Jornal de Angola | opinião
No jogo político em curso no país, desde a abertura ao jogo democrático, para a sua contínua melhoria, deverá pautar-se, preferencialmente e entre outros, pela apresentação de resultados por parte de quem governa e do melhor em termos de propostas por parte de quem faz oposição.
Esta última, em vez do tradicional procedimento de "ir atrás do prejuízo”, sempre que ultrapassada por iniciativas do partido no poder, não raras vezes atacando quando deveria esgotar os mecanismos políticos e jurídicos de que dispõe, só precisa de explicar em que é que faria melhor.
A iniciativa do Presidente da República para a revisão pontual da Carta Magna
que, respeitando o tempo e limites formais impostos pela Constituição, acabou
por apanhar desprevenida a oposição vai acabar por satisfazer as expectativas
que se geravam em torno de eventuais alterações ao Documento.
As declarações recentes do presidente da UNITA, em reacção às iniciativas do
Presidente da República, além de excessivas e irrealistas, apenas demonstram o
desnorte em que se encontra o maior partido da oposição, na medida em que não
faz qualquer sentido alegar surpresa simplesmente porque até " há bem
pouco tempo, a ideia de tal revisão apresentada pela UNITA, fora descartada”.
Não podemos perder de vista que um dos sectores que mais pugnou pela revisão constitucional, mesmo quando não se tinham passado ainda os anos que a mesma previa para o efeito, era precisamente a oposição.
Hoje, desprevenida e eventualmente despreparada para os desafios que se seguem
com a entrega das propostas à Casa das Leis, o maior partido da oposição,
seguramente sem estar completamente familiarizado com o conteúdo das
iniciativas, prefere atacar o mensageiro, em vez de se ater à mensagem.
Estranhamente, o presidente da UNITA, segundo o que citamos como parte das
reacções que teve, levanta suspeições sem qualquer fundamento que o
justifique, alegando que as iniciativas do Presidente da República para a
revisão pontual à Constituição podem supostamente ter como objectivo a não
realização das eleições gerais de 2022. Isto, sim, é que representa uma
evolução inédita do pensamento de Adalberto Costa Júnior, à frente do maior
partido da oposição, que começa já a vislumbrar fantasmas onde não os há ao
falar de "golpe constitucional”, sobre coisas que vão à discussão na
Assembleia Nacional, onde a UNITA está plenamente representada.
A liderança da UNITA fala de "censura absoluta aos actos e
pronunciamentos dos partidos da oposição”, atacando os órgãos públicos de
comunicação social, quando uma eventual efectivação do que alega passaria por
um completo "black out”, realidade que não acontece.
Obviamente nada dignifica a UNITA e a sua liderança ao criar factos políticos, atacar as iniciativas do partido no poder e usar de todas as formas para sair da penumbra política em que se encontra, fundamentalmente para dar a ideia de que não está parada e não está desnorteada.
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