quarta-feira, 18 de agosto de 2021

POLÍTICA SEM POLÍTICOS

#Publicado em português do Brasil

A cientista política Hélène Landemore pergunta: se o governo é para o povo, por que o povo não pode governar?

Nathan Heller* | The New Yorker

Imagine ser um cidadão de uma nação diversa, rica e democrática, repleta de líderes ávidos. Pelo menos uma vez por ano - no outono, digamos - é seu direito e dever cívico ir às urnas e votar. Imagine que, em seu país, esse ato seja considerado não apenas uma tarefa importante, mas essencial; o governo foi concebido em todos os níveis com base na escolha democrática. Se ninguém comparecesse para votar no dia da eleição, a superestrutura do país desmoronaria.

Então você tenta ser responsável. Você faz o seu melhor para se manter informado. Quando chega o dia da eleição, você faz as escolhas que, tanto quanto pode discernir, são as mais sábias para sua nação. Então, os resultados vêm com as notícias da manhã, e seu coração afunda. Em uma corrida, o candidato com o qual você estava mais animado, um reformador que prometeu limpar um sistema disfuncional, perdido para o titular, que tinha um entendimento com organizações poderosas e doadores ultra-ricos. Outra política, em quem você votou na última vez, falhou em cumprir suas promessas, ao invés disso, tomou decisões em sincronia com seu partido e contra as urnas. Ela foi reelegida, aparentemente com a ajuda de seu partido. Existe a noção, no seu país, de que a estrutura democrática garante um governo do povo. E ainda, quando os votos são contados,

Quais rotas corretivas estão abertas? Pode-se desejar uma democracia direta pura - nenhum corpo de representantes eleitos, cada cidadão votando em todas as decisões significativas sobre políticas, leis e atos no exterior. Mas isso parece um pesadelo de tirania majoritária e loucura processual: como alguém pode pechinchar sobre coisas específicas e passar pelo diálogo que molda leis restritas e duráveis? Outra opção é se concentrar em influenciar as organizações e os interesses comerciais que parecem moldar os resultados políticos. Mas essa abordagem, com seus lobistas fazendo acordos de bastidores, vai contra a promessa de democracia. A reforma do financiamento de campanhas pode eliminar os abusos. Mas isso não faria nada para garantir que um político que o representa ostensivamente seja receptivo a ouvir e agir de acordo com seus pensamentos.

A acadêmica Hélène Landemore, professora de ciência política em Yale, passou grande parte de sua carreira tentando entender o valor e o significado da democracia. Nos últimos anos, ela fez parte de um grupo de acadêmicos, muitos deles jovens, tentando resolver o problema da representação democrática eleita - abordando as falhas de um sistema que amplamente se acredita não ser problema algum. Em seu livro “ Razão Democrática: Política, Inteligência Coletiva e o Governo de Muitos” (Princeton, 2012), ela desafiou a ideia de que a liderança de poucos era superior à liderança de massas. Seu próximo livro, que será lançado no próximo ano e atualmente intitulado “Democracia Aberta: Reinventando o Governo Popular para o Século 21”, prevê como poderia ser o verdadeiro governo por liderança de massa. Seu modelo se baseia na ideia simples de que, se governar pelo povo é uma meta, o povo deve governar.

“A democracia aberta”, cunhagem de Landemore, não se concentra na eleição de políticos profissionais para cargos representativos. A liderança é determinada por um método mais ou menos semelhante ao dever do júri (não a seleção do júri): de vez em quando, seu número sobe e você é obrigado a cumprir seu dever cívico - neste caso, ocupar um assento legislativo corpo. Por um período determinado, é sua função trabalhar com as outras pessoas da unidade para resolver problemas e direcionar a nação. Quando seu mandato termina, você deixa o cargo e volta à sua vida normal e ao trabalho. “É a ideia de colocar cidadãos selecionados aleatoriamente no poder político ou dar a eles algum tipo de papel político em um órgão consultivo ou em uma assembleia de cidadãos”, disse Alexander Guerrero, professor de filosofia da Rutgers que, em 2014, publicou um influente papeldefendendo a seleção aleatória no lugar das eleições - um sistema com alguns precedentes na antiga Atenas e na Itália renascentista que ele apelidou de "lottocracia". (É a base para seu próprio livro que está por vir.) Na democracia aberta, Landemore imagina um governo lotocrático combinado com canais de feedback de crowdsourcing e outras medidas; o objetivo é transferir o poder de poucos para muitos.

