quarta-feira, 30 de junho de 2021

OTAN exige obediência aos tratados internacionais, mas atropelam o direito internacional

# Publicado em português do Brasil

MatthewEhret* | Strategic Culture Foundation

A aliança unipolar é, na verdade, nada menos do que feudalismo neotecnocrático, escreve Matt Ehret.

O direito internacional moderno está consagrado em certos princípios jurídicos delineados na Carta das Nações Unidas, que por sua vez tem como premissa o direito de todas as nações à soberania plena e à não ingerência.

Esses princípios receberam ainda mais peso com a adição dos códigos de Nuremberg, que descreviam qualquer guerra de agressão de um estado sobre outro como formalmente ilegal. Embora se possa pensar que esse é um fato bastante óbvio, ninguém jamais se preocupou em torná-lo uma lei antes de 1947.

No entanto, como vemos hoje, as fogueiras estão sendo acesas por forças anglo-americanas que hipocritamente usam a autoridade desses tratados, embora não respeitem realmente os próprios princípios dos quais abusam para seus próprios fins. Em uma chamada de popa para defender estes princípios antes de passar o ponto de não retorno em nossa slides coletiva no inferno, o Presidente Putin abordaram a 9 ª Conferência de Moscou Anual sobre Segurança Internacional afirmando :

“Infelizmente, os processos geopolíticos estão se tornando cada vez mais turbulentos, apesar de sinais positivos isolados. A erosão do direito internacional também continua. As tentativas de usar a força para defender seus próprios interesses e fortalecer sua própria segurança às custas da segurança de outros continuam inabaláveis ​​... Quaisquer novas regras devem ser formuladas sob os auspícios da ONU. Todos os outros caminhos levarão ao caos e à imprevisibilidade, ”

Sullivando

Jorge Cadima* | opinião

No plano internacional, já não se pode dizer apenas que a presidência Biden dá continuidade às péssimas políticas dos seus antecessores. Na verdade, começa a ser ainda mais ameaçadora e irresponsável, e a confirmar-se como gente que mente e engana de cada vez que abre a boca. Depois do encontro com Putin, falaram em “desanuviamento”. Dias depois, avançam com novas “sanções” contra a Rússia, na base das habituais aldrabices belicistas. No essencial, a razão que os move é a miragem de preservar uma hegemonia mundial que a actual realidade económica e política deixou para trás. Todavia, o mesmo não sucede no plano militar, e essa permanece a grande questão.

Dias após a cimeira entre Biden e Putin, o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, anuncia novas sanções contra a Rússia. Os pretextos são as já estafadas mentiras anti-russas: alegados ciberataques, alegadas interferências em eleições, o alegado envenenamento de Navalny. Salivando, Sullivan anuncia já novas aldrabices belicistas: «quando tivermos imposto [estas sanções], vamos impôr novas sanções em relação a armas químicas» (CNN, 20.6.21). O único país que usou armas nucleares, com um longo historial de uso de armas químicas e biológicas, guerras de agressão, subversões, golpes de Estado (na mira está agora o Peru), ingerências e actos de terrorismo; o país que mente todos os dias e impõe a prisão de Assange e Manning, o exílio de Snowden, «culpados» de revelar ao mundo essas mentiras – esse país só conhece uma «regra»: os EUA mandam e os outros obedecem.

ANGOLA, RUPTURA, LIBERTAÇÃO E VIDA – II


TRINCHEIRA DE LIBERTAÇÃO

Martinho Júnior, Luanda

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA DAS RAZÕES PORQUE “A LUTA CONTINUA” DESDE A SAGA ANTICOLONIAL, AO ANTIIMPERIALISMO INTERNACIONALISTA DE NOSSOS DIAS.

Aproveitar o rótulo de “história” a fim de produzir e sistematizar propaganda contra Angola, contrariando frontalmente os propósitos angolanos sintetizados na mensagem do hino que clama às presentes e futuras gerações a “honrar o passado e a nossa história, construindo no trabalho um homem novo”, tem sido em Portugal uma pródiga conduta, que se alimenta do saudosismo colonial-fascista inerente às correntes dominantes de pensamento e acção emitidas pelo “hegemon” e “iluminando” os sucessivos governos do “arco de governação” representativos da avassalada oligarquia portuguesa, assim como de apêndices como o esquerdismo de feição e a ultradireita que alargou ainda mais o assento parlamentar.

Todas as narrativas produzidas nessa perversa esteira, aproveitam os processos estruturalistas das abordagens correntes com sentido histórico mas sem o completarem na devida dimensão, a fim de empolar as tonalidades da propaganda pinceladas de emoções subvertendo a busca da coerência, da fiabilidade, da fidedignidade e da verdade, com um refinado “cocktail” filtrado por traumas, ressentimentos e ódios sobre o alvo a abater que foi a República Popular de Angola e é Angola até aos nossos dias.

Os propósitos neoliberais dessas correntes com essas narrativas alinhadas, são evidentes, influindo nos impactos da “terapia” que em Angola dá sequência ao “choque” de Savimbi por via da “guerra dos diamantes de sangue”, induzida com escala em Portugal e outros componentes da União Europeia e da NATO, integrando os dispositivos de inteligência da UNITA (a Operação Madeira não parou no tempo e tem sido reaproveitada porque os vínculos do passado são cultivados de geração em geração).

O fraccionismo do 27 de Maio de 1977 prolonga-se até hoje inscrito no vigor dessas campanhas, que a todo o transe procuram inviabilizar não só as capacidades dialéticas de se entender a história desde a necessidade de ruptura contra o colonialismo e o “apartheid”, mas também impossibilitar perceber as razões causais e as dinâmicas dos fenómenos por vezes tão contraditórios por dento do movimento de libertação em África, o que só favorece os etno-nacionalismos.

Além da República Popular de Angola, um dos alvos principais dos propagandistas do fraccionismo é a figura do Presidente António Agostinho Neto, que assumiu a condução da luta armada de libertação nacional numa vanguarda em ruptura contra o colonialismo, o neocolonialismo e o “apartheid”, numa trilha de Não Alinhamento activo e resoluto que teve necessariamente que impedir o acesso ao poder do estado angolano, de qualquer uma das tendências etno-nacionalistas filiadas na esteira neocolonial do próprio “hegemon”.

Com tudo isso as propagandas correntes contra Angola procuram subverter a busca de liberdade na direcção da autodeterminação, da independência, dum exercício saudável de soberania e dum Não Alinhamento consequente capaz de, dando sequência ao próprio movimento de libertação em África, consolidar a paz a fim de melhor se garantir em termos de lógica com sentido de vida, capacidades de projectar geoestratégias para um desenvolvimento sustentável e de gestação duma imprescindível cultura de inteligência patriótica para Angola.

