sexta-feira, 21 de maio de 2021

'Desinformação chinesa' é real, mas não é o que muitas pessoas pensavam

# Publicado em português do Brasil

AndrewKorybko* | OneWorld

A “rede de mídia Guo” é apenas “chinesa” no sentido da nacionalidade de seu fundador, não representa nada relacionado à China, mas enquadrá-la como “desinformação chinesa” visa fazer com que os outros pensem duas vezes sobre o que pensaram que eles sabia sobre este termo.

A empresa analítica de mídia social Graphika publicou um relatório na segunda-feira alegando ter provado que o empresário chinês Guo Wengui, que fugiu de sua terra natal para escapar da justiça por acusações que vão de corrupção a crimes sexuais, está no centro de uma vasta rede de desinformação em estreita coordenação com aliado Steve Bannon. Os principais meios de comunicação ocidentais, como o Washington Post e o MSN, relataram suas descobertas, introduzindo assim um ângulo novo e surpreendentemente preciso para suas repetidas alegações da chamada “desinformação chinesa”. Verdadeiramente existe, mas como agora se sabe, não é o que muitas pessoas pensavam que era.

Nunca foi o governo chinês que fez falsas alegações sobre fraude eleitoral, COVID-19 ou QAnon, mas Guo Wengui, que por acaso é um cidadão chinês. No entanto, o termo “desinformação chinesa”, que tem sido imprudentemente citado por tanto tempo pela mídia ocidental, evoca imagens do Partido Comunista da China (PCC) disseminando desinformação tortuosamente por todo o mundo. Os observadores podem agora pôr fim a tais especulações depois de ficar claro que a única chamada “desinformação chinesa” é a propagada por Guo Wengui.

China e sua notável erradicação da pobreza

# Publicado em português do Brasil

Enquanto o neoliberalismo avançou no Ocidente, o país apostou em políticas públicas robustas, infraestrutura e seguridade social. Em 40 anos, retirou 850 milhões da miséria e promoveu ampla (e planejada) urbanização, sem gerar favelas…

Isis Paris Maia* | Outras Palavras 

Em 2020, a China atingiu a meta de seu 13º Plano Quinquenal (2016-2020), concluindo a retirada de cerca de 850 milhões de pessoas da pobreza em um longo processo de quatro décadas. Mesmo sendo a maior campanha da história humana, este feito tem sido muito pouco noticiado, o que evidencia o etnocentrismo prevalente no Ocidente. E isso ocorreu num contexto de predomínio global da agenda neoliberal e crescente exclusão social. Tal cenário tornou a China responsável pela eliminação de 70% da pobreza mundial.

Sob a direção e planejamento do PCCh, o combate à pobreza na China enfrentou sobressaltos e períodos diferenciados. Embora as origens remontem à promessa da revolução de 1949 de garantir “uma tigela de ferro de arroz” para cada chinês, o processo de produção das políticas públicas de combate à pobreza neste país foi complexo. Incluiu desde políticas assistenciais até, em sua última fase, políticas voltadas para aldeia e famílias específicas que por algum motivo não se encaixavam nas ações governamentais anteriores.

Justiça dos EUA apreende dezenas de grandes felinos do casal 'Tiger King' da Netflix

# Publicado em português do Brasil

68 leões, tigres e outras panteras que já pertenceram a "Joe Exotic", o extravagante proprietário do zoológico no centro do documentário Tiger King, foram apreendidos pelo Departamento de Justiça dos EUA, disse na quinta-feira.

Os promotores disseram acreditar que um jaguar, sete leões, 46 tigres e 15 híbridos de leão-tigre pertencentes a Jeffrey Lowe e sua esposa, Lauren Lowe, foram vendidos, comprados ou transportados, o que seria uma violação da Lei de Espécies Ameaçadas (ESA) .

A declaração dizia: “Há provável causa para acreditar que os 68 felinos e a onça continuam a ser feridos e assediados e, portanto, ilegalmente tomados em violação do ESA.”

“Esta apreensão deve enviar uma mensagem clara de que o Departamento de Justiça leva muito a sério os supostos danos a animais criados em cativeiro protegidos pela Lei de Espécies Ameaçadas”, disse o procurador-geral assistente em exercício, Jean Williams, da Divisão de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Departamento de Justiça.

Esta série de documentários Tiger King traça a vida do exuberante "Joe Exotic", 58, seu nome verdadeiro Joe Maldonado-Passage, que acumulou uma pequena fortuna graças a um zoológico inaugurado em 1999 em Oklahoma, antes de perder tudo. Ele foi condenado em janeiro de 2020 a 22 anos de prisão por tentar assassinar sua rival, Carole Baskin, uma defensora dos animais que criticou seus métodos, incluindo a reprodução excessiva e maus-tratos que resultaram na morte de vários animais.

