domingo, 9 de maio de 2021

A história repete-se… Porque Washington e Londres anseiam por uma nova guerra fria

# Publicado em português do Brasil

Strategic Culture Foundation | editorial

O poder global americano está em contradição direta com as necessidades democráticas de um planeta multipolar.

Os Estados Unidos e seu "parceiro júnior", a Grã-Bretanha, expressaram esta semana seu desejo de uma nova Guerra Fria com a Rússia e a China - embora de forma sub-reptícia e vestida com uma linguagem virtuosa.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falava com seu homólogo britânico Dominic Raab antes de uma cúpula do G7 para ministros das Relações Exteriores realizada em Londres esta semana. Os dois diplomatas pediram que as nações e parceiros do G7 se unissem mais fortemente para enfrentar a China e a Rússia. Para tanto, delegados da Austrália, Índia, Coréia do Sul e África do Sul foram convidados a participar da cúpula.

Devemos tomar um momento para notar como tal apelo é provocativo e gratuito, se não totalmente criminoso. A segurança global está se tornando um joguete para a política ocidental.

No mês que vem, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está programado para participar das cúpulas dos líderes do G7 e da aliança militar da OTAN liderada pelos americanos, em Londres e Bruxelas, respectivamente, durante as quais se espera que ele reforce ainda mais a mensagem messiânica de confronto.

Lamentavelmente, os americanos e britânicos estão tentando fabricar um mundo dividido, onde eles supostamente “defendem a ordem baseada em regras” e a “democracia”. Esse é um tema que Washington vem defendendo desde que o presidente Biden assumiu o cargo, há quase quatro meses. Dizem que o mundo está enfrentando uma competição histórica entre “democracia e autocracia” na qual as nações ocidentais são os presumíveis “mocinhos” em oposição aos “bandidos” designados como China e Rússia.

Guerras provocadas pelos EUA geram tragédias humanitárias em vários países

# Publicado em português do Brasil

Zhang Mengxu* | opinião

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou recentemente que retiraria todos os soldados americanos remanecentes do Afeganistão, para finalizar a guerra mais longa da história dos EUA.

A Guerra do Afeganistão que durou 20 anos resultou na morte de pelo menos 2500 soldados americanos e de mais de 30 mil civis afegãos, além de deixar mais de 60 mil feridos e 11 milhões de refugiados.

Os militares entraram no Afeganistão em nome da luta contra o terrorismo, mas deixaram uma bagunça cravada e se retiraram silenciosamente. Do Iraque, Síria ao Afeganistão, os EUA lançaram guerras externas repetidamente sob o pretexto de moralidade e justiça, criando uma série de tragédias humanas que causaram sofrimentos infinitos para a população local.

O ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, apontou em abril de 2019 que os Estados Unidos são o país mais combativo na história mundial. Desde a fundação do país há 242 anos, os EUA não realizaram guerras por apenas 16 anos. A interferência nos assuntos exteriores permeia toda a sua política diplomática.

A luta contra os ataques informáticos criminosos

Quando tratam de ataques informáticos, os média (mídia-br) não dão uma imagem do campo de batalha, unicamente deste ou daquele ataque. Eles misturam operações criminosas com aquelas que são dirigidas por certos Estados contra outros. E, neste último caso, apenas relatam ataques contra os seus países e aliados, nunca os que são realizados a partir do seu próprio campo.

De acordo com um estudo baseado em dados de Webster (EUA), Ruixing (China), Comodo Security Solutions (EUA) e NTT Security (Japão), em 2018, os ataques informáticos provinham dos Estados Unidos (27%), da China (10% ), dos Países Baixos e da França (4% cada) e Alemanha (3%). Estes números quantificam todas as espécies de ataques.

Durante o ano de 2020, segundo Nikolai Murashov, o Director-adjunto do NKTsKI — Centro Nacional Russo para Incidentes Informáticos (um departamento do FSB criado há três anos) — 68.000 computadores dedicados a atacar o Estado russo a partir do exterior foram incapacitados de causar danos pelos Estados locais a pedido do Kremlin. Enquanto 9.000 computadores russos dedicados a atacar Estados estrangeiros também foram postos fora de acção a pedido desses Estados estrangeiros. Estes últimos números aplicam-se apenas a ataques criminosos.

