Luciano Rocha* | Jornal de Angola | opinião
Luanda está cada vez mais imunda e perigosa, para a saúde e investimentos estrangeiros, coisa tão simples de entender, que causa confusão ao cidadão comum o alheamento com que o assunto é tratado.
O problema é gravíssimo - muito
mais do que alguns julgam - e requer medidas imediatas de recurso, para
travar o número assustador de lixeiras que, como nunca, pululam a província, a
confirmar que barrelas de fim-de-semana, feitas por "brigadas de voluntários”,
sequer o remedeiam. É, como soe dizer, "atirar a porcaria para baixo do
tapete”. Pior, na actual circunstância, por não haver no país
inteiro, alcatifas, cobertores, esteiras, o quer que seja, mesmo cosidas umas
às outras, suficientes para encobrir tantos focos de doenças.
O desleixo é tal que nem é preciso sair do centro da capital do país para
tropeçar em lixeiras a céu aberto, mal se saia de casa. Mesmo em frente à sede
da Edições Novembro, há um dos exemplos da inércia dos incumbidos da limpeza
pública: o "carro do lixo”, quando passa, deixa, ivariavelmente, na
rua - vá lá saber-se porquê, mas é importante apurar - parte do conteúdo
do contentor; mais à frente, numa das esquinas com a do Comandante
Veneno, a curta distância da sede do Governo Provincial, o cenário é idêntico;
mais acima, a dois passos de uma padaria, com janela de venda, colada a um
restaurante, mora o maior amontoado de resíduos poluentes da Baixa luandense,
de tal modo que enchem passeios e transborda-os, dificultando a circulação
automóvel e de transeuntes.
O figurino de imundice e desleixo não se confina à rua,
As centenas de milhares de kwanzas destinadas à limpeza pública da província de Luanda hão-de vir a estancar, espera-se, origens consequências do problema. Para já, contudo, enquanto projectos não se concretizam -varinhas de condão só nos contos de fada - é urgente tomar medidas, que já deviam ter sido há muito adoptadas e jamais foram levadas a sério.
O lixo de Luanda precisa de tratamento de choque, para o bem de todos, inclusive dos prevaricadores.
*Jornalista
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