O ex-parceiro de negócios de Joe Exotic, Jeff Lowe, e sua esposa Lauren compraram oficialmente o zoológico dele um ano antes de sua condenação e administraram o "Greater Wynnewood Exotic Animal Park". Em junho de 2020, um tribunal ordenou que eles transferissem a propriedade, exceto os animais, para Carole Baskin.

Eles então levaram os animais para outra área e planejaram abrir o "Tiger King Park" em 2021.

ANGOLA NO PÂNTANO DOS ETNO-NACIONALISMOS

Martinho Júnior, Luanda

A existência de etno-nacionalismos em Angola é praticamente tão antiga quanto a iniciativa colonial da “africanização da guerra”, uma ambígua subversão de conceitos e de práticas da barbárie que nos transporta aos tempos das lutas contra as resistências que as forças portuguesas de ocupação encontraram pelo caminho, visando o domínio de todo o território, antes mesmo do “Estado Novo” fascista e colonial.

Para vencer as resistências o colonialismo recorria a recrutamentos locais, pois era impossível realizar as prolongadas campanhas apenas em função do contingente “metropolitano”, uma vez que o ambiente tropical não era favorável a ele e os “cabos de guerra” conseguiam melhores resultados com efectivos africanos, adaptados ao terreno, com exigência de pouca logística, mentalmente vulneráveis à doutrinação colonial e muitas vezes envolvidos em disputas de poder entre as elites africanas em torno dum reinado, dum sobado, dum “dembo”, ou dum “régulo”…

Essa “zona cinzenta” de contínua acção psicológica e de práticas a condizer, propiciou-se às ingerências e às manipulações e era a partir desse jogo inteligente, parido pelos “experts” que produziam o domínio sob a bandeira colonial, que se tornava mais eficaz o recrutamento e o rótulo que as autoridades coloniais obrigatoriamente tinham de criar para cada caso étnico, inclusive os expedientes etno-nacionalistas de feição.

O historiador René Pélissier detalha em pormenor essa “sapiência” colonial fundamentada com muitos dados que recolheu e é dele que fomos buscar o conceito original de etno-nacionalismo, que se misturava a preceito com o conceito de “africanização da guerra”.

Esses conceitos têm feito percurso para além do período colonial propriamente dito, por que o neocolonialismo rampante em África, tendo em conta os recursos financeiros, as linhas de inteligência de que se nutre e os objectivos de exploração das riquezas naturais, continuam a fazer esse tipo de “aproveitamentos”.

A “FrançAfrique” desenvolveu sublimando a superestrutura ideológica do poder e os seus instrumentos, a partir do tempo das “redes Foccart” (década de 60) e do conde Alexandre de Marenches (década de 70), recrutando a partir das elites africanas a fim de colocar no poder o títere de feição e com isso garantir os interesses da França em África até á exaustão por via das conexões das redes de inteligência (SDECE/DGSE)…

Os “produtos refinados” da contemporânea FrançAfrique persistem desde suas linhas tradicionais e em Angola, os etno-nacionalismos foram sempre filtrados também por esse tipo de condensação de interesses, conforme ao caso de Cabinda, por exemplo.

É de supor que a presença da Total nos interesses do gás em Cabo delgado possua este tipo de “filtragens”, algo que é “genético” á exploração de riquezas (matérias-primas) por parte da FrançAfrique!

A FLEC foi sempre filtrada pela persistência neocolonial desse tipo de redes (por isso o território do Bas Congo na República Democrática do Congo é de seu crucial interesse) e hoje, com o capitalismo neoliberal, só precisa de núcleos duros para persistir na fluidez etno-nacionalista que também, graças ao multipartidarismo angolano parido por via de Bicesse a 31 de Maio de 1991, se distende para dentro de alguns partidos de oposição cuja raiz é, na sua essência, a mesma.

No caso angolano, é por isso que qualquer manifestação etno-nacionalista, possui ramificações para dentro do “caudal” da Unita, o que tem sido evidente quer quando há a expressão da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda, FLEC, quer quando há a expressão Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe, MPPLT.