Voltairenet.org | Tradução Alva

Manipulação de algoritmos do Silicon Valley é o que mantém viva a mídia convencional

# Publicado em português do Brasil

Caitlin Johnstone*

O surgimento da Internet foi recebido com esperança e entusiasmo por pessoas que entenderam que a mídia controlada por plutocratas estava manipulando a opinião  pública para fabricar consentimento para o status quo. A democratização do compartilhamento de informações iria dar origem a uma consciência pública que está emancipada do domínio do controle narrativo plutocrático, abrindo assim a possibilidade de mudança revolucionária para os sistemas corruptos de nossa sociedade.

Mas isso nunca aconteceu. O uso da Internet se tornou comum em todo o mundo e a humanidade é capaz de se conectar e compartilhar informações como nunca antes, mas continuamos firmemente sob o controle das mesmas estruturas de poder que fomos governados por gerações, tanto política quanto psicologicamente. Mesmo as instituições de mídia dominantes ainda são as mesmas.

Então, o que deu errado? Ninguém mais compra jornais e o público da televisão e do rádio está diminuindo. Como é possível que essas mesmas instituições oligárquicas imperialistas ainda controlem a maneira como a maioria das pessoas pensa sobre seu mundo?

A resposta é manipulação de algoritmo.

No mês passado, uma entrevista muito informativa viu o CEO do YouTube, que é propriedade do Google, discutindo abertamente a maneira como a plataforma usa algoritmos para elevar os meios de comunicação de massa e suprimir conteúdo independente. 

No Fórum Econômico Mundial de 2021 Global Technology Governance Summit, a CEO do YouTube, Susan Wojcicki, disse ao CEO da Atlantic, Nicholas Thompson, que embora a plataforma ainda permita vídeos de artes e entretenimento ter chances iguais de se tornarem virais e obter muitas visualizações e assinantes em áreas importantes como a mídia eleva artificialmente as "fontes autorizadas".

"O que fizemos foi realmente ajustar nossos algoritmos para ter certeza de que ainda estamos dando aos novos criadores a capacidade de serem encontrados quando se trata de música, humor ou algo engraçado", disse Wojcicki. "Mas quando estamos lidando com áreas sensíveis, realmente precisamos adotar uma abordagem diferente."

Defesa | Portugal e Moçambique assinam acordo na segunda-feira

Os ministros da Defesa português e moçambicano assinam na próxima segunda-feira (10.05), em Lisboa, o "Programa-Quadro da Cooperação" que prevê a formação das forças especiais de Moçambique por militares portugueses.

O Ministério da Defesa português divulgou hoje que o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, receberá o seu homólogo de Moçambique, Jaime Bessa Augusto Neto, no dia 10 de maio, para um encontro de trabalho bilateral, "com vista à assinatura do Programa-Quadro da Cooperação no Domínio da Defesa 2021-2026, entre Portugal e Moçambique". 

No final de março, Gomes Cravinho revelou à agência Lusa que o programa defende uma "resposta multifacetada" à situação naquele país, e, além da formação e treino de forças especiais, fuzileiros e comandos, inclui outras linhas de cooperação militar no âmbito da formação, nomeadamente as "componentes terra-ar" e informações. 

"E acredito também que há muito a ganhar em trabalharmos com drones, que oferecem uma capacidade de recolha de informação que pode ser preciosa. E a nível de informações é outro domínio que vai ser trabalhado", acrescentou na altura o governante português.

Oposição na Alemanha de olho em Cabo Delgado

Partidos alemães da oposição apelam ao Governo federal e à UE que se empenhem mais na busca de uma solução duradoura para Cabo Delgado, que tenha em mente os interesses dos mais vulneráveis.

"O Governo da Alemanha tem ficado demasiado calado perante o desastre em Cabo Delgado, e isso é perigoso", avalia Alexander Graf Lambsdorft, deputado ao Bundestag, Parlamento federal alemão, e membro do partido liberal (FDP).

O segundo maior partido da oposição no país, com 80 deputados, acompanha com grande preocupação o escalar da violência no norte de Moçambique e apela à Alemanha e à União Europeia que se envolvam mais e melhor no assunto.

Alexander Graf Lambsdorff, que entre 2004 e 2017 liderou o seu partido no Parlamento Europeu, defende que "o Governo federal alemão tem que tomar medidas concretas". E recorda que "os terroristas avançam a passos largos, porque uma grande parte da sociedade não beneficia das riquezas e dos grandes investimentos na região".