A Hora dos Traficantes de Armas na Política

Artur Queiroz*, Luanda 

A cimeira entre os presidentes Biden e Putin foram ver, estava morta. Mas aconteceu algo que interessa a Angola e muito. Os dois líderes falaram na possibilidade de “trocarem” prisioneiros, e um deles é o russo Viktor Bout que também assina Butt, Bont, Buttee, Boutov ou Sergitov Vitali. Um relatório da ONU denuncia, com provas evidentíssimas, que ele foi o fornecedor de armas e munições à UNITA, entre 1991 e 2002. Isto quer dizer que ainda não tinha secado a tinta nas assinaturas do Acordo de Bicesse, já Jonas Savimbi comprava armamento a um traficante, para esconder nas bases secretas do Cuando Cubango.

Viktor Boutov tinha como intermediário dos negócios na UNITA, Marcial Dachala ou N’Dachala quando quer ser mais próximo da autenticidade mobutista. Mas era amigo tu cá, tu lá, com o criminoso de guerra Jonas Savimbi. Um tribunal de Nova Iorque condenou o traficante de armas a 25 anos de prisão, por ter fornecido armas às FARC, que por sua vez mataram em combate soldados e outros “agentes” norte-americanos na Colômbia. Foi preso em 2000, ano em que Savimbi começou a ficar sem o “combustível da guerra” como refere na ONU ao armamento vendido por Bout à UNITA.

Os negócios eram feitos com Marcial Dachala, hoje porta-voz da UNITA e deputado. A base do “tráfico da morte” estava na cidade de Lomé, capital do Togo. Viktor Boutov era amigo do presidente Étienne Eyadéma e de seu irmão, chefe máximo das forças armadas togolesas, que facilitava as operações do tráfico de armas. No primeiro encontro com o chefe militar, Marcial Dachala ofereceu-lhe um saco de diamantes “das minas da UNITA”.

O traficante Viktor Boutov está preso numa penitenciária do Illinois e se não for “trocado” só sai do cárcere em 2030. Jonas Savimbi perdeu o fornecedor de armas e munições e em 22 de Fevereiro de 2002 terminou a sua aventura belicista, no Lucusse. Marcial Dachala pavoneia-se em Luanda, tem um lugar certo na Assembleia Nacional e recentemente disse isto: “Um compromisso do nosso presidente é a constituição de uma Frente Democrática e Patriótica para a alternância do poder (...) Há conversações que avançam todos os dias um pouco mais, com o Bloco Democrático, com o doutor Abel Chivukuvuku e muito mais personalidades do país estão trabalhando connosco na perspectiva da efectivação da frente.”

Marcial Dachala é um traficante de armas, parceiro de Viktor Boutov. Esteve atolado no “negócio da morte” até ao pescoço. Mas Adalberto da Costa Júnior também faz parte do gangue. Na parte final do fornecimento de armas à UNITA, Dachala teve de recuar, porque a ONU decidiu reprimir o tráfico dos “diamantes de sangue” da UNITA e ele estava referenciado pelos inspectores. Avançou o “embaixador” Adalberto da Costa Júnior que montou com o traficante russo um engenhoso esquema para continuarem os negócios a partir do Uganda e Ruanda. No Lomé, Viktor Boutov e a UNITA decidiram criar uma fábrica de lapidação de pedras preciosas, para escaparem ao rastreio internacional dos “diamantes de sangue”, que apenas é possível se as pedras estiverem em bruto.

O traficante russo criou uma companhia de aviação, a Air Cess, que na parte final da traficância com a UNITA já tinha 50 aviões de transporte com capacidade de voo intercontinental. Quando avançaram as sanções da ONU contra os dirigentes da UNITA, Adalberto da Costa Júnior abriu brechas em Portugal, que se tornou o paraíso dos traficantes e belicistas da UNITA.

Viktor Boutov reforçou a sua frota com aviões de passageiros e pelo menos duas aeronaves ficaram ao serviço da direcção da UNITA, que assim escapavam ao controlo internacional, pois voavam a partir de aeródromos secundários, onde não chegava o controlo apertado das autoridades. O pagamento era feito em diamantes roubados aos angolanos. Nesta fase, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Peter Hein, veio a público denunciar o “negócio da morte” do traficante de armas russo. Porque ele era amigo íntimo do presidente Charles Taylor, da Libéria, que também deu grande contributo ao tráfico de armas para a UNITA. Taylor foi declarado criminoso de guerra e condenado a 50 anos de prisão.

Adalberto da Costa Júnior, parceiro de negócios destes bandidos internacionais, é deputado, líder da Oposição em Angola e está a preparar, segundo outro traficante, Marcial Dachala, uma “Frente Democrática e Patriótica para a alternância do poder”. E já tem parceiros ajuramentados: Bloco Democrático e o antigo agente da BRINDE (serviços de extermínio da UNITA) Abel Chivukuvuku. Onde Justino Pinto de Andrade e Filomeno Lopes já vão! Começaram por se declarar à esquerda do MPLA e ultrapassaram Chivukuvuku pela direita. Ainda acabam nos braços de um qualquer Bolsonaro.

Viktor Boutov ajudou a matar em Angola mais de um milhão e meio de angolanos, por isso é chamado o “mercador da morte”. Era agente do KGB soviético e nessa condição trabalhou em Angola, conhecia muitos segredos. Amigo íntimo de Jonas Savimbi, recebeu deste criminoso de guerra milhares de milhões de dólares em diamantes roubados nas minas angolanas. Foi condenado a prisão perpétua em Nova Iorque. Uma juíza federal converteu a pena em 25 anos e agora está prestes a ser libertado. Porque Washington lhe deu “carta branca” para fornecer a UNITA de armas oriundas da Europa de Leste, lavando daí as suas mãos e emendando assim o crime cometido pelo presidente Reagan ao dar a Savimbi/Pretória os mísseis FIM-92 Stinger.

No Tribunal de Nova Iorque, Viktor Boutov estava sozinho no banco dos réus. Faltaram a seu lado Marcial Dachala, Adalberto da Costa Júnior e outros dirigentes da UNITA. Vamos ver se os angolanos querem alternar o poder com assassinos, ladrões de diamantes e traficantes de armas.

*Jornalista

Fotos:

1- Viktor Bout o “traficante da morte”, traficante de armas  associado a todas as “guerras de diamantes de sangue” em África, a de Savimbi incluída – extraída do “dossier” sobre Bout do jornal “The Guardian” – https://www.theguardian.com/world/viktor-bout;  https://www.theguardian.com/film/2014/aug/17/the-notorious-mr-bout-review-transforming-merchant-of-death;

2- Marcial Dachala, deputado da UNITA na Assembleia Nacional Angolana e enlace de Savimbi nos expedientes com o “traficante da morte” Viktor Bout – extraída da página KUP – https://kwachaunitapress.com/;  https://kwachaunitapress.com/2021/03/25/unita-diz-campanha-de-difamacao-nao-vao-impedir-a-alternancia-democratica-em-2022/secretario-nacional-da-comunicacao-e-marketing-marcial-dachala/;   

domingo, 27 de junho de 2021

Timor-Leste foi o único país da CPLP a não condenar o golpe de Myanmar

M. Azancot de Menezes*

Enquanto a Assembleia Geral das Nações Unidas condenou de forma enérgica o golpe militar de Myanmar, tendo apelado à restauração da democracia, Timor-Leste foi o único país da CPLP a juntar-se ao grupo minoritário de países que se abstiveram na resolução contra o golpe militar, posicionando-se ao lado de países da ASEAN.