Eventualmente, para além do registo de etnicidades implícito no etno-nacionalismo, o impacto de radicalização poderá ser também feito através do âmbito religioso, algo fluente em África por via do radicalismo fundamentalismo islâmico sunita/wahabita de que a África Central e Austral, com a RDC, Tanzânia e Moçambique na primeira linha, estão já a sentir efeitos, apesar de haverem também seitas ditas cristãs que o podem também concretizar (em Angola é o caso por exemplo da Teologia da Prosperidade, injectada a partir do Brasil com a Igreja Universal do Reino de Deus e sue “apóstolos” e “pastores” brasileiros)…

Na África Central e Austral, os etno-nacionalismos são de tal modo intensos que persistem década a década, fomentam rebeliões armadas, podem fazer junção aos radicalismos islâmicos e, nos parlamentos das frágeis democracias africanas, espelham a sua representação, inibindo as potencialidades de participação popular e do protagonismo consciente próprio da sabedoria.

As “transversalidades” sociais do radicalismo existem, ainda que em contradição de quem anda “nas matas” com as armas da rebelião na mão e persistem por que por essas “transversalidades” é por onde flui o dinheiro que garante a continuidade do etno-nacionalismo e do seu pendor para a subversão e a interpretação exclusivista (e etnocentrista) da história!

O colonial-fascismo português esmerou-se ao utilizar o rótulo FLEC para “pseudo terrorismo” na direcção dos dois Congo, com o objectivo de atacar o MPLA durante a Luta Armada de Libertação Nacional e o neoliberalismo injectado no “arco de governação” desde 0 golpe do 25 de Novembro de 1975 em Lisboa, garante apoio à clandestinidade a entidades da FLEC na Europa, em estreita consonância com a inteligência francesa filtrada pelos interesses da Total no petróleo!

Parlamentos como o angolano, não conseguem sair desse pântano apto às “transversalidades” sob o rótulo da “representatividade multipartidária” e ainda que seja maioritariamente preenchido pelo MPLA, a fluidez social faz a sua quota-parte de trabalho de sapa por via das linhas de inteligência de sustentação, forjando a mentalidade adequada e inibindo a consciência patriótica fiel às raízes do movimento de libertação em África!

O jornalista Artur Queiroz tem feito várias radiografias desse tipo de organizações, através de entrevistas de alguns dos seus autores em dissidência ou não e através delas é possível melhor entender os conteúdos internos desse tipo de barbárie ao dispor do manancial de “programas” da barbárie maior do “hegemon”!

Numa das entrevistas abaixo reproduzidas, realce-se o velado papel do governo português do “arco de governação” em relação a entidades da FLEC em Lisboa, em consonância com a sua tradicional vassalagem ao “hegemon”, também por via da NATO e do Africom!...

Martinho Júnior -- Luanda, 19 de Maio de 2021

Guiné-Bissau | Nova direção do Supremo deve "lavar" imagem da justiça

Mamadú Saido Baldé foi eleito novo presidente do Supremo Tribunal de Justiça guineense. Movimento da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento quer que a nova direção dê mais credibilidade ao setor.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) tem um novo presidente, Mamadú Saido Baldé, e um novo vice-presidente, Lima André, eleitos esta terça-feira (18.05) por oito juízes conselheiros e sete desembargadores.

O setor da justiça é um dos mais criticados pelos guineenses, pela sua "morosidade, burocracia e ineficácia", o que leva os cidadãos a desacreditar nos órgãos judiciais.

Recentemente, o STJ foi fortemente criticado pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e por parte da sociedade, sobre o seu papel no último processo das eleições, em que levou sete meses para decidir o contencioso eleitoral.

Com a nova direção, o vice-presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, Mamadú Queita, defende mudanças para uma maior credibilidade da justiça guineense: "Esperamos que os novos presidente e vice-presidente trabalhem na melhoria da imagem da justiça junto dos cidadãos", afirma.

Para o ativista, "é fundamental que a inspeção da justiça funcione" e "esta nova direção deve trabalhar no sentido de garantir a independência do poder judicial face aos outros órgãos de soberania".

Cabo Delgado: Mais de 1,2 milhões de pessoas precisam de ajuda médica urgente

Organização Mundial da Saúde alerta que mais de 1,2 milhões de pessoas necessitam "urgentemente" de ajuda médica no norte Moçambique. A OMS afirma ainda que os ataques terroristas "aprofundaram a crise humanitária".

A diretora regional para África da Organização Mundial da Saúde (OMS), Matshidiso Moeti informou que "a situação de milhares de famílias está a piorar, e muitas das pessoas afetadas pela violência dependem da ajuda humanitária para sobreviver" e apela: "Devemos intensificar rapidamente a assistência para salvar vidas e aliviar o sofrimento." 