O combate de Joe Biden pela “Democracia”

Thierry Meyssan*

O Presidente Biden anunciou a criação próxima de uma organização internacional de democracias face à escalada dos regimes autoritários russo e chinês. Contrariamente à retórica oficial, não se trata de defender as democracias, mas de promover o imperialismo dos EUA. Mas, este combate é vão porque ele se engana no adversário.

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que convocava uma cimeira (cúpula-br) virtual, nos dias 9 e 10 de Dezembro de 2021, para defender a « Democracia ». Nela, três temas principais serão debatidos : « a defesa contra o autoritarismo, a luta contra a corrupção e a promoção do respeito pelos direitos humanos ». Durante a reunião, os dirigentes presentes comprometer-se-ão « a melhorar a vida da sua próprio população e a responder aos enomes problemas com que o mundo está confrontado ». Ela será seguida por uma segunda cimeira, em 2022, que permitirá aos dirigentes apresentar os progressos avanços alcançados em relação aos seus compromissos.

Estas reuniões tinham sido anunciadas por Joe Biden durante a sua campanha eleitoral. Na altura ele tinha precisado que se tratava de dar xeque-mate à Rússia e à China. O verdadeiro objetivo é, pois, definir um critério que distinga os dois blocos em formação, tal como no passado se diferenciava um mundo capitalista de um mundo comunista.

Um dia fatal para a Justiça Britânica

John Pilger [*]

Sentei-me ontem no 4º Tribunal da Royal Courts of Justice em Londres com Stella Moris, parceira de Julian Assange. Conheço a Stella há tanto tempo quanto conheço o Julian. Ela também é uma voz livre, vinda de uma família que combateu o fascismo do apartheid. Hoje, o seu nome foi pronunciado no tribunal por um advogado e um juiz, pessoas esquecíveis se não fosse pelo poder privilegiado concedidos pelos seus cargos.

A advogada, Clair Dobbin, está ao serviço do regime de Washington, primeiro de Trump e depois de Biden. Ela é a arma contratada pela América. O seu alvo é Julian Assange, que não cometeu qualquer crime e efectuou um serviço público histórico ao revelar as acções criminosas e os segredos sobre os quais governos, especialmente aqueles que afirmam ser democracias, baseiam a sua autoridade

Para aqueles que possam ter esquecido, a WikiLeaks , da qual Assange é fundador e editor, revelou segredos e mentiras que levaram à invasão do Iraque, Síria e Iémen, o papel assassino do Pentágono em dúzias de países, o projecto para a catástrofe de 20 anos no Afeganistão, as tentativas de Washington para derrubar governos eleitos, como o da Venezuela, o conluio entre opositores políticos nominais (Bush e Obama) para abafar uma investigação de tortura e a campanha do Vault7 da CIA que transformou o seu telemóvel, e até o seu aparelho de televisão, num espião.

O WikiLeaks divulgou quase um milhão de documentos da Rússia, o que permitiu a cidadãos russos lutarem pelos seus direitos. Revelou que o governo australiano havia conspirado com os EUA contra o seu próprio cidadão Assange. Nomeou aqueles políticos australianos que actuaram como "informantes" dos EUA. Estabeleceu a ligação entre a Fundação Clinton e a ascensão do jihadismo nos estados do Golfo armados pelos americanos.

A paisagem para além dos incêndios – quem é responsável?

PORTUGAL

Grupo de investigadores | Expresso | opinião

Qual a sua imagem do Alentejo? Uma infinita planície bucólica com gado a pastar entre azinheiras e sobreiros dispersos? Prepare-se para uma paisagem bastante diferente. Já na sua próxima viagem as árvores podem ter desaparecido, e entra num admirável mundo novo de milhares de hectares contínuos de paisagem forrada a painéis solares e a estufas, ladeado de riscas intermináveis de olival. A paisagem é um bem público. Mas quem a gere? Um grupo de investigadores ligados a várias instituições, e identificados no fim deste artigo, reflete sobre o assunto

A paisagem entrou no léxico do Governo. No final do passado mês de julho, o Primeiro-Ministro anunciou a criação de 47 Áreas Integradas de Gestão da Paisagem e a elaboração de Planos de Transformação da Paisagem para locais onde tem aumentado a perigosidade de incêndio. Contudo, muitas outras paisagens têm mudado rapidamente sem que o Estado intervenha.

