domingo, 3 de outubro de 2021

Covid19: Reino Unido pode não ter superado o pior -- cientistas

O Reino Unido pode não ter superado o pior, alertam os cientistas, já que o número de casos da Covid continua alto

# Publicado em português do Brasil

Robin McKie | The Guardian

O programa de inoculação deve ser intensificado antes do início do inverno

A Grã-Bretanha está entrando no inverno com o número de casos Covid permanecendo em um nível preocupantemente alto. Ao mesmo tempo, o programa de vacinação do país parece ter parado.

Essa é a visão sombria dos principais epidemiologistas que alertaram que os piores efeitos da pandemia podem ainda não ter acabado para o Reino Unido. À medida que o clima fica mais frio, mais e mais pessoas tendem a se socializar em restaurantes, bares e cinemas, em vez de em parques ou jardins, resultando em um aumento nas taxas de transmissão de Covid-19.

Ao mesmo tempo, os funcionários estão sendo incentivados a retornar aos seus locais de trabalho, o que também aumentará as infecções. No momento, novos casos de Covid estão sendo relatados a uma taxa de cerca de 35.000 por dia - embora o programa de vacinação da Grã-Bretanha tenha mantido as hospitalizações abaixo do nível de 7.000, com menos de 200 mortes ocorrendo todos os dias. Esses números permaneceram bastante estáveis ​​nas últimas semanas.

Directiva Guerini: A Itália cada vez mais armada

Manlio Dinucci*

A exposição comercial militar Sea Future 2021, que teá lugar na base naval de La Spezia, corresponde à política do governo italiano, tal como foi declarada pelo Ministro da Defesa. Contrariamente à Constituição, Roma está a equipar-se com uma indústria militar, não para se defender, mas para sobreviver.

Hoje em La Spezia, o Ministro da Defesa, Lorenzo Guerini, inaugura o SeaFuture 2021 (il manifesto, 24 de Setembro), a exposição naval militar patrocinada pelas principais indústrias de guerra. Na vanguarda, a Fincantieri ("patrocinador estratégico"), a Leonardo ("patrocinador de platina") e a MBDA (uma ‘jont-venture’ europeia na qual Leonardo tem uma participação de 25%), que participa como "patrocinadora de ouro". O "Futuro" já está traçado na "Directiva para a Política Industrial de Defesa", emitida por Guerini em 29 de Julho: a Itália deve "dispor de um Equipamento militar capaz de exteriorizar as capacidades militares avançadas de que o país necessita para proteger os seus interesses nacionais", o que assegura "a sua adesão ao círculo dos países tecnológica e economicamente avançados". A Directiva, ao derrubar o Artigo 11 e outros princípios constitucionais com o consentimento silencioso do Parlamento, estabelece que a Itália deve armar-se cada vez mais. Ao mesmo tempo, afirma que a Itália deve manter e reforçar "a sua relação estratégica com os Estados Unidos, para assegurar o seu envolvimento na inovação tecnológica, que encontra uma das suas principais incubadoras nos EUA, para favorecer o acesso das empresas italianas ao mercado americano e para melhor posicionar a Itália no contexto europeu".

A linha traçada pela Directiva já está operacional há algum tempo. Basta recordar: o embarque no porta-aviões Cavour - o navio almirante da Marinha - dos caças americanos F-35B de descolagem curta e aterragem vertical, para o qual o navio foi adaptado em Norfolk, na Virgínia; a decisão de armar submarinos e fragatas italianas com mísseis de cruzeiro com um alcance de, pelo menos, 1.000 km; a decisão de armar os drones Reaper, que a Itália comprou aos EUA. Estes e outros armamentos, com os quais as nossas forças armadas estão equipadas, não são para defesa mas para ataque. O Cavour, armado com F-35B, torna-se numa base militar avançada que, instalada em teatros de guerra distantes, pode atacar e invadir um país; os submarinos e as fragatas podem atingir um país a grande distância com mísseis de cruzeiro que, voando a muito baixa altitude sobre o mar e ao longo dos contornos do terreno, escapam às defesas antiaéreas; os drones Reaper, pilotados remotamente a milhares de quilómetros de distância, podem atingir "alvos" humanos com mísseis ‘Fogo Infernal’ e bombas a laser ou guiadas por satélite. A Itália está assim, a armar-se para participar noutras guerras, sob comando USA/NATO.

