sábado, 5 de março de 2022

DESNAZIFICAR A EUROPA!

Martinho Júnior, Luanda

Em saudação à memória do Comandante Hugo Chavez, revolucionário imprescindível para toda a humanidade, que faleceu a 5 de Março de 2013 e foi decisivo para a construção da democracia, do socialismo e da resistência da Venezuela Bolivariana em pleno século XXI!

À medida que o zombi híbrido do complexo União Europeia – Organização do Tratado do Atlântico Norte ocupava paulatinamente o leste da Europa até às fronteiras da Federação Russa, assim se produziu a russofobia, passou-se da russofobia ao “apartheid” (em ampla exposição em nossos dias por via do caudal de medidas que o híbrido tomou contra a Rússia, procurando-a isolar e destroçar) e, com o “apartheid”, a superestrutura ideológica dominante dos oligarcas desse híbrido passou a ser de facto neonazi, escondendo-se no papel celofane envolvente da “democracia representativa”, agora em risco de se esvaziar completamente por dentro!

Esse processo foi instrumentalizado pelo “hegemon” unipolar desde 1991 e por isso o Pentágonio mantém os tentáculos de bases militares do EuroCom fora do contexto da UE-NATO despregados pelo espaço europeu (vigiando-os nas osmoses dos programas militares comuns) e, no mar, a 6ª Frota cuja capacidade é de tal ordem que também tem tarefas no AfriCom, integrando África nesse expediente de que se nutre a aristocracia financeira mundial! 

A Europa está ocupada e, por via deste contencioso de décadas nazificada!

A passagem da russofobia para o “apartheid” teve nesse caminho uma sensibilidade evidente:

Foi “iluminado” pelos acontecimentos na Ucrânia que fecharia a leste a geoestratégia de aproximação às fronteiras da Rússia, acontecimentos esses estimulados pela “revolução laranja” (2003/2004) e “revolução da Praça Maidan” (2014), de forma a que o neoliberalismo abrisse espaço à implantação dos vectores neonazis inspirados em Bandera, que marcaram desde logo presença na própria Praça Maidan!

Mas houve imediatamente mais:

O Partido Comunista da Ucrânia foi coercitivamente banido e a perseguição a organizações e instituições expoentes do operariado e de comunidades progressistas (entre elas os sindicatos) foi de tal ordem que culminou com o massacre da Casa dos Sindicatos em Odessa, o que provocou no leste, a parte do país mais industrializada e onde o operariado tem mais sensibilidade e força, a eclosão das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk associada ao início de suas resistências que já levam 8 anos!

As questões de ordem étnica respondem muito mais à superestrutura ideológica que definindo o estado instalado pelo golpe de Maidan, define também a superestrutura ideológica das oligarquias dominantes no híbrido UE-NATO, jamais foi argumento das Repúblicas Populares com sensibilidade operária, sindicalista e comunista!

Por isso os batalhões neonazis Bandera foram empenhados com toda a força (pulso livre) no leste, contra a resistência das Repúblicas Populares animadas pela classe operária da região Donbass e por isso os países da NATO foram transformando esses batalhões em forças de choque e pavor, “unidades especiais”, absorvendo todos os conceitos militares dessa organização que responde ao Pentágono e a Washington!...

Os neonazis Bandera são o ariete da instalação da UE-NATO nas fronteiras com a Rússia e respondem a patrões que incluem as oligarquias dos Estados Unidos, com todo o cortejo de “think tanks”  que animam a hegemonia unipolar, acopladas pelas suas avassaladas oligarquias da UE-NATO!

Passou-se assim, na Ucrânia e na UE-NATO, da russofobia ao “apartheid”, sob planificação da experiência e da linha de orientação da inteligência MI-6/CIA, o que explica uma vez mais o significado da cultura anglo-saxónica e o distanciamento do Reino Unido da União Europeia por via do BREXIT, enquanto a Federação Russa foi absorvendo o carácter de resistência das Repúblicas Populares, a ponto de na Duma, ter sido o Partido Comunista da Federação Russa a propor o reconhecimento das Repúblicas Populares, o que veio a acontecer com o Parlamento a votar a favor de forma esmagadora!

