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto e outro da Universidade Católica. Grandes pensadores, muita sabedoria, altíssimo nível de conhecimentos na área do Direito Penal. Convidem-nos para um debate público sobre as violações, sobretudo na Comunicação Social, do Artigo 5º, número 6 da Constituição da República. Os nossos ilustríssimos juristas têm o dever de levar a sério este problema. Porque a UNITA e os seus satélites querem mesmo desmembrar Angola. E não olham a meios.

Jornalistas avençados são bocas de aluguer da direcção da UNITA, dos “simulambucos” e dos “protectorados”. Na edição de hoje do jornal de madalenos e sobrinhos o MPLA é apresentado como defensor do racismo e do tribalismo. As autoridades legítimas que se opuseram e combatem à rebelião armada que ocorreu em Cafunfo, são acusadas de terem perpetrado um massacre. Não chegam estas mistificações para os democratas angolanos darem um murro na mesa e dizerem basta? Não me digam que deixam o ministro Laborinho e o comandante Paulo de Almeida, sozinhos na luta contra o banditismo político e mediático.

O Jornal de Angola tem um naipe enorme de colaboradores que produzem textos de opinião. O que escrevem eles? Luanda está feia e suja, as relações dos EUA com a China, o ensino na era colonial, o rádio do pai, a pandemia ataca ao amanhecer, Angola é o país do mundo com mais generais e outras larachas que me fazem ter pena do papel onde são impressas. Sabem o que está a acontecer em Moçambique? Graves rebeliões armadas. Sabem como começaram? Com uma operação igual à de Cafunfo.

O tribalismo e o racismo são doenças endémicas em muitos países. Também em Angola. Mas o MPLA é a organização política no planeta Terra que mais se bateu e bate contra essas taras que são filhas do colonialismo. Quem derrotou o império colonial português só teve êxito porque foi capaz de fazer da luta contra o imperialismo, o racismo, o tribalismo e o regionalismo, a sua bandeira. Não consintam que faltem ao respeito aos nossos Heróis que desde o 4 de Fevereiro de 1961 até Fevereiro de 2002, no Lucusse, se bateram pela liberdade e a democracia.  

1 comentário:

Unknown disse...

CAFUNFO, 60 ANOS DEPOIS DA BAIXA DO CASSANJE!

MJ

21 FEV21.

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