sábado, 27 de março de 2021

Lição importante, cena fascinante

David Chan* | Plataforma | opinião

A primeira reunião do primeiro dia de discussões estratégicas entre a China e os EUA em Anchorage foi emitida em direto. A emissão do encontro forneceu uma lição importante e uma cena fascinante para todos os interessados em diplomacia e relações sino-americanas.

A diplomacia é por natureza um trabalho profissional e técnico, não um cálculo político com base apenas no interesse próprio. A sua essência está na negociação e interação entre dois países, não apenas num jogo de palavras. Devido ao comportamento inapropriado do lado norte-americano, o mundo exterior pode agora finalmente compreender o conteúdo da primeira reunião entre os representantes da China e dos EUA.

Analisando apenas o conteúdo da reunião, existe uma clara ignorância na perceção do representante americano sobre as relações sino-americanas e a perceção dos EUA sobre as necessidades destas relações. Por outras palavras, o lado americano vê a relação entre os dois países como um jogo de palavras, repete a posição numa série de questões relacionadas com a política interna americana, as visões do Partido Democrata, e valores e posições ideológicas específicas. Acreditam que estes pontos são suficientes para uma boa relação diplomática com a China.

Porém, após 2016, com a Administração de Trump e o impacto da pandemia, juntamente com a fraca resposta ao vírus, os EUA ficaram numa posição inferior de negociação com a China. Este é o consenso entre vários aliados americanos e foi a primeira vez que um representante chinês expressou abertamente esta realidade num ambiente criado pelos EUA.

A estratégia do representante americano de mandar os jornalistas sair depois das palavras de abertura, propositadamente prolongadas, é baseada numa compreensão e avaliação incorreta da China, talvez porque os EUA sempre aceitaram cegamente informação chinesa partilhada por estrangeiros com ligações à China. Estas fontes levam a erros claros na visão do país, tendências que foram influenciadas no passado pela posição de superioridade e poder americano sobre outros países.

No entanto, depois da reunião em Anchorage, graças à intervenção dos media e às redes sociais altamente globais, todos podemos agora olhar para a situação com uma perspetiva mais abrangente. Assim sendo, o conteúdo inapropriado da posição adotada pelo lado norte-americano recebeu imensas críticas, incluindo até detalhes como traduções incorretas. Em contraste, o lado chinês demonstrou claridade, calma e preparação prévia, com respostas razoáveis, positivas e comedidas.

A reação chinesa representa não só uma verdadeira troca diplomática, como também uma lição para que os EUA compreendam verdadeiramente a situação atual da China.

*Editor Senior do Plataforma

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Mais de 90 mortes, incluindo crianças, em protestos pró-democracia no Myanmar

A ONU disse estar "chocada" com as dezenas de mortes, incluindo crianças, na repressão aos manifestantes pró-democracia, que protestam este sábado em várias cidades de Myanmar.

"Ainda não fomos capazes de confirmar esta informação de maneira independente, mas recebemos vários relatórios credíveis de muitas partes do país - pelo menos 40 locais diferentes -- que relatam que unidades policiais e militares responderam a manifestações pacíficas com força letal", disse à AFP um porta-voz da Alta Comissária das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani.

Segundo a Alta Comissária, "até agora, o número de mortos aumentou para 83-91 pessoas mortas e há centenas de feridos. Há quatro relatos de crianças que foram mortas, incluindo pelo menos um bebé".

Antes, numa declaração no seu 'Twitter', a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, referiu estar "chocada" com a violência e com as "prisões em massa".

"Recebemos relatos de dezenas de mortes, incluindo crianças, centenas de feridos em 40 localidades e prisões em massa. Essa violência agrava a ilegitimidade do golpe e a culpabilidade de seus líderes", refere.

Ativistas pró-democracia convocaram uma nova ronda de manifestações no "Dia do Exército".

Um gigantesco desfile militar é organizado todos os anos neste dia em frente ao chefe do exército, agora chefe da junta governante, o general Min Aung Hlaing.

A violência explodiu quando as forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes.

Luanda: Vandalizações e vândalos

Luciano Rocha | Jornal de Angola | opinião

O recente drama da zungueira Alice João, morta, recentemente, em Luanda, ao pisar um cabo eléctrico, reconfirmou o estado lastimoso em que se encontra o espaço público da província e da cidade.