Será que no Alentejo, por exemplo, onde os incêndios não são um problema de monta, a paisagem não tem de ser gerida? A verdade é que são muitos os exemplos em que a ausência de concertação de decisões sobre o território se reflete negativamente na paisagem. Isto, paradoxalmente, ao mesmo tempo que se promove a qualidade e a identidade da paisagem como uma mais-valia fulcral para a atratividade turística da região. Afinal, quem assume a responsabilidade de promover a qualidade das nossas paisagens e das que queremos deixar aos nossos filhos e netos? Analisemos algumas situações concretas.

Portugal vai receber 50 refugiados afegãos (para já)

Anúncio foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na manhã desta quarta-feira.

Portugal vai acolher 50 refugiados afegãos para já, numa fase "mais imediata", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros, na manhã desta quarta-feira, na TVI24.

De acordo com Augusto Santos Silva, Portugal mostrou-se disponível, no domingo, no quadro da União Europeia, a acolher 20 afegãos. Já esta terça-feira, no quadro da NATO, o Governo português disponibilizou-se a receber mais 30 cidadãos.

A prioridade agora, como explicou o governante, é acolher cidadãos que colaboraram com as forças internacionais e que se sentem mais ameaçados pelos talibãs.

"Temos a obrigação de proteger e salvaguardar a vida de muitos milhares de afegãos que colaboraram com as forças internacionais, como tradutores e intérpretes, que têm a sua segurança posta em perigo, e nós devemos protegê-los", salientou Santos Silva.

Numa fase posterior, no quadro das mesmas organizações, Portugal, assim como outros Estados-membros, irão acolher um maior número de refugiados: "Há uma obrigação moral da Europa em apoiá-los", reiterou o ministro.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Global Imagens

Portugal: uma periferia cada vez mais isolada

Jorge Fonseca de Almeida* | Dinheiro Vivo | opinião

China assinalou recentemente a partida do 10.000º comboio de mercadorias da estação de Shaanxi com destino à Europa. Nenhum se destinou a Portugal.

Onde fica Shaanxi? Porque é basicamente ignorada, quando é um dos centros logísticos mais importante no comércio internacional?

Portugal, por opção própria, ficou de fora da Rota da Seda ferroviária que liga a China à Europa e que, assim, termina em Espanha, deixando o nosso país sem ligação terrestre rápida à maior economia do mundo, e sem ligação a qualquer dos muitos países por onde passa ao longo de milhares de quilómetros de percurso feito a grande velocidade.

Esta decisão política significou também, manter-se desligado da rede europeia mais moderna em termos de transporte de mercadorias por terra.

Eis o grande paradoxo: um país que produz para exportação e que se desliga cada vez mais das redes de transportes de mercadorias e de passageiros europeias e mundiais.

Algarve | Resultados do combate foram "bastante positivos"

PORTUGAL A ARDER

A secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, qualificou hoje como "bastante positivos" os resultados do combate ao incêndio que se iniciou em Castro Marim, que poderia ter atingido os 20.000 hectares ardidos, mas ficou nos 6.700.

"Nós tínhamos aqui uma ocorrência com um potencial enorme de destruição, com uma área potencial que poderia ter alcançado os 20.000 hectares, e os números que hoje temos são bastante positivos e eles devem-se à eficácia e à operacionalidade de todos aqueles que combateram este incêndio, quer no terreno, quer nas salas de operações, quer no comando regional, mas também na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, onde toda esta operação foi acompanhada desde a primeira hora", afirmou a governante.

Patrícia Gaspar falava no Azinhal, em Castro Marim, durante o último ponto de situação da Proteção Civil sobre o incêndio que se iniciou na segunda-feira à 01:05, foi dado como dominado às 10:20, mas sofreu depois um reacendimento que levou à propagação do fogo para sul. As chamas só foram dominadas hoje, às 16:02.

"Congratulamo-nos com o facto de não existirem vítimas deste incêndio, quer ao nível da população civil, quer ao nível dos operacionais, houve alguns ferimentos ligeiros e esperamos que as pessoas que os sofreram rapidamente possam recuperar", afirmou.