Portugal | Sobre os equívocos, a ética e a legalidade

AbrilAbril | editorial

O chamado «acordo de cavalheiros» promovido entre órgãos de soberania e chefias militares e destituído de legalidade, beneficia o infractor na escolha do novo CEMA que, afinal, antes de ser já o é!

O processo de exoneração do almirante Mendes Calado do cargo de Chefe do Es­tado Maior da Ar­mada (CEMA) foi publicamente interrompido pelo Presidente da República, que alegou a existência de equívocos, entretanto esclarecidos, segundo o lacónico comunicado publicado na página da Presidência.

Na intervenção pública da passada terça-feira, o Comandante Supremo das Forças Armadas deixou entender a existência de um acordo envolvendo a Presidência da República, o Governo e o CEMA, quanto à data de abandono de funções do almirante Mendes Calado e sobre quem o substituirá.

Trata-se de uma situação que não só configura um atropelo à transparência que deveria presidir a estes processos de nomeação como também suscita dúvidas quanto à sua legalidade. Isto é, no mesmo momento em que se fica a saber que o CEMA abdicará oportunamente das suas funções, é também conhecido o nome do seu sucessor, num processo à margem da Lei de Bases da Organização das Forças Armadas que, no seu artigo 19.º, sobre a nomeação dos Chefes de Estado-Maior dos ramos, determina:

Portugal | A Belize está no exterior

Cátia Domingues* | Diário de Notícias | opinião

Mais um caso de um blogger português num país paradisíaco. Estou a falar de João Oliveira Rendeiro, autor do "Arma Crítica" e um condenado a 19 anos por crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais.

No dia em que soube que tinha sido condenado pela terceira vez, o Pilantra Mais Doce fez um post, mesmo ao lado do anúncio do evento de lançamento do seu livro intitulado "A defesa da honra", onde revela "Não tenciono regressar. É uma opção difícil, tomada após profunda reflexão". Só faltou rematar com uns hashtags #ByeBitches #Fui #PilotoDoJactoPrivadoNoComando.

Todos nós imaginamos a reflexão do ex-banqueiro e presidente-executivo do Banco Privado Português. Vou para a Prisão da Carregueira e dormir numa cela ao lado do Naifas, trocar cartões telefónicos por cigarros e comer todos os dias pratos como "talvez seja carne" ou "nunca vi comida com tantos tons de cinzento" OU ir para uma praia das Caraíbas empanturrar-me em tacos al pastor enquanto passo o dia a apanhar conchas do mar com o meu novo amigo Nestor, um canadiano que anda pelo Mundo com uma mochila às costa depois de, em 1982, ter fumado aquela a mais e que nunca mais voltou ao que era. É o preferias mais difícil da história: preferias ver o sol aos quadradinhos ou ver o sol numa praia paradisíaca? Preferias tomar duche com centenas de homens no mesmo polibã ou que o único cock da tua vida fossem os de cocktails à discrição? São decisões difíceis para uma pessoa normal.

Portugal | Polícia acusado de espancar em carro de patrulha

Três crimes de ofensas à integridade física, três de sequestro e um de abuso de poder. São estes os crimes que o Ministério Público (MP) imputa ao agente da PSP, Carlos Canha, de 46 anos, por ter agredido Cláudia Simões, em janeiro do ano passado, numa paragem de autocarro, na Amadora, onde o caso foi filmado por transeuntes. Outros dois agentes irão responder por abuso de poder.

De acordo com a acusação, Canha estava fora de serviço, junto de um café, quando foi abordado pelo motorista do autocarro da Vimeca. Este alegou ter sido ameaçado por uma passageira e o PSP foi ter com a mulher. Era Cláudia Simões, acompanhada de um sobrinho e da filha que se tinha esquecido do título de transporte.