O Executivo moçambicano "deve ser confrontado com esse facto", defende o parlamentar.

Lambsdorff sublinha que "a Alemanha é um dos principais doadores de Moçambique e, assim sendo, cabe ao Governo alemão exigir que o Governo moçambicano cumpra as regras e os princípios a que se obrigou nos acordos que assinou a nível bilateral e multilateral".

Apoio de Portugal não é estratégia de longo prazo

Que princípios são esses, concretamente, que Maputo deve agora respeitar?

"O Governo de Moçambique aceitou, por exemplo, iniciar um processo de descentralização do país. E esse processo tem que ser cumprido", responde o deputado liberal. "É necessário descentralizar o país, garantir uma melhor participação de todos os grupos da sociedade, assim como uma melhor distribuição das riquezas. Só assim se poderá assegurar uma paz duradoura em Moçambique".

Lambsdorff realça: "A Alemanha, em conjunto com os seus parceiros da União Europeia, terá que apoiar ativamente esse processo".

Neste contexto caberia a Portugal, que neste primeiro semestre de 2021 detém a presidência da União Europeia, um papel importante, visto que é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e tem laços históricos, culturais e políticos privilegiados com Moçambique, segundo Alexander Graf Lambsdorff.

"Portugal anunciou uma iniciativa que visa dar formação militar a soldados moçambicanos. Mas isso é apenas um primeiro passo e não constitui uma estratégia consistente e de longo prazo", considera. 

Lambsdorff  defende que "o Governo federal alemão - em conjunto com Portugal - tem que exigir a Moçambique que encete reformas políticas, económicas, sociais e também tem que exigir que deixe de haver no país qualquer tipo de marginalização religiosa".

Angola | Pepetela vê Abel Chivukuvuku como ameaça para João Lourenço

Abel Chivukuvuku pode ser um candidato com perfil para defrontar João Lourenço nas eleições de 2022, entende Pepetela. Quanto à Isabel dos Santos, o escritor não acredita na sua entrada na corrida eleitoral.

Em entrevista conjunta à DW África e à Agência Lusa, o escritor angolano Pepetela afirma que a corrupção é uma das pragas mais difíceis de combater em Angola, apesar do anunciado empenho da governação do Presidente João Lourenço.

Entende que a luta contra o fenómeno constitui uma "experiência nova" para a qual o país não tinha estruturas e quadros devidamente preparados.  

"É preciso formar muita gente. Há muitas coisas a mudar certamente. Essas questões são extremamente complexas. Exigem muita experiência financeira. E o próprio Estado não estava preparado para encetar uma luta de tão grande dimensão. Vai demorar muito tempo", diz Pepetela. 

Falando de eleições gerais, o escritor acha que a conjuntura atual, marcada pela situação pandémica, poderá dificultar a ida às urnas. Admite que talvez em novembro de 2022 já haja condições para as realizar.

Nome de Chivukuvuku "está em todas as cabeças"

Pepetela tem, entretanto, alguma dúvida se o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), ganhará com uma maioria folgada como aconteceu no passado: "O que eu posso dizer é que talvez ganhe, mas não vai ganhar com a margem que ganhou antes. Vai se aproximar já muito do empate."

Entre os potenciais candidatos à Presidência, que poderão desafiar João Lourenço, Pepetela aponta o nome do político angolano Abel Chivukuvuku como elegível. 

"É um nome que está em todas as cabeças. Como é que isso vai ser resolvido? Eis a questão, porque é um bom candidato, tem apoio, sobretudo [porque] consegue movimentar bastante a juventude", considera Pepetela.  

O escritor pensa que isso pode ser uma ameaça para João Lourenço.

Sobre uma eventual candidatura de Isabel dos Santos, que já tinha manifestado essa intenção bem antes de se conhecer os escândalos financeiros envolvendo o seu nome, mostra-se duvidoso: "Não acredito muito [nisso]. Primeiro, porque ela nunca teve atividade política. Em princípio não tem experiência para isso e nem acredito muito que ela tenha esse desejo. Não sei. Não penso que fosse um candidato 'viável' para confrontar diretamente João Lourenço. Não me parece."

Angola | Seis detidos por agressões a policias no Bengo

Na província angolana do Bengo, policias estão a ser alvo de "violentas agressões" por parte de grupo de pessoas. Um agente afirma que foi atacado com catana e acusa os jovens de violência. Seis pessoas foram detidas.

