segunda-feira, 25 de julho de 2022

PORTUGAL, COSTA, O CASTELO DE CARTAS QUE JÁ CAIU E... PACIÊNCIA

Mais em baixo exibe-se um Curto do Expresso que abre com bebés proveta e já lá vão mais de oito milhões por todo o mundo desde 1978, Louise foi a primeira. Claro que aconteceu em Inglaterra. Se acontecesse em Portugal talvez já tivesse morrido de fome ou por falta de assistência adequada do Serviço Nacional de Saúde. Ou ainda por afogamento, hoje é esse dia e Portugal está a afogar-se.

Pois, em Portugal, aqui no Curto, abordagem à pobreza, dizem: “Pobreza. Em 28% dos municípios do Continente, mais de metade das famílias são pobres, mas é nas grandes cidades que é “mais duro” ser pobre…” Achamos ‘poucochinho’, que nestes exemplos é técnica das sondagens ou de ignorância dos sábios das sondagens. Bate nos olhos e gritam nos ouvidos que mais de metade dos portugueses estão a andar com uma mão atrás e outra à frente. Aquele pouco mais de um quarto da população foi apurada porque não contabilizaram a pobreza envergonhada? Pois, esses são os que passam mesmo fome e nem dizem, têm vergonha. Contrariamente e com vergonha ausente está o governo e, neste caso, António Costa. É costume os poderosos reagirem assim – principalmente com uma maioria ditatorial que quer ser cega, surda e muda, como a tal tática de fossa que também víamos e roía-nos a pele durante o Salazar-fascismo. O Costa está a dar de barato razões ao Chega fascista (e outros da direita) para subirem e virem a ser o primeiro ou segundo partido mais votado quando, daqui por pouco mais de dois anos anos formos para eleições antecipadas. 

Costa e comparsas vão ficar sempre bem. No salazarismo-fascista também não viviam nada mal. Quem se trama é o mexilhão porque o mar já o está a escaqueirar todo e a atirá-lo contra a rochas. Piores tempos virão. E Costa assobia para o lado e mendiga ao PSD e aos grandessíssimos empresários. Os do dinheiro a rodos, que ele vê e esbugalha os olhos. Amigos para sempre. Aquela coisa da geringonça foi só para enganar os papalvos e atingir a maioria… É, não é? Foi, não foi?

A  postura do sujeito tão anafado nem chega a ser uma desilusão. Mas que tem sido uma fraude de muito mau gosto, muita pobreza e muita fome, lá isso tem. Essa  mesma pobreza e fome é testemunha dos portugueses. Façam lá bem as contas às estimativas e às sondagens, senhores sábios de barriga cheia!

De pouco serve pôr mais na escrita cá pelo nosso lado. O Curto diz mais. Traz chamada à literatura-cultura. Isso. Boa. É sempre de interesse. Ouvir roncarem as tripas e estômago mas comprar um livro em vez de comida que depois se vai sanita a baixo… Porque não? Isso supera-se substituindo com insistentes impropérios dedicados a Costa e à sua trupe de mentirosos. Pois. É público que o castelo de cartas do Costa já caiu. Agora só falta cair o Costa. Paciência, recomenda-se.

O Curto já a seguir. Boa semana – apesar de não sabermos nada bem como tal será possível. Força. Saúde, apesar de o SNS estar na fossa e andarmos a morrer que nem tordos. Inté.

MM | PG


Oito milhões depois de Louise

Margarida Cardoso | Expresso (curto)

Bom Dia!

Bem vindo a mais um Expresso Curto no Dia Internacional de Prevenção de Afogamento

O mundo chamou-lhe “bebé do século”, “criança milagre”, “menina esperança”. A revista Time admitiu que terá sido “ talvez, o nascimento mais esperado nos últimos 2.000 anos”. Os pais chamaram simplesmente Louise, Louise Brown, à menina que nasceu às 23h47 do dia 25 de julho de 1978, em Oldham, uma pequena cidade do interior de Inglaterra. Tinha 2,5 quilos, o peso suficiente para entrar na história como “a primeira bebé proveta”, protagonista de uma verdadeira revolução no tratamento da infertilidade.

