domingo, 27 de junho de 2021

O estado policial global

# Publicado em português do Brasil

Gilberto López yRivas* | Rebelion

O marxista americano William I. Robinson, professor da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, publicou no final do ano passado mais um de seus livros que, por sua abrangência e profundidade, torna-se um instrumento essencial para a compreensão das características e tendências da atual forma de acumulação capitalista em nível planetário.

El Estado policiaco global (O estado policial global , Pluto Press, 2020) é o título do trabalho, que eu recomendaria traduzido e publicado em espanhol, no qual o autor desenvolve o conceito de estado policial global para identificar de forma mais ampla os emergentes caráter de uma economia e sociedade globais, como uma totalidade repressiva, cuja lógica é tanto cultural e econômica quanto política.

Mais especificamente, o estado policial global se refere a três fatores inter-relacionados: primeiro, temos o sistema cada vez mais difundido de controle social, repressão e guerra promovido pelos grupos dominantes para conter a rebelião real ou potencial da classe trabalhadora global e da humanidade considerada excedente. Em segundo lugar, há o desenvolvimento e aplicação, em maior grau, desse sistema repressivo como meio de garantir os benefícios e a continuidade da acumulação de capital, em face de sua estagnação, por meio do que Robinson chama de acumulação militarizada ou / e acumulação repressiva. Terceiro, aponta para a tendência para sistemas políticos que podem ser caracterizados como fascismo do século 21 ou, em um sentido mais amplo, como totalitarismo. Paralelo,

Este estado policial global surge quando o capitalismo mundial está em uma crise sem precedentes, dada sua magnitude, dimensão global e a extensão da degradação ecológica e social, bem como a imposição de meios de violência em todas as latitudes do planeta contra os pobres e os classes trabalhadoras. Isso tem levado ao surgimento de múltiplos movimentos que se opõem a este estado policial global, por isso é crucial identificar suas características, particularmente suas tendências autoritárias e repressivas.

Nessa mesma direção, propus em meu livro Estudando a Contra-insurgência dos Estados Unidos: Manuais, Mentalidades e o Uso da Antropologia ( https://cutt.ly/Qn6WURr ) o conceito de terrorismo de Estado global para caracterizar precisamente a política de violência perpetrada por aparatos de estado imperialista na arena mundial contra povos e governos, com o propósito de incutir terror e em violação do direito nacional e internacional. O terrorismo de Estado global viola as estruturas ideológicas e políticas da repressão legal (justificada pela estrutura legal internacional) e apela a métodos não convencionais, tanto extensivos como intensivos, para aniquilar a oposição política e o protesto social em escala.

O conteúdo do livro, exposto com especial rigor metodológico, suporte teórico e, ao mesmo tempo, magistralmente pedagógico, apresenta no capítulo um, Capitalismo e suas crises, a tese de Robinson sobre uma teoria da globalização como uma nova era do sempre dinâmico e evolução aberta do capitalismo mundial, na qual mostra como o estado policial global responde a uma crise inerente às contradições internas do próprio sistema. Enfoca o nível estrutural da crise, no qual se refere à superacumulação, conceito que amplia nos capítulos seguintes, examinando a financeirização e digitalização do capitalismo global, que, longe de resolver a crise, a agrava. No segundo capítulo, Desigualdades selvagens. O imperativo do controle social,

A obra termina com o capítulo quatro, A batalha do futuro, onde Robinson analisa os projetos emancipatórios no mundo e a revitalização da esquerda, que poderiam trazer um horizonte de socialismo ecológico e de libertação da espécie humana. Nosso autor considera que estamos diante de uma crise de humanidade, que só pode ser resolvida no marco de relações de reciprocidade e mútuo bem-estar.

Parabéns, William, pela tarefa cumprida!

Fonte: https://www.jornada.com.mx/2021/06/25/opinion/016a1pol

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