quarta-feira, 9 de março de 2022

O MUNDO TENEBROSO DOS ROQUEIROS – Artur Queirós

Artur Queiroz*, Luanda

Lá vou falar de mim. Ainda repórter informador e pago miseravelmente, apaixonei-me perdidamente por uma menina cujo pai era funcionário da Fazenda. O namoro pegou, os sonhos saltaram para as conversas, planos mirabolantes que davam sempre certo ocupavam os nossos encontros, as matinés no Restauração eram intimidades e ternuras e o filme que se lixasse. 

Ousadamente fui ao Bairro Operário e aluguei ao mais velho Afonso um quartinho que tinha buracos no zinco mas não faz mal, em Luanda chovia pouco e uns papelões resolviam facilmente as aberturas. Preferi considerá-las românticas janelas para a Lua. E em cima de um caixote de sabão da Congeral, transformado em mesinha-de-cabeceira, estava um candeeiro a pitrol. Era vidro e deixava ver a torcida e o líquido iluminante avermelhado. Um luxo. Levei a minha amada ao palacete e ela aprovou.

O passo seguinte foi ser apresentado à família. Ficou combinado um almoço de sábado em casa dos meus futuros sogros. Até moamba me fizeram. E essa foi a minha primeira derrota. Aprendi que funji se come mergulhando os dedos no molho e depois faz-se a bola que também é molhada antes de engolida. O sogro lançou-me um olhar fulminante e fez questão de mostrar que toda a gente comia de faca e garfo.

Na hora de jiboiar debaixo da mandioqueira fiz conversa com o pai da minha amada. Ele vestia fato completo, com colete e tudo. E eu sorrindo perguntei:

-Não sente calor com essa roupa toda?

Ele lançou-me um olhar fulminante. Numa pose entre o altaneiro e o arrogante respondeu:

-O calor em África é um mito dos brancos.

Se estivéssemos num combate de boxe, aquilo tinha sido um KO técnico. Mas era suposto pedir autorização para namorar com a minha amada. Encaixei o directo e disfarcei:

- Aos sábados gosto de calçar quédis macambira, pôr camisa fardex das gajajeiras e calções tipo bermudas.

O meu futuro sogro olhou para mim e disse enfadado:

- Você é mesmo repórter ou carregador no porto de Luanda?

Acabou ali o combate. Fingi que tinha muito que fazer e retirei-me completamente arrasado. Derrotado. Esmagado. A minha amada acompanhou-me à porta do quintalão, beijou-me ternamente e fez um discreto adeus. Na segunda-feira encontrámo-nos e ela estava muito inquieta, tristeza no olhar, vergada ao peso de uma qualquer desgraça invisível. Com a voz sumida balbuciou:

- O meu pai disse que tu és um rosqueiro descasacado e não me deixa namorar contigo. O mundo desabou logo ali. Mais tarde, muito mais tarde, escrevi-lhe estes versos: E agora que amanhece/Diz-me ó bem amada/Que memória te esquece/Que paixão te apaga/ E que amor te arrefece.

Aquela família tinha seis filhos e ela era a única menina. Pensei, pensei, pensei e concluí que o pai da minha amada tinha razão, eu era mesmo um rosqueiro e casaco nem usava no Cacimbo. Não queira um repórter merdoso subir além da notícia. Muito menos amigar com uma menina envolvida numa auréola de beleza, cabeleira à Ângela Davis, inteligente e filha de um primeiro oficial da Fazenda, exibindo descaradamente a superioridade da burguesia negra, ainda que reduzida a restos.

A Ucrânia é o fim da falida civilização ocidental. De repente, vejo que os líderes, desde Washington a Madrid, do Cabo da Roca à Finlândia são uns rosqueiros encasacados mas merdosos ate cheirar mal. O ministro dos Negócios Estrangeiros português, um tal Silva, é um rosqueiro. Comporta-se como os pobres diabos que alegremente fazem do Jornalismo uma associação de malfeitores. Elas e eles são enganados. Deixam-se enganar a troco de uns cobres. Ele engana, mente, manipula porque é um rosqueiro. 

Macron é um rosqueiro que tresanda a Chanel falso. Pedro Sanchez é um rosqueiro saudoso de Franco. Biden é um rosqueiro a cair aos bocados. Blinken é um rosqueiro incendiário, caixeiro-viajante de caixões. Boris Johnson é um rosqueiro aldrabão, Mario Draghi é um rosqueiro à mussolini e um banqueiro falido, o chanceler Olaf Scholz cheira mal dos pés e arrota a chucrute, Marke Rutte é um rosqueiro puritano devasso, um liberal amantizado com a extrema-direita holandesa. Ursula van der Leyen é uma rosqueira convencida de que chegou a hora do triunfo dos nazis É este lixo humano que manda no mundo e nos atirou para o perigo de uma guerra nuclear. São tão desqualificados que nem sequer percebem onde se estão a meter e para onde nos arrastam.

Esta turma perigosa de rosqueiros faz dos ucranianos um povo para canhão. E querem repetir a dose na Polónia, Roménia, Estónia, Letónia, Lituânia e Finlândia. Para eles, somos todos, carne para alimentar os canhões vorazes da guerra. E depois quem os sustenta? Quem lhes enche os cofres de dinheiro? Quem morre por eles nas guerras que fomentam para facturarem milhões na venda de armas?

Alguém explique ao rosqueiro kambuta e kaporrotista presidente da Ucrânia, que ele próprio vai para o lixo quando se apagarem as luzes, cair o pano e tocar o órgão naquele teatro da crueldade em que o meteram.

Até agora os rosqueiros só sabem dizer sanções, sanções, sanções. A desgraça vai chegar quando a Federação Russa acabar com as explosões e começar a dizer também sanções, sanções, sanções. Qualquer dia somos todos refugiados sem sítio seguro para fugir. Os primeiros candidatos são os orgulhosos cidadãos da União Europeia. Muitos morrerão afogados nos mares, na ânsia de chegarem a África.

* Jornalista

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