Os direitos humanos não se impõem pelas armas

Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

É difícil encontrar argumentos válidos para um falhanço colossal, quando o Mundo inteiro tem os olhos postos no caos de Cabul e quando estão em causa vidas humanas.

Joe Biden escolheu as justificações que colhem junto dos eleitores norte-americanos, centrando-se na luta contra o terrorismo e descartando responsabilidades na incapacidade para sustentar um governo estável no Afeganistão. "A nossa missão nunca foi construir uma nação, nunca foi destinada a criar uma democracia central unificada", argumentou o presidente norte-americano.

O que Biden alega nunca ter sido objetivo foi, no entanto, o maior erro das sucessivas administrações norte-americanas. O erro de pensar que a democracia e os direitos humanos podem ser impostos pelas armas, ignorando as diferenças abissais de conceitos políticos e sociais existentes no terreno.

Assim o Norte quer livrar-se dos refugiados globais

Dinamarca e Reino Unido debatem leis que permitem confinar, em ilhotas dispersas no globo, imigrantes que aguardam asilo. Ideia é restringir ainda mais direitos, criminalizar imigrantes e burlar acordos internacionais

Ana França, no Expresso | em Outras Palavras

A Austrália deu início ao seu programa de deslocalização de requerentes de asilo para a Papua Nova Guiné e para Naru em 2012. Quase dez anos depois, cerca de sete bilhões de euros depois e com uma lista extensa de condenações bastante duras da comunidade internacional, ainda há cerca de 250 pessoas a viver em centros offshore de processamento de pedidos de asilo. Muitos dos que foram retirados quando as condições em que viviam foram denunciadas pela imprensa ainda estão presos em cidades australianas, alguns há mais de oito anos, sem culpa por qualquer crime formulada.

O parlamento dinamarquês aprovou, dia 3 de junho, por 70 votos contra 24, a deslocalização dos seus requerentes de asilo para países terceiros, possivelmente do continente africano, onde devem permanecer até conhecerem o desfecho dos seus pedidos de asilo. Se a proteção lhes for concedida, então terão direito a permanecer nesse país para onde foram enviados, mas não a viver na Dinamarca. Por outro lado, se os seus pedidos forem rejeitados, os migrantes vão ter de sair também do país onde os seus casos foram processados.

O Reino Unido apresentou uma proposta muito semelhante, parte integrante da nova Lei da Nacionalidade e Fronteiras (já aprovada na generalidade com 366 votos a favor e 265 contra). Ao contrário do Governo dinamarquês, que não nega ter já dado início a diligências para a construção destes centros, no Reino Unido tudo o que tem saído nos jornais está envolto em desmentidos e fontes anônimas, apesar de o “Times” ter escrito artigos com base em comunicações internas do Governo britânico. Lá se lê que essa opção é uma das principais medidas de dissuasão a serem estudadas por Priti Patel, ministra da Administração Interna no Executivo do primeiro-ministro Boris Johnson.

O Reino Unido já não está na UE e a Dinamarca tem acordos que isentam o país de algumas regras europeias no que toca às migrações mas nenhum está isento de cumprir a Convenção de Genebra que, em 1951, inscreveu na lei os direitos dos refugiados. A Dinamarca continua sob jurisdição do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

“Se uma pessoa quiser pedir asilo na Dinamarca, essa pessoa sabe que irá ser enviada para um país fora da Europa e com isso esperamos que os interessados deixem de ver a Dinamarca como um país onde queiram pedir asilo”, disse à televisão DR, citado pela agência Reuters, Rasmus Stoklund, porta-voz para a integração e imigração do partido Social Democrata, atualmente no poder.

É impossível ser mais claro – e esta não é sequer uma posição nova no partido pelo que poucos entre os sociais-democratas veem alguma razão para esconder as suas ideias. A primeira-ministra, Mette Frederiksen, repete com alguma regularidade, em entrevistas e intervenções no parlamento, que a visão com a qual concorreu continua igual: “zero requerentes de asilo”. Ainda segundo Stoklund, mais de 50% dos pedidos de asilo chegam de pessoas que não têm caso para asilo, apenas procuram uma vida melhor. “Eu tenho toda a simpatia por isso, entendo perfeitamente, mas isso não chega para conseguir residência na Dinamarca”.