De acordo com a organização, a violência e a insegurança danificaram ou forçaram ao encerramento de quase um terço das 132 instalações de saúde da província de Cabo Delgado, "privando as comunidades de serviços básicos de saúde e criando necessidades sanitárias de emergência" para o tratamento do HIV, malária e tuberculose, bem como vacinação entre as pessoas deslocadas internamente e as comunidades de acolhimento. 

A prevenção da cólera, a resposta à Covid-19 e a prestação de serviços de saúde mental e psicossocial são também "extremamente necessárias", segundo a OMS, que apelou para um maior apoio dos doadores que permita "fornecer estes serviços de saúde essenciais". 

"Há uma necessidade urgente de assegurar o pleno acesso aos serviços de saúde essenciais em todos os distritos acessíveis e de estabelecer mecanismos para melhorar o acesso à saúde a todas as pessoas vulneráveis nos distritos de difícil acesso", disse, por seu lado, Joaquim Saweka, representante da OMS em Moçambique. 

França vai apoiar Moçambique na luta contra o terrorismo

A França vai apoiar Moçambique na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, anunciou o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, no balanço de uma visita de trabalho a França.

Numa conferência de imprensa de balanço da visita de trabalho a França, a convite do seu homólogo francês Emmanuel Mácron, o Presidente de Moçambique afirmou: "Teremos de embarcar num acordo porque nada se pode fazer legalmente sem que haja acordos".

Segundo Filipe Nyusi, Emmanuel Mácron manifestou a abertura da França para apoiar Moçambique e a ajuda poderá focar-se nas áreas humanitária e de formação militar face à violência armada em Cabo Delgado. 

"Este acordo terá de ser feito e nós pedimos aos nossos amigos aqui [em Paris] para que ele seja prioritário", acrescentou.

Além de manter encontros com quadros do Executivo francês, na sua visita Filipe Nyusi reuniu-se com a direção da Total, a petrolífera francesa que lidera o megaprojeto para exploração de gás em Afungi, em Cabo Delgado.  

"Eles [a Total] pediram para que haja mais comunicação, seja em momentos bons ou maus, para que não tenham informações falsas. Eles dizem que há vezes que ficam em pânico por causa dos seus trabalhadores [em Cabo Delgado], mas depois quando ligam para eles percebem que está tudo bem", acrescentou o chefe de Estado moçambicano. 

Luta contra a corrupção em Angola não começou com “Luanda Leaks”

Rafael Marques diz que o “Luanda Leaks” veio ampliar a nível externo os ecos da investigação que fez, ao longo de vários anos, para denunciar crimes financeiros. Jornalista foi ouvido ontem no âmbito do "Football Leaks".

O jornalista angolano Rafael Marques falou à DW pouco depois de inquirido, por videoconferência, pelo Tribunal Central Criminal de Lisboa nesta quarta-feira (19.05) sobre as virtudes do "Luanda Leaks”.

Na sua perspetiva, ampliaram a nível externo os ecos da investigação que fez, ao longo de vários anos, para denunciar crimes financeiros praticados por governantes que saquearam Angola durante o regime do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Os processos judiciais despoletados por "Luanda Leaks” representam a ponta do iceberg. Segundo Rafael Marques, "há muito por desvendar, mas o fundamental aqui é reter uma ideia: que os angolanos devem criar capacidade para resolver as suas questões dentro de Angola".

"Tanto aqueles que participaram do saque como aqueles que estão no poder agora, bem como a sociedade civil, devem encontrar mecanismos expeditos para que os fundos que foram retirados de Angola possam retornar ao país com urgência e serem aplicados em obras que sejam, de facto, para benefício das populações", defende.

Angola | Suspenso juiz que denunciou irregularidades no concurso da CNE

Agostinho Santos foi suspenso de funções por seis meses na sequência da denúncia de irregularidades no processo de nomeação do presidente da CNE. Jurista fala em "pressão" e inconstitucionalidade na decisão.

O Juiz conselheiro do Tribunal Supremo de Angola Agostinho Santos foi suspenso na quarta-feira (19.05) pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) por comportamento indecoroso.

A decisão surge depois de Agostinho Santos ter denunciado irregularidades no processo de nomeação do presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Angola, Manuel Pereira da Silva, conhecido por "Manico", seu concorrente na corrida a esse posto.

Segundo Pedro Chilicuessue, porta-voz do CSMJ, a deliberação tem consequências: "A perda total da correspondente remuneração, antiguidade na carreira, para além de lhe ser vedado a entrada nas instalações do Tribunal Supremo".

Em resposta, Agostinho Santos interpôs uma providencia cautelar para efeito suspensivo da decisão.