Dona Alice João morreu, quando, uma vez mais, calcorreava as ruas da capital, porque a promessa da criação de pracinhas continua por cumprir, aumentando, pelo menos, para já, a lista dos anúncios vazios de intenções.

Dona Alice João morreu porque, fizesse  sol, chuva ou cacimbo, tinha, todos os dias, de sair de casa para tentar ganhar o sustento dela e da família - cinco filhos e um marido desempregado - sem olhar para o tempo ou horas, que estômagos vazios não se compadecem com meteorologia  ou relógios.
Dona Alice João, trabalhadora independente, não "podia dar-se ao luxo” de "meter baixa”, sequer cumprir a ordem de recolhimento domiciliário, muito menos preguiçar em casa, com salário, demais regalias, como "prémios de produtividade”, subsídios de férias.  Transgredir, para ela, era obrigatório, se queria ganhar a vida, com o coração apertado e olhos divididos, um na bacia, o outro no polícia.

Dona Alice João foi assassinada, num dia de chuva, por um cabo eléctrico desgarrado, num espaço público da capital de um país chamado Angola. Como podia ter perecido, ao tropeçar em qualquer tubo de origens tantas que povoam a província, como buracos de todos os tamanhos e feitios, que "enfeitam” a província, entre eles, bocas de incêndio a jorrar água, meses a fio, que escasseia nas torneiras.

"Selfie-lixo" | Angolanos protestam contra sujeira em Luanda

Grupo de ativistas está a levar a cabo campanha de auto-retrato com o lixo para chamar a atenção aos governantes sobre o perigo que os resíduos espalhados pelas ruas representam para a saúde pública e o meio ambiente.

Os cidadãos em Luanda estão cada vez mais agastados com as grandes quantidades de resíduos sólidos que se registam espalhados por todos os cantos da capital angolana.

"É insustentável e inadmissível a quantidade de lixo amontoado que há aqui em Viana. Nos coloca numa posição de fragilidade, olhando para as terríveis consequências que podem advir daí nessa época de chuva", lamenta Aldino Pascoal, em declarações à DW África.

Também Mendes Dumbo, outro residente da capital angolana, desabafa: 

"Nós aqui no Kilamba Kiaxi estamos mal. Veja só, lixo tipo comboio", afirma apontando para o extenso amontoado de resíduos a perder de vista.

Auto-retrato com o lixo

Esta semana, um grupo de ativistas lançou uma campanha em Luanda denominada "Selfie-lixo" para denunciar o estado precário do saneamento básico no país.

A iniciativa propõe tirar uma foto junto ao lixo, na qual o participante na campanha indica o seu nome, rua, bairro e a província onde a fotografia foi tirada. Depois, encaminha ao mentor a fotográfica com as informações, que são publicadas na rede social Facebook. e o que não falta são montes e mais montes de lixo espalhado.

Hervey Madiba, um dos mentores da campanha, explica os objetivos da iniciativa.

"Pensamos que os nossos governantes não vêem o lixo, esse grave problema de saúde pública e do meio ambiente nas nossas ruas. Então, podemos ajudar-lhes mostrando as nossas fotos", disse.

Muitos internautas estão a participar da campanha. Neidy Correia, por exemplo, mostra a situação no Kilamba Kiaxi:

O projeto que começou em Luanda já se estendeu até a capital da província do Namibe, uma das cidades do litoral sul de Angola.

"Tenho a certeza absoluta que essa campanha vai resultar em alguma coisa. Só para termos uma noção, a campanha foi criada dia 24 e já temos publicações até de Moçâmedes, um foto tirada na Escola 11 de Novembro", relata Madiba. 

Não é a primeira vez que Luanda fica inundada com lixo. Também não é a primeira vez que ativistas levam a cabo uma campanha do gênero.

"Infelizmente, estamos na nossa segunda edição. Por se tratar de uma questão de saúde pública, gostaríamos que essa fosse a nossa última campanha", diz o mentor da iniciativa.

A primeira edição da campanha contra o lixo em Luanda foi em 2015. Quase seis anos depois, lança-se outra campanha pela mesma razão: o lixo.

Trilha sonora especial

Mas Em 2018, foi publicada a música intitulada "Cidade Lixuosa", uma composição de Dino Ground e Mr. Telles. O tema com coro de Maima Fernandes, acompanha a campanha deste ano. (Ver/ouvir em Facebook)

Hervey Madiba não quer que a sociedade faça confusão sobre a iniciativa.