A Geoestratégia do Cruzeiro do Sul argentina

# Publicado em português do Brasil

Eduardo Vior* | Dossier Sul*

A geopolítica é um conjunto de métodos e técnicas para estudar a distribuição de poder no espaço; a geoestratégia, por sua vez, é o tipo de estratégia que se implementa para realizar essa distribuição. Como campos disciplinares das ciências sociais, ambos lidam com a relação das coletividades humanas com o território. Conseqüentemente, embora atuem dentro de determinações espaciais e, portanto, difíceis de modificar, eles podem operar no tempo e arbitrar tanto a análise quanto a intervenção estratégica em sintonia com as reconfigurações dos territórios ao longo de anos e décadas.

Ambos os campos de estudo e planejamento devem levar em conta as determinações estruturais dadas pelo território, a economia, hábitos e costumes, ideologias e o contexto regional e global, a conjuntura e a vontade dos atores. Este último, por sua vez, é o sistema energético que serve para a preservação e reprodução da vida organizada de acordo com os fins. Os valores e normas que organizam a vida em comum e os símbolos que permitem a identificação dos seres humanos com sua comunidade de filiação juntos constituem a moralidade de um povo, que se expressa quase sempre em sua imagem nacional.

Na medida em que a moralidade de um povo é um componente essencial de sua vontade de poder, sua desmoralização é um instrumento central de qualquer estratégia de subjugação. Um povo desmoralizado é um território vazio sem história. É por isso que a ativação da consciência nacional e popular é crucial para o exercício territorial da soberania e para a memória coletiva que forma sua identidade.

Bolsonaro alterou arquivo sobre mortes pela COVID-19

Auditor do TCU diz que Bolsonaro alterou arquivo sobre mortes pela COVID-19 e divulgou como oficial

# Publicado em português do Brasil

CPI da Covid: Alexandre Silva Marques contou em depoimento, nesta terça-feira (17), que documento preliminar para discutir sobre número de mortos pela COVID-19 no Brasil foi divulgado de forma alterada pelo presidente.

O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Alexandre Silva Marques, confirmou que preparou um documento na intenção de propor discussão sobre suspeita de supernotificação de mortes pela COVID-19 no país. O arquivo teria sido enviado para Bolsonaro pelo aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, que segundo o auditor, divulgou o arquivo preliminar como se fosse oficial.

De acordo com o depoimento nesta terça-feira (17) no plenário da CPI, na divulgação também houve alterações do conteúdo apontando para um "estudo oficial", sendo que Marques teria deixado claro se tratar de um documento preliminar sem nenhum embasamento. O material feito por Marques sugeria que cerca de metade das mortes registradas como consequência da infecção no ano passado poderia ser por outras causas.

O assunto foi descartado dentro do TCU porque foi constatado ser "impossível haver um conluio" para superestimar os dados. Marques explicou que "apenas havia compilado algumas informações públicas para provocar um debate junto à equipe de auditoria" e acrescentou que "não era um papel de trabalho, uma instrução processual, um documento oficial do TCU, nada do tipo".

O pai do auditor, o coronel da reserva Ricardo Marques, teria sido a pessoa responsável por enviar o Whatsapp com o arquivo preliminar para o celular do presidente no dia anterior à divulgação do documento alterado. Marques revelou que seu pai "mantém contato" com o presidente da República, pois foi indicado por Bolsonaro para uma gerência na Petrobras.

Em 7 de junho deste ano, Bolsonaro divulgou o material editado na tentativa de argumentar para um excesso de mortes registradas em decorrência da pandemia com o nome do TCU como "fonte". No entanto, um estudo da Fiocruz aponta que as mortes foram na realidade subnotificadas no Brasil.

Bloqueio EUA deixa venezuelanos doentes, incluindo crianças

Bloqueio dos EUA deixa venezuelanos com doenças crônicas incluindo crianças sem tratamento

# Publicado em português do Brasil

Sputnik – Até pouco mais de dois anos atrás, a Fundação Simón Bolívar, dependente da embargada Citgo, cobria as despesas com transplantes e tratamentos de alto custo para pacientes de baixa renda.

