sexta-feira, 12 de março de 2021

Simões Pereira repudia espancamento de Aly Silva: "Situação cobarde"

Enquanto Simões Pereira condena o espancamento, Aly Silva diz que pessoas ligadas ao poder o agrediram. Presidente Umaro Sissoco Embaló nega qualquer envolvimento no caso e promete que a justiça vai procurar os autores.

O presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, considerou "absolutamente cobarde" e "uma barbaridade" a agressão ao bloguista guineense Aly Silva.

"É algo que nós todos temos de condenar de forma veemente e expresso a minha solidariedade ao Aly e a todos aqueles que já foram vítimas desta situação absolutamente cobarde", disse o dirigente partidário, em entrevista à agência Lusa.

Aly Silva apoiou Simões Pereira nas últimas eleições presidenciais, em 2019. O político referiu que o facto de a agressão ter ocorrido em pleno dia "mostra a prepotência de quem tem essa capacidade", referindo que "todos percebem de onde é que vem esta agressão".

Silva foi raptado e espancado na terça-feira (12.03) no centro de Bissau, tendo depois sido abandonado nos arredores da cidade. O caso foi denunciado pela Liga Guineense dos Direitos Humanos.

O blogueiro disse que foi agredido a mando de "pessoas ligadas ao poder", referindo-se diretamente ao Presidente Umaro Sissoco Embaló. O líder do PAIGC saudou a reação da sociedade civila este caso "porque identificou claramente a fonte desse quadro de instabilidade".

Jornalista Aly Silva com sinais de espancamento por "pessoas ligadas ao poder" - Lusa

O que diz Sissoco Embaló

O chefe de Estado negou na quinta-feira qualquer envolvimento no espancamento do jornalista e prometeu que a justiça vai procurar e castigar os autores do ato. "Lamento o que aconteceu com o Aly, mas ele que vá ver quem o espancou", afirmou Sissoco Embaló, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração da sede da polícia em Bissau.

O Presidente disse ter dado instruções ao ministro do Interior, à Polícia Judiciária e ao procurador-geral da República no sentido de serem acionados mecanismos para apurar quem são as pessoas que andam a espancar os cidadãos guineenses nos últimos tempos.

"Eu, o Presidente da República, acham que vou mandar espancar um cidadão?", perguntou Embaló, sublinhando que na sua casa nem bate nos filhos e que é a sua mulher quem reprime as crianças quando é caso disso.

O Presidente disse ainda que não é um fantasma para estar em vários lugares ao mesmo tempo e lembrou que no dia em que Aly Silva foi espancado encontrava-se em visita de trabalho no Egito. O líder guineense disse que, brevemente, vão ser montadas câmaras de vigilância na cidade de Bissau para reforçar a segurança dos cidadãos.

Umaro Sissoco Embaló voltou a frisar que tem alertado as forças de Defesa e Segurança para a necessidade de acabar com a violência sobre os cidadãos e ainda afirmou que Aly Silva é a última pessoa a acusá-lo de algo que não fez sem que o leve à justiça.

Deutshe Welle | Lusa

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