"As pessoas ainda têm medo de participar em campanhas como estas. Por isso, fazemos questão de deixar bem claro que é apenas mais um ato de cidadania e não um ato político", garante. 

Espera-se que, com essa campanha e com a realização do concurso público para novas operadoras de limpeza, o lixo em Luanda tenha os dias contados. 

Na última terça-feira (23.03), Joana Lina governadora da província de Luanda, reconhecendo o problema, pediu desculpas públicas aos citadinos e pediu paciência.

Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle

Covid-19: Angola autoriza compra de vacina russa

Governo angolano autorizou aquisição de seis milhões de doses da vacina Sputnik V, produzida na Rússia. País atualizou medidas preventivas. Ensino pré-escolar retoma aulas presenciais a 5 de abril.

O Governo angolano vai adquirir seis milhões de doses da vacina Sputnik V, produzida na Rússia, por 111 milhões de dólares (o equivalente a 94 milhões de euros), segundo um decreto presidencial publicado no Diário da República.

Segundo o documento, a ministra da Saúde será responsável pela "verificação da legalidade de todos os atos subsequentes no ato de procedimento até à formação e execução do contrato" e a ministra das Finanças "deve assegurar a disponibilização dos recursos financeiros".

Além da Sputnik, Angola recebeu já mais de 600 mil doses da vacina AstraZeneca/Oxford, ao abrigo da iniciativa Covax, estando prevista a entrega de cerca de 2,5 milhões de doses até meados de 2021.  

Na quinta-feira (25.03), Angola recebeu 200 mil doses da vacina Sinopharm, do Instituto Biológico de Pequim, doadas pelo Governo da China e que vão ser distribuídas por algumas províncias do país.

Moçambique | Uma encruzilhada entre a insurgência islâmica e a crise humanitária

Cabo Delgado, situado no norte de Moçambique, é, desde 2017, palco de um aceso conflito, responsável por provocar mais de duas mil mortes e 670 mil deslocados. Entre a pobreza e o desenvolvimento alicerçado na exploração de gás natural, a região tornou-se terreno fértil para a proliferação da violência armada às mãos de insurgentes islâmicos.

Multiplicam-se as notícias sobre ataques armados e atos de violência, em Cabo Delgado, província do nordeste moçambicano, num conflito que eclodiu há 3 anos e está a provocar uma crise humanitária, com mais de duas mil mortes e a obrigar à fuga de mais de 670 mil pessoas de um cenário de guerrilha.

Sem habitação ou acesso a alimentos, o drama concentra-se sobretudo na capital provincial, Pemba, onde se estima que haja 950 mil pessoas “a enfrentar fome severa” nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula – sendo 242 mil crianças com desnutrição grave, como é detalhado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Origem dos tumultos

O conflito em Cabo Delgado tem raízes profundas e complexas. A região de maioria muçulmana – dois terços da população é islâmica e um terço é cristã (católica) – viu-se durante décadas votada ao esquecimento da capital Maputo. A desconsideração do governo face às necessidades da população, assente na ausência de investimentos sociais e na inoperância de colmatar as deficitárias condições das infraestruturas, a par da constante corrupção e da concentração de riqueza nas mãos de elites locais ligadas ao poder central exacerbaram as assimetrias que dividem um país, cultivando um sentimento de revolta e desconfiança no poder.

Onde o silêncio governativo impera, incapaz de combater as desigualdades existentes grassam os rumores, as invenções, os exageros e os limites entre a mentira e a verdade esbatem-se. Esse esquecimento, essa sensação de abandono sobre a situação em Cabo Delgado criaram o ambiente ideal para a sublevação de grupos radicalizados e para a fermentação dos seus ideais.

Assim, entre ressentimentos autóctones contra o poder, um Estado distante e conflitos étnicos adormecidos estão algumas das causas para uma guerra que tem transformado um destino turístico de eleição num campo de batalha.

Moçambique | Sete mortos em ataque a caravana de resgate em Palma

Uma caravana de resgate que saía da vila de Palma, norte de Moçambique, foi atacada na sexta-feira. Sete pessoas teriam morrido e outras ficaram feridas, segundo fonte da operação.

A caravana saiu do hotel Amarula, onde aguardavam transporte cerca de pelo menos 180 pessoas que ali se refugiaram, incluindo trabalhadores de empresas ligadas aos projetos de gás, entre os quais expatriados de várias nacionalidades, quando foi atacada.