O agente da Polícia Nacional (PN), Santos Sebastião António, colocado no posto policial da Barra do Dande, conta à DW África que surpreendido por um grupo de pessoas que o agrediu em pleno exercício das suas funções. 

"São jovens que nos atacam. Alguns foram detidos. Odeiam-nos. Fui atacado de surpresa com catanas, não tinha como me defender, ofereci alguma resistência, mas acabei por perder os sentidos", disse Santos Sebastião.

Outro caso teve lugar na sede capital, Caxito, num dos bairros considerados "melindroso". Enquanto o carro-patrulha circulava pela zona do Kawango, em plena luz do dia, populares arremessavam pedras à viatura tal como confirma o porta-voz da Polícia Nacional, no Bengo, Paulo de Sousa.

Frente unida da oposição é "perigosa" para o MPLA

Politólogo angolano acredita que uma frente unida aumentaria as hipóteses da oposição vencer as eleições de 2022. Mas entende que os partidos têm de se esforçar mais para transformar o descontentamento do povo em votos.

Adalberto Costa Júnior, líder da União para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido da oposição), terá sido o escolhido para liderar a "Frente Patriótica Unida" na corrida às eleições gerais de 2022.

A notícia é avançada pelo Novo Jornal, que dá conta de uma "reunião secreta" do projeto que junta a UNITA, o Bloco Democrático e o PRA-JA, numa tentativa de derrotar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), no próximo ano. Segundo o jornal, o plano é ter o líder do projeto político PRA-JA, Abel Chivukuvuku, como "número dois".

A DW África tentou em vão falar com os líderes políticos em questão. O porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, confirmou apenas que estão a decorrer conversações sobre a Frente Patriótica. O "número um" da lista, será divulgado mais tarde, afirmou Dachala.

Desvio de dinheiro: Ex-ministro da Saúde guineense detido pela PJ

O ex-ministro da Saúde da Guiné-Bissau António Deuna foi hoje detido pela Polícia Judiciária, no âmbito de dois processos ligados ao desaparecimento de dinheiro público e de venda ilegal de medicamentos.

António Deuna foi ouvido hoje na sede da Polícia Judiciária (PJ), em Bissau, durante cerca de cinco horas, para esclarecer o desaparecimento de avultadas somas em dinheiro em vários centros de saúde no leste do país e também para explicar uma alegada importação ilegal de medicamentos.

Após a audiência, conduzida por três agentes da PJ, Deuna foi conduzido para as celas da polícia no bairro de Reno, em Bissau.

Interpelado pelos jornalistas, o seu advogado, Hotna Kufuk Na Doa, recusou-se a prestar declarações.

A PJ também não prestou declarações aos jornalistas.

António Deuna foi exonerado do Governo guineense no passado dia 25 de abril, numa remodelação sugerida pelo primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e aceite pelo Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.

Deutsche Welle | Deutsche Welle

Cerca de 60 opositores do Presidente da Guiné-Conacri levados a julgamento

Cerca de 60 pessoas vão ser julgadas por alegadas ligações aos protestos e agitação que marcaram as eleições presidenciais na Guiné-Conacri, que deram a vitória a Alpha Condé como chefe de Estado, anunciou o Governo.

O porta-voz do governo, Tibou Kamara, disse, através de comunicado na noite de sexta-feira (08.05), que 57 pessoas tinham sido encaminhadas para o tribunal, das quais oito serão julgadas pelo ataque a um comboio de minérios, no qual três polícias e um soldado foram mortos, num subúrbio de Conakri, durante os confrontos que ocorreram poucos dias após a eleição presidencial, segundo a agência France-Presse.

No comunicado, o porta-voz evoca ainda os casos de Ibrahima Chérif Bah e Ousmane Gaoual Diallo, funcionários da União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG), partido liderado pelo principal adversário de Condé nas eleições presidenciais, Cellou Dalein Diallo.

Covid-19: Países africanos defendem produção local de vacinas para evitar atrasos

O Ruanda, a África do Sul e o Senegal estão entre os países da África subsaariana que mais têm defendido a construção de fábricas de vacinas e medicamentos para evitar as atuais dificuldades de distribuição.

"A única maneira de garantir uma distribuição equitativa de vacinas é produzir mais do que as que são necessárias; enquanto África estiver dependente de outras regiões para ter acesso a vacinas, vamos estar sempre no fim da fila de cada vez que há escassez", disse o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, citado pela agência de informação financeira Bloomberg.