As sanções impostas pelos Estados Unidos à petroleira estatal venezuelana PDVSA e o embargo Citgo afetaram dezenas de venezuelanos com doenças crônicas, fazendo com que fossem suspensos os programas sociais de que se beneficiavam.

A Fundação Simón Bolívar, braço social da Citgo, que cobria os custos de transplantes e tratamentos de alto custo para pacientes de baixa renda paralisou os atendimentos por conta da aplicação de sanções.

A Fundalatin, ONG de promoção e defesa dos direitos humanos, afirma ter conseguido documentar 195 casos de pacientes cujos tratamentos médicos foram suspensos por “medidas ilegais” dos EUA e alerta que a vida dessas pessoas está em perigo devido à falta de meios necessários para continuar a terapia.

Peru, um país rico cheio de pobres

# Publicado em português do Brasil

Pedro Castillo terá de enfrentar grandes desafios desde o início do seu mandato para conseguir conduzir seu programa de governo, uma vez que o parlamento peruano é controlado por uma maioria de extrema-direita e neoliberal estreitamente conectada com Washington, que fará de tudo para impedir qualquer iniciativa política que beneficie o povo

Hedelberto López Blanch* | CartaMaior

Já se notabilizam os primeiros ataques contra várias personalidades nomeadas para integrar o gabinete ministerial e que apoiaram o governo Castillo, como no caso de Verónika Mendoza, Roger Najar ou Guido Bellido. A oposição em conjunto com toda a imprensa tem constantemente confrontado os apoiadores do novo presidente.

Apesar da virulenta e agressiva campanha empreendida pela direita peruana, que domina empresas, comércios, latifúndios, bancos e meios de comunicação, Castillo, candidato da esquerda, conseguiu alcançar a presidência da nação andina depois de 42 dias após a conclusão do segundo turno das eleições.

Foram longos e tensos dias de espera em que o povo montou uma vigília permanente enquanto a candidata da extrema-direita, Keiko Fujimori, derrotada e que recorre de uma condenação de 30 anos de prisão por corrupção, colocava vários obstáculos na tentativa de interferir na transparência das apurações do pleito.

Os EUA e o RU apoiam os direitos humanos de alguns...

Os EUA e o Reino Unido apoiam os direitos humanos de alguns, mas não de outros

# Publicado em português do Brasil

Brian Cloughley* | Strategic Culture Foundation17 de agosto de 2021

Quando os direitos humanos são levados ao conhecimento das autoridades em Washington e Londres, o que importa é o dinheiro e a “parceria” militar. Não pessoas.

No mês passado, o presidente Biden anunciou mais sanções contra Cuba, dizendo que eram "apenas o começo" de uma ação contra as autoridades responsáveis ​​pela repressão aos protestos que foram causados ​​em grande parte pela insatisfação do povo cubano porque seu padrão de vida foi reduzido a o lamentável - em grande parte pelas sanções dos EUA. Biden declarou ainda “Condeno inequivocamente as detenções em massa e os julgamentos falsos que condenam injustamente à prisão aqueles que ousaram falar em um esforço para intimidar e ameaçar o povo cubano ao silêncio”. Esta pode de fato ser uma imagem verdadeira, e o presidente dos Estados Unidos pode ser genuíno em sua indignação. Mas parece que Biden é seletivo ao lançar sanções contra nações cujos governos podem ser categorizados como violadores dos direitos humanos.

O Relatório Mundial de 2021 da Human Rights Watch afirma categórica e inegavelmente que os egípcios continuam “a viver sob as duras garras autoritárias do governo do presidente Abdel Fattah al-Sisi. Dezenas de milhares de críticos do governo, incluindo jornalistas e defensores dos direitos humanos, continuam presos por acusações de motivação política, muitos deles em prisão preventiva prolongada ”. No entanto, conforme relatado pela CNN (por exemplo), a administração de Washington concordou em vender mísseis ao Egito a um custo de US $ 197 milhões porque, como o Departamento de Estado relatou em um comunicado à imprensa, as armas e todo o equipamento e treino associados “apoiarão a política externa e a segurança nacional dos Estados Unidos, ajudando a melhorar a segurança de um importante país não aliado da OTAN que continua a ser um importante parceiro estratégico no Médio Oriente. ” (O ditador al-Sisi chegou ao poder como presidente após o golpe militar que organizou quando era chefe das Forças Armadas em 2013.)

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