A posição de Timor-Leste, com o (triste) voto de abstenção assumido no âmbito da Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Situação de Direitos Humanos em Myanmar, na sequência do golpe militar ocorrido no início de Fevereiro, pode (e deve) suscitar interrogações em relação à coerência de princípios em questões fundamentais como a solidariedade entre os povos e no âmbito moral, ético e de cidadania.

A abstenção do Estado timorense na votação demonstrou incumprimento da Constituição da República Democrática de Timor-Leste (RDTL) e  violação de vínculos assumidos através da ratificação de acordos, convenções e pactos internacionais sobre direitos humanos.

A abstenção de Timor-Leste é altamente condenável e não é coerente com a Constituição da RDTL no que diz respeito à solidariedade com os povos oprimidos.

Igualmente grave, o governo de Timor-Leste optou pela posição assumida pela ASEAN, tendo demonstrado subserviência em relação a estes países, no domínio económico e político, tendo-se esquecido do seu passado recente quando foi invadido e anexado pela Indonésia e necessitou da solidariedade de outros povos e países.

Publicado em Jornal Tornado | Imagem: BBC

*M. Azancot de Menezes -- PhD em Educação / Universidade de Lisboa

*Também colaborador de presença assídua  em Página Global

Portugal | Emergência florestal

A floresta portuguesa continua à espera de decisões eficazes e consistentes, que a preservem e desenvolvam como recurso económico, social e ambiental ao serviço do país e das populações.

Duarte Caldeira | AbrilAbril | opinião

Pela Lei n.º 23/2021 de 7 de maio a Assembleia da República restabeleceu «o funcionamento, por um período de 60 dias, do Observatório Técnico Independente para análise, acompanhamento e avaliação dos incêndios florestais e rurais que ocorram no território nacional», criado em 2018 e que cessou o seu mandato em 31 de dezembro de 2020.

No diploma que restabeleceu o funcionamento temporário do observatório, não foi definida qualquer missão especifica para este, pelo que se aplicam as atribuições constantes no diploma inicial que o criou.

Confrontado com esta circunstância o observatório, face à inexistência de qualquer orientação adicional da parte do Parlamento, decidiu centrar a sua análise no Programa Nacional de Ação (PNA) do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR).

Apesar de todos os esforços desenvolvidos pelo observatório, na pessoa do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, para aceder à versão consolidada decorrente do período de discussão pública do PNA aprovado pelo Conselho de Ministros na sua reunião de 27 de maio de 2021, só a 7 de junho de 2021 (dia anterior à publicação da RCM em DR) foi disponibilizada a versão final do referido documento.

É no contexto das referidas limitações, impostas pela dificuldade de aceder, em tempo útil, à informação necessária para o pleno cumprimento do seu mandato, na linha do que sempre fez desde a sua criação, que o observatório está neste momento a elaborar o seu parecer.

Porque damos dados pessoais aos Estados Unidos?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

É inadmissível que a Câmara de Lisboa tenha fornecido à embaixada russa a identificação de ativistas russos que organizaram um protesto.

Mas também é inadmissível a dualidade de critérios de políticos e comentadores portugueses que fazem agora acusações e críticas, muitas vezes corretas, à atuação da Câmara de Lisboa e do seu presidente, Fernando Medina, mas que não dão importância alguma a cedências similares que ocorreram antes, nomeadamente as já denunciadas sobre protestos junto às embaixadas de Israel e da Venezuela, e às que ocorrem há anos com outros países..

Neste tipo de assunto não pode haver diferença entre os cuidados a ter com russos, com chineses, com israelitas ou com venezuelanos dos que devemos ter com governos de países supostamente aliados ou até... do nosso próprio governo.

Estamos a viver tempos em que no chamado "mundo livre" estão a diminuir as garantias de defesa de direitos dos cidadãos e a violarem-se cada vez mais liberdades cívicas. Darei apenas alguns exemplos, de memória.

Em Portugal mata-se um estrangeiro, insuspeito de crime, que respondeu "torto" ao questionário das autoridades da fronteira e aprova-se uma carta de direitos digitais que prevê a criação de uma espécie de "polícia da verdade" a fiscalizar a internet, (incrivelmente, o único partido a votar contra isto foi o PCP, sempre posto sob suspeita em relação ao seu amor pela liberdade).

Resultados modestos da reunião em Genebra

# Publicado em português do Brasil

Slavisha Batko Milacic* | OneWorld

No modesto lado positivo, os dois líderes concordaram que seus embaixadores, que foram chamados em meio às tensões crescentes, deveriam retornar aos seus cargos em um futuro próximo. Além disso, os EUA e a Rússia iniciariam “consultas” sobre questões relacionadas ao ciberespaço.

Os presidentes Joseph Biden e Vladimir Putin se reuniram em Genebra na quarta-feira, 16 de junho. Ambos observaram separadamente que as negociações correram bem. “Não houve hostilidade”, disse Putin. “Pelo contrário, o nosso encontro decorreu com um espírito construtivo.” Biden, entretanto, declarou “o tom de toda a reunião… foi bom. Positivo."

O espírito pode ter sido construtivo e o tom positivo, mas nenhum grande passo foi dado para reiniciar as relações cronicamente tensas entre Moscou e Washington. Embora a reunião tenha ocorrido tão bem quanto se poderia esperar, as principais diferenças permanecem em uma série de questões, incluindo ataques cibernéticos e direitos humanos.

Putin rejeitou as acusações que a Rússia estava envolvida em ataques cibernéticos contra instituições dos EUA e declarou que o governo dos EUA era o principal criminoso nessa área. Sobre direitos humanos, ele disse que os EUA apóiam grupos de oposição na Rússia para enfraquecê-la, já que Washington vê abertamente a Rússia como um adversário. Putin reiterou que Moscou não vê a política interna como algo para negociação ou discussão. Ele também disse que os manifestantes pró-Trump que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro estavam apenas expressando demandas políticas razoáveis, pelas quais agora enfrentavam penas de prisão punitivas.

O estado policial global

# Publicado em português do Brasil

Gilberto López yRivas* | Rebelion

O marxista americano William I. Robinson, professor da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, publicou no final do ano passado mais um de seus livros que, por sua abrangência e profundidade, torna-se um instrumento essencial para a compreensão das características e tendências da atual forma de acumulação capitalista em nível planetário.

El Estado policiaco global (O estado policial global , Pluto Press, 2020) é o título do trabalho, que eu recomendaria traduzido e publicado em espanhol, no qual o autor desenvolve o conceito de estado policial global para identificar de forma mais ampla os emergentes caráter de uma economia e sociedade globais, como uma totalidade repressiva, cuja lógica é tanto cultural e econômica quanto política.