"É a senhora que anda a fazer distúrbios na camioneta a mandar agredir o motorista?", questionou o polícia. Cláudia respondeu que nada tinha feito, até porque estava ao telefone com um familiar. Também disse ao PSP que este "não podia estar a falar com ela naqueles termos porque ele não se encontrava de serviço e ainda que não tinha feito nada que justificasse a sua identificação", diz a acusação.

O polícia retorquiu que a mulher tinha que o acompanhar e Cláudia recusou. Nisto, Canha retirou o casaco à civil que vestia, mostrando uma camisa que o identificava como agente. Segundo o MP, disse à mulher que, "a partir de agora", já estava de serviço e que levaria Cláudia para a esquadra. Mandou-a encostar-se no abrigo da paragem de autocarro.

A mulher voltou a recusar e foi logo agarrada pelo polícia, que a imobilizou com técnicas policiais. Ambos caíram ao chão. Enquanto tentava algemá-la, o PSP também puxou o cabelo da mulher, arrancando-lhe cabelos. Para se libertar, Cláudia mordia o arguido.

"PRETA, MACACA"

Entretanto, chegaram dois outros polícias e a mulher foi colocada no carro de patrulha. É aí que, garante o MP, foi agredida a soco e a pontapé por Canha. "No trajeto de cerca de três quilómetros" o arguido terá dito: "Agora é que te vou mostrar, sua puta, sua preta do caralho, seu caralho, sua macaca". Enquanto, agredia-a. Por nada terem feito para impedir a agressão, os dois outros polícias foram acusados de abuso de poder.

Na esquadra, duas outras pessoas, testemunhas dos acontecimentos, também terão sido agredidas pelo PSP. Cláudia acabaria por ter de receber tratamento hospitalar.

Alexandre Panda | Jornal de Notícias

Portugal | Mais 7 mortes e 449 infetados nas últimas 24 horas

Boletim epidemiológico deste domingo já foi divulgado

Portugal registou, no último dia, 449 infetados com o novo coronavírus e 7 mortes relacionadas com a doença, de acordo com o mais recente boletim epidemiológico publicado este domingo pela Direção-Geral de Saúde (DGS). 

Desde o início da pandemia, o país totaliza 17.993 vítimas mortais e 1.071.114 casos confirmados. 

Relativamente a ontem, há uma variação de 0,04% no número de mortos e também no número de casos de SARS-CoV-2. 

O número de internamentos em enfermaria subiu nas últimas 24 horas para um total de 342 internados (mais cinco), havendo também mais quatro doentes em Unidades de Cuidados Intensivos (69 no total).

O relatório das autoridades de saúde indica que há mais 110 casos ativos, e mais 332 casos de recuperação da doença.

As sete mortes ocorreram nas regiões Norte (2), Centro (1), Lisboa  e Vale do Tejo (3), e Algarve (1). Quanto à dispersão dos novos casos, 181 foram registados em LVT, 135 no Norte, 62 no Centro, 21 no Alentejo e 19 no Algarve. Nas regiões autónomas, os Açores reportaram 16 novos contágios e a Madeira 15. 

A covid-19 provocou pelo menos 4.793.613 mortes em todo o mundo, entre mais de 234 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Notícias ao Minuto

Alemanha fraturada após 30 anos da queda do muro de Berlim

Mais de três décadas desde a reunificação, a Alemanha ainda está fraturada

# Publicado em português do Brasil 

Entrevista com, Steffen Mau (na foto), em Jacobin

Em 3 de outubro de 1990, ocorreu a reunificação da Alemanha. Porém, mais de 30 anos depois, as desigualdades são mais profundas do que nunca - e os orientais estão irritados com as promessas que não foram cumpridas.

Entre o trigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim em novembro de 2019 e o aniversário da reunificação alemã em outubro passado, o mercado de livros em língua alemã foi recebido com uma enxurrada de títulos que pretendiam reexaminar a relação histórica entre a Alemanha Oriental e Ocidental e avaliar os orientais 'status pós-reunificação.

