David Chan* | Plataforma | opinião
Com a Covid-19 e o conflito no Afeganistão como pano de fundo, os Jogos Olímpicos de Tóquio chegaram ao fim, estando todos os atletas agora de regresso a casa. Naturalmente, há aqueles que regressam vitoriosos, e outros que voltam de mãos vazias, porém, independentemente do seu sucesso, puderam experienciar pessoalmente estes jogos únicos. Tornaram-se ídolos e heróis aos olhos da população.
Nesta edição, descobrimos também que a China está constantemente a evoluir, cada vez mais confiante, tolerante e relaxada em relação aos que não conseguiram resultados de sucesso. As pessoas mostram uma maior aceitação e incentivo, reação normal para um país com milhares de anos de história, e atualmente a segunda maior potência mundial. Esta é a evolução da população de uma das maiores nações do mundo. Era um país que, emocionalmente, costumava lidar mal com as derrotas. Passaram muito tempo destroçados, ansiosos, sem saber tolerar o insucesso. Existia o sentimento de que era necessário provar o seu valor ao mundo exterior. As medalhas de ouro eram um símbolo conveniente e claro de aprovação. Quando a autoestima da população não consegue manifestar-se através de força política ou económica, só pode ser compensada através de uma forma relativamente simples. Com a sua vontade e luta pelas medalhas. O ouro torna-se um símbolo com um valor que vai muito além do seu significado desportivo. Quando um atleta recebe uma medalha de ouro todo o país celebra a sua vitória, regressando a casa imediatamente como um herói. Antigamente, os que não conseguiam a medalha eram despojados das suas coroas e criticados pelo público, mas com os jogos de Tóquio, muitos descobriram que a população chinesa já não possui a mesma obsessão com o ouro.
Nos anos de pobreza e debilidade do passado, a população ambicionava ser vista pelo mundo, obter o seu reconhecimento e admiração. Dependiam então das vitórias e medalhas de ouro para provarem o seu valor. Contudo, como potência em ascensão, a população chinesa tem muito para oferecer nos campos desportivo, militar, científico, tecnológico, educacional, médico e económico. A China e os chineses vivem agora uma vida com uma maior diversidade de valores e interesses. Já não possuem apenas um objetivo e obsessão. Já não dependem das classificações dos Jogos Olímpicos para provar o seu valor. O desporto chinês está finalmente a largar este enorme fardo e a regressar à sua verdadeira essência.
*Editor sénior do PLATAFORMA
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