Mais especificamente, o estado policial global se refere a três fatores inter-relacionados: primeiro, temos o sistema cada vez mais difundido de controle social, repressão e guerra promovido pelos grupos dominantes para conter a rebelião real ou potencial da classe trabalhadora global e da humanidade considerada excedente. Em segundo lugar, há o desenvolvimento e aplicação, em maior grau, desse sistema repressivo como meio de garantir os benefícios e a continuidade da acumulação de capital, em face de sua estagnação, por meio do que Robinson chama de acumulação militarizada ou / e acumulação repressiva. Terceiro, aponta para a tendência para sistemas políticos que podem ser caracterizados como fascismo do século 21 ou, em um sentido mais amplo, como totalitarismo. Paralelo,

ANGOLA, RUPTURA, LIBERTAÇÃO E VIDA – I

RUPTURA

Martinho Júnior, Luanda

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA DAS RAZÕES PORQUE “A LUTA CONTINUA” DESDE A SAGA ANTICOLONIAL, AO ANTIIMPERIALISMO INTERNACIONALISTA DE NOSSOS DIAS

Tendo como pano de fundo a narrativa histórica sobre a Aliança Contra os Rebeldes Africanos, o tema do livro “Alcora – o acordo secreto do colonialismo”, de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, conduz-nos à necessidade de dialética para a compreensão dos fenómenos históricos, porque não bastam “os esforços” de narrativa histórica de natureza estruturalista, por muita clarividência que ela comporte e é imperativo que os historiadores não caiam na tentação da propaganda avulsa ao sabor dos interesses e conveniências de quem paga mais, conforme tem acontecido em Portugal em muitas questões relacionadas com Angola, a ponto de haver evidências de não se ter feito ainda a descolonização mental ao nível das possibilidades e exigências do século XXI!

O “soft power” sob a égide do “hegemon” tem dado para tudo, pelo que o materialismo dialético, pela sua honestidade e probidade na abordagem entre contraditórios, é a via capaz de balancear entre civilização e barbárie, uma via que não pode mais ser menosprezada por razões vitais inerentes à própria humanidade e ao respeito que a todos deve merecer a Mãe Terra, (muito menos quando o assunto é ruptura, libertação e vida!)…

A probidade escapa entre os dedos dos que são levados a não preferir um exercício abrangente entre contraditórios, capaz de fazer a leitura das razões profundas da ruptura, da libertação e da vida, com os sentidos que tanto têm a ver com a perspectiva global de relações justas e equânimes entre as nações, os estados e os povos!...

01- Poucos são os que se debruçam com a necessária profundidade sobre o tema da ruptura em relação ao colonialismo, ao “apartheid” e às suas sequelas em África e ainda menos os que explicam a constante tentativa de aproveitamento ao serviço do “soft power” correspondente aos interesses e conveniências do “hegemon” e seu cortejo de implicações, ingerências, manipulações, vassalagens, “emparceiramentos” e jogos operativos que passaram a integrar desde o início da década de 90 do século XX os argumentos tácitos subjacentes (correntes) ao domínio sobre o Sul Global, nos termos da não declarada IIIª Guerra Mundial.

O tema de ruptura deveria merecer não só muito mais atenção, uma vez que há questões a levantar tendo em conta a complexidade da dialética histórica a abordar, mas também porque, as visões estruturalistas tendem a monopolizar (tornando unilaterais) as opções “acomodadas” dos historiadores: é mais que evidente que eles estão a colocar os acontecimentos cada vez mais em função dos factores de domínio, “compartimentando”, por vezes porque é muito mais fácil o recurso aos fundamentos documentais e aos depoimentos onde há registos, acabando duma forma ou de outra por correr o risco de inibir, diluir ou excluir as opções com as sensibilidades, as opções e os olhos do Sul Global!

Ai dos historiadores que não se sentem mi9nimamente incomodados, por múltiplas razões!

A maior parte dos que se debruçam sobre a história constroem narrativas unilaterais e dessas “iniciativas louváveis” (que tanto têm a ver com a superestrutura ideológica do domínio), há os que “alegremente” foram tentados a compor as partituras das campanhas mediáticas e a propaganda ao sabor e dispor de interesses e conveniências que traduzem “soft power” ao serviço do “hegemon”.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Falemos então de partilha de dados

As autoridades nacionais e a sobressaltada comunicação social corporativa permanecem inactivos perante um terramoto que arrasa os mais elementares direitos dos cidadãos.

José Goulão* | AbrilAbril | opinião

Recorrendo a um velho chavão do jornalismo, a notícia caiu como uma bomba nas redacções e logo se expandiu célere pela grei, que mais alarmada não poderia ficar: a Câmara Municipal de Lisboa denunciou à embaixada da Rússia as identificações de activistas que se manifestaram em Lisboa por um abnegado prosélito da resistência anti-Putin. Como deve ser nestas ocasiões de extrema gravidade para a nação, o chefe de Estado tomou as dores da comunidade e em palavras enfáticas manifestou a sua revolta – que é a revolta de todos – com o comportamento municipal. Pena é que o mesmo chefe de Estado e as carpideiras mediáticas não expressem ira semelhante quando a mesma Câmara Municipal partilha com a embaixada de Israel e a benigna Mossad as identidades de activistas portugueses e palestinianos que não concordam com as chacinas em Gaza e a limpeza étnica praticadas pelo Estado sionista.

É óbvio que a Câmara Municipal de Lisboa procede indevidamente ao partilhar com entidades estrangeiras dados que lhe são confiados no âmbito das suas actividades e funções. É um mau princípio, um errado comportamento, no fundo um abuso de confiança contra cidadãos que se responsabilizam por actos em que se expressam direitos democráticos como a liberdade de expressão, de opinião, de manifestação. Seja contra autoridades de países amigos, inimigos ou assim-assim.

Vejamos, entretanto, o mesmo assunto sob outro ângulo. Será que o bombástico acontecimento ganhou tais proporções apenas porque encaixa às mil maravilhas no contexto russófobo em que a opinião pública tem vindo a ser educada?

Apreciemos as coisas ainda de outra perspectiva. Será a Câmara Municipal de Lisboa a única entidade a incorrer em casos de ataque à privacidade de cidadãos enquanto à sua volta tudo são rosas neste campo?

Não é necessária uma investigação muito profunda para percebermos que não. A Câmara Municipal de Lisboa limita-se a cavalgar a onda da devassa irresponsável e generalizada das nossas vidas que caracteriza os tempos em que vivemos. O atormentado chefe de Estado e os excitados agentes mediáticos que, num prodígio de imaginação, detectaram que Portugal também tem o seu «Russiagate», poderiam informar-se e informar-nos sobre a assustadora maré de bufaria que nos assalta à escala global.

Falemos então de partilha de dados.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Reino Unido tenta sabotar perigosamente a reaproximação da Rússia com o Ocidente

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko*

A violação da fronteira marítima da Rússia no Mar Negro pela Marinha britânica na quarta-feira foi uma tentativa perigosa de sabotar a reaproximação da Rússia com o Ocidente, provocando um incidente de segurança internacional entre essas grandes potências com armas nucleares.