Leslie e John Brown, os pais de Louise, tentaram ter filhos durante nove anos, sem sucesso, até se entregarem à equipa de Patrick Steptoe e Bob Edwards (galardoado com o Prémio Nobel da Medicina, em 2010) e ao seu método inovador da Fertilização In Vitro (FIV), que consiste na junção dos óvulos com os espermatozoides em laboratório, com posterior transferência dos embriões para o útero.

Quarenta e quatro anos e muito debate ético depois, as técnicas evoluíram, diversificaram. “Bebé proveta” tornou-se “uma expressão arcaica, incorreta. Não traduz o que se passa em laboratório, onde já não há tubos nem provetas neste processo, e ao mesmo tempo carrega um estigma que importa evitar porque estamos a falar de bebés iguais a todos os outros”, avisa Carlos Calhaz Jorge, presidente da Sociedade Europeia de Medicina de Reprodução e Embriologia.

A forma correta de falar de Louise e de todos os que vieram ao mundo com a ajuda da ciência, como ela, envolve, agora, a sigla PMA - Procriação Medicamente Assistida. “Estamos a falar de bebés que nasceram em resultado de técnicas PMA e é assim que nos devemos referir a eles”, explica ao Expresso.

E estamos a falar de quantos bebés? “Mais de oito milhões”, responde o especialista, professor catedrático jubilado de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Quanto a Portugal, “não se sabe exatamente quantos bebés nasceram em resultado de técnicas de PMA desde 1986 (data do primeiro parto) uma vez que não havia uma entidade a centralizar esses registos, mas nos últimos cinco anos sabemos que são 3% dos nascimentos”, adianta.

À longa lista de espera que quem quer recorrer a esta solução enfrenta no Serviço Nacional de Saúde e ao custo do sistema privado - às centenas de euros para medicação mesmo com comparticipação a 70% é preciso somar mais quatro a cinco mil euros pela técnica de PMA - , Carlos Calhaz Jorge junta um alerta no que respeita à luta contra a infertilidade: “Progressivamente, os casais querem ter filhos em idades mais avançadas e isso cria dificuldades na reprodução da espécie, seja por gestação espontânea ou por PMA. A ciência melhora a possibilidade de engravidar, mas a eficácia dos tratamentos reduz drasticamente em função da idade”.

Num país que tem visto o saldo natural negativo da população agravar-se - em 2021, diz o INE, o nascimento de bebés caiu 5,9% e o número de mortes aumentou 1,2% -, confrontado desde o início de junho com encerramentos/condicionamentos de urgências de obstetrícia, tal como aconteceu este fim de semana, há uma pergunta que se impõe: 44 anos após a revista Newsweek ouvir no choro de Louise, igual ao de qualquer outro recém-nascido, “um grito pelo admirável mundo novo”, não é estranho ser por vezes difícil encontrar a porta aberta para nascer? Carlos Calhaz Jorge, antigo diretor do serviço de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, comenta apenas que este era um problema anunciado. “A dificuldade de gestão de equipas nos serviços de urgência que Portugal enfrenta era mais do que expectável uma vez que o número de médicos e enfermeiros da especialidade foram diminuindo e os que ficaram foram envelhecendo”, diz sem esquecer que “o problema não é tanto uma grávida ter um local para o parto, mas sim saber onde se deve dirigir”.

No mundo imperfeito em que vivemos, há também uma nova direção imposta pela guerra na Ucrânia para quem quer recorrer à gestação de substituição, legalizada em Portugal a 1 de janeiro, mas ainda a aguardar regulamentação do Governo. A nova rota dos casais que procuram “barrigas de aluguer” passa, agora pela Geórgia, como pode ler neste trabalho de Raquel Moleiro.

