PORTUGAL
À TSF, José Abraão explica que está em causa a "desvalorização dos salários". No entanto, o líder da Fesap tem esperança nas negociações com o Governo para melhorar o Orçamento do Estado e evitar a agitação social. Já Isabel Camarinha diz ser "inaceitável" que os trabalhadores estejam a "empobrecer" cada vez mais.
A Federação dos Sindicatos da Administração Publica (Fesap) defende, perante a subida da inflação, que os salários dos funcionários públicos têm de ser aumentados. Em declarações à TSF, o líder da Fesap, José Abraão, mostra-se preocupado com a decisão do Governo.
"Sempre dissemos que o
aumento de 0,9% era manifestamente insuficiente num quadro de uma inflação, em
2021, que foi superior aos 0,9. Sempre tínhamos alguma expectativa de que fosse
eventualmente corrigido. Esta situação da inflação dos últimos meses
deixa-nos naturalmente muito preocupados, na justa medida em que é a
desvalorização dos salários que está
O secretário-geral do sindicato mantém, contudo, esperança nas negociações com o Governo e na melhoria do Orçamento do Estado.
"Vamos ter uma reunião no próximo dia 20 com o Ministério de quem depende a administração pública, que é a presidência do Conselho de Ministros. Vamos também procurar junto do Parlamento que este Orçamento do Estado, que é para metade do ano, possa ser melhorado. Dentro deste ambiente difícil, temos expectativas de respostas com o objetivo de que os trabalhadores da administração pública, ao fim de 13 anos, não continuem a perder o seu poder de compra por mais que se tome medidas excecionais e adicionais para uma situação que dizem que é temporária", considera.
Se, apesar de tudo, o Executivo não se mostrar disposto a ceder, José Abraão considera natural que haja agitação social.
"Há desconforto social, insatisfação dos trabalhadores, os problemas dos trabalhadores da administração pública já não existem só de agora, já existem há muito tempo, e com certeza não irão ser empurrados para debaixo do tapete. Daremos voz ao desconforto e ao descontentamento dos trabalhadores da administração pública", acrescenta.
"Os trabalhadores estão a empobrecer ainda mais e isto é inaceitável"
A CGTP afirma que os funcionários públicos estão a empobrecer e que isso é inaceitável. Também ouvida pela TSF, a secretária-geral, Isabel Camarinha, lamenta que sejam sempre os trabalhadores aqueles que são sacrificados.
"Os trabalhadores não podem continuar a ser sempre eles a pagar as situações difíceis que vamos atravessando e os resultados de medidas e politicas que vão sendo executadas. Os trabalhadores da administração pública não têm aumento salarial verdadeiramente há 12 ou 13 anos; tiveram uma pequena atualização que, em muitos casos, foi logo engolida pela alteração do IRS. Agora com o aumento dos preços, o que acontece é que os trabalhadores, de uma maneira geral, estão a empobrecer. Isto é completamente inaceitável. Estão a empobrecer ainda mais", assinala.
Por esse motivo, a contestação social deve aumentar. A CGTP promete levar a cabo todas as ações de luta que forem necessárias.
"Com este descontentamento e com esta exigência de respostas, os trabalhadores sabem que a luta é o caminho e que vamos ter que fazer as ações que forem necessárias. Em muitos casos já têm sido e estão a ser greves e paralisações nas empresas, nos locais de trabalho, são concentrações, manifestações, ações que consideramos em cada caso necessárias e ações convergentes que os trabalhadores considerem que são necessárias para exigir estas respostas."
Fernando Medina esclareceu que, apesar da subida galopante dos preços, não vai mesmo haver aumentos intercalares na função pública. A recusa de Fernando Medina já tinha ficado nas entrelinhas na conferência de imprensa de apresentação do Orçamento do Estado. Em entrevista à RTP, o ministro defendeu que a estratégia do Governo para combater a inflação é mais eficaz e insistiu nos argumentos para rejeitar um aumento salarial.
Carolina Quaresma com Rita Carvalho Pereira | TSF
Imagem: José Abraão, secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública © Manuel de Almeida/Lusa
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