O mundo ficou chocado na quarta-feira após a transmissão de notícias de que caças e navios russos dispararam tiros de advertência contra a Marinha britânica depois que esta violou a fronteira marítima da Grande Potência da Eurásia no Mar Negro. Por sua vez, Londres negou que tais tiros de advertência tenham sido disparados e insistiu que se comportou dentro das normas internacionais. Moscou imediatamente rebateu acusando o Reino Unido de mentir, o que parece ser a interpretação mais precisa da realidade depois que o relato de um jornalista da BBC confirma com a da Rússia. O Reino Unido não reconhece a reunificação democrática da Crimeia com a Rússia, por isso afirma que tudo o que fez foi “legal”. Essa observação sugere fortemente que o Reino Unido estava deliberadamente tentando provocar um incidente de segurança internacional com a Rússia, o que levanta a questão de por que faria isso.

Embora não se possa saber com certeza, pode muito bem ser o caso de o Reino Unido querer sabotar a reaproximação da Rússia com o Ocidente após a Cúpula de Genebra na semana passada . Esse evento reuniu os presidentes Putin e Biden, que concordaram que é hora de diminuir as tensões entre seus países e gerenciar de forma mais responsável sua competição abrangente entre si. O resultado desse cenário que se desdobra com sucesso pode aumentar o isolamento estratégico pós-Brexit do Reino Unido, especialmente se resultar também em uma reaproximação complementar entre a UE e a Rússia. Falando nisso, pode ser mais do que uma coincidência que a perigosa provocação do Reino Unido contra a Rússia tenha ocorrido poucas horas antes dos relatórios veio em que o presidente francês Macron e a chanceler alemã Merkel estão considerando convidar o presidente Putin para uma cúpula de líderes europeus em algum momento no futuro próximo. O Reino Unido pode ter sido avisado e tentado sabotá-lo.

Os leitores devem se lembrar que o Reino Unido tem travado uma guerra híbrida feroz contra a Rússia nos últimos dois anos. Fiz um hiperlink para seis das minhas análises relevantes em um artigo há dois meses, perguntando “ Os britânicos estão por trás da decisão surpresa da Tcheca de expulsar diplomatas russos?”, Que deve, no mínimo, ser folheado por qualquer pessoa interessada neste tópico. Meu argumento é que a evidência empírica sugere fortemente que o Reino Unido está agindo como o cão de ataque anti-russo dos EUA na Europa continental após o Brexit, mas considerando a recente reviravolta geopolítica do desejo publicamente expresso por Washington e Moscou de reparar seus danos imensos relações após a Cúpula de Genebra da semana passada, é inteiramente possível que Londres esteja “se tornando malfeita” até certo ponto. Ou isso, ou está mais fortemente sob a influência da facção anti-russa remanescente das burocracias militares, de inteligência e diplomáticas permanentes dos EUA (“ estado profundo ”).

O Reino Unido, assim como a Polônia , apostou tudo por engano na continuação de seu grande curso estratégico anti-russo. Londres investiu pesadamente na expansão de suas capacidades híbridas na Europa Central e Oriental (CEE), em particular na Letônia, de onde opera uma rede regional de desinformação. Portanto, é compreensível que ele tenha se sentido abandonado à luz dos desenvolvimentos recentes. Não só isso, mas o papel de liderança do ex-agente do MI6 Christopher Steele nas origens da teoria da conspiração de Russiagate, que é factualmente desmascarada, sugere a estreita relação de trabalho entre a inteligência britânica e a facção anti-russa do “estado profundo” dos EUA. Portanto, não seria muito surpreendente se o Reino Unido continuasse a agir como o cão de ataque anti-russo dos EUA na Europa, embora sob as ordens de uma facção de “estado profundo” cada vez menos influente em oposição ao próprio estado americano. Isso explicaria por que apenas tentou provocar um incidente de segurança entre duas grandes potências com armas nucleares.

Tendo em mente os recentes desenvolvimentos rápidos nas relações russo-americanas e russo-ocidentais de forma mais ampla, não parece muito provável que o Reino Unido terá sucesso, a menos que a facção anti-russa de "estado profundo" dos EUA, de alguma forma surpreendentemente recupere sua influência neste momento decisivo no tempo, seja devido a essa provocação em particular ou talvez após as subsequentes que logo poderiam ser tentadas por outros Estados descontentes como os bálticos, a Polônia e / ou a Ucrânia. Se essa manobra falhar como alguns esperam, o Reino Unido se verá mais isolado do que nunca, tanto dos EUA quanto da UE. Também pode servir como um impedimento para outras pessoas como as mencionadas na frase anterior, a menos que fiquem ainda mais desesperadas para tentar suas próprias provocações. Em qualquer caso.

*Andrew Korybko -- analista político americano

ONEWORLD


Brasil | Os novos fantasmas de um fascista em apuros

# Publicado em português do Brasil

CPI debruça-se sobre a compra de vacinas não aprovadas pela Anvisa e terá depoimentos potencialmente explosivos amanhã. Salles cai e deixa substituto do mesmo calibre — mas não se livra de inquéritos comprometedores

Raquel Torres | Outras Palavras/Outra Saúde | Imagem: Aroeira

CENTRO DAS ATENÇÕES

O caso da Covaxin ganhou cores mais intensas ontem depois que o nome de Jair Bolsonaro foi citado textualmente. O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) – irmão de Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor da Saúde que afirmou ao Ministério Público Federal ter sofrido pressão incomum para assinar o contrato – disse ter alertado o presidente sobre indícios de irregularidade na negociação.

Ele mostrou à imprensa conversas de março em que ele pede a um auxiliar de Bolsonaro que o presidente seja avisado sobre “um esquema de corrupção pesado“, do qual ele teria “provas e testemunhas”. Afirmou também ter se reunido horas depois com o presidente, que prometeu acionar a Polícia Federal. E disse ter continuado emitindo alertas e documentos ao auxiliar, mas sem retorno. De acordo com ele, um desses documentos mostra tentativa de garantir um pagamento antecipado de US$ 45 milhões por um primeiro lote de apenas 300 mil doses, o que não estava previsto no contrato com a Precisa Medicamentos, responsável pela importação.

Segundo a Folha, a Precisa tentou obter esse adiantamento duas vezes. Como a Anvisa não autorizou a compra na época – devido à falta de documentos básicos sobre a qualidade e segurança da vacina – os depósitos não foram feitos. 

FOCO DA CPI

O rebuliço gerado pelas novas informações transformou o processo de negociação pela Covaxin em novo ponto central da CPI, à qual os irmãos Miranda vão depôr amanhã. Os senadores da oposição e os chamados independentes avaliam que, se forem comprovadas irregularidades, Jair Bolsonaro pode responder por prevaricação. Segundo a Folha, eles também consideram que há indícios de crime de advocacia administrativa (quando se usa a máquina pública em favor de entidades privadas). 

Um detalhe nessa história é que Luís Miranda é pró-governo e sempre deu declarações a favor do presidente. Agora, no entanto, está na mira do Palácio do Planalto: Bolsonaro pediu que a PF investigue ambos os irmãos. O pedido foi anunciado pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, segundo o qual há suspeita de que o documento apresentado pelo deputado seja falso.