OUTRAS NOTÍCIAS

Pobreza Em 28% dos municípios do Continente, mais de metade das famílias são pobres, mas é nas grandes cidades que é “mais duro” ser pobre, conclui um estudo divulgado esta segunda-feira pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Campeão Pedro Pablo Pichardo juntou ao ouro olímpico, conquistado em Tóquio, o título de campeão do mundo do triplo salto com uma marca de 17,95 metrosAgora, vai treinar para ser campeão da Europa e chegar à marca dos 18 metros.

Ensino O concurso nacional de acesso ao ensino superior arranca esta segunda-feira com 53.640 vagas, mais 2,6% do que no ano letivo anterior, e 22 novos cursos apoiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência.

Ucrânia Depois de negar "qualquer envolvimento" no ataque ao porto de Odessa poucas horas após a assinatura do acordo para a exportação de cereais, Moscovo assumiu, domingo, “um ataque de alta precisão” contra alvos militares. “A Rússia cuspiu na cara dos turcos e da ONU”, reagiu Volodymyr Zelensky. Como pode ler aqui, no acompanhamento em direto deste conflito que começou há cinco meses, a Turquia vai comprar cereais ucranianos a melhor preço por ter mediado o acordo, a Rússia confirma querer uma mudança de regime na Ucrânia, a ONG Human Rights Watch diz que “as forças russas transformaram as áreas ocupadas do sul da Ucrânia num abismo de medo e ilegalidade selvagem” e o presidente alemão avisa que esta também é uma guerra contra a unidade da Europa. Nas estimativas sobre o impacto económico caso o Kremlin feche a torneira no segundo semestre, o FMI estima que o corte de gás russo vai tirar 1% ao PIB português, diz o Jornal de Negócios. Quanto aos destroços da guerra, há agora grupos de voluntários a organizar festas nas zonas libertadas para os limpar.

Emergência A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a varíola dos macacos uma emergência global. Em Portugal, a porta-voz da DGS admite fazer sentido vacinar grupos da população antes da exposição ao vírus, mas diz que não há um grande número de vacinas disponíveis para comprar a nível global.

Incêndios No fim de semana, o país continuou a ser devastado por incêndios florestais, como o de Alijó que obrigou a cortar a A4 três vezes no sábado, reacendeu e foi controlado. O Governo decidiu que “não é necessário voltar a ativar a situação de alerta”, mas Beja e Faro ficam em nível vermelho e vai haver reavaliação na terça-feira. No Porto, um incêndio no colégio Fiori foi rapidamente extinto. Na Califórnia, foram evacuadas mais de seis mil pessoas devido a um incêndio no Parque Nacional de Yosemite.

Política Luís Montenegro estreou-se na festa do PSD Madeira, no Chão da Lagoa, com críticas aos sete anos de Governo sob a liderança de António Costa. O socialismo “traz pobreza e dificuldades”, afirmou. À chegada à Madeira, o presidente do PSD denunciou o que diz ser a tentativa do Governo responsabilizar o seu partido pela decisão do novo aeroporto.

Esquadras Depois das urgências, também há esquadras condicionadas e o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, foi “completamente surpreendido” pelo edital publicado na esquadra do Infante (baixa do Porto) onde se lê que “Por imperativos de ordem operacional o serviço de atendimento ao público está suspenso até às 16:00”.

Papa Em cadeira de rodas, Francisco iniciou uma visita ao Canadá para consolidar a reconciliação com os povos indígenas pelos abusos infligidos nos internatos católicos nos séculos XIX e XX.

Brasil Jair Bolsonaro foi nomeado oficialmente candidato à reeleição nas presidenciais de outubro.

Refugiados Mais de dois mil migrantes foram resgatados do Mediterrâneo no último fim de semana.

