segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Portugal | O LOGRO DO “VOTO ÚTIL”

Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião

Nos últimos dias, e isso vai agravar-se até à data das eleições, temos sido massacrados com o "relato futebolístico" do processo eleitoral.

Suportados em sondagens eleitorais que se atropelam, com resultados para todos os gostos, os órgãos de Comunicação Social procuram-nos fazer crer que o mais importante é quem ganha e quem fica em terceiro lugar. Esquecendo que quem ganha não tem acesso direto à Liga dos Campeões (leia-se ao cargo de primeiro-ministro), nem quem fica em terceiro lugar tem acesso à Liga Europa (leia-se ao Governo).

Esta estratégia comunicacional só beneficia o poderoso bloco central de interesses (PS ou PSD sozinhos ou juntos), procurando fazer-nos esquecer o que todos aprendemos em 2015: não é a força política que tem mais votos nas eleições que, por isso, ganha o direito a indicar o primeiro-ministro. É que as eleições servem para eleger a Assembleia da República, ou seja, os 230 deputados que a constituem. E que serão estes, de acordo com a correlação de forças final, a definir quem vai, ou não, para o Governo.

Este facto deita por terra a questão do chamado "voto útil" no PS ou no PSD, que tem perpetuado estes partidos nos governos. Em particular, os eleitores de Esquerda que pensam votar no PS para este ficar à frente do PSD, ganham alguma coisa com isso? Sabendo-se que não haverá maioria absoluta de ninguém, um voto nas forças à Esquerda do PS possibilitará políticas de Esquerda (CDU, em particular, já afirmou estar disponível para convergir em torno destas políticas). Um voto no PS não sabemos para que servirá, face à intransigência de Costa à Esquerda e à disponibilidade de Rio para o amparar......

*Engenheiro

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