“A má-fé é clara. A suspeita da falsificação é forte”, disse ele, emendando uma ameaça: “Deputado Luís Miranda, Deus tá vendo. Mas o senhor não vai se entender só com Deus não, vai se entender com a gente também. E vem mais: o senhor vai explicar e o senhor vai pagar pela sua irresponsabilidade, pelo mau-caratismo, pela má-fé, pela denunciação caluniosa e pela produção de provas falsas”. Miranda disse à Veja que pretende pedir a prisão de Lorenzoni por conta disso.

SUPERFATURADA?

Na edição de ontem, observamos que o preço cobrado pela Bharat Biotech ao governo indiano é de US$ 2 por dose da Covaxin, mas a venda para hospitais privados é feita com valores muito mais altos. Notamos também que, em comunicado à imprensa disponibilizado em seu site, a farmacêutica aponta que esses US$ 2 são “um preço não competitivo e claramente não sustentável no longo prazo”, de modo que o valor apontado pelo Estadão como tendo sido prometido ao governo brasileiro no começo das negociações – US$ 1,34 – é comparativamente muito baixo, carecendo de explicação. 

No comunicado da Bharat, não há informações sobre o preço praticado na venda a outros governos. Porém, em uma postagem feita em abril no Twitter, a empresa divulgou uma tabela informando que o preço de cada dose. Para exportação, ele é de US$ 15 a US$ 20. O acordo brasileiro abarca 20 milhões de doses a US$ 15 cada, o que está dentro dos valores praticados pela Bharat. Isso sugere, apesar de a Covaxin ser de fato a vacina mais cara comprada pelo Brasil, provavelmente não houve superfaturamento, e sim um problema de apuração na reportagem do Estadão, que poderia ter trazido esses elementos. 

SPUTNIK V NA OMS

A aprovação emergencial da Sputnik V pela OMS continua emperrada. Ontem, a equipe de inspeção da entidade publicou um relatório indicando problemas encontrados em uma fábricas responsáveis pelo envase, após inspeção realizada no início do mês.

Os técnicos identificaram “preocupações com a integridade dos dados e resultados de testes microbiológicos e monitoramento ambiental durante  as atividades de fabricação e de controle de qualidade”. Tiveram também “preocupações com a implementação de medidas adequadas para mitigar os riscos de contaminação cruzada” e com a garantia de esterelidade do processo, além de “preocupações com a rastreabilidade total, identificação e histórico dos lotes” das vacinas fabricadas no local.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que todas as correções necessárias já foram feitas.

POSSÍVEL, MAS RARO

Cientistas de um comitê do Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos afirmaram ontem que encontraram ontem uma “provável associação” entre as vacinas de mRNA (Pfizer e Moderna) e um risco aumentado para problemas cardíacos em adolescentes e jovens adultos, especialmente em homens. Foram analisados casos de miocardite, uma inflamação do músculo cardíaco, e pericardite, inflamação do revestimento ao redor do coração. A maioria deles ocorreu após segunda dose. Não houve nenhuma morte; a maioria dos afetados foi hospitalizada, mas não teve agravamento. A FDA (Anvisa dos EUA) vai adicionar um aviso às bulas

Esse parece ser um efeito colateral bem raro dessas vacinas, com as taxas variando muito segundo a idade e o sexo. Há cerca de 12 casos por milhão de vacinados com a segunda dose considerando pessoas de 12 a 39 anos; porém, esse número é maior para os mais jovens e do sexo masculino. Essa é uma informação importante no contexto em que alguns afortunados países começam a vacinar adolescentes. Também é algo que poderia ser levado em conta no quebra-cabeças das campanhas de imunização, para que cada grupo populacional receba o imunizante mais benéfico e menos nocivo de acordo com suas características – ao menos em lugares onde existe tal planejamento e uma oferta variada de vacinas.

De todo modo, o CDC reiterou ontem que, mesmo para adolescentes, os benefícios da vacinação ainda superam os riscos e que toda a população acima de 12 anos deve receber suas injeções.  “Os pesquisadores  [do comitê] estimam que, de um milhão de segundas doses administradas a meninos de 12 a 17 anos, as vacinas podem causar no máximo 70 casos de miocardite, mas evitariam 5.700 infecções, 2.215 hospitalizações e duas mortes”, diz o New York Times.

A QUEDA DE SALLES

Ricardo Salles se uniu ontem a outros 15 ministros que caíram no governo Bolsonaro. Foi ele quem pediu para sair do Meio Ambiente, mas há algumas semanas havia rumores de que seria demitido após se tornar alvo de investigações sobre a suspeita de favorecimento a madeireiros. A Polícia Federal estava quebrando seus sigilos bancário, telemático, telefônico e fiscal.

Agora, os dois inquéritos que correm no STF a respeito dele devem ser encaminhados para a primeira instância

A saída de Salles é a típica notícia que só é boa até a página 2, pois não há nenhum indício de mudança na política ambiental do governo. Muito pelo contrário. No seu lugar foi nomeado Joaquim Álvaro Pereira Leite, que já ocupava o cargo de Secretário da Amazônia e Serviços Ambientais na pasta e, por mais 20 anos, foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira. O Globo diz que, “segundo interlocutores da pasta, auxiliares de Salles serão mantidos em seus postos com a justificativa de que fazem um trabalho técnico dentro da ‘nova visão ambiental’ implementada por Salles”. O novo ministro, assim como seu antecessor, defende que é preciso “um olhar econômico para a Amazônia”.

Sob este olhar, em 2020 a taxa de desmatamento na Amazônia Legal Brasileira foi a maior em 12 anos, de acordo com um levantamento divulgado ontem pelo Instituto Socioambiental. 

A propósito: Leite vem de uma tradicional família de fazendeiros de SP que está em disputa por um pedaço da Terra Indígena Jaraguá. “Segundo um documento da Funai, capatazes a serviço da família chegaram a destruir a casa de uma família indígena ao tentar expulsá-la do território reclamado”, diz a matéria da BBC.

E por falar em terra indígena, ontem a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou que o PL 490/2007 tramite no plenário. O texto traz mudanças no reconhecimento da demarcação das terras: prevê que, para conseguir uma demarcação, os povos precisam comprovar a posse da terra em 1988, quando a Constituição foi promulgada. Além disso, proíbe a ampliação de terras já demarcadas e abre espaço para flexibilização do contato com povos isolados. Por duas semanas, representantes de várias etnias protestaram em Brasília para evitar o avanço da proposta, mas não foram sequer ouvidos pelos deputados.

*Raquel Torres é editora de Outra Saúde

terça-feira, 15 de junho de 2021

Os "contra" a NATO em Lisboa e no Porto

Acções de protesto realizaram-se em Lisboa (na foto) e no Porto, a 14 de Junho de 2021, contra a Cimeira da NATO a decorrer em Bruxelas, que visa o reforço deste bloco político-militar enquanto instrumento de ingerência e agressão e a imposição hegemónica a nível mundial, à custa de gigantescos recursos financeiros subtraídos aos povos e à resolução dos graves problemas que estes enfrentam.

