domingo, 27 de março de 2022

LUTA DE CLASSES E A INVASÃO CRIMINOSA

Artur Queiroz*, Luanda

Alguns políticos angolanos são profundos nos seus pensamentos, sólidos ideologicamente, argutos na argumentação, imbatíveis na bajulação, inigualáveis na recolha de benefícios económicos e financeiros. Mas só alguns. Sem eles, não sabíamos que o Sol nasce todos os dias, a Lua prefere a noite, as árvores mergulham as raízes na terra, os cavalos têm pulmões e os peixes guelras. Aceitem a minha eterna gratidão. Sobretudo Fernando Pacheco, que chamou a agência Lusa, a mulemba benfazeja da oposição em Angola, para lhe dizer que “as greves resultam de deficientes políticas de governação”.  

Eu cá não sou engenheiro agrónomo mas estudei numa escola onde tínhamos de saber tudo sobre Karl Marx e Max Weber. O velho Marx meteu na cabeça que existia uma coisa chamada luta de classes. Pobre homem. Se fosse contemporâneo do engenheiro agrónomo Fernando Pacheco sabia que as greves só existem porque os governos são uma merda. Qual luta de classes qual o quê!

Karl Marx deixou aos estúpidos como eu, um livro em três volumes intitulado “O Capital. Crítica da Economia Política”. No primeiro volume, editado em 1867, o equivocado cientista social faz a crítica da economia política clássica. O livrito contém os fundamentos do pensamento socialista marxista. Nele podemos aprender o que é a mais-valia, o capital constante e o capital variável. 

Atenção, muita atenção Fernando Pacheco, o velhote barbudo também fala de coisas menores como o salário e faz o historial da acumulação primitiva do capital. Sem te pedir licença, Marx expõe na sua obra o modo de produção capitalista. E desenvolve uma crítica fundamentadíssima à teoria do valor-trabalho de Adam Smith. 

O segundo volume do livro “O Capital. Crítica da Economia Política” foi editado em 1885 já o barbudo alemão tinha morrido. Trata do “Processo de Circulação do Capital”. O volume terceiro (1894) trata do “Processo Global da Produção Capitalista”. Só conhecemos os conteúdos porque um tal Friedrich Engels nos castigou com essas ninharias. Em 1905, ainda tivemos direito a um quarto volume intitulado “Teoria Sobre a Mais-Valia” dado à estampa por um discípulo, Karl Kautsky.

No ano de 1992, Angola abandonou a democracia popular e o socialismo. Mas a luta de classes não se extingue por decreto nem pela vontade dos políticos, por muita legitimidade que tenham. Por isso, acredito que as greves são reflexo da luta de classes e não resultam de políticas erradas. 

Desculpa lá, Fernando. Reconheço que um conselheiro de Estado pode dizer as asneiras que quiser e fazer os disparates que lhe apetecer. Mas eu, que sou seguidor (cada vez mais crítico...) de Bakunine, não quero que retirem o velho Marx de cena, quando estamos em plena luta de classes. 

Senhor Presidente João Lourenço, excelência. Explique aos seus conselheiros de Estado que a luta de classes só se extingue quando as bombas atómicas acabarem com a raça humana.

Só os burros não mudam de opinião. João Melo, se chegou a ministro da comunicação social sem nunca ter aprendido a escrever uma notícia, pode ser tudo, até poeta castrado. Mas burro não é. Um dia destes, aconselhar as potências ocidentais a não cutucarem o urso feroz que é a Federação Russa. Fiquei muito admirado porque ele é câmara de ressonância de uma coisa mais ou menos policial financiada pelo Pentágono. 

O ministro foi ao castigo e no Jornal de Angola escreveu: “Hoje não falarei da Ucrânia, da criminosa, condenável e equivocada invasão russa”. É o que dá pular a cerca sem ordens do patrão.  Desnazificar a Ucrânia e desmilitarizar um país que está a ser usado pela OTAN (ou NATO) na guerra contra a Federação Russa afinal é “criminoso e condenável”. O que tem de ser, tem muita força. Mas o dólar, por enquanto, tem ainda mais. Eis um alto quadro do regime dando mostras de que é feito de gelatina ou parafina. 

A intelectualidade ocidental que recebe uns trocos para condenar a Federação Russa e alinhar com a acéfala propaganda ocidental, está a usar dois argumentos que se não fossem trágicos, davam para rir à gargalhada.

O primeiro é este: Na Ucrânia não há nazis. Nas eleições, eles tiveram dois por cento dos votos. 

O segundo é este: O presidente Zelensky é judeu, logo, não pode ser nazi. 

Os partidos de extrema-direita e nazis na Ucrânia são vários, mas alguns escondem essa realidade, como é o caso do partido Servo do Povo, de Zelensky. Os mais divertidos chamam-lhe “populista”, mas é nazi. Uma vez eleito, o presidente ucraniano integrou as forças armadas nazis na Guarda Nacional e nas Forças Armadas. Nazificou as tropas!

Zelensky é judeu. E depois? Israel é o estado dos judeus. Sucessivos governos têm adoptado políticas muito próximas do nazismo. Fizeram da Palestina um imenso campo de concentração.Com a desculpa do “combate ao terrorismo”, aviação e artilharia israelita bombardeiam prédios, escolas e até hospitais na Cisjordânia e Faixa de Gaza. Israel ocupa ilegalmente territórios da Palestina. Adopta políticas racistas contra os palestinos. Sucessivos governos seguem políticas de extermínio dos palestinos. Construíram um muro para encurralar os palestinos que comparado com ele, o Muro de Berlim é uma brincadeira. Nem Jerusalém escapou às políticas nazis de Telavive.

Os dirigentes políticos de Israel esqueceram muito rapidamente o Holocausto e estão a imitar os nazis, fazendo o mesmo aos palestinos. 

Também esqueceram que foi o Exército Vermelho que libertou os prisioneiros dos campos de concentração nazis, esmagou o III Reich e pôs fim aos crimes de Hitler e seus sequazes. Zelensky como democrata é um péssimo actor. Como actor é um verdadeiro nazi. O cartel falido da União Europeia e o estado terrorista mais perigoso do mundo têm os heróis que merecem. Zelensky, o servo do povo, é um herói à altura do bantíssimo político que ameaça dominar a Humanidade. 

Não há guerra! Não ao nazismo! Não ao estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA)!Não ao seu braço armado OTAN (ou NATO)!

*Jornalista

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