Enquanto as nações mais desenvolvidas estão bastante avançadas no processo de distribuição de vacinas, a maioria dos países africanos estão praticamente sem stock e conseguiram apenas dar o equivalente a 2% das vacinas a nível mundial, segundo os dados do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.

A patente de um desastre europeu

O levantamento das patentes é a única forma de acelerar a produção e distribuição global de vacinas, rentabilizando o investimento público que foi feito em larga escala para o bem comum global. A UE, inexplicavelmente, escolheu reduzir-se a um papel de insignificância internacional.

Miguel Guedes* | Esquerda | opinião

O declínio moral do império americano no Mundo não podia arrastar-se mais pela lama. Donald Trump fez tudo o que podia para cimentar a ideia de um país dividido entre os arquétipos culturais que abominava e queria abolir, em confronto com os que respiravam, como ele, o espaço identitário dos perigosos idiotas.

No momento em que a pandemia crescia e Trump acordava para a realidade que tentava minimizar, a prioridade foi negociar uma vacina exclusiva para os EUA. Agora, no momento em que se percebe que a pandemia só pode ter um fim com uma boa resolução à escala global, Joe Biden dá um passo monumental para a credibilização de uma liderança moral que só parecia estar ao alcance da Europa, mesmo com todas as suas contradições e actuais perigos. A vontade, expressa por Biden, de apoiar o levantamento das patentes sobre as vacinas produzidas para combater a covid-19 não se limita a acender uma luz. Aponta-a directamente aos olhos da Europa.

Cimeira Social: "Não respondeu" aos verdadeiros problemas - Jerónimo de Sousa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou hoje, no Porto, que a Cimeira Social da União Europeia (UE) não respondeu às necessidades associadas ao emprego, à valorização dos salários e ao fim da precarização da juventude.

O líder comunista falava aos jornalistas à margem do desfile convocado pela Confederação Geral dos Trabalhadores e que reuniu milhares de pessoas no percurso entre a Praça do Marquês e a Avenida dos Aliados, no Porto.

"Creio que o grande significado desta manifestação é que estamos a ouvir a voz que faltou na cimeira dita social", comentou Jerónimo de Sousa, numa resposta sobre as conclusões da cimeira, que, insistiu, não versou o que é essencial.

Pelo contrário, assinalou o secretário-geral, verificou-se que, depois de décadas a proclamar grandes objetivos na União Europeia - como "pleno emprego, erradicação da miséria" -, "a situação é cada vez mais dramática para milhões e milhões não só de portugueses, como à escala da União Europeia".

O dirigente comunista criticou a UE pela "falta de respostas neste quadro da pandemia, num quadro geral de necessidade de valorização dos salários, do emprego com direitos, de não precarizar a juventude, que hoje conhece o drama do contrato a termo, à hora, à peça, com tudo o que isso gera nas suas vidas".

"A cimeira não respondeu a isso e por isso se percebe a dimensão desta iniciativa, uma grande manifestação como há tempos não se via. Penso que isto tem um grande significado", acrescentou.

Portugal | Cimeira Social: BE acusa UE de ser entrave à vacinação universal

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) disse hoje que a Cimeira Social foi "uma profunda desilusão", criticando a ausência de medidas concretas e acusando a Comissão Europeia de ser um entrave à universalização das vacinas contra a covid-19.

"Aqui no Porto, os líderes europeus encontraram-se para afirmar o Pilar Social da União Europeia, mas esta cimeira social foi uma profunda desilusão", afirmou Catarina Martins, em declarações aos jornalistas.

No Marquês, no Porto, a líder do Bloco integrou, juntamente com uma comitiva do partido, a manifestação convocada pela CGTP, iniciativa que coincidiu com a cimeira informal dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), no âmbito da Cimeira Social do Porto.

Para Catarina Martins, há duas razões que explicam a "profunda desilusão" com os resultados da Cimeira Social do Porto, a primeira das quais a ausência de medidas concretas.

"A União Europeia, um dos espaços económicos mais ricos do mundo tem 100 milhões de pessoas a viver na pobreza. Há tanta gente que mesmo trabalhando não consegue sair da pobreza e não há uma única medida concreta, nem para o emprego, nem para o salário que saia desta cimeira, que é por isso uma enorme desilusão", disse.

Mais lidas da semana