Segundo fonte ligada à operação ouvida pela agência de notícias Lusa, sete pessoas teriam morrido e outras ficaram feridas. Aguardam-se, entretanto, detalhes sobre as vítimas e circunstâncias do ataque à caravana.

Desde quinta-feira (25.03) que o hotel está a ser evacuado, com transferência para o recinto do projeto de gás na península de Afungi, a cerca de sete quilómetros, embora com muitas dificuldades - uma vez que rebeldes armados continuam na vila que invadiram na quarta-feira (24.03).

Ministros da CPLP aprova proposta de livre circulação de pessoas no espaço lusófono

O projeto prevê a criação de “parcerias entre Estados-membros de acordo com os seus interesses e com os seus condicionalismos internos”, de forma a existir “vários níveis de mobilidade”

Os chefes da diplomacia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) aprovaram esta sexta-feira a proposta de livre circulação de pessoas no espaço lusófono. A resolução, aprovada em reunião extraordinária presidida por Cabo Verde, a partir da Praia, terá ainda de ser levada à cimeira de Luanda.

Com a aprovação deste projecto de acordo sobre a mobilidade na CPLP, proposto por Cabo Verde, será possível “transformar uma comunidade de países numa comunidade de pessoas na qual os cidadãos se possam sentir integrados”, disse Rui Figueiredo Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde, país que detém a presidência rotativa da comunidade.

A proposta é uma “solução de geometria variável, que permite a todos os Estados-membros as melhores soluções da mobilidade”, continuou. Isto significa que, não sendo possível “fazer um acordo que fosse único para todos os países”, a solução passa por um acordo flexível com “vários níveis de mobilidade” e com “diferentes velocidades”, explicou Rui Figueiredo Soares.

EUA saqueiam novo lote de trigo sírio em Hasakeh

#Publicado em português do Brasil

Hasakeh, SANA -- As forças de ocupação dos EUA moveram um novo comboio de caminhões carregados com trigo sírio para o norte do Iraque.

Ativistas locais confirmaram ao correspondente do SANA que a coluna consistia em 38 caminhões vindos dos silos de Tal Alo no interior do nordeste da província de Hasakeh e entrando no Iraque pela passagem ilegal de fronteira de Al-Walid.

Da mesma forma, as tropas de ocupação americanas roubaram 18 caminhões carregados com trigo sírio na quinta-feira passada e os trouxeram para o Iraque através da passagem ilegal da fronteira de Simalka.

As forças de ocupação dos EUA continuam roubando e saqueando a riqueza do povo sírio com a ajuda da milícia separatista FDS e retiraram durante o mês atual mais de 150 caminhões carregados de trigo e mais de 500 tanques de petróleo roubados dos campos. Petroleiros sírios.

sm / fm

Eleições em Israel: Netanyahu busca outra vitória | Valeria Rodriguez

#Publicado em português do Brasil

Valeria Rodriguez* | Dossier Sul

Na terça-feira (23) a quarta eleição geral em menos de dois anos foi realizada em Israel, elas correspondem à 24ª eleição geral e foi convocada após uma enorme crise política.

Em março do ano passado foram convocadas eleições gerais após a impossibilidade de formar um governo e 76 dias após as eleições foi possível formar um governo de coalizão entre o partido Likud (Netanyahu) e o partido Azul e Branco (Benny Gantz), mas não foi fácil chegar a um consenso entre eles, muito menos mantê-lo.

De fato, uma das questões centrais que Netanyahu utilizou como estratégia de construção de consenso foi a anexação da Cisjordânia, que não pôde ser alcançada em agosto de 2020.

O auge das diferenças entre as duas facções foi alcançado com a normalização das relações com os Emirados Árabes Unidos de quem aprovaram a compra do F35, gerando grande indignação de Benny Grantz sobre Netanyahu.

Em 21 de dezembro de 2020, o governo apresentou um projeto de lei para evitar a dissolução do parlamento, mas não foi aprovado e as eleições foram antecipadas para 23 de março de 2021.

O espelho de Joseph Biden

A realidade dos factos revela que Joseph Biden tem reconhecidas responsabilidades, ao longo da sua carreira política, em acontecimentos dos quais resultou (e resulta) a perda de muitos milhares de vidas humanas.

