PCP recusa "perspetiva de condenação isolada e unilateral da Rússia"
João Oliveira considerou, na RTP3, que o partido não 'alinha' numa "opinião única" que "a nível mundial se procura impor" sobre esta situação.
João Oliveira, do PCP, esteve, na noite desta terça-feira, na RTP3, onde explicou a posição do partido acerca da invasão da Ucrânia pela Rússia, que hoje vai no sétimo dia. De recordar que os comunistas votaram contra a resolução do Parlamento Europeu de condenação da Rússia pela invasão da Ucrânia.
"Aquilo que nós não fazemos é uma condenação unilateral. Não desligamos esta situação que se está a viver, e nomeadamente esta intervenção militar da Rússia na Ucrânia, não apenas de todo o contexto que conduziu a esta situação, mas até dos riscos que para o futuro estão colocados", começou por afirmar o dirigente.
Para João Oliveira, há uma "opinião única" que "a nível mundial se procura impor" sobre esta situação, "numa perspetiva de condenação isolada e unilateral da Rússia". "Não ver aquilo que esteve para trás não permite sequer perceber os perigos que enfrentamos para a frente".
E mais. Na opinião do comunista, "a utilização da Ucrânia como um instrumento de confrontação com a Rússia por parte da NATO e dos Estados Unidos para depois deixar a Rússia entregue a si própria é, talvez, a demonstração de uma coisa que nós, há poucos dias, dissemos na Assembleia da República no debate que houve: é que adotar essa perspetiva de condenação isolada da Rússia arrisca-se a ser um seríssimo contributo para uma guerra de ainda maiores dimensões e uma guerra em que, provavelmente, os únicos interessados serão o governo dos Estado Unidos e o seu complexo industrial militar".
O "repúdio e a condenação" do PCP, apontou João Oliveira, "vai muito para lá do que é a condenação isolada da Rússia".
Recorde-se que a resolução do Parlamento Europeu a condenar a invasão russa e bielorussa da Ucrânia teve 637 votos a favor, 26 abstenções e 13 votos contra, dois dos quais da delegação do PCP, composta por João Pimenta Lopes e Sandra Pereira. O PCP foi o único partido até agora a recusar condenar o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, pela invasão do território ucraniano.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
Notícias ao Minuto
"O PCP não votou contra condenação", votou "contra escalada no confronto"
O vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa salientou que o partido votou contra "uma resolução que defende uma escalada no confronto militar".
João Ferreira, vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa, afirmou no Twitter que "o PCP não votou contra a condenação da Rússia", mas contra a escalada no confronto militar, tal como o partido "já expressou, de formas e em momentos diversos". Esta explicação surge após o PCP ter votado, na passada terça-feira, contra a resolução do Parlamento Europeu de condenação da Rússia pela invasão da Ucrânia.
O antigo eurodeputado do PCP, na sua publicação mais recente, esclarece que o partido votou, sim, contra "uma resolução que defende uma escalada no confronto militar em vez da procura de caminhos para a paz", sendo que anteriormente tinha saudado a "coragem" do PCP em assumir esta posição publicamente.
O político fez uma tentativa, perante a "fogueira que por aí vai", elucidar o que está a ser "ocultado" que, na sua ótica, é "algo essencial". João Ferreira enumerou que o partido opõe-se ao que a resolução que defende, nomeadamente o "reforço do envio de armamento, escalada militar, queima de pontes de diálogo político; reforço da presença da NATO na região (consabidamente parte fundamental do problema), aumento das despesas militares dos países da União Europeia mais guerra sofrimento destruição".
No comentário que deixou nas redes sociais, questionou ainda se será possível "outro caminho, que abra perspetiva de pôr fim à guerra", defendendo "dois pontos concretos para o abrir", nomeadamente o regresso aos Acordos de Minsk, que diz terem sido "sucessivamente violados" e a saída da presença militar da NATO das fronteiras da Rússia.
Beatriz Maio | Notícias ao Minuto
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