Oito anos volvidos, apesar do Acordo de Minsk o diálogo entre as partes e a busca incessante de consensos foram completamente sabotados, pois as “democracias europeias” e o estado parido pelo artificioso golpe de Maidan (doutrina Gene Sharp), tinham a missão de chegar com armas e bagagens até às fronteiras da Rússia, o que se tornou não só obsessivo, mas sobretudo “apartheid” e nazificação! 

É claro que as Repúblicas Populares do Donbass com sensibilidade operária, comunista e sindicalista, só tinham uma saída quando as forças especiais Bandera criadas pela EU-NATO se preparavam para as destruir: pedir imediatamente reconhecimento e ajuda à Federação Russa!...

A Federação Russa atendeu a esse pedido, até por que muitos expedientes da UE-NATO já estavam instalados à medida que o pacote das práticas de conspiração avançavam (a própria fraude democrática na União Europeia é prática de conspiração), alguns dos quais mesmo próximo das fronteiras, o que fez soar com toda a intensidade os alarmes do poder político em Moscovo, face à envergadura da ameaça e do risco!

Ficou definido o quadro das missões da Operação Especial das Forças Armadas Russas na Ucrânia: desarmar e desnazificar, não é a mesma coisa que invadir, ou ocupar e por isso, também com os conceitos que estão a ser aplicados, se trata de facto de luta de libertação e não de guerra!

Expostos os planos e o carácter do híbrido UE-NATO desde 1991, a que correspondiam as evoluções no terreno leste e ucraniano, a Federação Russa foi obrigada a agir, não só em socorro das Repúblicas Populares, mas com uma agenda que visasse desmantelar todas as instalações subordinadas ao sinal militar da NATO e dos seus mentores, até por que o Presidente Zelenski se comportava já como um fantoche do “hegemon” unipolar! 

Desnazificar a Ucrânia é o começo da desnazificação da Europa ocupada pelo híbrido EU-NATO e instrumentalizada em toda a linha pelo “hegemon” unipolar!

Aqueles que colocam a crítica contra os oligarcas russos em torno de Putin, acima desse esforço que só pode ser no colectivo e com a vocação e empenho de vanguardas surgidas dentro do bojo do monstro híbrido UE-NATO, (a começar na via da batalha de ideias contra os mídia europeus servis), já tiveram seu tempo para melhor equacionar e melhor se decidir em termos de suas próprias opções!

Estando a sensibilidade operária, comunista e sindicalista na essência da resistência das Repúblicas Populares, o que todo o universo progressista tem por dever e obrigação é apoiar solidariamente tudo o que diga respeito não só ao desarmamento e desnazificação da Ucrânia, mas ao desarmamento e desnazificação da Europa e por isso o primeiro passo de colocar fora do continente todas as armas nucleares e mísseis e tropas do Pentágono!

A lógica com sentido de vida tem esta trilha para levar por diante!

O movimento de libertação tem pernas na Ucrânia, mas também em toda a Europa que há a libertar, por que neste momento estamos, sem qualquer margem para dúvida, face a uma União Europeia ocupada e de tendência fortemente neonazi!...

Todos os Movimentos de Libertação existentes no mundo têm essa obrigação, desde já em torno dos esforços das Repúblicas Populares no Donbass e aí não pode haver nem abstenção, nem abstinência!

Martinho Júnior, 4 de Março de 2022

Imagens:

01- Fundado o Partido Comunista, primeiro partido político da República de Donetsk – 8 de Outubro de 2014 – https://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/413-antifascismo-e-anti-racismo/51735-fundado-o-partido-comunista,-primeiro-partido-pol%C3%ADtico-da-rep%C3%BAblica-de-donetsk.html;

02- Romper o silêncio: o assomar de uma guerra mundial – John Pilger – Resistir Info – https://resistir.info/pilger/pilger_14mai14.html

Alguns seleccionados de suporte:

. Srepan Bandera – https://en.wikipedia.org/wiki/Stepan_Bandera; https://pt.wikipedia.org/wiki/Stepan_Bandera

. Lavrov: "Nadie va a ocupar a Ucrania, los objetivos de la operación son la desmilitarización y la desnazificación” – https://actualidad.rt.com/actualidad/421417-lavrov-ofrece-declaraciones-reunion

. Un interninable “apartheid” – Martinho Júnior – https://frenteantiimperialista.org/un-interminable-apartheid-martinho-junior/;  

. Liberar no es fazer la guerra – Martinho Júnior – https://frenteantiimperialista.org/liberar-no-es-hacer-la-guerra-martinho-junior/  

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