José Goulão* | AbrilAbril | opinião

presidente dos Estados Unidos da América chamou «assassino» ao presidente da Federação Russa. E assegurou que ele irá pagar por isso. Ora quando estão envolvidas no assunto as duas principais potências nucleares mundiais e a ameaça é tão assertiva, na sequência do insulto, percebe-se que uma tão peculiar espécie de diplomacia não tem a ver com azedumes pessoais, jogando antes com a vida de todos nós.

O presidente dos Estados Unidos é Joseph Biden, um democrata, figura benquista da comunicação social corporativa mesmo que, a exemplo do antecessor, o inominável Donald Trump, continue a enjaular em gaiolas as crianças de filhas de imigrantes tentando escapar à miséria que o império cultiva através das Américas.

Biden é, no entanto, alguém apresentável, polido, um recomendável chefe de família católico, actual comandante em chefe da cruzada globalista em curso para estender a nova «civilização», o regime único do capital financeiro, a cada recanto do planeta. Estes atributos têm implícito o direito moral de qualificar como «assassino» e ameaçar com a devida punição os dirigentes de qualquer país que não esteja em sintonia com a estratégia da Casa Branca. Só assim se compreende que a ofensiva verbal de Joseph Biden tenha sido encaixada com toda a compreensão pelos media dominantes e mesmo elogiada como necessária demonstração de força e de intocável autoridade.

Biden convida Putin e Xi Jinping para conversações sobre alterações climáticas

O presidente norte-americano, Joe Biden, convidou os seus homólogos da Rússia, Vladimir Putin, e China, Xi Jinping, para uma cimeira no próximo mês sobre as alterações climáticas.

Responsáveis da Administração Biden disseram à AP que 40 líderes de todo o mundo serão convidados para a cimeira de 22 e 23 de abril, que decorrerá por videoconferência, totalmente aberta ao público.

A Administração Biden está a fazer coincidir o fórum com o anúncio de novas políticas para cortar as emissões de carvão, gás natural e petróleo.

O evento, segundo as mesmas fontes, visa retomar a promoção pelos Estados Unidos de cimeiras sobre alterações climáticas, realizadas entre os mandatos dos ex-presidentes George W. Bush e Barack Obama, mas que o antecessor de Biden, Donald Trump, não convocou durante o seu mandato de 4 anos.

Covid-19 no mundo: Mais 79 mil casos nos EUA, contra apenas 12 na China

Estados Unidos continuam a liderar números da pandemia. Na Europa, a Alemanha regista também um aumento dos contágios

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.756.395 mortos no mundo, resultantes de mais de 125,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.819 pessoas dos 819.698 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Nas últimas 24 horas a China teve 12 casos novos de Covid-19, um número que contrasta com as mais de 79 mil novas infeções registadas nos Estados Unidos. Na Europa, destaque para o aumento da incidência na Alemanha.

ALEMANHA

A Alemanha registou 20.472 novos contágios e 157 mortes relacionadas com a covid-19 nas últimas 24 horas, país onde há uma semana o número de contágios era de 16.033 e 207 mortos, anunciou este sábado o instituto de virologia Robert Koch.

O número máximo de 1.244 mortes foi registado em 14 de janeiro, enquanto o máximo de 33.777 de contágios data de 18 de dezembro.

A incidência semanal da pandemia do novo coronavírus alcançou os 124,9 contágios por 100.000 habitantes, o nível mais alto desde 19 de janeiro, segundo o instituto.

Na sexta-feira, a incidência semanal havia sido de 119,1 e, até há duas semanas de 76,1 por 100.000 habitantes.

A incidência semanal e o número de contágios, após as restrições aprovadas em dezembro, tiveram uma fase com tendência para a queda dos números até meados de fevereiro.

Depois, a tendência inverteu, o que foi atribuído, em parte, pelos especialistas à presença de variantes mais contagiosas do vírus, especialmente a variante britânica.

Desde o início da pandemia ocorreram 2.755.225 contágios confirmados na Alemanha, estimando-se que 2.477.500 pessoas superaram a doença, enquanto 75.780 morreram vítimas da covid-19.

CHINA

A China registou 12 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, 11 oriundos do exterior e um de contágio local, anunciou este sábado a Comissão de Saúde chinesa.

O caso de contágio local foi diagnosticado na província de Jiangxi, no sudeste do país, indicou.

Os casos detetados em viajantes oriundos do exterior foram registados na zona metropolitana de Xangai (leste) e nas províncias de Hunan (sudeste), Sichuan (oeste) e Guangdong (sudeste).

