A IIIª GUERRA MUNDIAL NÃO DECLARADA INTENSIFICA-SE
Martinho Júnior, Luanda
A CONTRADIÇÃO PRINCIPAL ENTRE O CAMPO DO “HEGEMON” UNIPOLAR DE CULTURA ANGLO-SAXÓNICA E O CAMPO DAS EMERGÊNCIAS CULTORAS DE MULTILATERALIDADE, GERA UMA CONSTELAÇÃO DE CONTRADITÓRIOS, ENCADEADOS E CORRELACIONADOS.
Este é um momento singular que se vai distender ao longo da primeira metade do século XXI: à bárbara tese feudal do “hegemon” unipolar, responde a civilização possível com a emergência multilateral ávida de paz, pelo que se está longe dum horizonte sinónimo da síntese, a tão desejada síntese conforme à vida e a uma racional estabilidade global!
Deste modo, com a síntese numa incógnita essencial carregada de horizontes que são autênticos pré-avisos de tempestades abissais, o vulcão global entrou numa primeira erupção e por todo o planeta azul irrompem sequelas telúricas!
É todo o planeta que estremece no momento em que a humanidade está refém!
Entre as sequelas telúricas, o campo de manobra europeu é por ora a escapatória principal da lava e por isso quer a União Europeia, quer a Organização do Tratado do Atlântico Norte, NATO, quer todo o arsenal de instituições e organizações associadas, estão a sofrer telúricas tensões e inusitadas pressões.
A própria Igreja Católica Apostólica Romana evidencia muitas dessas sequelas, como aliás todas as milenares e seculares instituições europeias: entre a linha fundamentalista vinculada através do Banco do Vaticano à indústria do armamento que integra a capacidade da NATO (“Le Cercle”) e a vocação da teologia da libertação que integra as perspectivas de luta contra o subdesenvolvimento particularmente na América Latina, há uma miríade de correntes minadas por intestinos contraditórios, expondo uma cada vez mais diarreica crise de identidade, de ética e de moral, sem precedentes!
As oligarquias europeias, ainda que formatadas pelo “hegemon” unipolar por via dos artificiosos processos que assumiram o rótulo da “democracia representativa”, por razões de sua sobrevivência tendem em romper com a toxidade da aristocracia financeira mundial transatlântica, uma tensão que em relação à Europa começou por provocar o “Brexit”!
Já nem as suas multinacionais, particularmente as multinacionais energéticas “ocidentais”, (o “ocidentalismo” é um posto para as oligarquias), se podem assumir no campo unipolar onde mingua a visão do lucro num momento em que o espectro da força militar se impõe, ganhando espaço, tempo e mentalidade à beira da ruptura!
Na ultraperiferia económica que constitui África, os expedientes neocoloniais inquietam-se e na zona crítica, o Sahel, a formatada “democracia representativa” está a tornar-se insustentável pelos limites de sobrevivência que impõe aos povos que sofrem ao sabor dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano de toda a humanidade, enquanto assistem ao saque das riquezas naturais, à injecção da jihad islâmica e à tácita submissão que advém da presença militar física do complexo AFRICOM/NATO.
No sul do continente, onde ainda não há manifesta jihad islâmica, franjas da igreja Católica Apostólica Romana assumem-se como fundamentalistas do “Le Cercle” e do seu espectro neocolonial.
Em Angola onde se avizinham as eleições, essas franjas estão mais próximas que nunca da Concordata de Salazar com a Santa Sé, do que do umbral marcante da Populorum Progressio, assumindo uma autêntica “Operação Madeira” em socorro de etno-nacionalismos de longevos sintomas coloniais, injectados como sensibilidades sociopolíticas no espectro da “democracia representativa” multipartidária formatada desde Bicesse em Angola, aproveitando o sangue venoso dos impactos neoliberais!
Os sintomas de incremento da intensidade das tensões sendo evidentes por todo o planeta, pressupõem a eminência dum choque sem precedentes: será que o vulcão global vai explodir?!
Martinho Júnior, 14 de Fevereiro de 2022
Imagem:
Vulcões causaram grande extinção que ocorreu há 252 milhões de anos – https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/04/vulcoes-causaram-grande-extincao-que-ocorreu-ha-252-milhoes-de-anos.html
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