AbrilAbril

Pequim acusa NATO de exagerar a “teoria da ameaça chinesa”

# Publicado em português do Brasil

Pequim acusou hoje a NATO de “exagerar a teoria da ameaça chinesa”, um dia após a Cimeira da Aliança Atlântica, que se propôs a trabalhar para enfrentar as ameaças apresentadas pelas políticas chinesas

Uma declaração da missão chinesa na União Europeia pediu à Otan para “ver racionalmente o desenvolvimento da China” e parar de “criar confrontos artificiais”.

A China acusou a Otan de “exagerar várias formas da ‘teoria da ameaça chinesa'”.

Na conclusão da cúpula, na segunda-feira em Bruxelas, os governantes dos países da Otan concentraram suas preocupações na Rússia e na China.

A “crescente influência da China pode representar desafios que precisamos enfrentar juntos, como uma aliança. Estamos enfrentando cada vez mais ameaças cibernéticas, híbridas e assimétricas”, disseram os líderes da Otan.

Segundo a missão chinesa, tal manifestação “difama a evolução pacífica” do país.

No entanto, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, da Noruega, procurou atenuar a declaração final da cúpula.

“A China não é nossa adversária, nossa inimiga”, afirmou. “Mas devemos enfrentar os desafios que a China representa para nossa segurança”, acrescentou.

“Rússia e China procuram nos dividir, mas nossa aliança é sólida. A Otan está unida e os Estados Unidos estão de volta”, comemorou Stoltenberg, que contou com a presença do presidente americano, Joe Biden, na coletiva de imprensa final.

Plataforma | AFP

Provocação | Grupo de porta-aviões dos EUA ingressa no mar do Sul da China

# Publicado em português do Brasil

O grupo é liderado pelo porta-aviões USS Ronald Reagan e inclui o cruzador de mísseis guiados USS Shiloh e o destróier de mísseis guiados USS Halsey.

O ingresso das embarcações norte-americanas no mar do Sul da China faz parte de uma missão de rotina, segundo anunciou nesta terça-feira (15) a Frota do Pacífico dos EUA.

"Enquanto estiver no mar do Sul da China, o grupo de ataque realizará operações de segurança marítima, incluindo operações de voo com aeronaves de asa fixa e rotativa, exercícios de ataque marítimo e treinamento tático, coordenado entre unidades terrestres e aéreas", comunicaram os militares.

Além disso, foi ressaltado que o grupo do porta-aviões Ronald Reagan está operando no mar do Sul da China pela primeira vez desde sua implantação em 2021.

O ingresso do grupo norte-americano na região poderá provocar protestos por parte da China. As reivindicações de Pequim sobre águas e territórios insulares do mar do Sul da China se tornaram um tema tenso na relação entre as duas potências.

Diversas áreas e ilhas no mar do Sul da China são disputadas por diversas nações, como a China, Filipinas, Vietnam, Malásia e Brunei. Além de ser uma região rica em recursos naturais, a região também é uma importante via marítima através da qual transita grande número de navios.

*Com imagens no original

Sputnik | Imagem: © AP Photo / Jason Tarleton, Sub oficial de 3ª classe / Marinha dos EUA

PUTIN E BIDEN EM GENEBRA

# Publicado em português do Brasil

Especialista aponta o que esperar da cúpula entre as 2 potências mundiais

A poucos dias de um dos encontros mais emblemáticos para geopolítica atual, a Sputnik Brasil ouviu o especialista Gustavo Oliveira para saber o que esperar sobre a cúpula realizada entre EUA e Rússia em Genebra no próximo dia 16.

No dia 25 de maio, ficou acordada a primeira cúpula entre Rússia e Estados Unidos desde a chegada de Joe Biden à presidência dos EUA. O encontro, que acontecerá no dia 16 de junho em Genebra, na Suíça, envolverá várias questões entre os dois países e produz dúvidas na política mundial sobre como será a reunião dessas duas grandes potências.

Desde que assumiu seu posto, Biden tem deixado claro seu distanciamento das diretrizes adotas perante a Rússia de seu antecessor, Donald Trump, que tecia uma comunicação mais próxima ao Kremlin.

Sendo assim, quais são as expectativas sobre a cúpula? Que tipos de temas serão abordados entre os dois presidentes? Cibersegurança e questões referentes ao Tratado Novo START serão discutidas?

Para responder a essas questões, a Sputnik Brasil ouviu Gustavo Oliveira, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP) e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre Estados Unidos (INCT-INEU).

Uma «Nova Era» da NATO? Perigosos projectos que exigem combate

Rui Fernandes *

A promoção mediática da administração Biden constitui autêntico fogo de barragem. Existirão diferenças em relação a Trump. Mas, sobretudo no plano internacional, o que existe é continuidade e até agravamento das políticas que vinham de trás. E o que as agrava é os EUA prosseguirem o seu objectivo de dominação mundial e o seu principal instrumento ser um gigantesco investimento militar num quadro em que do ponto de vista do desenvolvimento económico e tecnológico se encontram em recuo. Daí a estratégia de aceleração de reforço, alargamento e agressividade da NATO, a maior ameaça aos povos nos tempos que correm.

A acentuação da crise estrutural do capitalismo, por entre inerentes contradições de vários tipos, potencia o desenvolvimento de múltiplas manobras e medidas para afrouxar a luta dos povos, desde logo com a ofensiva ideológica à escala de massas, promovendo o obscurantismo e forças reaccionárias mas também pretendendo fazer passar por novo aquilo que é velho e já mostrou a sua natureza, gerando crescente desconfiança ou repulsa popular. Está neste caso a NATO que, em 2019, assinalou os seus 70 anos e relativamente à qual estão em curso dinâmicas várias para recauchutar a sua imagem, num processo que decorre em articulação com a mudança da administração norte-americana. Os círculos do grande capital procuram preparar a opinião pública para aceitar a continuação do reforço do papel de polícia mundial desta aliança militar. O babado consenso, perturbado com Trump, parece já existir entre os Estados Unidos e as potências da União Europeia para que a NATO continue a ser um fornecedor de «segurança mundial». Não esqueçamos que a «democrática» NATO acolheu no seu acto fundador (1949) um país com um regime fascista – Portugal. A permanência de Portugal na NATO tem sido desde a sua fundação um colete-de-forças para Portugal. Desde logo, no branqueamento do regime fascista em Portugal, consumada que foi a derrota do nazi-fascismo na Europa. Depois, ao sustentar o fascismo na condução da guerra colonial e na subjugação do povo português e dos povos colonizados. Nos últimos anos, rebocando Portugal no envolvimento externo, forçando à padronização da organização e estrutura das FFAA, à alteração da sua natureza e, por fim, a opções de reequipamento afastadas do interesse nacional. Inserem-se neste âmbito todas as orientações constantes ao nível da União Europeia (UE), nomeadamente com a imposição do Tratado de Lisboa em que, entre outros aspectos, ganha de forma expressiva a alienação de soberania. O quadro das nossas relações externas, crescentemente afunilado na UE e no denominado eixo transatlântico, não serve Portugal.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

A QUEM QUEREM CONFUNDIR OS IMPOSTORES DO "ARCO DE GOVERNAÇÃO"?!...