Um dos mais notáveis ​​foi Lütten Klein: Leben in der ostdeutschen Transformationsgesellschaft, do sociólogo Steffen Mau. Baseando-se em uma ampla gama de fontes, bem como em sua própria experiência crescendo em Lütten Klein - um distrito modelo da cidade portuária de Rostock - o livro de Mau traça a ascensão da República Democrática Alemã (RDA) e a sociedade que ela nutriu desde sua fundação no final dos anos 1940 ao seu colapso. Ele explora as complexidades da relação entre a população e o Partido da Unidade Socialista (SED), identifica os grupos sociais e estruturas que se consolidaram ao longo das décadas e explora os ritmos de vida nas cidades em rápido crescimento da Alemanha Oriental.

Depois de esboçar a estrutura social da Alemanha Oriental pré-1989, Mau mostra como os traumas da reunificação - colapso do sistema político e da esfera pública, privatização generalizada da economia, desemprego em massa e emigração - impactaram diferentes setores da população. Ele pinta uma região marcada por “fraturas sociais” gritantes entre um punhado de cidades em expansão e vastas zonas rurais abandonadas ao declínio e despovoamento. Essa frustração entre os alemães orientais , agravada pela desconfiança das elites herdadas da RDA, acabou criando as condições nas quais o populismo de direita pode florescer .

Steffen Mau (SM) conversou com Loren Balhorn (a negrito) de Jacobin sobre que tipo de sociedade a Alemanha Oriental realmente era, o que a reunificação significava para seus cidadãos e por que os apelos por "psicoterapia intra-alemã" não seriam suficientes para curar as feridas do país.

Míssil NMESIS foi testado com sucesso pelos EUA no Pacífico

Fuzileiros navais dos EUA estão trazendo um assassino de navios para o Pacífico

# Publicado em português do Brasil

O míssil NMESIS foi testado com sucesso em um alvo offshore em Barking Sands, Havaí, em agosto.

DAVE MAKICHUK | Asia Times

“Como você vai manter a marinha chinesa engarrafada dentro, se não a primeira, a segunda cadeia de ilhas?” diz John Ferrari, um ex-general duas estrelas do Exército e agora membro do American Enterprise Institute.

Uma tarefa difícil, com certeza, mas o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos - cujo slogan é “Improvise, Adapte e Supere” - teve uma ideia.

E é uma ideia que não custará aos contribuintes dos EUA uma fortuna sangrenta, porque usa os sistemas de armas existentes.

Chama-se NMESIS e aparentemente evoluiu de uma ideia simples no Pentágono para uma arma funcional nas costas do Havaí em aproximadamente dois anos, relatou a Breaking Defense .

Para os militares americanos de hoje, acredite em mim, isso é rápido.

Mas o que exatamente é o Sistema de Interdição de Navios Expedicionários da Marinha / Fuzileiros Navais (NMESIS)? Por que o Corpo de Fuzileiros Navais está tão empenhado em implantá-lo para fuzileiros navais no campo rapidamente? E, como perguntou um analista, como isso se encaixa em uma estratégia militar mais ampla?

Bem, para começar, tudo faz parte do “pivô para o Pacífico” das forças americanas, diz Ferrari.

O gigante navio do Estado está lentamente se voltando contra o que considera seu maior inimigo, a China, e essa força - Exército, Marinha, Fuzileiros Navais e Força Aérea, para citar alguns - é imponente.

Em segundo lugar, em agosto, a Força conseguiu demonstrar o NMESIS - seu novo míssil anti-navio baseado em terra - durante o Exercício de Grande Escala da Marinha na costa da adorável ilha ajardinada de Kauai, no Havaí.

Considerado uma das principais prioridades de modernização e parte integrante dos  esforços do comandante no  Force Design 2030 , os fuzileiros navais dispararam duas vezes e atingiram uma embarcação desativada, bem como praticaram o carregamento e descarregamento de NMESIS a bordo de uma aeronave C-130, de acordo com Joe McPherson, gerente de programa do Corpo de Fuzileiros Navais Comando de sistemas.

De acordo com os princípios da Force Design 2030, a nova prioridade é dissuadir a China e apoiar opções militares viáveis ​​nos estágios iniciais de qualquer conflito com o PLA.

O novo Corpo de Fuzileiros Navais também cortou tanques, algumas formações de artilharia tradicionais, batalhões de aplicação da lei, veículos blindados anfíbios, recursos de engenharia, esquadrões de helicópteros e redesenha o batalhão de infantaria para liberar US $ 12 bilhões para modernização para enfrentar a ameaça de ritmo e recursos para treinamento .

