A Rússia alertou, esta sexta-feira (14), os Estados Unidos e a OTAN de que não irá aguardar indefinidamente por uma resposta às suas exigências de garantias de que a Aliança Atlântica não se expandirá na Europa do Leste.
"Estamos a aguardar uma resposta por escrito dos nossos colegas. Acreditamos que entendem a necessidade de fazê-lo imediatamente e por escrito. Não vamos esperar para sempre”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov.
O chefe da diplomacia russa disse acreditar que há, do Ocidente, um plano para
atrasar a resolução da situação.
Lavrov argumentou que, quando o Conselho OTAN-Rússia foi criado, negociaram-se
acordos políticos sobre códigos de conduta e comportamento no contexto das
Forças Armadas e de sistemas de armas, mas "ninguém falou em consultas com
a OSCE ou com a União Europeia (UE)”.
"Queremos ver a sua resposta por escrito, ponto por ponto, disposição por
disposição. Queremos que nos convençam que isso nos convém. Tudo por escrito,
por favor”, esclareceu Lavrov.
Contudo, vários altos funcionários de Moscovo - incluindo o vice-ministro russo e negociador-chefe com os Estados Unidos, Serguei Riabkov -, já alertaram para a eventualidade de uma resposta militar, se Washington e a OTAN nada fizerem.
"Como o Presidente russo, Vladimir Putin disse, isso dependerá do que os especialistas militares recomendarem”, avisou Lavrov.
"Se as nossas propostas forem rejeitadas, se isso acontecer, avaliaremos a
situação, informaremos o Presidente. Durante a sua conferência de imprensa anual,
em Dezembro, disse que, nesse caso, todos os factores seriam levados em
consideração, incluindo a nossa segurança”, explicou o chefe da diplomacia
russa.
Questionado sobre se a Rússia fortalecerá a sua presença militar fora das
fronteiras, caso as suas exigências de garantias de segurança não sejam
atendidas, Lavrov limitou-se a responder que a Rússia tem "extensos laços
militares com parceiros e aliados e presença em várias regiões do mundo”.
Na quinta-feira, Riabkov já tinha dito que a Rússia não descartava a
possibilidade de reforçar a presença militar em Cuba e na Venezuela.
Lavrov acusou ainda a OTAN de "tentativas de expansão artificial”, ao
tentar atrair não apenas a Ucrânia, mas também países escandinavos que não são
membros da Aliança Atlântica.
Posição americana
As negociações diplomáticas com a OTAN não estão a ter qualquer avanço. A
Rússia não cede e mantém presença militar na fronteira com a Ucrânia. Os EUA
dizem-se preparados para agir se a Rússia invadir a Ucrânia.
Foi o segundo encontro em Viena, na Áustria, mas foi o terceiro encontro no
total para discutir o conflito Ucrânia-Rússia. A OTAN e os países-membros
tentam mediar os avanços militares russos na fronteira com a Ucrânia. A Rússia
quer garantir que o país vizinho não entre na Aliança Atlântica e ganhe apoio
de vários países, como por exemplo os EUA, que acreditam que a Rússia está a
planear uma invasão à Ucrânia.
Jake Sullivan, Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, admitiu numa
conferência de imprensa que os EUA estão "preparados para continuar com a
diplomacia” sobre a estabilidade no euro-atlântico, mas que estão
"igualmente preparados” se a Rússia escolher um caminho diferente.
A Rússia parece preferir um caminho diferente. O vice-ministro dos Negócios
Estrangeiros da Rússia continua a não descartar a possibilidade de enviar
recursos militares para Cuba e para a Venezuela caso a OTAN não pare com as
actividades militares de defesa à Ucrânia.
A Rússia insiste na mensagem de querer negociar. Uma negociação que para alguns
especialistas não existe, como acredita Jamie Shea.
Em entrevista à "Euronews”, o antigo vice-secretário-geral adjunto da OTAN
diz que tudo depende da Rússia. "A bola está no lado de Putin”, diz Shea.
Putin está, de acordo com Shea, a "maximizar exigências inaceitáveis para
não encontrar nenhuma solução” e para usar o fracasso das negociações como
pretexto para invadir a Ucrânia”, acusa Shea.
A Lituânia, que também faz fronteira com a Rússia, fala da maior ameaça de
conflito desde a Segunda Guerra Mundial e já prepara vários cenários, incluindo
o de confronto militar directo
Imagem: . Governo russo acredita que há um plano do Ocidente para atrasar a solução da situação © Fotografia por: DR
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