FRASES

Há 44 anos que o quadro político na Madeira está muito bem clarificado: de um lado os autonomistas e, do outro, os socialistas ao serviço do centralismo de Lisboa
Miguel Albuquerque, líder do PSD Madeira, na Festa Anual do partido, no Chão da Lagoa

A primeira possibilidade real de paz na Ucrânia será em 2024, quando se realizarem eleições presidenciais nos EUA
Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, garantindo que Moscovo só negociará com Washington e isso não será possível enquanto o democrata Joe Biden for presidente

Ao mais alto nível, o que diferencia os atletas são as suas capacidades psicoemocionais
Ana Bispo Ramires, especialista em psicologia do desporto, sobre o campeão olímpico e do mundo do triplo salto, Pablo Pichardo

PODCASTS A NÃO PERDER

 O que une e separa a varíola-dos-macacos e a SIDA? No Expresso da Manhã de hoje, Paulo Baldaia conversa com Margarida Tavares, infeciologista no Hospital de São João, directora do Programa Nacional para as Infecções Sexualmente Transmissíveis e VIH.

“A rendição” de Kissinger e o problema do pensamento único, de acordo com Miguel Sousa Tavares. Neste episódio do podcast De Viva Voz, fala-se do dito por não dito de Henry Kissinger, dos efeitos nas democracias da guerra na Ucrânia e de um diagnóstico do Estado da Nação.

Vivi sozinho durante ano e meio num castelo na Irlanda. Comia batatas com batatinhas, ervas e chá”. Convidado do mais recente Posto Emissor, da BLITZ, Paulo Bragança recordou período em que viveu num castelo na Irlanda, há cerca de dez anos, falou sobre o disco lançado pela editora de David Byrne e a "mesmice" que encontra no panorama musical atual

O QUE ANDO A LER E A VER

Estamos em Madrid, no reinado de Filipe V. Um misterioso escritor satírico consegue deixar a corte espanhola à beira de um ataque de nervos durante vários meses com uma publicação clandestina, precursora do jornalismo satírico e político no país. “Redigido geralmente em verso, o periódico manuscrito saía todas as quintas-feiras num número indeterminado de cópias, depois muito aumentado, tal era o seu êxito, pelos leitores que o recopiavam”. “Muito bem informado sobre os negócios do governo”, El Duende “atacava sem piedade a política reinante (...) e cobria de ridículo as figuras cimeiras da monarquia borbónica, ousando dizer que o rei era tonto (lelo), dominado pela sua consorte, tratando esta de víbora e o estrábico bispo Molina de vesgo”. E quem é este Duende? O carmelita português Frei Manuel de S. José, espião de D. João V, pai da futura rainha consorte de Espanha, Bárbara de Bragança, relata o sociólogo e historiador José Barreto no livro Frei Manuel de S. José, o Duende de Madrid, da editora Guerra e Paz.

Em agenda, guardo esta sugestão do André Manuel Correia, meu colega na Delegação Norte do Expresso, com um forte aroma a cogumelos: “Sabia que o mais antigo organismo que se conhece no mundo é um fungo e que o planeta não seria o mesmo sem eles? E sabia que até têm um certo tipo de consciência e partilham informação entre si? É muito natural que não, uma vez que estamos a falar de estranhas formas de vida, das quais conhecemos apenas 5% das milhões de espécies. "A Arte dos Cogumelos", uma exposição que anda de mãos dadas com a ciência, pode ser vista em Serralves até ao final do ano”.

Como hoje é 25 de julho, dia em que nasceu Eduardo Souto Moura (1958), termino este curto com um convite triplo para ler ou reler esta entrevista do prémio Pritzker a Valdemar Cruz, em 2018, ouvir a sua conversa com Sara Nunes no podcast No País dos Arquitetos, em março último, ou fazer uma visita virtual à grande exposição dedicada à sua obra que esteve patente na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.

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Tenha uma excelente segunda-feira

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