Angola | Cuando Cubango: Alfabetizadores não recebem salários há 3 anos

Na província angolana do Cuando Cubango, 450 professores de alfabetização não recebem os salários há três anos e, pelo menos 300, viram-se obrigados a abandonar o projeto. Os alfabetizadores dizem estar a passar fome.

Há três anos que os professores encarregados de uma campanha de alfabetização não recebem o salário mensal de 10 mil kwanzas (equivalente a 7 euros). Ouvidos pela DW África, os alfabetizadores dizem estar a passar fome.

Jeremias Nicolau, alfabetizador há onze anos, pede sensibilidade ao Executivo para a resolução rápida do problema.

"Somos chefes de família, uma das vezes a nossa família não quer saber, pensam que talvez alguns estejam inseridos. Até o estudante não é cobrado, há fome”, conta.

Este professor diz que muitos colegas já abandonaram o programa de alfabetização. Os que ficaram estão, neste momento, a trabalhar de graça.

"O Governo devia resolver para que tenhamos uma outra motivação”, apela.

Perdoar Salgado, e como 'eles' sabem-na toda… para tramarem o povoléu

Como quase sempre começamos… mal. Mas a seguir pode chegar à leitura do Curto do Expresso, por Paula Santos. Ela traz poucas- vergonhas mas também referências à cultura. Sobre literatura e mais dessa vertente. E mais, muito mais. Depois vá ler. Agora vamos às poucas-vergonhas.

A multa de Salgado está prestes a prescrever… Vai ser a multa e todas as vigarices e crimes que tem cometido ao longo da vida de Dono Disto Tudo. Hem! Quanto não vale ter amigos cúmplices nos vários setores do sistema político, económico e muito provavelmente judicial!? Hem! Ao que parece o vígaro e criminoso em potência ainda é dono disto tudo ou, pelo menos, dono dos que comprou, incluindo jornalistas que nem sabemos quem são porque – como sempre – seguindo a máxima de que o corno é sempre o último a saber também os vigarizados, os roubados, só ficam a saber muito depois. E mesmo assim não sabem tudo. Prescrições são o modo de sofisticado (hipócrita) de declarar perdão a Salgado. Eles sabem-na toda… para tramarem o povoléu.

Outra vergonha é a alegria por ter sido anunciado o cessar fogo na Palestina. Falta saber se é mesmo correspondente à realidade, se o anunciado não é quebrado. Alegria porquê? Porque Israel pode, quer e manda e se está nas tintas desprezíveis de deixar de fazer aos palestinianos aquilo que os nazis lhes fizeram? O que há fazer com Israel é isolar com sanções radicais que ponha o país a chiar de fininho. É um país assassino com um vasto rol de protagonizar crimes de guerra e crimes contra a humanidade. A hipocrisia dos EUA, da EU e muitos outros países também pode ser e é (por muitos) considerada cúmplice. Que os palestinianos lhes atiram foguetes e atacam o país, que são extremistas. Mas quem não seria se acaso visse a sua casa ou o seu país ocupado, o seu povo despejado das casas, os seus filhos e filhas – crianças – a morrerem indiscriminadamente… Claro que com o poderio militar-destrutivo e assassino de Israel os palestinianos passam as suas curtas vidas a tentarem libertarem-se. Também nós, portugueses, reagimos e libertámo-nos da ocupação espanhola, em 1640. Os tempos são outros, certo, mas deverá manter-se a gana de que é preferível morrer para libertar-nos e à Pátria do que ser servo dos ocupantes. Muito mais haveria a dizer, mas nada que se pensarmos e bem todos sabem. Os sábios dizem que aquilo é bíblico. Mas nos sábios há muitos que ganham com as guerras, com as indústrias dos armamentos… e são por Israel – que é onde se abastecem dos milhões de dólares. Eles sabem-na toda para tramar o povoléu.

Enquanto isso, vendem à Palestina foguetes, armas “leves”, e para Israel, sem pejo, até admitem que seja uma potência nuclear fora da lei. Isso e para além de aquele país de criminosos bombardear as populações civis indiscriminadamente. E depois, querem que a Palestina faça o quê. Que se fique, que se submeta a condições desumanas exercidas por Israel? Pois é. Mas mesmo pobres seguem a teoria do quem não tem cão caça com gato. Quem não tem armamento sofisticado atira pedras e foguetes.

Adiante que se faz tarde. Escrever (pensar) sobre esta “história bíblica”, por esta pouca vergonha e grandes crimes dá para nos sentirmos agoniados e vomitar-nos. Certo é que os vigaristas como os Salgados, os criminosos como Israel estão na mó de cima, e grande parte dos políticos e militares nos poderes de imensos países não são melhores pessoas que esses tais sevandijas e assassinos.

