quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Portugal | O DILEMA DE MARCELO

Domingos De Andrade* | Jornal de Notícias | opinião

Vamos jogar no totobola, o 1x2 de Rui Rio antes de decidir que iria disputar as eleições internas do PSD, e olhar para os cenários que se colocam ao país depois das legislativas de 30 de janeiro, partindo do princípio de que daí dificilmente advirá uma maioria absoluta de um partido. E de que as maiorias ideológicas poderão ter caído com o chumbo do Orçamento.

O presidente da República foi o primeiro a prevenir para o quadro de instabilidade. Daí a exigência que fez de um acordo de governação que garanta dois anos na legislatura.

Dilema 1 do presidente da República. Vence António Costa, num quadro em que é possível reeditar a maioria de Esquerda com PCP e Bloco de Esquerda. Curiosamente, o projeto PS/PAN pode ter morrido pelas estufas. Neste quadro, a questão que se coloca é simples. É justo que os portugueses se questionem sobre o porquê da dissolução da Assembleia da República e da consequente marcação de eleições antecipadas. Não parece fazer sentido uma decisão que no fim acabará por produzir o mesmo resultado saído antes da ida dos portugueses às urnas.

Dilema 2. A vitória de Rio. Que coloca dois problemas a Marcelo. Vai exercer o magistério com um primeiro-ministro que não desejaria, até pelo que foi a coabitação entre ambos no PSD. Segundo, o acordo exigido para dois anos pode depender não da vontade dele, mas do Partido Socialista, que nesse caso já não terá António Costa como líder.

O que pode agora o presidente da República desejar? Na verdade, o que pode ansiar é que os portugueses votem e que sejam sensatos, fazendo uma escolha que represente uma maioria capaz de gerar estabilidade.

P.S.: Era esperado. A lista de candidatos de Rui Rio às eleições de 30 de janeiro é o espelho do que o líder do PSD pensa. Escolheu os fiéis, deixando de fora a parte do partido que transformou a sua vida num inferno, citando o próprio, já para não falar da ausência de independentes com valor reconhecido. Vai para a campanha com os sociais-democratas pouco mobilizados.

*Diretor-geral Editorial

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