segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Portugal | ÉTICA: PRECISA-SE!

Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião

Os portuenses, em setembro, decidiram penalizar o Movimento de Rui Moreira (RM), retirando-lhe a maioria absoluta na Câmara. Uma vereadora eleita nas listas do PS, na segunda reunião (!) camarária, anunciou a sua passagem a independente, por discordar das propostas do partido pelo qual tinha acabado de ser eleita.

Passados quatro meses, esta vereadora passa-se com armas e bagagens para o lado de RM, que a "recompensa" com a atribuição de um pelouro, passando assim a assegurar a maioria absoluta que, há cinco meses, a população do Porto decidiu não lhe revalidar. Até posso aceitar que as pessoas mudem de opinião, mas custa-me aceitar que o façam em tão pouco tempo e que essa "mudança" ocorra em simultâneo com uma contrapartida pessoal. Infelizmente, uma prática que tem caraterizado os mandatos de RM. Bem pode a senhora vereadora dizer que se sente honrada pelo convite, mas a verdade é que eticamente se desonrou. Tal como o PS que, pelos vistos, é pouco criterioso na escolha dos seus candidatos.

Em simultâneo, RM provoca a saída da Câmara de uma vereadora eleita nas suas listas, propondo-lhe a presidência da Administração da STCP. Um cargo providencial para garantir o almejado objetivo de permitir a entrada na Câmara de um ex-vereador não eleito por força da perda da maioria absoluta. A questão é que o último ato desta vereadora foi assinar uma proposta que transfere para a STCP um conjunto de competências que eram camarárias. O que, eticamente, também é reprovável....

Diziam, os "independentes", que queriam trazer para a política a ética que os partidos não tinham. Os factos desmentem-no. E, lamentavelmente, creio que isto não vai ficar por aqui...

* Engenheiro

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