Algo bom, a que Paula Santos faz referência no Curto que vão ler a seguir: o Novo Banco pode vir a beneficiar de mais ajuda do Fundo de Resolução em 2022… Bom para eles, evidentemente. Novo Banco – Novos Saques. É um fartote que sobrecarrega os contribuintes português. Milhares de milhões, e milhões, e milhões. A negociata nunca mais pára e o povinho fica muito sossegado a vê-los extorquirem-nos. Apetece dizer, berrar: “Abram os olhos, mulas. E ajam.”

Fim desta prosa com apelo ao ‘vomitorium’. Lá vamos, cantando e rindo… de nojeiras em nojeiras lusas. E um pouco (demasiado) por todo o mundo. Grande líderes nacionais e mundiais da treta. 

O Curto com bom mau e assim-assim, a seguir. Porreiro, pá! Bom dia, se conseguirem.

MM | PG

Portugal | "Bloco quer entendimento, mas o PS está muito apegado ao centro"

Entrevistado no programa "Em Alta Voz", da TSF e DN, Fernando Rosas avisa que a negociação do próximo Orçamento do Estado não pode acontecer sob a ameaça de que "vem aí a direita". O fundador do Bloco de Esquerda nota um PS "atraído ao centro" e um PSD "em namoro" com a extrema-direita.

Pedro Pinheiro (TSF) e Rosália Amorim (DN)

Começa esta noite a convenção do Bloco de Esquerda (BE). É a 12.ª convenção do partido e vai decorrer em Matosinhos. O historiador Fernando Rosas foi um dos fundadores do BE, esteve na sua formação, em 1999, que resultou da Aliança entre o PSR, UDP, Política 21 e independentes - um deles o próprio. E fala agora dos desafios políticos.

22 anos depois, e olhando para o Bloco de Esquerda de hoje, era o partido que o independente Fernando Rosas tinha em mente?

Sim, reconheço-me no atual Bloco de Esquerda, apesar de não ter hoje, e devo esclarecer os leitores disso, nenhuma função dirigente no BE, sou um apoiante e intervenho na vida política do Bloco. O BE veio preencher um vazio decorrente de modificações profundas na sociedade portuguesa, posteriores à transformação do próprio capitalismo. Muita coisa que mudou nestes 22 anos do ponto de vista sociológico. Operariado industrial em grande parte desapareceu, porque as fábricas fecharam para dar lugar a um novo tipo de gente assalariada, que é a dos call centers, dos supermercados, das plataformas. Há um novo tipo de precários que não que não tinha representação no sistema político porque os partidos da Esquerda tradicional e os seus sindicatos representavam aquele operariado tradicional com contrato, normalmente sindicalizados e constituiu-se uma enorme massa de gente que não tem sindicato, que não tem contrato, que tem trabalho de vez em quando e que tinha um défice de representação. E havia novas realidades sociológicas que não tinham representação política o sistema. Por exemplo, os direitos das mulheres, a luta contra o chamado patriarcalismo, a violência doméstica, o racismo e o antirracismo, a discriminação dos imigrantes, o direito à interrupção voluntária da gravidez, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O BE apareceu candidatando-se a responder a esse espaço. Que o espaço existia parece não haver dúvidas, na medida em que o Bloco de Esquerda está aí há 21 anos e, portanto, o mínimo que se poderá a dizer é que não foi um fenómeno efémero. Tem uma base social que ronda atualmente os oito a 10% do eleitorado. E, portanto, correspondeu a uma realidade e tem-na procurado representar.

E é um verdadeiro Bloco ou persistem tensões entre as várias correntes fundadoras?

Não, é um Bloco. O Bloco é um fenómeno de maturidade. Porquê? Porque as várias sensibilidades da Esquerda compreenderam que ou se juntavam e entendiam na base de uma plataforma comum ou desapareciam. Ou esfumavam-se. Quando nos juntámos para fazer o Bloco, há 21 anos, percebemos que tinha que haver uma fórmula que era cada um manter a sua identidade, mas juntarmo-nos em torno de um programa político que fosse comum. Sem afogar, sem haver fações que afogassem os outros. Isso foi conseguido. Aliás, nesta convenção há cinco listas, representando as várias sensibilidades que o Bloco tem. E à Esquerda é assim, não pode ser de outra maneira, essa maturidade subsistiu. Houve momentos mais difíceis, com o Francisco Louçã, com o João Semedo e com a Catarina... Mas isso acabou por se resolver bem, e a Catarina é uma coordenadora, relativamente jovem, mas que se depressa como como dirigente e tem feito muito bem o trabalho dela. Devo dizer que mesmo nestas listas que concorrem à convenção, do que eu li, em nenhuma delas vi contestação à liderança da Catarina.