O país asiático não registava um caso de infeção local desde 15 de fevereiro. O número total de infetados ativos na China continental é de 161.

Desde o início da pandemia, 90.150 pessoas ficaram infetadas na China, tendo morrido 4.636 doentes.

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Os Estados Unidos registaram, na sexta-feira, 1.700 mortos devido à covid-19 e 79.256 casos, de acordo com a contagem independente da Universidade de Johns Hopkins.

Com este balanço, o país contabilizou 548.052 mortos e 30.151.278 infeções, desde o início da pandemia.

Os EUA são o país com mais mortes e mais contágios, devido à covid-19, seguidos pelo Brasil e pela Índia.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, estimou que a doença venha a causar mais de 600 mil mortos no país.

Por seu lado, o Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde da Universidade de Washington, em cujos modelos de projeção de evolução da pandemia a Casa Branca se baseia com frequência, previu cerca de 596 mil mortos no início de julho.

Na campanha de vacinação a decorrer no país, 89,5 milhões de pessoas (27% da população) já receberam pelo menos uma dose da vacina, incluindo 48,7 milhões (14,7%) que já estão completamente vacinados.

Portugal irá conformar-se com posição semiperiférica?

Outrora riquíssimo em conexões além-mar, país resignou-se a uma pretensa posição inferior para ser aceito pela União Europeia. Irá curvar-se outra vez, com Plano de Recuperação e Resiliência que impõe que aceite as regras do mercado?

Boaventura de Sousa Santos* | Outras Palavras

Tenho defendido ao longo dos anos que o modo como Portugal se integrou na União Europeia veio consolidar a posição semiperiférica do país no sistema mundial, uma posição assumida sobretudo depois do século XVIII e mantida até aos nossos dias. É próprio da condição semiperiférica atuar como correia de transmissão entre os países centrais do sistema e os países periféricos (menos desenvolvidos). No contexto europeu, Portugal foi o país que durante mais tempo assumiu esse papel.

Em algum momento foi mesmo simultaneamente centro de um império e colônia informal da Inglaterra. Depois da Segunda Guerra Mundial, as razões geoestratégicas fizeram com que Portugal tivesse de resignar-se a não ser libertado do fascismo, e foram essas também as razões que em última instância ditaram que o império português se mantivesse até 1975, quando os países mais desenvolvidos já tinham se desfeito dos seus impérios (pelo menos, formalmente) na década de 1960.

A mesma resignação semiperiférica fez com que Portugal se integrasse na UE sem reivindicar as suas relações históricas com outros países, apesar de ser o país europeu que mais contactou durante mais tempo com mais regiões do mundo; assumindo ser inferioridade tudo aquilo em que era diferente da UE e que teria sido precioso manter e proteger, como, por exemplo, a agricultura familiar e a pesca artesanal; aceitando acriticamente (ao contrário da Irlanda) as diretivas europeias para ser o bom aluno, um esforço que mais tarde a troika viria a mostrar ter sido em vão; e, sobretudo, sem compensar o custo do euro com um investimento excepcional na educação, na investigação científica e na cultura, que permitisse a prazo diversificar e qualificar a nossa sociedade e economia, libertando-a do inferno dos salários baixos e de pensões de miséria.

Trinta e cinco anos depois é fácil ver que se cumpriu o destino: Portugal progrediu até ao limite do que era permitido a um país semiperiférico. E aí permanecemos. E tudo leva a crer que aí permaneceremos quando se concretizar o plano de recuperação e resiliência (PRR). O PRR segue acriticamente as receitas vindas da UE (resiliência, transição digital e transição climática), em vez de proceder a uma análise profunda, retrospectiva e prospectiva, das realidades do país e de, à luz dela, propor variações que sejam não apenas benéficas para o país mas para o conjunto da União, uma vez que a vitalidade desta depende da vitalidade dos seus membros. Mas o que mais intriga é que não se tome em conta os desafios que a pandemia vem colocar às sociedades europeias no seu conjunto e que todo o nosso desempenho seja orientado pelo desejo de sermos aprovados por algo que está para além de nós, a UE. Uma reflexão sobre a nossa realidade levaria a questionar muitas das opções do PRR. Seleciono apenas a área que me está mais próxima: a investigação científica e inovação.

