quarta-feira, 5 de maio de 2021

Israel | Netanyahu, julgado por corrupção, fracassa na formação de novo governo

# Publicado em português do Brasil

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, julgado por corrupção, fracassou nesta quarta-feira (4) na tentativa de formar um governo no prazo previsto, o que abre o caminho aos seus adversários que querem tirá-lo do poder. 

O Likud conquistou 30 assentos nas eleições parlamentares de março, as quartas em menos de dois anos, e recebeu a missão de formar o próximo governo. Para isso, Netanyahu, que atualmente é alvo de um processo judicial por corrupção, precisava de uma maioria de 61 dos 120 membros da Knesset, o Parlamento de Israel. Mas após semanas de negociações, o primeiro-ministro não conseguiu reunir a maioria necessária.

"Pouco antes da meia-noite, Netanyahu informou a Presidência que foi incapaz de formar um governo", anunciou, em curto comunicado, o gabinete do presidente Rivlin.

"Chegou o momento"

O que acontece agora? O presidente israelense fará contato, a partir da manhã desta quarta-feira, com os parlamentares para abordar a próxima etapa. Todos os olhares estão voltados para o líder da oposição, Yair Lapid, enquanto o país continua de luto pela avalanche humana que matou 45 pessoas na sexta-feira (30), durante uma peregrinação de dezenas de milhares de judeus ortodoxos no monte Meron, no norte do país.

Lapid disse que "esta tragédia poderia ter sido evitada" e acusou Netanyahu de ter mantido aberto o local de peregrinação. Ele pediu na segunda-feira (3) a formação de um governo "responsável".

"Chegou o momento de um novo governo. Este governo não será perfeito, mas vai assumir suas responsabilidades e centralizar a gestão do país", disse Lapid, afirmando que tem como reunir partidos de direita, esquerda e centro para alcançar os 61 deputados necessários.

O bloco da mudança

Nas últimas semanas, o primeiro-ministro tentou formar um "governo de direita" com seus aliados dos partidos judeus ultraortodoxos, a formação de direita radical Yamina e a extrema direita Sionismo Religioso, somando 59 deputados, dois a menos que a maioria absoluta.

Para consegui-lo, tentou sem sucesso recuperar os dissidentes da direita que haviam deixado o Likud para formar o partido conservador "Nova Esperança" e cortejou até o partido islamita Raam de Mansour Abas, o que irritou a extrema direita.

Mas os opositores vão conseguir o que Netanyahu não conseguiu? Em primeiro lugar, o líder da oposição deve receber a tarefa de formar o governo.

Neste sentido, o ex-chefe do Exército Benny Gantz disse nesta terça (4) que "tinha falado com todos os líderes dos partidos favoráveis à mudança para pedir que recomendem que Lapid receba o encargo de formar o governo" e depois formá-lo "em algumas horas".

Entretanto, o grupo "anti-Netanyahu" da esquerda, do centro e da direita, só teria 51 deputados. Será preciso obter mais dez assentos dos partidos árabes ou da formação de direita radical Yamina, dirigida por Naftali Bennett, a quem Netanyahu propôs nesta segunda – sem sucesso – o posto de primeiro-ministro em uma alternância de poder.

Se a oposição conseguir formar o governo, será virada uma página da história de Israel com a saída de Netanyahu, que passou os últimos 12 anos no poder. Se não, os israelenses teriam que voltar às urnas pela quinta vez em pouco mais de dois anos.

RFI com informações da AFP

Imagem: Primeiro-ministro isralense deixa tribunal após audiência no mês passado Abir SULTAN, Abir SULTAN POOL/AFP/File

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