Enquanto Simões Pereira condena o espancamento, Aly Silva diz que pessoas ligadas ao poder o agrediram. Presidente Umaro Sissoco Embaló nega qualquer envolvimento no caso e promete que a justiça vai procurar os autores.
O presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, considerou "absolutamente cobarde" e "uma barbaridade" a agressão ao bloguista guineense Aly Silva.
"É algo que nós todos temos de condenar de forma veemente e expresso a minha solidariedade ao Aly e a todos aqueles que já foram vítimas desta situação absolutamente cobarde", disse o dirigente partidário, em entrevista à agência Lusa.
Aly Silva apoiou Simões Pereira nas últimas eleições presidenciais, em 2019. O político referiu que o facto de a agressão ter ocorrido em pleno dia "mostra a prepotência de quem tem essa capacidade", referindo que "todos percebem de onde é que vem esta agressão".
Silva foi raptado e espancado na terça-feira (12.03) no centro de Bissau, tendo depois sido abandonado nos arredores da cidade. O caso foi denunciado pela Liga Guineense dos Direitos Humanos.
O blogueiro disse que foi agredido a mando de "pessoas ligadas ao poder", referindo-se diretamente ao Presidente Umaro Sissoco Embaló. O líder do PAIGC saudou a reação da sociedade civila este caso "porque identificou claramente a fonte desse quadro de instabilidade".
Jornalista Aly Silva com sinais de espancamento por "pessoas ligadas ao poder" - Lusa |
O que diz Sissoco Embaló
O chefe de Estado negou na quinta-feira qualquer envolvimento no espancamento do jornalista e prometeu que a justiça vai procurar e castigar os autores do ato. "Lamento o que aconteceu com o Aly, mas ele que vá ver quem o espancou", afirmou Sissoco Embaló, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração da sede da polícia em Bissau.
O Presidente disse ter dado instruções ao ministro do Interior, à Polícia Judiciária e ao procurador-geral da República no sentido de serem acionados mecanismos para apurar quem são as pessoas que andam a espancar os cidadãos guineenses nos últimos tempos.
"Eu, o Presidente da República, acham que vou mandar espancar um cidadão?", perguntou Embaló, sublinhando que na sua casa nem bate nos filhos e que é a sua mulher quem reprime as crianças quando é caso disso.
O Presidente disse ainda que não
é um fantasma para estar em vários lugares ao mesmo tempo e lembrou que no dia
Umaro Sissoco Embaló voltou a frisar que tem alertado as forças de Defesa e Segurança para a necessidade de acabar com a violência sobre os cidadãos e ainda afirmou que Aly Silva é a última pessoa a acusá-lo de algo que não fez sem que o leve à justiça.
Deutshe Welle | Lusa
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