“Esta semana foi muito bem-sucedida”, disse McPherson. “Além dos dois tiros ao vivo que atingiram o alvo, também implantamos com sucesso o sistema a bordo dos sistemas de transporte primário do Corpo de Fuzileiros Navais, o C130 e o LCAC (Landing Craft Air Cushion).”

Em sua essência, o NMESIS é uma combinação de vários recursos comprovados (vantajosa quando chega o momento do orçamento no Congresso), um dos principais motivos pelos quais o serviço conseguiu colocá-lo online tão rapidamente.

A emissão de novos direitos especiais de saque pelo FMI

Prabhat Patnaik [*]

O Fundo Monetário Internacional anunciou uma nova emissão de 650 mil milhões de dólares de Direitos Especiais de Saque (DESs) em Agosto, que seria distribuída entre os países membros na proporção das suas respectivas quotas. Este montante é inferior ao que muitos tinham exigido, que era um milhão de milhões (trillion) de dólares, mas representa um pequeno alívio temporário para os países altamente endividados do terceiro mundo.

Quase tudo irá para os bolsos das instituições financeiras privadas que são credoras dos países altamente endividados do terceiro mundo, mas dentro do sistema tal como ele existe representa um alívio para estes países. A magreza do alívio resulta, contudo, do facto de a distribuição dos DES estar de acordo com as quotas, o que significa que a maior parte vai para os países avançados, e apenas uma pequena quantidade para o terceiro mundo. Dos 190 países membros do FMI, 55 países ricos receberão 375 mil milhões de dólares ao passo que 135 países relativamente mais pobres receberão apenas 275 mil milhões de dólares. E destes últimos, 29 países de "baixo rendimento" receberão apenas 27 mil milhões de dólares, ainda que, segundo os cálculos do próprio FMI, estes países necessitem de 450 mil milhões de dólares de recursos externos durante os próximos cinco anos.

Tem havido sugestões de que os países ricos deveriam dar a sua parte de DES aos países mais pobres. Eles não precisam destes recursos e podem pedir emprestado facilmente se necessário; além disso, a força das suas moedas impede-os de entrarem em armadilhas de dívida externa. Os países ricos, contudo, insistem que lhes sejam pagos juros por o fazerem, mesmo que os próprios DES, não sendo um empréstimo mas apenas um acréscimo às reservas de divisas, não tenham quaisquer taxas de juro. O primeiro absurdo da questão dos DES surge, portanto, da própria estrutura do FMI: Os DES são distribuídos não de acordo com as necessidades, mas de acordo com a distribuição prevalecente do poder económico (que está subjacente às quotas). Aqueles que mais precisam dele recebem menos, enquanto aqueles que menos precisam dele recebem mais.

EUA – China | Sinal de amizade

David Chan* | Plataforma | opinião

Após a vitória de Biden, em 2020, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos negociou com a representação jurídica de Meng Wanzhou um Acordo de Acusação Diferida (DPA, na sigla inglesa), em troca de uma declaração de culpa para poder regressar à China. O acordo que Meng assinou implica acusações de distorção de informação fornecidas a instituições financeiras. Porém, Meng não foi considerada culpada pelo tribunal de Nova Iorque.  O veredito não agradou os senadores republicanos, nomeadamente Marco Rubio, que exigiu explicações ao Governo de Biden. Essa atitude só confirma a manipulação americana no caso de Meng Wanzhou – com objetivos claramente políticos. 

A decisão do Departamento de Justiça está intimamente ligada a Biden, assim como a libertação de Meng. O presidente norte-americano prova que este caso não deve continuar a afetar as relações sino-americanas. Ao analisar os diálogos recentes entre os dois países, conclui-se que a China não concorda com a estratégia de Biden na cooperação, exigindo que os EUA corrijam os seus erros primeiros, como a libertação de Meng, retificando a decisão incorreta de Trump.  