O Bloco perdeu 50 mil votos nas últimas eleições legislativas e 300 mil nas últimas presidenciais. Que explicação encontra para esta perda do eleitorado?

Nas presidenciais, claramente, porque houve uma parte do eleitorado votou ou na Ana Gomes ou no Marcelo Rebelo de Sousa. Sobre isso não há dúvida nenhuma. E porque a nossa campanha também foi uma campanha esforçada, por parte da Marisa Matias, mas própria Marisa era amiga da Ana Gomes e hesitou, aquilo... enfim, foi uma campanha difícil. E uma parte do eleitorado do Bloco votou na Ana Gomes e votou Marcelo. Quanto à eleição anterior, uma parte do eleitorado do PS regressou ao PS. Ou seja, a geringonça, sobre tudo na primeira legislatura correu bem do ponto de vista do eleitorado de Esquerda e, portanto, há uma parte do eleitorado que votou no Bloco em 2015 e que, provavelmente, regressou ao Partido Socialista em 2019. Hoje estamos estabilizados. As sondagens são o que são, mas estamos entre os 8 e 10%.

Caso da Lusa: o racismo é só a ponta do problema

Daniel Oliveira* | TSF | opinião

"Só um jornalismo totalmente degenerado poderia tratar o que aconteceu na Lusa como um mero incidente", analisa Daniel Oliveira, no seu espaço habitual de Opinião na TSF, sobre o caso que o próprio explica: "Numa notícia sobre a constituição da comissão eventual de revisão constitucional, o nome da deputada do PS Romualda Fernandes é seguido de um parêntesis com a sua identificação... 'Preta.' Assim mesmo."

O jornalista chama a atenção também para o facto de este "qualificativo" ter aparecido "reproduzido em vários órgãos de comunicação social", o que significa que escapou ao crivo de toda a cadeia editorial: "Foi escrito pelo jornalista, passou por editores, chegou aos clientes, voltou a passar por jornalistas e editores, e foi publicado."

Daniel Oliveira frisa que "não se trata de um erro infeliz", nem se "limita a mostrar sucessivas incompetências", o que poderia "acontecer em qualquer organização". Está em causa, sim, "um ato original", porque "houve um jornalista que, a trabalhar, escreveu 'Preta' para se referir a uma deputada, e aquilo seguiu assim".

"Não foi uma piada de mau gosto inadvertidamente gravada. Todos tivemos momentos muito infelizes na vida. Foi escrito em trabalho, numa notícia, e enviado." Para o cronista, é evidente que "a coisa não pode ser tratada como uma falha técnica".

Terra, Alentejo em Odemira

– Os que prometeram, anunciaram um Alentejo de explorações agrícolas familiares e cooperativas de pequenos agricultores, produziram um imenso latifúndio de exploração e de agressão ambiental.

Agostinho Lopes [*]

"Toda a gente sabia" [1] excepto o próprio e inefável Barreto, que se põe fora do saco onde meteu toda a gente. Só lhe faltou a "barretal" e habitual conclusão: toda a gente sabia e sabe que a Reforma Agrária, mesmo depois de liquidada por mim e mais alguns da mesma laia política, só podia dar em desastre humano, ambiental, económico. Odemira é a prova e a contraprova. Exploração da terra e da água insustentável. Trabalho escravo. Cumplicidade do poder político e económico. "Toda a gente sabia". Escapa um sociólogo, que foi ministro da Agricultura anos atrás, há muito, muito tempo.

A registar. Os que prometeram, anunciaram um Alentejo de explorações agrícolas familiares e cooperativas de pequenos agricultores, produziram um imenso latifúndio de exploração, agressão ambiental e que só não é um suicídio económico, porque não se fazem contas à destruição do solo e à subsidiação pública da água. E que opera com infraestruturas construídas com dinheiros públicos, sem pagar rendas. (Depois das mais-valias da terra beneficiada pelo Alqueva terem sido inteiramente apropriadas pelo latifúndio).

