Novos mortos por dia, novos infetados por dia, internamentos gerais e internamentos nos cuidados intensivos. Os números desmentem a tese de que hoje a situação pandémica é melhor do que há um ano. Falso: a situação é pior.
O avanço da vacinação - com os números a aproximarem dos 85 por cento, fasquia para o desconfinamento total - tem criado a perceção de que atualmente a situação pandémica é melhor do que a de há um ano. A verdade crua dos números mostra, porém, o contrário: nos quatro mais importantes indicadores (ver infografia em baixo), Portugal está hoje pior do que setembro de 2020.
O DN comparou os números específicos relativos a 9 de setembro: nesse dia, em 2020, morriam três pessoas; agora morreram dez. O número de novos infetados por dia era de 646; agora é mais do dobro (1408). O número de pessoas internadas era de 392 e agora 569; e as pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos são mais do dobro; 52 contra 118.
Estes dados objetivamente desmentem a tese que o avanço da vacinação fez melhorar a situação pandémica: morre-se mais, há mais novos infetados por dia, maior pressão sobre o SNS. O que o avanço da vacinação então poderá eventualmente determinar é que, quando o inverno chegar, a pandemia não terá a progressão absolutamente alucinante que aconteceu no início deste ano, muito por culta do desconfinamento especial determinado pelo Governo no Natal. Os dias 28 e 31 de janeiro foram os piores da pandemia em Portugal: 303 mortos em cada um desses dias. Este é um cenário que nenhum perito em Portugal prevê que se repita.
Ontem a DGS e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) divulgaram o chamado o relatório das "linhas vermelhas". Portugal regista uma situação pandémica de covid-19 de "moderada intensidade", mas com uma tendência decrescente em todo o país e na pressão sobre os serviços de saúde.
"A análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica de infeção por SARS-CoV-2 de moderada intensidade, com tendência decrescente a nível nacional, assim como na pressão sobre os serviços de saúde e na mortalidade por covid-19", refere o documento.
Segundo o relatório, o número de novas infeções por cem mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 231 casos, e apenas o Algarve regista uma incidência superior ao limiar de 480.
O grupo das pessoas entre os
Relativamente aos serviços de saúde, o número de pessoas com covid-19 internadas em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente está a decrescer, correspondendo a metade do valor crítico definido de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior era de 55%.
Na quarta-feira, estavam em UCI 127 doentes, adianta o relatório, que avança ainda que a proporção de testes positivos foi de 3,1 por cento, encontrando-se abaixo do limiar definido de quatro por cento.
No que se refere à mortalidade atribuída à covid-19, apresenta também uma "tendência estável a decrescente", com 14,1 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um decréscimo de 03% relativamente à semana anterior. Este valor é inferior ao limiar de vinte óbitos definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).
"Observou-se uma diminuição do número de testes para deteção de SARS-CoV-2 realizados nos últimos sete dias", com um total de 314.823 despistes da covid-19, contra os 346.320 realizados na semana anterior, indicam ainda os dados da DGS e do INSA.
O relatório refere ainda que mais de 29 mil pessoas com a vacinação completa contra a covid-19 foram infetadas com o vírus SARS-Cov-2, o que representa 0,4% do total de vacinados, e 309 morreram, mas estes dados são atualizados mensalmente, o que aconteceu pela última vez a 03 de setembro.
A covid-19 provocou pelo menos 4, 6 milhões de mortos em todo o mundo, entre mais de 223 milhões de infeções, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse. Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17 843 pessoas. O número total de infetados já é superior a um milhão (1 053 450 casos).
João Pedro Henriques | Diário de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário