O processo de venda de ativos que resultaram em imparidades de 610 milhões de euros não incluiu a análise prévia de conflitos de interesse.
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A inspeção do Banco Central Europeu (BCE) ao Novo Banco aconteceu em 2019 com o objetivo de “avaliar a gestão de colaterais, NPL (crédito malparado) e ativos recuperados”. O resultado desta auditoria obrigou a administração de António Ramalho a contabilizar imparidades adicionais de 610 milhões de euros, 394 milhões devido a imparidades para crédito, e 216 milhões devido a desvalorizações de imóveis (com o preço de referência do final de 2018).
Na sequência da inspeção, “o Novo
Banco registou perdas de 317 milhões de euros em
Em causa estão várias carteiras de ativos, vendidas em 2019, tais como o projecto Sertorius (imóveis), o Projecto Nata II (créditos), o projecto Albatros (créditos e imóveis da sucursal de Espanha), ou a venda da seguradora GNB Vida.
A auditoria revela que não havia documentação com análise das contrapartes e conflitos de interesse em várias das operações analisadas.
Por exemplo, "no processo de venda da carteira Albatros (créditos e imóveis sa sucursal de Espanha), as análises de conflitos de interesses e de partes relacionadas sobre as entidades adquirentes da carteira foram realizadas posteriormente à assinatura dos CCV (contrato de compra e venda)".
Noutros casos, o parecer do departamento de compliance do banco relativo à análise de contrapartes foi emitido apenas “em momento posterior à deliberação do CAE [conselho de administração executivo] do Novo Banco para alienação da carteira".
E, no que concerne ao portefólio de crédito da carteira Nata II, o parecer do departamento de 'compliance' sobre a análise de contrapartes em matéria de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo da entidade compradora "foi emitido em momento posterior à assinatura do contrato de venda da carteira".
Quanto à análise de conflitos de interesse realizada à Cerberus - entidade compradora da carteira Sertorius - a Deloitte confirma que apesar de "não terem sido contemplados todos os elementos integrantes dos respetivos órgãos sociais", o departamento de compliance do banco "não identificou pessoas ou entidades relacionadas" com o Novo Banco ou o seu acionista, a Lone Star.
Esta carteira incluía um lote de 195 propriedades agregadas, e foi vendida a sociedades detidas indiretamente pelo fundo norte-americano Cerberus. O valor bruto contabilístico destes ativos imobiliários fixava-se em 487,8 milhões de euros, contudo, o negócio foi concretizado por 159 milhões de euros, ou seja, com um desconto de 67,9%.
O fundo em causa é o principal acionista do banco austríaco Bagaw PSK, gerido por Byron Haines até este assumir o cargo de chairman do Novo Banco. Os contornos deste negócio motivaram uma queixa, datada de 30 de Dezembro, à ESMA, Autoridade Europeia de Mercados e Títulos, na qual é denunciada a “gestão ruinosa” da instituição financeira portuguesa e a existência de um claro “conflito de interesses”.
Acerca de potenciais conflitos de interesses de Byron Haynes, a auditora sublinha que este gestor não viola a política interna do banco por um mês, dado que abandonou o banco austríaco em 24 de Junho de 2017.
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