Uma caravana de resgate que saía da vila de Palma, norte de Moçambique, foi atacada na sexta-feira. Sete pessoas teriam morrido e outras ficaram feridas, segundo fonte da operação.
A caravana saiu do hotel Amarula, onde aguardavam transporte cerca de pelo menos 180 pessoas que ali se refugiaram, incluindo trabalhadores de empresas ligadas aos projetos de gás, entre os quais expatriados de várias nacionalidades, quando foi atacada.
Segundo fonte ligada à operação ouvida pela agência de notícias Lusa, sete pessoas teriam morrido e outras ficaram feridas. Aguardam-se, entretanto, detalhes sobre as vítimas e circunstâncias do ataque à caravana.
Desde quinta-feira (25.03) que o hotel está a ser evacuado, com transferência para o recinto do projeto de gás na península de Afungi, a cerca de sete quilómetros, embora com muitas dificuldades - uma vez que rebeldes armados continuam na vila que invadiram na quarta-feira (24.03).
Tensão crescente
Mais cedo, a agência noticiosa AFP havia noticiado que mais de 180 pessoas, incluindo trabalhadores expatriados, encontravam-se presas dentro do hotel, citando denúncias de trabalhadores e fontes de segurança feitas na sexta-feira (26.03).
"Quase toda a cidade foi destruída. Muitas pessoas estão mortas", disse um trabalhador à AFP por telefone na sexta-feira à noite, depois de ter sido evacuado para Afungi.
"Enquanto os locais fugiam para o mato, trabalhadores de empresas de gás natural, incluindo estrangeiros, refugiaram-se no hotel Amarula onde esperam ser resgatados", acrescentou, pedindo para não serem identificado.
Outro trabalhador de uma empresa subcontratada pela francesa Total, que opera na área, disse à AFP que os helicópteros sobrevoaram o hotel mais cedo na sexta-feira, tentando encontrar "um corredor para salvar as cerca de 180 pessoas presas no hotel".
"Mas até ao anoitecer muitas pessoas permaneceram nas instalações, enquanto os militantes tentavam avançar em direção ao hotel", disse ele.
Numa declaração, divulgada na sexta-feira, a Embaixada dos Estados Unidos em Maputo condenou o ataque a Palma, comprometendo-se a "trabalhar com o Governo de Moçambique para combater o extremismo violento".
Corpos nas ruas
"Várias testemunhas disseram à Human Rights Watch que viram corpos nas ruas e residentes em fuga depois dos combatentes de terem disparado indiscriminadamente contra pessoas e edifícios", informou a à organização norte-americana numa declaração na sexta-feira.
O site de notícias sul-africano News24 relatou que um cidadão sul-africano foi morto durante o ataque.
Um residente que, juntamente com outros, fugiu de Palma, disse na sexta-feira (26.03) à Lusa que são visíveis corpos de adultos e crianças assassinados nas ruas da sede de distrito.
Segundo relatou, ele e outras pessoas foram avançando às escondidas, de rua em rua, evitando as zonas onde se ouvia tiroteio, para assim saírem do perímetro de Palma, chegando a Quitunda, aldeia construída de raiz junto ao recinto do projeto de gás, na quinta-feira à tarde.
Um número de pessoas está desde quarta-feira a fugir para a península de Afungi, após o ataque a Palma que na sexta-feira entrou no terceiro dia de confrontos.
O Governo de Moçambique confirmou, na quinta-feira, o ataque à cidade e disse que soldados tinham lançado uma ofensiva para repelir os combatentes da cidade.
A nova ronda de ataques começou na quarta-feira horas depois de a Total ter anunciado um retomar gradual dos trabalhos no projeto do gás natural liquefeito.
O ataque é o mais grave junto aos projetos de gás após três anos e meio de insurgência armada à qual a sede de distrito tinha, até agora, sido poupada.
A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI), entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua a ser investigada.
Deutsche Welle | Lusa
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