quarta-feira, 9 de março de 2022

UCRÂNIA: A GUERRA E OS TRINTA E SEIS MIL MERCENÁRIOS

# Publicado em português do Brasil

Damasco, 8 de março (SANA) Dezesseis mil mercenários chegaram à Ucrânia para lutar ao lado da administração de Kiev e outros 20 mil enviados por empresas privadas, principalmente dos Estados Unidos, chegarão nas próximas horas. Isso foi confirmado por Volodymyr Zelenski, o presidente neonazista da Ucrânia em guerra.

Heródoto foi o primeiro a falar sobre o fenômeno dos Mercenários, aludindo ao Exército Cartaginês da época. Desde então, o fenômeno vem sendo estudado devido ao qual muitos jovens se ofereceram para lutar no exército, em troca de remuneração ou outros benefícios.

Ao longo da história humana houve casos de exércitos mercenários significativos que levaram povos e governos a vitórias e derrotas militares. Mas, sempre a um custo muito alto de sangue derramado por quem pereceu, e por quem os contratou porque procurou usar seus serviços para promover uma guerra.

Uma das entidades mais conhecidas ao longo do tempo é a Legião Francesa, fundada em 1831. Desde o início, procurou recrutar todos os estrangeiros que serviam nas unidades militares francesas, para ajudar a manter o vasto império colonial.

Com o passar dos anos, a entidade perdeu a ancestralidade e se tornou uma espécie de quadrilha mercenária que lutava por dinheiro, e era capaz de hastear qualquer bandeira em benefício de seus contratantes.

Uma expressão patética das ações da Legião Francesa foram os episódios dramáticos da Guerra da Argélia de 1945 até a proclamação da Independência daquele país.

Os generais franceses desencantados de Charles De Gaulle, recrutaram pessoas das fileiras da Legião e criaram com eles a OAE -A Organização Armada Secreta- para usar a "ação direta" -isto é, o terrorismo- para "punir" aqueles que " traiu a França”, privando-a de sua colônia mais amada no norte da África

Hoje é quase do domínio público que a crescente terceirização do campo da segurança, a redução dos orçamentos públicos decorrentes da profissionalização dos exércitos e os avanços tecnológicos assimilados por pessoas especialmente treinadas para as tarefas da guerra; multiplicaram o surgimento de empresas privadas e empresas de segurança MPCS (em inglês Private Military & Security Companies).

Eles comercializam entre 100 e 400 bilhões de dólares anualmente; dado seu crescente envolvimento em conflitos armados em diferentes cantos do planeta.

No final do século passado, por causa da Guerra do Golfo, conseguiram suculentos contratos do governo dos Estados Unidos para realizar tarefas. Eles estavam encarregados de controlar uma região, tomar cidades ou aldeias, administrar prisões, torturar inimigos rendidos, estabelecer centros de detenção clandestinos; ou realizar ações que os exércitos regulares não queriam realizar.

Pode-se dizer que ali se formalizou uma modalidade operacional. As sucessivas guerras: Iraque, Líbia, Afeganistão ou Iêmen do Sul e Palestina, as aperfeiçoaram, moldando nascentes que na Ucrânia atingem outro patamar.

O próprio presidente da Ucrânia decidiu conceder a esses "combatentes" que chegaram ao seu país, patentes e privilégios específicos. E ele assegurou-lhes que na ausência de soldados regulares - o exército ucraniano se recusa a lutar - ele libertará prisioneiros condenados à prisão perpétua por crimes traiçoeiros de prisões formais. Desta forma, mercenários e assassinos lutarão juntos contra as tropas russas, em troca, é claro, de benefícios e estipêndios.

Nesse caminho, a OTAN encontrou um caminho. Como não tem tropas próprias e não pode participar oficialmente na guerra, e como os países que a apoiam, não têm a possibilidade de o fazer; optaram por contratar os serviços de empresas militares privadas

Eles serão designados para defender cidades, realizar sabotagem, promover eventos terroristas, interrogar prisioneiros e organizar esquadrões de combate para ações irregulares.

Ele prometeu equipá-los com armas altamente qualificadas. E é que possui imensos arsenais entregues por alguns países e recursos consideráveis. Só nos últimos quatro dias, os Estados Unidos disponibilizaram um bilhão de dólares para financiar "operações de guerra" na Ucrânia. Armas e mantimentos, para quê? Para “ganhar a guerra”? Eles sabem que isso não é possível. Só para "durar mais".

Quanto mais durarem, mais propaganda contra a Rússia será feita, mas mais ucranianos morrerão. Eles não se importam, não é? Um milhão de pessoas já deixaram a Ucrânia, não querem defender sua pátria? Não é isso. Eles não querem se imolar pela causa de Zelenski, do Batalhão Azov e dos Legionários de Stephan Bandera. Os mercenários são o caminho.

Para que tudo isso seja feito com impunidade, a OTAN precisa da cumplicidade de muitos. É por isso que os requisitos formais são saltados: considera aprovada na OEA uma "resolução" que nunca foi aprovada, e na qual o Peru aparece como aderente. E o Peru, provavelmente a pedido da OEA, votou contra a Rússia nas Nações Unidas sem sequer perceber que as Forças Armadas peruanas recebem ajuda militar da Rússia.

A FIFA aderiu à OTAN, foi dito com ironia sobre a decisão desse órgão de sancionar a Rússia, impedindo-a de participar de eventos esportivos. Isso também foi feito no Boxe, Natação, Patinação, Tênis e Voleibol. Não é que a política não deveria se misturar com o esporte, que enquanto a política divide, o esporte une os povos?

Mas os sinais de RT, Sputnik e outros são soprados para fora do ar. "Democracia", como se chama? Mas a cultura também está sob ataque: a Sinfonia de Munique despede Valeri Guerguevich; e a barítona Anna Nebratska é impedida de cantar. Como qualificar isso? Será que “as guerras do século 21” serão assim?

Gustavo Espinoza | Fonte: Al Mayadeen

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