Lembras-te, Barreto, da propaganda, demagógica e divisionista, da distribuição de terra a pequenos agricultores no processo de descrédito e destruição da Reforma Agrária? Não resta um rendeiro na Herdade dos Machados... Mas há muito hectare de agricultura intensiva e superintensiva. Mas que se há-de fazer? "São aquelas loucuras típicas de Portugal"! [2]

As mesmas famílias políticas, PS, PSD e CDS, que destruíram a Reforma Agrária, os mesmos que sabotaram a construção do Alqueva enquanto existiu Reforma Agrária, os mesmos que enchem o Diário da República e o discurso político com a palavra "sustentabili...lili...dade...dade", produziram milhares de hectares de insustentabilidade social, insustentabilidade ambiental, insustentabilidade económica. Resta a sustentabilidade financeira, mas como sabemos esta é de curto prazo. A terra não é hoje o ventre de uma produção agrícola e pecuária atenta aos equilíbrios da natureza e às necessidades de quem a trabalha e do país. A terra alentejana é hoje um "activo financeiro", concentrada na mão de grupos financeiros, incompatível com uma agricultura familiar e cooperativas de produtores.

O MITO DESTRUÍDO

O mito da invencibilidade israelense foi destruído. O famoso "domo de ferro" de que tanto se orgulhavam não resiste.

Em desespero, a entidade sionista recorre à carnificina pura e simples – que os media corporativos ocultam cuidadosamente.

Enquanto a limpeza étnica prossegue em Jerusalém, centros habitacionais, centros de saúde, bibliotecas e instalações sociais em Gaza são destruídos por caças F-35 – mas hipocritamente eles dizem que tal massacre é "cirúrgico".

Até ontem o heroico povo palestino lutava com paus e com pedras. Hoje já dispõe de foguetes, ainda que não muito refinados. A correlação de forças ainda é altamente desfavorável para o povo palestino, mas tornou-se menos má.

Adenda: No dia 20 os nazi-sionistas bombardearam duas condutas de água na área de Al-Saftawi, provocando cortes de abastecimento a 20% da população da cidade. Agravaram assim crise de água de que sofre a cidade devido ao bombardeamento deliberado de condutas na área de Gaza. No mesmo dia foi morto num ataque o jornalista palestino Ashraf Shannon, correspondente da Press TV. Os crimes sionistas acumulam-se.

Resistir.info -- 20/Maio/2021

NO 76º ANIVERSÁRIO DO DIA DA VITÓRIA SOBRE AS POTÊNCIAS DO EIXO!

Martinho Júnior, Luanda

BREVE APONTAMENTO

A sorte do continente africano foi jogada com a IIª Guerra Mundial, uma vez que a maior parte do continente enquanto durou essa saga, esteve sob domínio das potências coloniais que firmaram as assinaturas das partilhas decididas na Conferência de Berlim!

Se as potências do Eixo, os nazis da Alemanha, os fascistas de Itália, (Espanha e Portugal, os estados ibéricos foram neutrais, mas se os nazis e os fascistas italianos ganhassem, iriam ser radicalmente influenciados) e os imperialistas nipónicos, também eles colonizadores, a sorte de África voltaria aos tempos da escravatura, ou ainda pior, sujeitando-se a contínuos genocídios ao jeito da actuação belga nos tempos da propriedade congolesa do Rei Leopoldo II, ou em semelhança ao que aconteceu com os hereros na Namíbia, durante a ocupação colonial alemã!

Mesmo assim, em função da instauração das suas redes “stay behind”, a NATO repescou correntes nazis e fascistas a ponto de, por exemplo, tornar Portugal, potência colonial, em seu membro fundador, muito antes do que actualmente está a aliciar na leste da Euriopa e particularmente nos estados Bálticos, na Polónia e na Ucrânia.

A vitória da União Soviética foi pois determinante para o vislumbre da libertação de África fora dos interesses do capital que erigiu o império, pelo que os africanos deveriam considerar que o dia 9 de Abril de cada ano deveria ser também motivo para ser muito melhor lembrado, particularmente os que fizeram a luta contra o colonial-fascismo português e tiveram depois que enfrentar um “apartheid” nazi na África austral, uma sequela do regime de Hitler!

Se a vitória soviética nas frentes ocidental e leste deu oportunidade à libertação do continente africano das potências coloniais, foi também um factor muito sensitivo para o carácter dessa libertação, abrindo-se à saga socialista em benefício de todos os povos da Terra, algo que os Estados Unidos, com o “hegemon” anglo-saxónico em ascensão às custas dos impérios coloniais, enviesada ou frontalmente contrariaram por via da instauração de domínio capitalista neocolonial!...

Por essa razão, desde o último dia da IIª Guerra Mundial que o poder crescente do “hegemon” move a IIIª Guerra Mundial contra o Sul Global, com todo o caudal de misérias que fazem perdurar!...

Mais lidas da semana