A 9 de setembro, na declaração publicada pela Casa Branca sobre o telefonema entre Biden e Xi Jinping, é revelado que a conversa cobriu tópicos de mútuo interesse, assim como áreas onde as opiniões divergem. Quando Meng foi extraditada para os EUA, a polémica era inevitável. Trump tratou Meng como refém nas negociações, mas Biden tem demonstrado empatia, rejeitando uma política externa que utilize humanos como moeda de troca.  

Xie Feng, vice-ministro das Relações Externas da China, durante uma reunião em Tianjin com a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, apresentou duas listas com 26 pontos onde incluía o caso de Meng Wanzhou. Para apagar o legado negativo do Governo anterior e promover o regresso à normalidade das relações diplomáticas entre os EUA e a China, a inclusão deste ponto não admira. Do outro lado, Xi Jinping prometeu que não irá financiar mais projetos de energia a carvão no estrangeiro. A declaração foi feita durante a videoconferência das Nações Unidas, e é uma resposta ao pedido de John Kerry, enviado especial dos EUA para as mudanças climáticas. O DPA é um sinal de que os EUA querem trabalhar em prol da amizade com a China.   

*Editor da edição chinesa do Plataforma

Este artigo está disponível em: 繁體中文

China: após vencer a pobreza, novo papel global

# Publicado em português do Brasil

Pequim assegurou vida digna a 850 milhões. Agora, avança na transição energética pós-fóssil e em novas relações multilaterais. Já é, de longe, quem mais participa de operações de paz. Torna-se, aos poucos, contraponto ao papel imperial dos EUA

Isis Maia, Luciana Papi e Diego Pautasso | Outras Palavras

A questão da pobreza e do desenvolvimento tem sido objeto de debate nas Organizações Internacionais (OI’s) formadas no pós-guerra. Passando por distintas orientações, que vão desde a tese do transbordamento do crescimento econômico para resolver o problema da pobreza, até a ideia do capital humano e da focalização nos anos de vigência do paradigma político liberal. Em função deste paradigma nas últimas duas décadas, a combinação de crises financeiras, instabilidade política e agudização da pobreza tem forjado adaptações na agenda das OI’s.

Nesse contexto que se insere a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). No documento, os membros reconhecem “a erradicação da pobreza” como prioritária, sendo que todas as suas formas e dimensões deveriam ser combatidas. A partir de então, a agenda tem sido orientadora das ações de combate à pobreza em um número expressivo de países, sustentado no reconhecimento da importância do retorno do papel do Estado e do planejamento para a sua implementação.

60 milhões | Fome nos EUA atingiu níveis chocantes

Quer mudar?  Com 60 milhões de americanos passando fome, os EUA precisam fazer paz, não guerra

# Publicado em português do Brasil

Strategic Culture Foundation | editorial

Os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de manter uma economia de guerra. Essa economia hipermilitarizada está incitando tensões perigosas entre as potências nucleares, bem como erodindo os próprios fundamentos materiais da sociedade americana.

A fome de alimentos nos Estados Unidos atingiu níveis chocantes, com novos números mostrando que cerca de 60 milhões de americanos precisam de ajuda de caridade. Isso é quase 20 por cento da população total.

O aumento da pobreza alimentar nos EUA foi exacerbado pela pandemia Covid-19, à medida que milhões de trabalhadores são despedidos. No outro extremo, um punhado de bilionários nunca tiveram tão bom com sua riqueza agregada estimada para ter aumentado por quase US $ 2 trilhões de durante a pandemia.

Enquanto isso, a dívida nacional continua a subir, ultrapassando US $ 28 trilhões, o que é muito mais do que toda a produção econômica dos Estados Unidos. Ao longo do século passado, calcula-se que a dívida federal dos Estados Unidos passou de 16% do PIB em 1929, na época do crash de Wall Street e da Grande Depressão, para o nível atual de 130%.

Esta semana, enquanto o Congresso remendava uma “resolução contínua” para evitar uma paralisação do governo, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, advertiu que o país está em perigo de um “calote catastrófico” em sua dívida crescente. Esta seria a primeira vez que os EUA deixariam de pagar suas dívidas, com repercussões de longo alcance para sua economia doméstica, bem como para a economia global.

Mais lidas da semana