Portugal | PCP desafia Presidente a promulgar lei da AR dos apoios sociais

O PCP pressionou hoje o Presidente da República a promulgar a lei que reforça os apoios sociais no combate aos efeitos da pandemia, aprovada pelo parlamento e que o Governo admite enviar para o Tribunal Constitucional.

Odesafio a Marcelo Rebelo de Sousa foi feito por Jerónimo de Sousa na abertura de um encontro, em Lisboa, com profissionais da saúde sobre o papel do SNS na resposta à crise pandémica de covid-19 e em que pediu ao Governo para não "assumir uma posição de força de bloqueio" para "poupar no défice".

O líder comunista considerou "imprescindível" que os apoios sociais cheguem aos "trabalhadores, às famílias e às micro, pequenas e médias empresas".

O Governo tem "a obrigação de cumprir e concretizar" o que está previsto no Orçamento do Estado de 2021 e também "as medidas decididas pela Assembleia da República" e que prevem um reforço dos apoios sociais.

"É com este entendimento que consideramos que o Presidente da República deve promulgar o diploma", disse.

Apoios? "Há vertigem autoritária que mostra muito cansaço do Governo"

Polémica sobre os apoios sociais esteve em destaque no comentário desta sexta-feira de Francisco Louçã na SIC Notícias. Governo está "a fazer uma guerra jurídica que tem grandes implicações políticas", considerou.

Depois de, na quinta-feira, o Bloco de Esquerda (BE) ter acusado o Governo de pressão sobre o Presidente da República para que não promulgue o alargamento dos apoios aos trabalhadores devido à pandemia, Francisco Louçã, no seu habitual comentário das sextas-feiras na SIC Notícias, versou sobre este tema. Para o economista, "saber-se-ia o que aconteceria nos apoios sociais, que foram aprovados no Parlamento, se o Governo não estivesse a fazer uma guerra jurídica que tem grandes implicações políticas". 

"Uma nova prestação para apoiar as pessoas desesperadas pela crise económica foi anunciada no Orçamento [do Estado]. Era, aliás, a cereja do Orçamento", começou por explicar o fundador do BE, acrescentando que, "quinze dias depois do OE entrar em vigor, o Governo percebeu que essa prestação não servia para a maior parte das pessoas". 

É hoje: Relógios avançam uma hora esta madrugada

Os ponteiros do relógio vão ser adiantados 60 minutos na madrugada de domingo em Portugal continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, para a hora legal de verão, segundo o Observatório Astronómico de Lisboa.

Em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, os relógios deverão ser adiantados uma hora quando for 01:00, passando a ser 02:00.

Na Região Autónoma dos Açores, a mudança será feita às 00:00, passando para a 01:00.

A hora legal voltará depois a mudar em 31 de outubro, para o regime de inverno.

O atual regime de mudança da hora é regulado por uma diretiva (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © iStock

Portugal | "Pandemia expôs duramente velhas formas de pobreza"

A pandemia de covid-19 causou "uma exposição dura" de velhas formas de pobreza, que são crónicas na sociedade portuguesa, defendeu em entrevista à Lusa o sociólogo Manuel Carvalho da Silva, para quem o problema é estrutural e tende a acentuar-se.

"Até agora, pode dizer-se que não existe uma emergência de novas formas de pobreza", afirmou em entrevista à Lusa, manifestando receio de que as respostas à atual crise possam não ajudar a resolver problemas antigos e a precaver o futuro.

"Temos a cair na pobreza quem? Os precários absolutos, foram os primeiros. Em segundo lugar, muitos trabalhadores independentes ou empresários de si próprios ou pequenos empresários. Há muitos pequenos empresários e pessoas nestas condições revoltantes da matriz económica e de desenvolvimento que o país tem", referiu.

Crítico de uma matriz "muito centrada nos serviços", nomeadamente no turismo -- um dos setores mais atingidos -, o sociólogo sublinhou que a desativação destas atividades provocou "uma situação de desproteção absoluta" das pessoas: "Surgiram na sociedade com uma situação de pobreza profunda em muitos casos, que em parte está escondida".

Uma parte destes trabalhadores, referiu, "não entra" nas estatísticas.

"Há milhares de pessoas que aparecem todos os dias à porta de instituições que servem refeições e que dão apoio que não estão contabilizadas nos números do desemprego (...) o drama é justamente esse, é que isto está associado a fatores estruturais que não estão a ser alterados", garantiu Carvalho da Silva, investigador no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.

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