Morte de detidos numa esquadra policial no município angolano de Cacuaco, em Luanda, continua a levantar dúvidas. Os números são contraditórios. Dados oficiais falam em três mortes, mas a comunidade local contabiliza 10.
Os factos ocorreram no dia 10 deste mês, no distrito urbano do Kicolo, município do Cacauco, em Luanda.
"Há informações que nos dão conta da morte de 10 detidos na esquadra 41, em Cacuaco, no distrito urbano do Kicolo e que segundo se pode apurar os mesmos teriam sido mortos por envenenamento", disse à DW África Fernando Sakwayela, responsável do projeto Agir, uma organização que trabalha com comunidades locais.
Mas o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional fala em apenas três mortes e a afirma que os detentos teriam sido vítimas de doença. O porta-voz da corporação na capital angolana, Nestor Goubel, diz que os detidos sentiram-se mal na esquadra, facto que motivou a sua evacuação para o hospital onde acabariam por falecer.
As investigações, acrescenta a polícia, estão em curso para se determinar as reais causas das mortes. "Em função desta ocorrência, foi aberto um inquérito e, nessa altura, decorrem deligências no sentido de junto do corpo clínico do referido hospital se determinar o que está na base da morte dos três elementos. Mais informações voltaremos a prestar tão logo sejam conhecidos os resultados da autópsia", disse Nestor Goubel.
Outro caso polémico
Mas este não é o único caso que
está a gerar polémica
Nestor Goubel explica que, Kabila Alberto, conhecido por "Magrelo", de 34 anos, foi agredido e levado sob custódia da população depois de ter alegadamente subtraido uma ficha do Angofoot.
"Na sequência, no dia seguinte, porque permaneceu sob custódia na esquadra, no dia seguinte por não haver participante, então decidiu-se chamar a família para levar ao hospital para assistirem o jovem", explica.
No hospital do Kapanga, onde passou a noite, o jovem foi mandado para casa, onde acabaria por não resistir e acabou por falecer nesta quarta-feira (16.03).
Fernando Sakwayela protesta. "É uma situação preocupante, na medida em que as cadeias, enquanto centro de reabilitação psico-emocional e reintegração social do indivíduo, devem configurar alguma capacidade de segurança dos utentes destes serviços", desabafa o ativista.
Manuel Luamba | Deutsche Welle
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