Martinho Júnior, Luanda

Continua a ser flagrante o "reaproveitamento" dos parâmetros do Exercício Alcora, tendo em conta poderosos interesses que lhe eram subjacentes no espaço EurAtlântico particularmente na Alemanha, em França e na Itália, entre outros!...

Desde o golpe do 25 de Novembro de 1975 que o "arco de governação" faz esse "reaproveitamento" e vai ser impossível ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, a acreditar nesta versão que se junta, colocar um ponto final a tudo isso, pois os poderes do "Le Cercle" tão “esclarecidamente” exposto em “Jogos Africanos” de Jaime Nogueira Pinto, poderes que se fundem com a própria NATO, continuam em vigor na Europa e Portugal sempre foi por arrasto vergonhosamente!...

O texto abaixo, que anda a circular nas redes, pode ser uma leitura "transversal" dum assunto que tem andado de há muito pelos corredores da penumbra entre os palácios de Lisboa, mas de qualquer modo o reaproveitamento do Exercício Alcora, explica-se em ingerências e manipulações constantes e por vezes intensas, conforme explicita a contínua propaganda fraccionista explorando o 27 de Maio, cobrindo uma actividade "na profundidade" dos serviços de inteligência portugueses a "trabalhar" em Angola, para a NATO, para a UE e só depois para os interesses da própria oligarquia portuguesa!

A continuar, a saga demonstra até que ponto Portugal pretende exercer em termos paternalistas e neocoloniais o relacionamento para com Angola!

Martinho Júnior, 7 de Junho de 2021

Imagens:

01- Marcelo e as direitas: do berço à Presidência da República – Foi Marcello Caetano que levou a mãe de Marcelo à maternidade – https://observador.pt/especiais/marcelo-e-as-direitas-do-berco-a-presidencia-da-republica/;

02- Uma história oficial da democracia portuguesa? – Um dos opinadores profissionais que mais espaço tem para se ouvir a si próprio há muito que faz este número do outsider incómodo, debitando a mesma cartilha bolsonarista da ditadura cultural da esquerda que silencia a verdadeira memória do passado. Já não há pachorra! – https://paginaglobal.blogspot.com/2021/02/uma-historia-oficial-da-democracia.html;  https://www.publico.pt/2021/02/16/opiniao/noticia/historia-oficial-democracia-portuguesa-1950829;

03- O Presidente da República está em Angola para assistir à cerimónia da tomada de posse do novo Presidente angolano, João Lourenço. Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou a manhã para mergulhar na ilha de Luanda. Um momento captado pelos fotógrafos e por vários presentes que não quiseram perder uma selfie com o chefe de Estado português. – vídeo – https://sicnoticias.pt/pais/2017-09-25-Marcelo-mergulha-na-ilha-de-Luanda;

04- APONTAMENTO DO DIA 6 de Junho de 2021 - A DESCOLONIZAÇÃO É UM PROCESSO DIALÉTICO AINDA NÃO CONSUMADO E NESTE MOMENTO PODE-SE CONSTATAR A OLHO NU, QUE NUNCA HOUVE EM PORTUGAL DESCOLONIZAÇÃO MENTAL!...  Os serviços de inteligência portugueses, que em relação a Angola integram os homens do ex-BRINDE da UNITA em função da não extinção da PIDE/DGS em África, estão a utilizar a propaganda do 27 de Maio como um "cavalo de Tróia" a fim de ir ganhando mais espaço de manobra e manipulação num leque variado de sensibilidades e instituições, do estado, do MPLA, etc... Depois da intervenção do Presidente João Lourenço sobre o tema 27 de Maio, os serviços de inteligência portugueses vão fazer esse "cavalo de Tróia" avançar mais umas casas no xadrez, por que a pressão sobre a superestrutura ideológica dos angolanos vai dando resultado o que torna o caminho cada vez mais apetecível e fértil para os interesses da oligarquia portuguesa, incontornável saudosista colonial! – https://www.facebook.com/martinho.junior.9066.

Republicanos devem aplaudir a nova abordagem de Biden para a Rússia


# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | OneWorld

Biden está surpreendentemente tentando realizar o que Trump foi incapaz de realizar devido à pressão egoísta de "estado profundo" na época, e isso é responsável por regular a competição abrangente dos EUA com a Rússia, de modo a liberar os recursos estratégicos para "conter de forma mais agressiva" ”China, que deve, portanto, merecer o aplauso de todos os republicanos.

Em uma reviravolta surpreendente que talvez ninguém jamais tenha previsto, Biden está tentando realizar o que Trump foi incapaz de realizar devido à pressão egoísta politizada das burocracias militares, de inteligência e diplomáticas permanentes de seu país (" estado profundo ") na época, e isso regula de forma responsável a competição abrangente dos EUA com a Rússia, de modo a liberar os recursos estratégicos para “conter” a China de forma mais agressiva. Esta observação é apoiada por uma sequência rápida de eventos que inclui a desaceleração inesperada na Ucrânia em abril, a reunião entre seus Ministros das Relações Exteriores em Reykjavik no mês passado, a renúncia quase simultânea de Washington a maioria das sanções do Nord Stream II, o anúncio subsequente do Pentágono de que não considera a Rússia como um “ inimigo ” e a próxima Cúpula de Putin-Biden no final desta semana em Genebra.

Expliquei em minhas análises recentes para a CGTN e o Conselho de Assuntos Internacionais da Rússia ( RIAC ) que isso é atribuível ao “estado profundo” finalmente perceber a futilidade de tentar “conter” simultaneamente a Rússia e a China. Eu anotei em novembro passado que ambas as facções pró-Trump e pró-Biden do "estado profundo" do país estavam de acordo com relação à visão de que a China é o principal competidor estratégico dos EUA, mas ainda diferiam na época sobre se a República Popular ou a A Grande Potência eurasiana representava respectivamente a maior ameaça. Agora parece não haver diferença de opinião sobre esta questão, conforme evidenciado pela administração Biden pegando a tocha anti-chinesa de que Trump a deixou por meio da continuação de praticamente todas as suas políticas hostis, especialmente quando se trata do comércio guerra e Xinjiang.

Rebelião, patifes e receita: loucuras fiscais e sabedoria ao longo dos tempos


 Michael Keen e Joel Slemrod (livro)

Uma conta envolvente e esclarecedora de tributação contada por meio de histórias animadas, dramáticas e às vezes ridículas tiradas de todo o mundo e através dos tempos

Preço:

$ 29,95 / £ 25,00

ISBN:

9780691199542 

Publicado (EUA):

6 de abril de 2021

Publicado (Reino Unido):

11 de maio de 2021

Direito autoral:

2021

Páginas:

536 

ANUNCIADO EM Princton University Press / Project Syndicate

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