quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Portugal | Para que serve o congresso do PS?

Domingos de Andrade* | Jornal de Notícias | opinião

Para pouco, na verdade. Mas sobretudo para que António Costa coloque na linha da frente não um, mas quatro putativos sucessores, ou seja, nenhum. Vamos aos momentos.

Os socialistas reúnem-se em conclave este fim-de-semana, em Portimão, no fim das férias de António Costa e com o país ainda a ser dirigido pela ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva. É um congresso estival em direção ao sunset das eleições autárquicas, que uma parte da Direita, mais do que a Esquerda, espera vir a ser a despedida de Rui Rio da liderança do PSD.

Para o ato eleitoral de 26 de setembro, e depois dos resultados extraordinários de há quatro anos, a ambição cabe numa folha de excel e o futuro quantifica-se em poucas linhas, como não se têm cansado de repetir os dirigentes socialistas: manter a presidência da Associação Nacional de Municípios, procurando fugir a números concretos, sem leituras nacionais, essas ficam para a oposição; elencar o futuro auspicioso com a oportunidade única proporcionada pelos milhões que começam a chegar da Europa.

O primeiro-ministro e secretário-geral tratou, à partida, de tentar conter outros danos. Em entrevista ao Expresso, sossegou os ministros afastando as nuvens de uma remodelação, anunciou um tabu negando-o e atirando para 2023 uma decisão sobre a sua recandidatura, sem deixar de estender as pontes para que o próximo Orçamento do Estado possa ser aprovado pela Esquerda.

O fator contraditório, aberto no congresso da Batalha por Pedro Nuno Santos, é diluído, parecendo que o pano do palco está aberto. Ao lado do primeiro-ministro, sentam-se Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e, claro, o já citado Pedro Nuno Santos.

Parece tudo em paz. E estará. Até quando António Costa quiser ou a Direita se refizer. Mas isso são outros congressos.

*Diretor-Geral Editorial

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